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sexta-feira, 6 de abril de 2018

Polícia espanhola desmantela rede de tráfico de enguias-de-vidro com ramificações em Portugal

6/4/2018, 17:38

A rede de tráfico exportava ilegalmente enguias-de-vidro para a Ásia, que era dirigida por cidadãos chineses em Espanha e tinha ramificações em Portugal. Polícia apreendeu mais de cinco mil quilos.

PAULO NOVAIS/LUSA

Autor
  • Agência Lusa
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A polícia espanhola desmantelou esta sexta-feira uma rede que exportava ilegalmente enguias-de-vidro para a Ásia, que era dirigida por cidadãos chineses em Espanha e tinha ramificações em Portugal, onde a organização se queria também instalar. Numa operação da Guardia Civil (correspondente à GNR portuguesa) realizada hoje foram detidas dez pessoas — quatro de nacionalidade chinesa, três espanhola e três marroquina — e feitas buscas em edifícios nas regiões espanholas das Astúrias e Cádiz, onde foram apreendidas 364 embalagens prontas para transportar para a China mais de 5.000 quilos de enguias-de-vidro.

Este pequeno animal, que também é conhecido pelo nome de enguia-bebé ou meixão (norte de Portugal), tem cerca de oito centímetros de comprimento e calcula-se que o lucro por cada quilo exportado pode ir até os 7.500 euros. O anúncio do desmantelamento da rede foi feito pela Guardia Civil, numa conferência de imprensa esta manhã onde, segundo a agência espanhola EFE, estavam também representantes da Europol (polícia europeia), que coordenou a operação, e da Autoridade de Segurança Alimentar e Económica (ASAE) de Portugal.

Segundo foi explicado, a intervenção da polícia espanhola obrigou o grupo a montar uma base provisória no Porto, tendo vários envios sido intercetados nos aeroportos desta cidade e ainda de Lisboa e de Faro. As enguias são muito apreciadas na Ásia e em particular na China, Hong-Kong e Coreia do Sul.

Depois de operações realizadas pela polícia portuguesa, a rede transferiu novamente a sua atividade de preparação dos envios para Algeciras (sul de Espanha), tendo a polícia espanhola decidido intervir depois da apreensão de 65 quilos de enguias-de-vidro em Tarifa e de 129 quilos que estavam a ser transferido para Marrocos num camião.

Segundo dados de várias entidades, saem por ano de forma ilegal da Europa cerca de 100 toneladas de enguias-de-vidro. A EFE também refere que o inspetor da ASAE, Hugo Alexandre Matos, fez uma exposição sobre as ações realizadas em Portugal, onde esta temporada já foram apreendidas cerca de uma tonelada destas enguias e detidas 28 pessoas.

Língua Portuguesa: há três palavras portuguesas impossíveis de traduzir

Novo artigo em VortexMag


por admin

Um novo estudo decidiu tentar traduzir as palavras sem tradução – as palavras que, em todo o mundo, não têm tradução literal em mais nenhuma língua. Três são portuguesas e constam na lista. A mais óbvia é saudade, mas existem mais duas. O estudo foi elaborado por Tim Lomas, da Universidade de Londres, e conta já com um projecto pessoal, o Positive Lexicography Project. O objectivo é tornar familiar aquelas palavras que só são entendidas num certo país e que não têm tradução literal em nenhuma outra língua, mas que transmitem um sentimento específico que, segundo conta a BBC, é negligenciado pelas outras línguas.

O Projecto de Lomas tentou então encontrar “sentimentos” não traduzíveis, por todo o mundo, na esperança de conseguir incorporá-los noutras culturas, que não as de origem. Para encontrar as palavras ‘intraduzíveis’, Lomas procurou na literatura académica e falou com as pessoas do país de origem das palavras que pretendia descobrir. Os primeiros resultados do seu projecto foram lançadas num jornal de psicologia, no ano passado. E foi nessa pesquisa que descobriu três palavras portuguesas.

