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sábado, 27 de janeiro de 2018

Os pedregulhos de Portugal

Maria Luis albuquerque fracois hollande merkle lagarde pedregulhos

A ministra das Finanças afirmou que “o pedregulho que temos às costas é bem mais pesado do que antes e vai demorar muito tempo a resolver, porque temos muita dívida pública, privada e externa”.”Dizer às pessoas, de frente, que a pedra não vai desaparecer e que vai demorar tempo até que comece a pesar muito menos é uma forma honesta de colocar a questão, situação que acredito que os portugueses percebem”, salientou. Em sua opinião, “não vale a pena prometer o que não se pode cumprir, porque as pessoas já não acreditam”.

E se a Sra Ministra fosse á merda. A dívida pública é na sua maioria Privada e criada pelos bancos, instituições que ela não se cansa de defender e onde já foram enterrados milhares de milhões. Depois quem carrega com o pedregulho têm sido os mais pobres e os reformados. Os seus amigos continuam a viver à grande e de barriga cheia. Depois este pedregulho foi criado propositadamente para permitir a aplicação de uma agenda neo-liberal de roubo de tudo o que é publico, de perda de direitos dos trabalhadores e dos cidadãos, de democracia e de liberdade num esquema engendrado pelos senhores do mundo para quem é assalariada e lacaia. E, dizer que só não vale a pena prometer só porque as pessoas já não acreditam e não por ser mentira só mostra a sua desonestidade moral e o seu desrespeito pelas pessoas. Vá à merda Sra Ministra.

A política, sob o signo da empatia

por estatuadesal

(António Guerreiro, in Público, 26/01/2018)

Guerreiro

António Guerreiro

A entrada da palavra “empatia” na linguagem corrente é um fenómeno que não tem mais do que uns vinte anos. Na bolsa de valores lexicais, a “empatia” conquistou uma massa de investidores que deixaram cair a “simpatia” nos índices de baixo apreço e escassa fluidez. E assim a palavra deixou de ter um uso erudito e científico enquanto conceito da Estética (surgido na segunda metade do século XIX), da Psicanálise (com Freud) e da Fenomenologia (com Husserl), para se alojar na fala quotidiana que prolonga em casa e na rua o idioma mediacrático.

A imitação como lei fundamental dos tropismos sociais, que Gabriel Tarde – um sociólogo pioneiro - analisou ainda no final do século XIX, é um automatismo maravilhoso de se ver, quando age como uma força cega, sem origem nem destino, e comanda os contágios afectivos que se difundem na neblina. Alguém que estudasse a história semântica da palavra “empatia” enquanto ideia, iria perceber que é preciso ligar a fortuna muito recente dessa palavra ao triunfo dos afectos públicos. As afecções que dantes eram da ordem do privado e só na arte – ou pouco mais – ganhavam uma elaboração pública e eventualmente colectiva (como acontece, por exemplo, no teatro), configuram hoje toda a esfera pública: da publicidade à indústria da comunicação, das sociedades empresariais (que chamam “colaboradores” aos trabalhadores e integraram as técnicas do management afectivo) à vida política. Em suma: do capitalismo afectivo à política dos afectos. O que podemos facilmente perceber é que a afecção, sob o nome mágico de “empatia”, está terrivelmente inflacionada na teoria e nas práticas contemporâneas.

Por cá, a “empatia” tornou-se também um valor muito apreciado e um ideal a perseguir, bem visível nesse aparelho de captura que são os afectos sub specie política. Dantes, bastava aos políticos parecer simpáticos; agora, têm de ser empáticos. Falo aqui dos afectos não como um cínico que é impermeável aos seus efeitos e os recusa de maneira ácida, mas como alguém que muitas vezes se sente capturado. Essa gaia política até nos pode encher de júbilo nos momentos em que aspiramos por um suplemento, mas o preço que pagamos por ela é alto e não podemos esquecê-lo.

Sem prescindirmos dos afectos, melhor seria que eles não contaminassem a política. O que é afinal uma política dos afectos? É a última estação da despolitização moderna, da neutralização do político. É o ideal do consenso (palavra cujo sentido é muita próximo de “empatia”), realizado por meio de automatismos pouco racionais. É, na sua dimensão de espectáculo, a produção de experiências pré-fabricadas.

