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terça-feira, 23 de janeiro de 2018

“E viveram assim-assim para sempre”

por Sérgio Barreto Costa

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No final do ano passado, em entrevista ao canal americano CNBC, Mário Centeno defendeu que tinha chegado a hora de colher os frutos da austeridade; na última semana, em entrevista ao jornal alemão Handelsblatt, o mesmo Centeno afirmou estarem errados todos aqueles que lhe colocam o rótulo de anti-austeridade e de anti-Schäuble, uma vez que nunca se descreveu dessa forma.

Quando comparamos estas palavras com aquelas que são proferidas aos portugueses, vemos que o ministro das finanças é um grande fã do filme O Pátio das Cantigas, nomeadamente da parte em que Maria da Graça canta a música Conversa para Estrangeiro ao Ribeirinho. É que na “conversa para cidadão nacional”, a canção mais ouvida dentro de fronteiras, a austeridade, além de ter sido inimiga de qualquer tipo de apanha, deixou os pomares mirrados e moribundos, quase sem salvação possível.

Na opinião de alguns analistas políticos de grande qualidade, e também na minha, os ares internacionais funcionam para os nossos governantes como uma espécie de tiopental de sódio, mais conhecido na gíria por soro da verdade. Basta colocarem um pé em Badajoz e transformam-se imediatamente no advogado impossibilitado de mentir com que Jim Carrey nos divertiu nos anos 90.

Curiosamente, as versões propagadas no território nacional são sempre mais cor-de-rosa do que as transmitidas lá fora, como se a magia ficasse retida no posto fronteiriço de Vilar Formoso. Desconfio até que as histórias de embalar que os nossos ministros contam aos filhos quando estão em viagem sofrem ligeiras transformações. Uma vez no estrangeiro, em lugar de finais felizes, o mais provável é que a casa de tijolos e cimento do porquinho Prático seja abalada estruturalmente por um terramoto, acabando os três suínos na barriga do lobo mau; e que a Cinderela desenvolva um doloroso joanete que impeça o sapatinho de cristal de lhe entrar no pé; e que o Pinóquio resista a todos os malandros que o tentam desencaminhar no percurso até à escola, apenas para acabar morto de frio numa sala de aula devido à falta de aquecimento provocada pelas cativações orçamentais.

Economia política encontra-se

Ladrões de Bicicletas


Posted: 22 Jan 2018 01:12 PM PST

Por coincidência, no ano em que se assinala os 200 anos do nascimento de Karl Marx, a recém-criada Associação Portuguesa de Economia Política realiza (Lisboa, ISCTE, 25-27 Janeiro) o seu primeiro encontro anual. Um dos conferencistas estrangeiros convidados é Ben Fine, precisamente um dos principais economistas políticos marxistas mais relevantes da actualidade, sendo co-autor daquela que é, do que eu conheço, a melhor introdução a O Capital de Marx. A sua tradução portuguesa será aí lançada.
Fine é um economista político do desenvolvimento, que, entre outras, tem dado contributos significativos na área dos sistemas de provisão, ou seja, da miríade de instituições, valores e relações que moldam a produção e distribuição de bens no capitalismo, um quadro que alguns de nós temos usado para analisar o capitalismo em Portugal.
Numa associação interdisciplinar e pluralista haverá espaço para muitas abordagens e temas, ou não fosse este encontro subordinado ao tema “A Economia enquanto Realidade Substantiva”, remetendo explicitamente para a abordagem institucionalista de Karl Polanyi, outro dos pontos intelectuais de encontro de cientistas sociais que estudam a evolução histórica do capitalismo, enquanto processo social e político de provisão.
Obviamente, as dezenas de comunicações já estão registadas, a Escola de Inverno já está cheia, mas há sempre espaço para inscrições de última hora para quem queira assistir à conferência. Até lá. 

Governo autoriza prolongamento de prospeção de petróleo ao largo da Costa Vicentina

Pela terceira vez, o consórcio Eni/Galp consegue prolongar a concessão para fazer furos na Costa Vicentina. Este prolongamento é por mais um ano. O consórcio obtém agora o que não conseguiu em 2016, quando pediu o prolongamento por dois anos.

