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sábado, 27 de janeiro de 2018

Fim à privatização da CGD. É urgente nacionalizar a CGD

por helenafmatos

A CGD fecha balcões

A CGD vai cobrar as operações ao balcão com caderneta

A CGD despede

... Camarada Arménio, camarada Avoila e todos os camarados e camaradas sem esquecer o João Galamba por favor lutem para que a privatização da CGD seja revertida. Se a CGD fosse nossa, se a CGD fosse pública nada disto acontecia. Avante pela nacionalização. A vitória é difícil mas um governo de esquerda não pode tolerar esta actuação infame da CGD. Abaixo a submissão ao poder do capital. A CGD há-de ser pública!

Hoje, Conversas no Mercado: «O que é a integração?»

Ladrões de Bicicletas


Posted: 26 Jan 2018 06:00 AM PST

«Quando é que o país de acolhimento deixa de ser estrangeiro? Quais as etapas até podermos dizer "estamos integrados"? O que significa estar integrado?».
Estas são algumas das questões de partida para a primeira sessão do ciclo Conversas no Mercado, promovido pela «Pão a Pão - Associação para a Integração de Refugiados do Médio Oriente» e que conta com a participação de Iman Bugaighis (Conselho Nacional de Transição Líbio), Rana Uddin(representante da comunidade bangladeshi de Lisboa), Anabela Rodrigues (Solidariedade Imigrante) e Pedro Calado (Alto Comissário para as Migrações). O debate será moderado por Francisca Gorjão Henriques (presidente da Associação Pão a Pão) e tem início marcado para as 18h30 no Mercado de Arroios, em Lisboa. A entrada é livre, apareçam.

LUTAS

por estatuadesal

(Por José Gabriel, in Facebook, 27/01/2018)

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Com Passos e a sua corte de partida, há quem pense que pode respirar de alívio. Puro engano. Pelas televisões faz-se um esforço desesperado de levar às massas os clichés mais caros à direita mais alarve, esperando, talvez, pressionar o novo líder do PSD -como se fosse preciso convencê-lo - a continuar o passismo sem Passos.

Não faltam os serviçais e os tartufos habituais e mesmo algumas novas aquisições. Hoje, por exemplo, a TVI gastou o melhor da sua 21ª hora com a balela do FMI - o qual é habitado por santos sábios e nunca se engana, como se sabe - segundo a qual a má situação salarial dos jovens trabalhadores se deve ao facto de a geração mais velha ter pensões demasiado altas.

Ao serviço desta tese canalha esteve, hoje, o antigo quadro do FMI Álvaro Santos Almeida. Ficamos por ele a saber que os baixos salários e desemprego nos jovens é culpa dos mais velhos, que, por isso, devem ser punidos. Como? Dispensando as empresas de pagar à Segurança Social ou reduzir significativamente as suas contribuições - sobretudo dos trabalhadores jovens - e cortar as pensões actualmente em pagamento.

Quer dizer: não, não foi a política de uma direita tão serviçal como predadora, não é a cupidez dos accionistas e dos vampiros de empresas, não é do aumento da exploração e a perda de direitos, não é a desastrosa legislação laboral, não é o banditismo económico, não é o capitalismo em vertigem selvagem. Não, é lá agora. Parece que a culpa das dificuldades dos jovens decorre das faustosas reformas dos aposentados.

Há mais algumas dezenas de milionários em Portugal! - anuncia, jubilosa não sei porquê, uma noticiarista televisiva. Mais somos informados - oh, que orgulho! - que um dos exemplares do carro mais caro do mundo, do qual foram feitos poucos exemplares, foi vendido em Portugal. Pois, mas os tais milionários não devem ter nada a ver com isto. Devem ser os trabalhadores reformados, esse malandros.