Em última análise, o investimento afectivo na esfera pública (não apenas aquela a que a política dá forma), tal como ele hoje é feito por meios poderosos (veja-se como emerge por todo o lado um populismo digital que depois se transmite a todos os domínios da experiência cultural, social e política), faz-nos regressar aos sonâmbulos de Tarde, magnetizados por emoções que se difundem como manchas de óleo no corpo social. Uma tarefa da política à altura do nosso tempo deveria consistir em interromper esta lógica e não em potencializá-la. A política e o capitalismo afectivos criaram as condições para um regresso à “ética”, que se tornou uma musa de invocação. A ética, neste caso, seguindo uma tradição moderna, é mais ou menos sinónimo de moralidade e acaba por se tornar uma “ideologia”. Na vida política, mais vazio e neutralizante do que o discurso afectuoso, é o da “viragem ética”, sob o qual se esconde um outro aparelho de captura que funciona em sintonia com o primeiro, o da empatia.

Ex-procurador arguido na Operacão Fizz emprestou dinheiro ao juiz Carlos Alexandre

Redação

02 Mar 2017

O jornal Público noticia que o procurador suspeito de corrupção na Operação Fizz, Orlando Figueira, emprestou dez mil euros ao juiz Carlos Alexandre, de quem é amigo há vários anos.

O Público avança que Orlando Figueira emprestou 10 mil euros ao juiz Carlos Alexandre em 2015, para a construção de um imóvel em Mação. Sem citar uma fonte, o diário acrescenta que o empréstimo foi devolvido há quase um ano.

O jornal adianta que Figueira, que foi recentemente indiciado por corrupção, branqueamento de capitais, violação de segredo de justiça e falsificação de documentos no contexto da Operação Fizz, e o juiz Carlos Alexandre, que lidera casos mediáticos como a Operação Furacão e a Operação Marquês,  são amigos há vários anos.

Segundo o Público, as magistradas da Operação Fizz terão chamado Carlos Alexandre há pouco mais de um mês a depor sobre a alegada transferência de dez mil euros para a conta de Orlando Figueira, numa altura em que o mesmo já tinha sido constituído arguido.

Entre as brumas da memória


Edmundo Pedro - foi hoje o fim, a poucos meses de chegar aos 100

Posted: 27 Jan 2018 09:29 AM PST

Acaba de se saber que morreu, depois de uma longuíssima vida, cheia de luta e de sofrimento, mas com uma alegria à prova de bala. Tive o privilégio de ser sua amiga, de gostar muito de conversar om ele, de ler muitos dos seus textos por vezes antes de serem publicados. Falámose há pouco tempo, quando fez 99, referimos a festa inevitável que teria lugar para assinalar os 100 – festa que já não existirá.


Retomo um resumido «percurso existencial», de que gosto muito, escrito pelo próprio.

«Comecei a trabalhar aos doze anos numa oficina de serralharia. Daí em diante, interrompi o curso diurno da Escola Industrial Machado de Castro e passei a estudar à noite. Aos treze, entrei para o Arsenal da Marinha. Aí conheci dois vultos cimeiros do movimento operário de então, meus colegas de trabalho na oficina de máquinas do Arsenal: António Bento Gonçalves e Francisco Paula de Oliveira. Este último viria a celebrizar-se sob o pseudónimo de “Pavel”.

O primeiro era então Secretário-geral do PCP, o segundo Secretário-geral da Federação da Juventude Comunista. Ambos exerceram no meu espírito uma influência determinante.

Filiei-me na Juventude Comunista aos treze anos, pouco depois de ser admitido naquela empresa do Estado.

Fui detido pela primeira vez pela polícia política no dia 17 de Janeiro de 1934, pouco depois de ter completado os 15 anos de idade, por estar envolvido na preparação da tentativa de greve geral que deflagraria no dia seguinte. A minha primeira detenção está, pois, estreitamente ligada ao movimento de protesto contra a liquidação do sindicalismo livre. Esse movimento ficaria conhecido na história das lutas operárias como o «18 de Janeiro». Pela minha acção na preparação desse evento, fui condenado pelo Tribunal Militar Especial, acabado de criar por Salazar, à pena de um ano de prisão e à perda dos «direitos políticos» durante cinco anos…

Logo que fui libertado, retomei a oposição à ditadura como militante da Juventude Comunista. Em Abril de 1935 fui eleito, com Álvaro Cunhal, entre outros, para a direcção da Juventude Comunista.