1. Saudade

Esta palavra é, há muito, catalogada como sendo ‘só portuguesa’. Segundo a tradução feita, esta palavra significa um desejo melancólico ou nostálgico por uma pessoa, lugar ou coisas, que estão longe, quer no espaço, quer no tempo. Uma vaga de nostalgia que sonha, por vezes, com fenómenos que podem mesmo nem existir. Assim é a explicação da saudade, para Lomas. Para ilustrar a palavra ‘saudade’, o artigo da BBC fala da fadista Cristina Branco e das suas músicas com o tema do que é sentir-se saudoso a ponto de se morrer de saudade. Tal como tantos outros artistas o fazem.

2. Desbundar

A expressão é explicada, segundo a BBC, como sendo a forma de perder as inibições e, simplesmente, entrar em modo de diversão.

3. Desenrascanço

Toda a gente sabe o que é ‘desenrascar-se’ de algo. Pois bem, segundo conta a BBC, é o ato de se desembaraçar engenhosamente de uma situação problemática. Falta é a expressão exacta para traduzir.

Além das palavras portuguesas, existem várias outras. Por acaso já se sentiu um pouco mbuki-mvuki? Ou talvez já tenha sentido um pouco kilig, ou até mesmo uitwaaien. O que lhe parece? Confuso? Pois bem, veja alguns exemplos de palavras (e sentimentos) que provavelmente nem sabia que existiam:

Mbuki-mvuki – Esta palavra é do dialecto africano Bantu e significa algo como ter uma vontade irresistível de tirar a roupa enquanto se dança.

Kilig – Termo filipino e tem um significado bastante específico: a sensação nervosa e vibrante que sentimos quando vamos conversar com alguém que gostamos.

Uitwaaien – Esta palavra faz juz ao efeito revitalizante de fazer uma caminhada ao vento e é holandesa.

Shinrin-yoku – Esta palavra é japonesa e significa algo como a sensação relaxante que se tem através de um banho na floresta (literalmente ou de forma figurativa).

Yuan bei – Palavra chinesa que simboliza um sentido de realização completa e perfeita.

Sehnsucht – Palavra alemã que, se traduzirmos de forma literal, fica algo como “desejos de vida”, ou seja, é uma espécie de desejo intenso por estados de espírito alternativos e de realizações pessoais, mesmo que sejam inalcançáveis.

Para descobrir mais exemplos de palavras cheias de significado em mais línguas, mas quase impossíveis de traduzir, visite o estudo aqui.

Fonte: observador.pt

Sérgio Moro: a história do juiz que quer prender Lula e citava “Breaking Bad” nas aulas de Direito Penal

Sérgio Moro: a história do juiz que quer prender Lula e citava “Breaking Bad” nas aulas de Direito Penal

6/4/2018, 16:54160

Sérgio Moro tem 45 anos, é casado com uma advogada e tem dois filhos. Estudou num colégio de freiras, foi professor e citava "Breaking Bad" nas aulas. Agora, é o juiz que quer prender Lula da Silva.

Sérgio Moro é o filho mais novo de dois professores universitários

AFP/Getty Images

Autor
  • Mariana Fernandes
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Sérgio Fernando Moro é o nome do momento no Brasil. Na verdade, Sérgio Fernando Moro é o nome do momento há quatro anos.Já foi “Brasileiro do Ano” em 2014 para a revista Época e a Bloomberg considera-o o 10.º líder mais influente do mundo. Filho de dois professores universitários, passava despercebido nas aulas, mas as notas saltavam à vista nas pautas. Sérgio Moro é juiz federal da 13.ª Vara Criminal Federal de Curitiba e o principal responsável pela Operação Lava Jato. Esta semana, ordenou a prisão de Lula da Silva.

O aluno de mérito que preferia ginástica a futebol

Nasceu a 1 de agosto de 1972 – dia em que o pai, Dalton, comemorava o 29.º aniversário. A relação com o pai foi sempre próxima e com uma boa dose de idolatração, quiçá agudizada por partilharem o dia em que nasceram. Dalton Áureo Moro era professor de geografia. A mulher, Odete Starki Moro, lecionava português. Sérgio é o mais novo dos dois filhos do casal.