Todos dias ficamos a saber pelo telelixo que a luta de classes é uma invenção dos marxistas, não é coisa que exista na realidade. A verdadeira luta, vendem-nos estes crápulas, é a de gerações. Para já não falar nas que há entre loiros e morenos, altos e baixos, homens e mulheres, nortistas e sulistas, funcionários públicos e privados e por aí fora.

O pior é que há sempre pobres de espírito prontos a engolir estas patranhas. Não lhes basta ser deles o Reino dos Céus. Querem deixar o Inferno aqui na Terra. Com a ajuda dos anjinhos, claro.

A vingança da Casa-Grande

 A vingança da Casa-Grande

por estatuadesal

(Daniel Oliveira, in Expresso, 27/01/2018)

Daniel

Daniel Oliveira

O PT tirou milhões da pobreza e mudou a face do Brasil. A “negrada” entrou na universidade pouco depois do metalúrgico iletrado chegar ao Planalto. E o arreigado racismo social da elite brasileira nunca se conformou. Claro que o PT também foi uma profunda deceção. Porque fez todas as reformas sociais dependerem do petróleo e quando ele deixou de dar passou a depender do endividamento. E porque se deixou minar pela corrupção. E Lula foi, como todos os políticos brasileiros, conivente. Talvez esse seja o triste preço a pagar para governar ali. Não sei. Sei que é impossível olhar para este julgamento sem andar uns meses para trás, quando uma das poucas políticas brasileiras que não é suspeita de corrupção foi afastada da Presidência por um Congresso pejado de corruptos por causa de uma “pedalada fiscal” que o próprio Congresso veio posteriormente a legalizar. Sem esse episódio nada se percebe.

O que veio depois deixou tudo ainda mais claro. Sem qualquer legitimidade política e com 3% de popularidade, Michel Temer, devidamente protegido de qualquer julgamento pelo Congresso, tratou de alterar radicalmente as leis laboral e de previdência. Chegou a crise e já não se distribui prosperidade, mas sacrifícios. Por isso, há que fazer as “reformas” que não foram a votos. Só havia um pormenor: as próximas eleições. A única forma segura de derrotar o candidato preferido dos brasileiros é impedi-lo de concorrer. E mal o PT deu sinais de ter como candidato alternativo o popular ex-prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, logo este também foi indiciado. Um após outro, todos vão sendo abatidos. Cavalgando a justa indignação popular com a corrupção, vão-se queimando na fogueira mediática de televisões politicamente empenhadas e em processos judiciais seletivos todos os que possam ser menos cooperantes com o novo tempo brasileiro. Dantes a elite aplacava a democracia pondo o exército na rua. Agora não precisa de tanto.

Com um país polarizado, a culpa e as provas são irrelevantes para quase todos os brasileiros. Trágico é também o serem para os juízes. Lula é condenado por ter favorecido uma construtora que nenhuma prova ou indício forte permite dizer que favoreceu em troca de um apartamento que legalmente não lhe pertence, onde nunca viveu, ficou ou alugou e cuja única relação provada é tê-lo visitado. De resto, as únicas “provas” contra Lula baseiam-se no testemunho de um executivo da construtora que foi condenado e que teve a pena reduzida em troca desta acusação. Como se escreveu no “New York Times”, “muito abaixo dos padrões necessários para ser levado a sério, por exemplo, no sistema judicial dos EUA”. Só que tudo depende de juízes embriagados pela fama que deixaram de acreditar que, na Justiça, o processo é tudo. Há escutas a advogados. Há magistrados envolvidos no processo que apelam a manifestações de apoio. Há um tribunal que faz o processo de Lula passar à frente de todos os restantes do “Lava-Jato” para ter a certeza que a sentença o impede de ir a votos. Há um juiz que se declara publicamente maravilhado com uma sentença que sabe que irá reavaliar em recurso.