Preso, uma vez mais, em Fevereiro de 1936, sob a acusação de ser dirigente da JC, acabaria, em Outubro desse ano, por ser deportado para Cabo Verde, onde fui estrear o tristemente célebre Campo de Concentração do Tarrafal. Ao fim de nove anos, regressei a Lisboa para ser, de novo, julgado no Tribunal Militar Especial. Depois de ter aguardado julgamento, ao todo, durante dez anos, fui condenado, por aquele tribunal de excepção, à pena de vinte e dois meses de prisão correccional, acrescida da perda dos «direitos políticos» pelo período de dez anos!

Ao longo de todo tempo que mediou entre o fim de 1945 e o 25 de Abril de 1974, conspirei sempre contra a ditadura. De forma especialmente activa, a partir da campanha para a Presidência da República do general Humberto Delgado, durante a qual comecei a preparar, com Piteira Santos, Varela Gomes e outros, um movimento insurreccional que pusesse fim à ditadura.

Estive envolvido, com o grupo inspirado por Fernando Piteira Santos, no «12 de Março» de 1959. Mas, dessa vez, não fui referenciado na polícia política.

Dois anos depois, no dia 1 de Janeiro de 1962, tomei uma parte muito activa no chamado «golpe de Beja», ocorrido na madrugada daquele dia, no Quartel de Infantaria Três, aquartelado na cidade de Beja. Depois daquele movimento ter abortado, fugi para o Algarve onde fui detido, em Tavira, na manhã desse mesmo dia, junto com Manuel Serra e o então capitão Eugénio de Oliveira. Pela minha intervenção nesse movimento fui condenado, em 1964, a três anos e oito meses de prisão maior e à perda do «direitos políticos» pelo período de quinze anos. Cumpri quatro anos de cadeia. Fui libertado no fim de 1965.

Aderi ao Partido Socialista, por intermédio de Mário Soares, em Setembro de 1973. Sou, portanto, um dos fundadores daquele partido.

No primeiro congresso realizado na legalidade, em Dezembro de 1974, fui eleito para a sua Comissão Nacional e, em seguida, para a sua Comissão Política. Fui integrado no seu Secretariado Nacional em 1975. Em 25 de Abril de 1976, nas primeiras eleições legislativas, fui eleito Deputado pelo PS. Exerci esse cargo durante onze anos. Em 1977/78, fui designado Presidente da RTP. Actualmente continuo no PS, mas como militante de base.

Ninguém na minha família escapou à repressão salazarista. O meu pai estreou comigo o Campo de Concentração do Tarrafal. Esteve ali, tal como eu, cerca de nove anos. Foi, reconhecidamente, o mais perseguido de todos os presos daquele presídio de má memória. É considerado o mártir do Tarrafal. Morreu no exílio, em França, dois anos antes do 25 de Abril. A minha mãe esteve detida durante longo tempo por ser militante do PCP. A minha irmã Gabriela, que fugira de Portugal para evitar ser detida pela sua actividade no âmbito do movimento estudantil, morreu em Paris, aos vinte anos, na emigração política. Um irmão meu, o João Ervedoso, foi assassinado no âmbito de uma manifestação estudantil, por um provocador ao serviço da polícia política, quando tinha acabado de completar catorze anos. O meu irmão Germano, o mais novo dos três, entretanto falecido, esteve detido durante três anos por envolvimento na preparação da tentativa insurreccional de Beja. A minha própria mulher, para não fugir à sina da família, também experimentou os cárceres da polícia política.»

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Dia Internacional em Memória das Vítimas do Holocausto

Posted: 27 Jan 2018 06:10 AM PST

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Marcelo no seu espelho de selfies

Posted: 27 Jan 2018 03:00 AM PST

José Pacheco Pereira num texto do Público de hoje:

«Os ciclos de amor e desamor políticos com o Presidente da República são isso mesmo, ciclos. Até aos incêndios e as reprimendas públicas que fez ao Governo, o Presidente era detestado à direita, que via nele uma muleta essencial da “geringonça”, e era afavelmente tolerado pela esquerda, que o via como inesperado aliado. Depois dos incêndios, passou a ser amado pela direita a tal ponto que foi a direita portuguesa a principal força “comemorativa” dos seus dois anos de Presidência. Antes via nele uma força perversa que funcionava atrás de António Costa por ódio a Passos Coelho, agora considera-o o grande disciplinador do Governo, que o impede de se deitar nos braços malditos do BE e do PCP.