O juiz federal foi criado numa família de classe média, em plena ditadura militar, mas gozava de certos privilégios de que o comum brasileiro não desfrutava. Maringá, a cidade paranaense onde nasceu, foi considerada a mais limpa e segura do Brasil e, em certa altura, a mais arborizada do mundo. O pai de Sérgio Moro era sócio e frequentava o Clube de Campo da cidade: pai e filho iam juntos de carro para o clube, onde Dalton se juntava a amigos para jogos de futebol. O Diário do Centro do Mundo conta que, ao longo dos anos, ninguém viu Sérgio num campo de futebol. No país de Pelé, Romário e tantos outros, o juiz preferiu sempre a ginástica e o ciclismo.

Embora fossem ambos professores numa escola pública, Dalton e Odete confiaram a educação de Sérgio ao Colégio de Santa Cruz, uma instituição privada e católica, onde o mais novo dos Moro recebeu uma educação rígida por parte de duas freiras carmelitas espanholas – ambas canonizadas. Desde os 6 anos e pelos dez seguintes, Sérgio Moro estudou numa escola onde se segue o lema “o caminho é a perfeição” e em casa tinha dois professores universitários enquanto pais. A missão de corrigir o que estava errado foi-lhe enraizada desde bastante novo.

No colégio de freiras, fez três grandes amigos que se mantêm até aos dias de hoje: Lafayete, Luis e Eduardo. Nenhum deles fala sobre Sérgio.O superjuiz que controla os destinos da Operação Lava Jato pediu aos amigos – bem como à família e aos colegas de trabalho – que nada revelem sobre a sua vida fora dos tribunais. E os três amigos cumprem. O máximo que contam é que Sérgio Moro, hoje com 45 anos, é adepto do Grémio Maringá, das divisões estatais do futebol brasileiro. O juiz federal recusa a grande maioria dos pedidos de entrevistas e, segundo a Gazeta do Povo, os assessores até já se riem dos jornalistas que as pedem. A mãe, Odete, conta que “tem uns amigos na Folha de S. Paulo, na Veja e na Globo a quem dá entrevistas quando quer”.

Em 1989, saiu do Colégio de Santa Cruz e continuou os estudos no Colégio Gastão Vidigal. No último ano antes de entrar na universidade, em dez disciplinas, a nota mais baixa que teve foi um 8,6 (no Brasil, a classificação faz-se de 0 a 10). Entrou em Direito na Universidade Estadual de Maringá e pertenceu a uma turma de 40 alunos de onde saíram seis juízes. Manteve-se discreto, de poucas palavras, raramente frequentava festas e dedicava todo o tempo livre aos estudos. A primeira festa a que foi coincidiu com o primeiro dia em que andou de autocarro: a amiga Rita Agioletto, que o tinha convidado para a dita festa, conta que Sérgio chegou em êxtase, contando a toda a gente que tinha acabado de andar de transportes públicos pela primeira vez.

Além deste dia, o desconhecimento do agora juiz face à pobreza que se vivia no resto do país foi visível quando tinha já 29 anos. Nessa altura, propôs-se a escrever um ensaio jurídico intitulado “Quem são os pobres”, onde revelou a dificuldade que sentiu em descrever quem era e como vivia a classe mais baixa do Brasil.

O professor que citava “Breaking Bad” e o juiz que é “o espelho do pai”

Estagiou num escritório de advogados durante o curso e em 1995 estava licenciado em Direito. Tornou-se mestre em 2000 e em 2002 concluiu o doutoramento em Direito do Estado. Antes disso, fez um programa de formação de advogados em Harvard e assistiu a uma iniciativa sobre lavagem de dinheiro promovida pelo Departamento de Estado dos Estados Unidos. Em 1996, tornou-se juiz federal no Tribunal Regional Federal da 4.ª Região e começou a dar aulas na Universidade Federal do Paraná — onde citava Walter White, a personagem principal da série “Breaking Bad“, para dar exemplos de conduta ilícita.

