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terça-feira, 17 de abril de 2018

ESTOU FARTO DESSA IMBECIL

por estatuadesal

(In Blog O Jumento, 17/04/2018)

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Questionada sobre a questão dos aumentos de vencimentos dos funcionários públicos, uma conhecida imbecil respondeu que é contra, que antes de aumentar os vencimentos dos funcionários deveria ser reduzida a carga fiscal. Acrescentou com aquela cara de parva que diminuindo os impostos os funcionários públicos também seriam beneficiados.

Para esta senhora atualizar os ordenados dos trabalhadores do Estado ou diminuir os impostos são medidas alternativas. Também poderia defender, por exemplo, que em vez de atualizar os vencimentos defende a sua redução, devendo as poupanças serem investidas nas estradas, os funcionários públicos também sairiam beneficiados pois andam de carro.

Esta senhora insiste em considerar os funcionários públicos como uma mera despesa, dependendo o seu bem-estar de estratégias eleitoralistas deste ou daquela imbecil. Ignora que os funcionários públicos estão há quase uma década sem qualquer atualização profissional, que durante muitos anos não beneficiaram de qualquer profissão e, pelo meio, um governo de velhacos onde estava a imbecil, ainda lhes eliminou os subsídios e cortou nos vencimentos.

Esta senhora insiste em atirar portugueses contra portugueses julgando que desta forma consegue mais votos, mesmo depois de desaparecidos os ideólogos do governo dos velhacos, insiste em ser a fiel depositária do pior que se pensou e fez durante o governo a que pertenceu e onde só ficou conhecida pelo dress code dos homens do seu ministério, que deixaram de usar gravata para poupar no ar condicionado.

Convencida de que vai ultrapassar os votos do PSD e animada por uma sondagem da Aximage a senhora continua com o seu estilo de Le Pen do Restelo, agredindo uns e ofendendo outros, transformando as suas baboseiras de ressabiada do Rossio em programa eleitoral.


Fonte aqui

Mário Centeno: uma vantagem para Costa que não é um problema para a Geringonça

GOVERNO

Luís Rosa

16/4/2018, 6:56

As ameaças do Bloco e do PCP sobre o Orçamento para 2019 devem ser ser vistas como aqueles caniches que costumamos encontrar na rua: ladram muito mas têm sempre medo de morder.

1. Afinal, parece que Mário Centeno já não é o Ronaldo das Finanças Públicas — pelo menos, a acreditar no Bloco de Esquerda, PCP e até no porta-voz do PS. Se Ronaldo marca um pontapé de bicicleta exemplar e tecnicamente irrepreensível que corre o mundo, Catarina Martins, Jerónimo de Sousa e João Galamba dispensam “brilharetes orçamentais”equivalentes, como rever em baixa a meta do défice orçamental de 1,1% para 0,7% em 2018 que reforcem a credibilidade externa de Portugal.

O que preferem realmente é que o ministro das Finanças continue a ser um verdadeiro ‘brinca-na-areia’ orçamental que até pode prometer bicicletas mas é obrigado a seguir o plano.

O que preocupa mesmo a ala radical da Geringonça é que ‘antros’ neo-liberais perigosos como a revista “The Economist” elogiem a política de finanças públicas do Governo por estar concentrada “no défice e na dívida, e não em investimento ou serviços públicos”. Repare, caro leitor, é um elogio mas, para os geringonços, pode ser um insulto, até porque “um governo de centro-direita estaria a fazer mais ou menos a mesma coisa”.

Compreende-se as razões que levaram Catarina Martins e Jerónimo de Sousa a fazerem de Mário Centeno um alvo político, radicalizando o discurso.

Em primeiro lugar, o BE e o PCP não querem ter nada a ver com um ministro das Finanças que já é comparado por Marques Mendes com Vítor Gaspar — o ‘pai’ da ideia do Governo de Passos Coelho para ir além da troika. Essa é uma linha vermelha clara que coloca pode pôr em causa toda a narrativa dos dois partidos que apoiam o Governo.