Há depois uma terceira tese, que certamente não desagradará ao Presidente — é de que estas oscilações de simpatias e antipatias revelam a independência do seu mandato, nem dependente da esquerda, que governa, nem da direita, que é oposição. E, em anexo, uma quarta tese, muito vocal nos “homens do Presidente” que são comentadores em prime time, de que a sua enorme popularidade lhe dá uma força política própria, que o coloca por cima dos partidos e que em última instância lhe permite fazer literalmente o que quiser. Quem manda no país é ele, em união directa com o povo sem intermediários, que faz do Presidente o primeiro dirigente político genuinamente “popular” de há muito tempo a esta parte. Por último, uma humilde e solitária quinta tese, a minha, é de que nada disto é o que é, e apenas “parece” ser, porque não há verdadeiro escrutínio dos actos presidenciais e do seu significado e o Presidente, assim solto das amarras da crítica e da razão, faz uma política própria que tem aspectos positivos, mas também aspectos negativos e alguns mesmo mais do que negativos — perigosos.

Marcelo Rebelo de Sousa ganhou a Presidência por uma combinação de méritos próprios, uma intensa campanha conduzida na e pela comunicação social, por ele ser “um deles”, e uma conjuntura de cansaços e esperanças que teve o seu apogeu como momento de viragem em 2015 e lhe deu um país politicamente estável. Como já disse e repito, Marcelo não seria o Presidente que é sem ter por detrás uma conjuntura que todos imaginavam como altamente instável, mas que se revelou solidamente estável: a aliança política do PS com o BE e o PCP e mesmo o PAN. Pela primeira vez, havia uma alternativa à esquerda que podia competir com a tradicional aliança PSD-CDS, este grupo de partidos que funcionava como uma “frente de rejeição” do PAF, mudava a realidade nacional, pondo a direita longe de poder governar sem ter maioria absoluta. O risco de tal solução para todos envolvidos gerava uma moral de resistência, que hoje está já um pouco esbatida, mas que permitia assegurar que seriam ultrapassadas todas as dificuldades que poderiam pôr em causa a solução de governo.

Cavaco Silva fez tudo para que tal solução não fosse possível, Marcelo acolheu-a como favorável a uma estabilidade política de que ele faria parte e cujos frutos seria capaz, como foi, de recolher. Já era evidente na campanha que o terreno que desejava para a sua presidência era o da estabilidade política, e António Costa era o único que lho podia dar. Quando os primeiros resultados económicos favoráveis começaram a surgir, era ouro sobre azul e a colaboração entre Marcelo e Costa correspondia a uma respiração natural que irritava profundamente o PSD do Diabo.

Marcelo começou a ser o Presidente dos afectos, dos abraços, dos beijos, das selfies com enorme sucesso. Antes havia antipatia, quer pelo anterior Presidente, quer pelo Governo da troika, agora havia um período de um novo optimismo que precisava de um símbolo. O “povo” tinha um enorme cansaço, recusa e hostilidade para com Cavaco Silva, que faria de um qualquer seu sucessor que sorrisse uma vez por mês um génio de afabilidade. Marcelo sorriu quinhentas vezes por dia e conquistou o país. Mas a história não ficou por aí, porque ele sabe melhor do que ninguém que beijos, abraços e selfies só dão poder político se houver um adversário, se forem contra alguém. Não podia haver na cena política portuguesa dois optimistas, por isso passou a haver um que era “irritantemente optimista”, António Costa, e outro que era o príncipe dos afectos, sempre do lado do “povo” contra os poderosos, que é quem o “povo” quer sempre ao seu lado.