Quem acredite que é a corrupção que está a ser derrotada no Brasil deve olhar para os registos criminais dos deputados que afastaram Dilma, para Temer, para o que vai acontecer quando isto acabar. Isto não é um processo judicial, é um ajuste de contas. Para que o Brasil regresse à sua normalidade social. Citando Gilberto Freyre, uns na “Casa-Grande”, outros na “Senzala”.

Haverá vida além de Marcelo?

por estatuadesal

(Miguel Sousa Tavares, in Expresso, 27/01/2018)

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Miguel Sousa Tavares

1 Estes dois primeiros anos de mandato presidencial de Marcelo Rebelo de Sousa, com a sua enxurrada de afectos, deixam-me um sentimento misto, que torna difícil um balanço claro do seu desempenho. É indiscutível que globalmente foi positivo — e, depois do sufoco dos dez anos de Cavaco Silva, foi absolutamente necessário e um verdadeiro alívio. Mas será que esta fórmula é útil e saudável daqui para a frente?

Porém, tenho de começar por confessar um preconceito: eu embirro com a palavra “afectos” — que, se não me engano, foi introduzida no léxico político por Jorge Sampaio. Embirro foneticamente e embirro etimologicamente. Não sei bem, aliás, o que sejam afectos. Sei, sim, o que são sentimentos: simpatia, amizade, amor, paixão, por aí fora. Mas nunca me vi em situação de precisar de dizer a alguém: “Sinto afecto por si”. E se isso, depois, se manifesta em beijos, abraços e selfies, mais retraído fico ainda. Continuo a ver as fotografias como momentos especiais, com gente que nos diz alguma coisa; os abraços são verdadeiramente importantes; e “a kiss is still a kiss”. Não vejo vantagem em que a política entre por este território adentro e pior ainda se ele se transformar no seu território de eleição.

Todavia, é indiscutível que Marcelo, ao sair do palácio e ao ir ao encontro das pessoas, preencheu um vazio que a política só ocupava em épocas eleitorais e pôs no mapa um território e uma gente que o Estado foi abandonando cada vez mais à sua sorte. Fazendo-o, também dessacralizou o poder, retirando o lado majestático à função presidencial, que Cavaco Silva tanto cultivava. Da mesma forma que, usando Belém apenas como escritório de passagem e percorrendo o país sozinho, derrubou saudavelmente outros símbolos do poder cavaquista: o da família real e o da figura da primeira-dama e vice-presidente. Portugal inteiro está-lhe grato e o ar é incomparavelmente mais respirável.

Mas este Presidente, que tem a seu favor o conhecimento íntimo do Direito Constitucional e a experiência de anos de observação próxima da actividade política e partidária em todas as suas minudências, tem também, necessariamente, a noção de que o seu estilo e a sua forma de intervenção se arriscam a estabelecer um padrão para o futuro, que outras circunstâncias ou outros protagonistas não recomendarão, mas de que será difícil escapar. Não se trata apenas do evidente excesso de intervenções públicas do Presidente, a propósito de tudo e de nada, e que no futuro se poderão virar contra ele, antes de mais alguém. Não se trata apenas do seu frenesim de estar em todo o lado, desde a inauguração de uma padaria até à queda de uma avioneta — isso faz parte do seu estilo e só tenho pena de quem vier a seguir, se se sentir obrigado a imitá-lo. Trata-se também dos vários casos em que as intervenções do Presidente estão sobre o risco daquilo que está para lá da função e dos poderes presidenciais e entra na esfera do Executivo. Quando o vejo, por exemplo, dizer que vai estudar o aumento das tarifas da EDP e depois se pronunciará sobre o assunto (que em nada respeita à sua competência própria), dá-me a ideia de que ele ainda não conseguiu desligar-se da sua função de comentador e não resiste a pronunciar-se sobre todos os assuntos do dia, assim um microfone lhe seja estendido.

Mas não existe, e não convém que exista, a figura do Presidente-comentador.