21 de Janeiro, 2018 - 10:01h

Pela terceira vez, o consórcio Eni/Galp consegue prolongar a concessão para fazer furos na Costa Alentejana

Pela terceira vez, o consórcio Eni/Galp consegue prolongar a concessão para fazer furos na Costa Alentejana

Segundo o “Expresso” deste sábado, 20 de janeiro de 2018, o secretário de Estado da Energia, Jorge Seguro Sanches, autorizou, a 8 de janeiro, o prolongamento dos direitos de prospeção das concessões “Lavagante”, “Santola” e “Gamba”, ao largo da Costa Vicentina, por mais um ano. Esta era a pretensão do consórcio Eni/Galp e o secretário de Estado justifica a sua decisão com o chumbo pelo tribunal de três providências cautelares (apresentadas pela comunidade Intermunicipal e pela Câmara de Odemira) e com os gastos de investimentos “superiores a 76 milhões de euros” por parte de Eni/Galp nos últimos 10 anos.

O jornal assinala que o plano de trabalhos para a realização do furo depende da aprovação de uma Avaliação de Impacte Ambiental (AIA), por parte do ministério do Ambiente, e ainda de mais duas condições: a apresentação de cópia da apólice de seguro e a “prestação de uma caução de 20.375.500,00 euros”.

A Eni pretende, no entanto, a aprovação incondicional do prolongamento do plano de trabalhos para realizar o furo até ao final de 2018, recusando estas exigências e considerando que a Avaliação de Impacte Ambiental não é necessária. O jornal refere que a exigência de AIA, por parte do secretário de Estado da Energia, é reforçada por uma resolução aprovada em dezembro passado na Assembleia da República que exige a suspensão da prospeção de hidrocarbonetos, enquanto “não houver conclusão e discussão pública” da AIA.

As Câmaras da Costa Vicentina (Santiago do Cacém, Sines, Odemira, Aljezur e Vila do Bispo) estão contra os furos ao largo dos seus concelhos e várias associações ambientalistas defenderam não só que essa posição fosse respeitada, como exigiram “a anulação de todos os contratos de prospeção e exploração de petróleo e gás em vigor em Portugal”.

Na sua página no facebook, João Camargo critica a decisão do governo e afirma: “Não passarão”:

Acordo sobre a Grécia “é mais um golo marcado pelo Mário”, enaltece Moscovici

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China Madeira StartUp


Jornal Económico com Lusa

Ontem 19:48

“Bravo pela tua excelente gestão deste primeiro encontro do Eurogrupo sob a tua presidência", disse o comissário europeu dos Assuntos Económicos a Mário Centeno.

O comissário europeu dos Assuntos Económicos elogiou hoje Mário Centeno pela forma como conduziu os trabalhos na primeira reunião do Eurogrupo a que presidiu, considerando que o acordo político sobre a Grécia é um “belo golo” numa estreia à “Ronaldo”.

Na conferência de imprensa conjunta no final da reunião do fórum de ministros das Finanças da zona euro, onde também marca sempre presença, Pierre Moscovici, dirigindo-se ao novo presidente do Eurogrupo, felicitou-o pelo trabalho hoje realizado, e recuperou a analogia futebolística lançada pelo antigo ministro das Finanças alemão, Wolfgang Schäuble, que “batizou” Centeno como “o Ronaldo do Ecofin”.

“Bravo pela tua excelente gestão deste primeiro encontro do Eurogrupo sob a tua presidência. Sabes que tens o apoio da Comissão e o meu. Digo-o como comissário e como amigo. Todos aqui sabem como chamamos ao Mário: dizemos que é o Ronaldo da economia portuguesa, e acontece que logo na sua primeira prestação, no seu primeiro jogo, marcou um belo golo, marcámo-lo coletivamente contigo, e saúdo a decisão do Eurogrupo de fechar a terceira revisão do programa grego”, disse o comissário francês.

Mais à frente na sua intervenção, Moscovici abordou um dos pontos da agenda discutidos no Eurogrupo, que Centeno não abordou na sua intervenção, a sétima missão de vigilância pós-programa a Portugal.

Num breve resumo, e embora advertindo que persistem desafios, como o crédito malparado e a ainda elevada dívida pública, Moscovici resumiu as conclusões da missão apontando que a mesma “confirma a melhoria da situação económica e financeira do país nos últimos seis meses”.

“Por isso, é mais um golo marcado pelo Mário”, rematou.

A Ideologia do Ódio

por Cristina Miranda

Era imperioso voltar a este tema. Sobretudo depois das reacções de algumas senhoras ao meu texto sobre assédio sexual. A discussão instalou-se no seio de algumas leitoras que de repente atacam como se houvesse discordância sobre o essencial. Mas há dúvida que TODAS as mulheres do Mundo abominam a violência e o abuso sexual sobre as mesmas? Pelo visto, sim. E a razão é muito simples: a ideologia do ódio já chegou também aqui.