A tragédia dos incêndios foi o que mudou tudo. E mesmo que não apareça nas sondagens, mudou mesmo tudo. Não estou a dizer que o Presidente “usou” a tragédia para encontrar o contraponto que precisava para transformar os beijos, abraços e selfies em poder político duro — estou convencido que nos fogos no essencial a postura de Marcelo foi genuína e sincera; o que acontece é que a atitude do Presidente foi a certa na tragédia e a de Costa e do Governo a errada. E, se as coisas tivessem ficado por aí, o Presidente recolhia os méritos de uma vez por todas ter usado a sua personalidade e proximidade para sarar feridas, e o Governo recebia o demérito através de uma quebra do estado de graça que potenciará sempre qualquer coisa negativa que lhe aconteça. Mas a partir daí Marcelo passou a comportar-se como proprietário da dor dos portugueses, afirmando um poder político que extravasa as funções presidenciais. Assumiu comportamentos que são populistas — o que nele não era novidade, já os tinha tido como comentador — e passou a ter um aproveitamento pessoal dos beijos, abraços e selfies. Tudo isto já lá estava antes? Já, mas passou a funcionar como um contraponto de poder que é negativo para a democracia portuguesa, mais do que para o Governo.

Esses aspectos negativos são vários. O Presidente faz um contínuo meta-discurso sobre tudo o que acontece, seja na governação, seja na vida partidária, seja na Justiça, seja nas questões europeias, seja na cultura e, se esse metadiscurso era visto de forma benévola como a dificuldade de Marcelo-Presidente deixar de ser Marcelo-comentador, hoje é sujeito a uma interpretação que procura (e encontra) distanciações e reservas face aos outros poderes, seja o executivo, seja o legislativo. Desde sempre critiquei essa pletora verbal, porque desgastava o poder da palavra presidencial para quando fosse necessária, mas hoje está-se noutro patamar e esse mesmo metadiscurso aparece agora como um conjunto de prevenções, de sinais, de avisos que, não sendo novo nos discursos dos anteriores presidentes, no caso de Marcelo ganha outra amplitude, porque vem mais em continuidade do que foi o seu discurso de comentador de décadas conhecido pelo seu cinismo, a propensão para a intriga e mesmo ajustes de contas nas antipatias próprias. Uma espécie de amnésia colectiva esquece que esta era a “imagem” de Marcelo antes de ser Presidente, e, se se pode mudar, nunca se muda tanto.

E o que torna perigoso esse processo é que, em vez de valores de audiências, hoje temos uma base muito mais complexa que é a da “popularidade” política pessoal e intransmissível. Numa altura em que as democracias estão sujeitas ao assalto populista, temos um presidente que não se coíbe de usar as armas dos políticos populistas modernos, feitos pela televisão, para cultivar uma “proximidade” cujo sucesso é sempre ser “contra” alguma coisa.

Os gregos antigos não se caracterizavam por matar por razões políticas. Os poucos assassinatos políticos ocorridos na Grécia fazem da Atenas democrática uma excepção quase única na história antiga e moderna. Mas um dos instrumentos principais da democracia ateniense, a expulsão da cidade, era usado contra todos os que pareciam ser muito “populares”, mesmo tratando-se de generais vitoriosos. Os atenienses, nessa experiência também única, que foi a democracia antiga, temiam o efeito para a saúde da sua democracia da popularidade, porque a consideravam perigosa para o poder dos cidadãos que na colina do Pnyx se reuniam e votavam.

Mesmo a contragosto de 80% dos portugueses que “amam” Marcelo, convém lembrar que a essência da democracia não é a popularidade, em particular nestes tempos tablóides.»

ALUNOS REPETEM A PRAXE QUE ACONTECEU NO MECO

Cerca de vinte alunos estiveram na passada quinta-feira a serem praxados na praia de Paço de Arcos em Oeiras.

Tratam-se dos alunos do primeiro ano da escola superior Náutica Infante D. Henrique, e quando várias pessoas viram que se tratava de uma praxe não hesitaram em contactar as autoridades.

Foto: CM

Foi por volta das 18 horas que os estudantes foram vistos a ir buscar baldes de água à zona de rebentação e a rastejar no areal.

A policia marítima foi chamada ao local, e permaneceu até todos os estudantes abandonarem a praia.

"Fomos averiguar o que se passava. Vimos que havia alunos junto à água e o que fizemos foi afastar os jovens da água, ordem que acataram", referiu o comandante Malaquias Domingues, da Polícia Marítima de Lisboa. Os polícias mantiveram-se no local até ao final da praxe. Pelo menos duas pessoas contactaram a escola, que não sabia da situação. A direcção pediu fotografias para comprovar a praxe.

Recorde-se que a 15 de dezembro de 2013 seis alunos da Universidade Lusófona perderam a vida durante uma praxe na praia do Meco, Sesimbra.

Fonte: Força Portugal