Foi em 2003 que começou a dar nas vistas nos julgamentos de colarinho branco. Entre 2003 e 2007, trabalhou no caso Banestado, que resultou na condenação de 97 pessoas; na Operação Farol da Colina, um desdobramento do Banestado, decretou a prisão temporária de 103 suspeitos de evasão fiscal e lavagem de dinheiro. Em 2012, auxiliou a magistrada do Supremo Tribunal Federal Rosa Weber no Mensalão: foi convocado por ser especialista em crimes financeiros e no combate à lavagem de dinheiro. Na mesma altura, pediu a dispensa do cargo de professor na Universidade do Paraná.

Em março de 2014, já enquanto juiz federal da 13.ª Vara Criminal Federal de Curitiba, foi apontado como principal responsável da Operação Lava Jato – considerada a maior investigação contra a corrupção da história do Brasil. Sérgio Moro conduz as operações com distinta rapidez – num país onde considera a justiça “muito morosa” -, um traço de personalidade que, de acordo com um antigo amigo da família, o juiz herdou do pai.

“O Serginho é o espelho do pai. Ele não gostava de inovar. Era metódico e legalista, seguia os regulamentos. A gente ia para um congresso e ele levava provas para corrigir no ônibus [autocarro]. Ninguém mais fazia isto, só o Moro era tão exigente consigo mesmo. O Dalton passou isto ao Serginho. Passou conceitos de moral, de bons costumes. Serginho é Dalton Moro no passado”, conta ao Diário do Centro do Mundo Elpídio Serra, ex-aluno e mais tarde amigo do pai de Sérgio Moro.

A relação próxima entre Sérgio e Dalton — que morreu em 2005, vítima de cancro — é motivo para a esquerda brasileira no geral e o Partido dos Trabalhadores em particular acusarem o superjuizde ter uma agenda própria no que toca à Operação Lava Jato. Desde 2014, os rumores de que Moro é próximo do Partido da Social Democracia Brasileira multiplicam-se e a investigação judicial tornou-se uma luta esquerda-direita que tem o magistrado como principal eixo.

Amigos, família e colegas de profissão recusam qualquer associação partidária de Sérgio Moro – bem como do pai, Dalton. A suspeição tem origem em 1990 e é Basílio Baccarin, amigo do pai do juiz, que desmistifica a história. Naquele ano, Baccarin associou-se à fundação do Partido da Social Democracia Brasileira em Maringá e acabou por ser eleito vereador. Dalton Moro, seu colega e amigo, apoiou a campanha. “Moro me apoiou, como amigo. Esteve sempre comigo durante a minha campanha e só me dizia que eu deveria ser menos radical”, explicou Basílio Baccarin. De acordo com o antigo professor, este foi o único contacto de Dalton Moro com partidos políticos.

A família e o medo que a Lava Jato trouxe

A condução da Operação Lava Jato levou Sérgio Moro a ter preocupações acrescidas com a própria segurança e a da família. Casado com a advogada Rosângela Wolff de Quadros e com dois filhos, tomou as medidas necessárias para proteger a privacidade de que não abdica. Deixou de ir trabalhar de bicicleta e agora fá-lo de carro blindado e acompanhado por seguranças. Deu indicações explícitas à família e aos amigos para que nada contassem sobre ele e pediu-lhes que apagassem todas as fotografias que pudessem ter nas redes sociais onde aparecesse. Para a direita, é um ídolo. Para a esquerda, o líder do golpe.

As repercussões das suas decisões – principalmente da condenação de Lula da Silva – foram difíceis de imaginar. Ameaças de morte tornaram-se o dia-a-dia de um homem que sempre gostou de passar despercebido. O Diário do Centro do Mundo conta um episódio caricato: o porteiro do prédio onde ainda vive Odete Moro, a mãe do juiz, é um fã incondicional do magistrado. Sérgio entrava no edifício pelas traseiras e Edson, o porteiro, só o via através da câmara de vigilância do elevador.