O marxismo cultural é das ideologias mais perigosas que existem pela forma como se infiltra nas sociedades sem que as pessoas alvo se dêem conta. Fracturam, segregam e criam caos com recurso ao radicalismo extremista, para criar um novo Mundo facilmente dominável e dependente. É assim com os movimentos LGBT, com a questão islâmica, com as minorias  e agora as feministas. Como se estas questões não pudessem ser resolvidas com discursos moderados e sensatos apelando à aceitação e integração sem ódios. O problema é que do lado dos radicais não há espaço para o meio termo. Para o equilíbrio. Ou é tudo ou nada. Propositadamente. E é aqui que surgem as crispações.

Quando me insurjo contra as feministas extremistas não é porque aceito o assédio sexual. Abomino o assédio em todas as suas formas, sobre todas as pessoas, sejam mulheres, homens, idosos, crianças, deficientes, mendigos ou gays. É sim, porque abomino a ligeireza de rotular tudo como assédio. Porque o assédio é uma forma criminosa de subjugação, já contemplado na nossa legislação, a que ninguém pode ficar indiferente. Mas, cuidado! Passar de uma sociedade de homem machista que oprime e desrespeita mulheres para uma sociedade feminista machista que persegue agora os homens, não é evoluir. É inverter papeis de domínio.

Não quero que no futuro meu filho seja vítima desta loucura e vê-lo um dia ser preso porque tentou seduzir naturalmente alguém. As fronteiras entre o galanteio e o assédio estão de tal forma ténues que o simples olhar para uma rapariga bonita que passa na rua já é condenado. Foi exactamente isso que eu vi no programa da SIC, "E se Fosse Consigo", em que uma miúda contabilizava de forma negativa todos os homensque a observavam à sua passagem como se isso fosse algo de terrível. Mas agora o que é belo não pode ter reacção? O que andamos nós a ensinar à nova geração? A odiar? Por outro lado, que reacção teriam as senhoras se um homem desfilasse na passadeira vermelha de Hollywood com uma vestimenta que pusesse seu sexo à mostra tal como algumas atrizes? Achariam ou não, provocatório? E se todas olhassem para ele, seria assédio? E levanta logo uma outra questão muito pertinente: e se for uma mulher a olhar para outra mulher bonita à sua passagem, é assédio? A ambiguidade desta questão levanta problemas sérios porque apesar de eu ser mulher nada me garante que outra fêmea homossexual não se sinta violada pelos meus olhos. E é esta questão interpretativa do que é ou não assédio, que convém travar antes que se torne lei.

Outra questão que não suporto ouvir é que as mulheres não violam, não agridem, nem são protagonistas de assédio sexual. É falso. Elas não só fazem isto tudo como usam o assédio para atingir fins, sejam económicos, sejam profissionais. E nisto são peritas.  Sejamos honestos. Dizem essas feministas para se justificarem que, a existirem, estas  mulheres são em número reduzido. Falso outra vez. O que a vida me mostrou é que, não há queixas de assédio sexual por parte dos homens porque eles simplesmente não o vêem como crime. Aceitam e gostam. Não entram nunca por uma esquadra adentro para se queixarem do assédio (e elas sabem disso). Daí o silêncio das estatísticas.

Mas não são os únicos neste silêncio. Em tempos fui perseguida até ao limite por uma mulher a quem me neguei dar atenção depois de uma entrevista de trabalho. Seguiram-se ameaças constantes, mensagens e telefonemas  a qualquer hora do dia e noite. Acabou por desistir. Mas ainda hoje guardo tudo no tlm por precaução. Noutro episódio, num vestiário de uma loja de roupa, fui descaradamente tocada pela modista que me apertava o vestido. Nunca mais lá voltei. Dizer-se que  o assédio é uma mera questão masculina é redutor. Desde a libertação LGBT somos todos alvos. E elas, também agem de forma patológica sobre as vítimas. E nós mulheres também nos calamos sobre o assédio feminino.

As mulheres tardam em perceber que o fenómeno do assédio sexual masculino só se combate na educação de berço. Que são ELAS que têm o poder como mães de mudar esta realidade e que se temos os homens que temos é precisamente devido à educação que receberam ou não receberam da parte delas.

Porque todo o menino que aprende a respeitar, amar e proteger as meninas, com o exemplo dos pais em casa, não se torna num predador sexual.