A segunda questão, sempre elementar em política, prende-se com a simples sobrevivência. Se olharmos para o barómetro que a Eurosondagem publica no Expresso desde a formação da Geringonça (e tal como aquele semanário recordava há 15 dias), o PCP e o Bloco têm descido de forma sustentada nas sondagens, sendo que os bloquistas são os que perdem mais: dos 10,1% que alcançaram nas legislativas de 2015, desceram para 7,7%, enquanto que o PCP desceu de 8,2% para 7,3%. Ora, um Bloco e um PCP colados a um Governo que quer ir além do que está estipulado no Orçamento só pode potenciar a sua descida.

2. Com um PS a ter 41,5% na mesma sondagem — muito perto, portanto, da maioria absoluta –, compreende-se ainda melhor porque razão Catarina e Jerónimo gritam, esperneiam e ‘carregam nas cores’ dos defeitos do Governo para mostrarem ao seu eleitorado que nada têm a ver com Mário Centeno e a sua austeridade inteligente. Deixando, na dúvida, no caso do PCP, se se aprovam a proposta para o Orçamento de Estado de 2019.

Estas ameaças, contudo, não valem muito. Aliás, devemos olhar para as mesmas com alguma benevolência.

Todos os partidos da Geringonça sabem que, quem provocar uma crise política, tomará o mesmo remédio que o PRD tomou em 1987 quando fez cair o Governo de Cavaco Silva: a irrelevância política.

Por isso, as ameaças mais ou menos subliminares, com mais ou menos greves das diferentes profissões que constituem a administração pública, devem ser vistas como aqueles caniches que costumamos encontrar na rua: ladram muito mas têm sempre medo de morder.

3. Ainda sou do tempo em que um Presidente da República oriundo da esquerda proclamava aos sete ventos que “há mais vida além do orçamento. A economia não é só finanças públicas”. A frase é de Jorge Sampaio e foi proferida em 2003 para criticar a ‘obsessão’ que o Governo de Durão Barroso então tinha com o controle do défice orçamental em nome das regras de convergência com a zona euro.

A frase de Sampaio ilustra bem o pensamento de uma boa parte da esquerda — e que é hoje seguida pelo BE e pelo PCP mas aparentemente repudiada por Mário Centeno.

Reduzir a meta do défice este ano para 0,7% e atingir eventualmente a meta dos 0,2% em 2019, com superavits orçamentais nos anos seguintes, é o caminho certo para reforçar a credibilidade externa de Portugal e reduzir o excesso de peso que a dívida tem. Mas mais do que isso, a disciplina orçamental permitirá reconquistar e reforçar de forma mais eficiente a confiança dos investidores externos em Portugal.

4. Se tivermos em conta que o PS obteve 32,5% dos votos nas legislativas de 2015, e que actualmente tem 41,5% no barómetro Eurosondagem, só podemos concluir que esse aumento de votos foi conseguido essencialmente à custa do PSD, de Passos Coelho e de Rui Rio.

As razões para isso são várias mas o que interessa aqui é um único ponto: o facto de o Executivo do PS ter um ministro das Finanças que consegue controlar o défice orçamental é muito perigosa para Rui Rio.

Precisamente por ser esse o seu perfil. Desde a Câmara do Porto que o actual líder do PSD cultivou uma narrativa não só de seriedade, como também uma certa imagem de contabilista, sempre com contas certas. É esse o seu maior ativo político.

Com António Costa a entrar nesse campo para conquistar uma ‘medalha’ chamada superavit orçamental, a posição eleitoral de Rui Rio fica ainda mais fragilizada porque fica sem narrativa.

Não foi por acaso, aliás, que passamos a ouvir Rui Rio e membros da sua direção política a defender que, com o atual crescimento económico, há folga orçamental para aumentar os funcionários públicos — uma posição em tudo idêntica ao Bloco de Esquerda e ao PCP. A política odeia o vazio e ausência de ideias próprias leva os social-democratas a seguir os outros.

O que é, em si mesmo, mais uma prova de como o PSD anda à deriva em termos de estratégia e de narrativa política.

Centeno reduziu o défice estrutural no dobro do exigido por Bruxelas

HÁ 2 HORAS

O Governo mudou a sua política orçamental para uma postura restritiva e cortou o défice estrutural a metade, o dobro do exigido pela UE. Investimento cresceu à custa de obra nas regiões e autarquias.