Um dia, decidiu pedir à mãe do juiz que o ajudasse a conseguir uma fotografia com Sérgio. O dia chegou, ela chamou-o, o porteiro subiu e conseguiu a tão aguardada selfie. Na semana seguinte, foi abordado por dois agentes federais que lhe pediram para apagar a fotografia. As ameaças de morte tinham-se tornado mais frequentes e era perigosa a existência de fotografias de Sérgio Moro perdidas no telemóvel de um qualquer porteiro.

Em julho de 2017, o juiz Sérgio Moro condenou Lula da Silva a nove anos e seis meses de prisão por corrupção passiva e lavagem de dinheiro – pena que foi entretanto agravada para 12 anos e um mês. Esta semana, em abril de 2018, após rejeição do habeascorpus preventivo pelo Supremo Tribunal Federal, enviou um ofício a autorizar a prisão do ex-presidente do Brasil. O superjuiz é a cara da luta contra a corrupção na política brasileira.

CRISTAS E A AUSTERIDADE

por estatuadesal

(In Blog O Jumento, 06/04/2018)

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Há mais de dois anos que Assunção Cristas insiste que a austeridade não acabou, como se o fato de haver rigor orçamental, austeridade ou o que quer que seja pudesse justificar as canalhices que aprovou enquanto membro de um governo de que insiste ser a derradeira defensora. Esta birrinha idiota está a levá-la de forma sistemática ao desespero, ao ponto de já fazer o papel de imbecil.

Para a líder do CDS qualquer aumento da receita fiscal significa aumento da carga fiscal e isso prova que há agora mais austeridade. É um argumento que está entre o desonesto e o imbecil. Quando o seu governo tentou aumentar a TSU dos trabalhadores, reduzindo a dos patrões, pretendia reduzir os salários de todos os trabalhadores portugueses sem aumentar as receitas do Estado, neste caso da Segurança Social.

Quando decidiu reduzir o rendimento de todos os trabalhadores com um aumento brutal do IRS, através da sobretaxa, para financiar uma redução do IRC, medida com a qual Vítor Gaspar tentou substituir o golpe da TSU, não se pretendia um aumento da receita fiscal.

São dois exemplos de medidas brutais de austeridade que são neutras em relação à evolução das receitas fiscais. Esse fato mostra como a austeridade que deve ser a regra normal de governar, pode ser usada como instrumento político de um governo sem escrúpulos, que a coberto de uma crise nacional tentou promover uma brutal alteração na distribuição de rendimentos em favor dos mais pobres.

A esquerda cometeu o erro de referir-se a esta política como de austeridade, associando-as ao objetivo de redução do défice orçamental. Criou a ideia de que menos défice significa mais austeridade e que os défices são progressistas enquanto o rigor ou austeridade orçamental é um atributo das políticas de direita. Tudo isto é falso.

Na hora de distribuir o que conseguia tirar aos trabalhadores e pensionistas o governo da Assunção não era rigoroso, não foi rigoroso na forma como injetou dinheiro nos bancos, não foi rigoroso na forma como subsidiou os colégios privados, não foi rigoroso na pressa em descer o IRS a qualquer custo. Não admira que o governo da Crista tenha falhado sistematicamente nas previsões orçamentais, essa não era a sua preocupação.

É natural que agora o rigor do Estado tenha impacto nas contas públicas, ao contrário do que sucedeu com o governo da Cristas o aumento das receitas fiscais ou o que se poupa não se destina a financiar colégios privados ou a enriquecer os mais ricos. É também natural que com o crescimento económico e o aumento do consumo aumentem as receitas fiscais.

Há um par de meses a Assunção Cristas defendia que o crescimento se devia às exportações e não ao consumo, apontando isso como um falhanço da política do governo. Agora que o aumento do consumo se traduz num aumento das receitas fiscais, por via dos impostos sobre o consumo, Assunção Cristas em vez de aceitar que se enganou arma-se em burra e acusa o governo de promover mais austeridade.