E se é certo que o Presidente serviu de indispensável catalisador do empenho do Governo quando ele era absolutamente indispensável — como na questão dos fogos — também é forçoso reconhecer que tem beneficiado de uma extraordinária e inédita complacência do primeiro-ministro em todas as suas incursões sobre o risco da actividade governativa.

A situação económica e a ausência até à data de uma oposição séria, que fazem António Costa viver num eterno nirvana, a isso tem ajudado. Mas é certo, como bem sabemos, que nada dura para sempre. Até agora, Marcelo uniu. Daqui para a frente, pode ser que não seja tão evidente enxergar o sol entre as nuvens.

2 No último trimestre de 2017, aconteceu um fenómeno absolutamente único nas últimas dezenas de anos: o Estado registou um excedente orçamental de cerca de 1,5% do PIB. Isto é: gastou menos do que recebeu. Não é uma pequena, é uma imensa revolução. Juntamente com a troca de dívida a juros altos por outra a juros bem mais baixos, é um pequeno primeiro passo no longo caminho de livrar as gerações dos nossos filhos e netos da herança da dívida que nós contraímos.

3 Outra grande notícia que se começa a desenhar e parece que não apenas no domínio das palavras e das intenções: livrar a floresta portuguesa da monocultura fatal do eucalipto. Foram precisos 130 mortos e 250 mil hectares ardidos este ano, foi preciso passar pela vergonha de sermos citados no mundo inteiro como o país que todos os anos tem mais área ardida, para finalmente se ensaiarem os primeiros passos para enfrentar esse poderosíssimo lobby das celuloses. Oxalá não se fiquem apenas pelas palavras e pelas intenções, porque tão cedo não haverá outra oportunidade como esta.

4 Não me quero meter nos assuntos de Angola, assim como não quero que Angola se meta nos nossos assuntos e tente condicionar o funcionamento da nossa Justiça. Mas não resisto a comentar que me causa espanto que o grande escândalo, para Angola, seja que Portugal queira julgar aqui um eventual acto de corrupção de um magistrado português por parte de um ex-vice-presidente de Angola e não o de saber como é que um ex-vice-presidente seu — que à época deveria ganhar oficialmente aí uns 3 ou 4 mil euros de salário — teria dinheiro para pagar 800 mil euros a um magistrado português ou 3,8 milhões, mais impostos, comissões, despesas notarias, etc. (ou seja, cerca de 120 anos de salários!) por um apartamento no Estoril, que era então o mais caro à venda em Portugal. E que o apuramento desses factos deva estar coberto por uma imunidade ou amnistia.

5 Dilma Rousseff, uma das raras figuras políticas brasileiras sobre a qual nunca penderam suspeitas ou acusações de qualquer crime, foi destituída no Congresso brasileiro por uma manobra político-constitucional, facilmente classificável como golpada, levada a cabo por um grupo de congressistas de direita, a maior parte dos quais a braços com a Justiça. O poder foi herdado pelo vice-presidente e um dos cabecilhas da manobra, Michel Temer, sob o qual impendem suspeitas gravíssimas que nem o Congresso nem a justiça levam por diante. Porém, sem nenhuma prova concreta e documental e num prazo rapidíssimo, Lula acaba de ser recondenado a doze anos de prisão, por um tribunal de segunda instância de Porto Alegre, assim ficando impedido de se reapresentar às eleições presidenciais — onde era o favorito, por larga margem. Já li todos os argumentos de um lado e do outro, doutíssimos argumentos de todos os antilulistas e petistas. E longe de mim negar o fundamento do ‘Lava Jato’ ou do ‘Mensalão’. Gostava é de perceber porque há inocentes afastados do poder e culpados sentados no poder, culpados com fundamento em presunções mandados para a cadeia e culpados por evidências em liberdade. Só para perceber se a Justiça fez um imenso serviço ao Brasil ou um vergonhoso frete à direita brasileira.


Miguel Sousa Tavares escreve de acordo com a antiga ortografia