ANDRE KOSTERS/LUSA

Autor
  • Nuno André Martins
  •  
  • O Governo alterou a sua política orçamental no ano passado para uma “postura restritiva e contra cíclica”, reduzindo o défice estrutural ao dobro do ritmo que era exigido pelas regras orçamentais da União Europeia, afirma o Conselho das Finanças Públicas numa análise às contas de 2017. O investimento cresceu quase 700 milhões de euros, mas dois terços deste são da responsabilidade das regiões e das autarquias, em ano de eleições autárquicas.

Num ano em que o défice teve mais um imprevisto, agora o da recapitalização da Caixa Geral de Depósitos (que o fez subir para os 3% do PIB), as contas que mais interessam para Bruxelas foram melhores que o esperado. De acordo com as contas da instituição liderada por Teodora Cardoso, a política orçamental de Mário Centeno permitiu ao Estado reduzir o seu défice estrutural em 1 ponto percentual, quando estava em 2 pontos percentuais.

Este resultado não só permite cumprir o mínimo exigido pela União Europeia, de 0,5 pontos percentuais, como deixa Portugal em melhor condição para cumprir as regras da redução da dívida, regras novas que ainda não se aplicam totalmente a Portugal porque o país saiu recentemente de um Procedimento dos Défices Excessivos.

Segundo o Conselho das Finanças Públicas, “este esforço orçamental revela uma alteração de postura da política orçamental em 2017. No contexto de melhoria da conjuntura económica, a evolução do saldo primário estrutural foi positiva (mais 0,6 pontos percentuais do PIB), refletindo uma postura restritiva e contra cíclica da política orçamental”.

Sem contar com a Caixa Geral de Depósitos, o défice orçamental terá atingido os 0,92% do PIB, um valor historicamente baixo e que muito tem sido criticado pelos partidos mais à esquerda, em especial pelo Bloco de Esquerda que tornou pública a sua discordância em relação às escolhas feitas por Mário Centeno.

Cativações superaram os 500 milhões de euros

O Governo começou o ano com um valor historicamente alto de cativações aplicadas no orçamento. De acordo com os dados disponibilizados pela Unidade Técnica de Apoio Orçamental e pelo Conselho das Finanças Públicas – o Governo não divulgou esses números apesar da insistência dos partidos com assento parlamentar -, Mário Centeno congelou 1880 milhões de euros no Orçamento, valor este que só poderia ser usado mediante a sua autorização.

Chegado o final do ano, de acordo com o Conselho das Finanças Públicas, apenas 510 milhões ficaram por desbloquear. No Orçamento, o Governo já contava que 516 milhões de euros não fossem usados no final do ano, ou seja, tornavam-se poupanças permanentes. Assim, o valor terá sido executado à risca, ficando apenas a 6 milhões de euros do objetivo inicial traçado pelo ministro.

Investimento aumenta à custa das regiões e das autarquias

O investimento aumentou quase 700 milhões de euros no ano passado, depois de ter caído para mínimos em 2016, mas, segundo o Conselho das Finanças Públicas, dois terços do investimento contabilizado terá sido realizado nas autarquias e nas regiões, isto em ano de eleições autárquicas e regionais.

O dinheiro terá sido usado “maioritariamente na âmbito de construções e edifícios”, sendo que este grupo excluiu a construção de habitações.-

Marcelo defende luta conjunta na União Europeia e reforma dos sistemas políticos

17/4/2018, 12:01

Marcelo Rebelo de Sousa defendeu esta terça-feira, que Portugal e Espanha devem lutar juntos na negociação do quadro financeiro plurianual e da política agrícola.

TIAGO PETINGA/LUSA

Autor
  • Agência Lusa

    O Presidente da República defendeu esta terça-feira que Portugal e Espanha têm de lutar juntos na União Europeia na negociação do quadro financeiro plurianual e da política agrícola e, no plano nacional, devem reformar os respetivos sistemas políticos.

Marcelo Rebelo de Sousa falava na abertura de um Encontro Empresarial Espanha-Portugal, na sede da Confederação Espanhola de Organizações Empresariais (CEOE), em Madrid, durante a sua visita de Estado a Espanha.