Somos todos Ronaldo

por estatuadesal

(João Quadros, in Jornal de Negócios, 06/04/2018)

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O golo de pontapé de bicicleta de Cristiano Ronaldo no triunfo (3-0) do Real Madrid sobre a Juventus, nos quartos de final da Liga dos Campeões, tornou-se em poucos minutos, até graficamente, um ícone do futebol mundial. É um momento histórico. Afinal, Portugal tem meios aéreos que ninguém supunha. O golo foi de tal modo extraordinário que já há quem chame a Cristiano Ronaldo o Centeno da UEFA.

Confesso que ainda esperei pelo final do jogo e pelas análises "antidoping" porque estamos habituados a que sempre que alguém consegue um grande feito de bicicleta é porque estava dopado.

Como não tenho memória curta, não considero que este tenha sido o maior momento na carreira de Ronaldo, não nos podemos esquecer do que ele fez durante o último Europeu de Futebol. Aquela atitude, do nosso capitão, de atirar o microfone da CMTV para o lago foi uma obra-prima. Na altura, pensei: mesmo que CR não ganhe este ano a Bola de Ouro (ganhou), o Pulitzer do jornalismo já não lhe escapa.

Para mim, Cristiano é a verdadeira biblioteca de livros de auto-ajuda. Vale por mil palestras de empreendedorismo e motivação. Há quem viva da teoria do "bate punho" e há os que a praticam.

É muito estranha a relação de alguns portugueses com o Cristiano. Convivem mal com o sucesso do rapaz. Muitas vezes, pergunto-me: será que gostam mais do Messi porque julgam que ele é do Entroncamento? Há uma má vontade para com Ronaldo de alguns portugueses. Lembro-me de que quando CR andava com a Irina, nos programas de bola chegaram ao ponto de dizer que a miúda não era nada de especial. Só faltou dizer que era um bocado gorda e tinha mau hálito.

Uma das frases que mais vezes oiço é: "Eu não gosto do Ronaldo porque ele é um bocado bimbo" - e normalmente isto é dito por um indivíduo com calças de corsário, camisola de alças, óculos escuros no topo da cabeça e com "headphones" dourados nos ouvidos a ouvir D.A.M.A.

Tenho enorme orgulho no Cristiano, gostava de lhe dar um abraço, mas imagina que o despenteava?! Estava tramado, nunca mais teria dinheiro que chegasse para lhe pagar um penteado novo.

Já me questionei, independentemente do facto de ser português e, mais importante, sportinguista, qual é o melhor jogador do mundo. Cristiano ou Messi? A minha resposta é simples. A ter de viver num mundo em que só um deles exista, claramente optava por ter estado vivo para ver jogar Ronaldo. Por tudo o que significa e que vai muito além do futebol e da possibilidade de ver fotos das namoradas. Por mim, está resolvido o problema do dinheiro para as artes, vai tudo para o Cristiano.


TOP-5

Bicicleta

1. Fórmula americana de probabilidades diz que o Benfica tem o penta à vista - aposto que o Putin está metido nisto.
2. Garraiada sai definitivamente do programa da Queima das Fitas de Coimbra - é substituída por uma largada de Dux Veteranorum.
3. Secretário de Estado da Cultura diz: "Este é um momento sofrido para o sector artístico." E que António Costa sabia de tudo - António Costa é Harvey Weinstein dos artistas portugueses: confiaram nele, até foram apoiá-lo ao hotel e acabaram por ser... papados.
4. O Ministério Públicoinformou que arquivou, na passada terça-feira, o inquérito contra Dias Loureiro e José de Oliveira e Costa relacionado com o caso BPN - não dá para prendê-los no Arquivo do Ministério Público? Às vezes, tenho a sensação de que há mais bandidos arquivados do que presos.
5. Cientistas britânicos não conseguem provar que veneno é russo - aposto que são os mesmos do caso Maddie. Lá vamos ter de expulsar cientistas britânicos.