“Os próximos meses serão decisivos para a Europa e para nós. Temos de lutar juntos pelo quadro financeiro plurianual, pensar na coesão, na Política Agrícola Comum (PAC), na inovação e qualificação, e pela união económica, financeira e bancária. E por instituições fortes, próximas dos europeus, eficientes e prestigiadas que travem populismos, aventureirismos e tentações corrosivos do projeto europeu”, afirmou.

Na presença do ministro espanhol da Economia, Román Escolano, e do ministro português dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, o Presidente da República completou: “Ao mesmo tempo que fazemos tudo para que os sistemas políticos domésticos se reforcem, se antecipem, se reformem, não criando vazios sempre contraproducentes”.

Manuel Pinto Coelho. O guru santanista que Rui Rio segue para “chegar novo a velho”

HÁ 30 MINUTOS

Rio confessou, quando anunciou a candidatura à liderança do PSD, que estava "amarrado" ao livro do amigo Manuel Pinto Coelho "Como Chegar Novo a Velho". O polémico médico esteve em S.Bento com Santana

Autor

Rui Rio disputava a liderança do PSD com Pedro Santana Lopes, em novembro de 2017, quando fez uma pausa na campanha para ir ao lançamento do livro Colesterol – Mitos e Realidade, de Manuel Pinto Coelho. Tinha uma sessão com militantes em Guimarães ao início da noite, mas nem por isso deixou de estar presente na FNAC do Norteshopping, em Matosinhos, para apoiar o polémico médico — santanista dos sete costados — que é seu “amigo” e “inspirador“.

Um mês antes, quando anunciou à Visão que seria candidato, Rio confessou que seguia Manuel Pinto Coelho como uma espécie de guru alimentar e do bem-estar com o objetivo de “chegar novo a velho“. O médico conta agora ao Observador que ficou “radiante” e “todo babado” quando Rui Rio confessou publicamente que seguia os seus conselhos. Beber água do mar, estar ao sol nas horas de maior calor sem protetor solar ou seguir a “dieta do Paléo” são alguns dos conselhos mais polémicos do livro que tem sido a “bíblia” do bem-estar de Rio no último ano e meio, segundo o próprio.

Por ironia, Manuel Pinto Coelho é amigo de Rio, mas ainda mais amigo de Pedro Santana Lopes, que vê como um “irmão”. O médico confessa, no entanto, que sempre desejou Rui Rio para governar país. Sendo amigo dos dois, ficou numa situação complicada quando o “irmão” Santana decidiu avançar para a liderança do PSD contra  o “amigo” Rio: “Eu, rioista desde sempre, quando vi que o Pedro Santana Lopes se candidatava a líder do PSD, vi-me aflito”, diz ao Observador. E se Sá Carneiro tinha como sonho para o PSD “um Governo, uma maioria, um Presidente”, o médico sempre teve nomes para esses cargos: “Toda a vida quis Rui Rio como líder do PSD e primeiro-ministro e Santana Lopes como Presidente da República.”

Agora, o médico tinha de tomar uma opção. Escolheu permanecer santanista “ao lado do irmão”. Nesse sentido, Manuel Pinto Coelhoenviou um SMS a Rui Rio onde lembrou que sempre foi um “rioísta confesso” e que esteve “sempre à espera” que o portuense “avançasse para a liderança do PSD”. Na mesma mensagem, escreveu que Santana Lopes era “como um irmão e não podia deixar de o apoiar numa batalha como esta”. A mensagem seguiu com o conhecimento de Santana Lopes.

Perante a mensagem, Rio foi de “uma nobreza de caráter tremenda”, descreve Pinto Coelho. Acabou por responder  com outro SMS, onde afirmou que “tendo em conta os laços de amizade” que ligam o médico a Santana Lopes “ficaria preocupado era se fizesse o contrário”. E a prova que não guardou rancor é que foi ao lançamento do livro cerca de um mês depois.

Rio segue conselhos de Pinto Coelho, mas não frequenta a clínica

Rui Rio confessou à revista Visão, em outubro de 2017, que o livro de Pinto Coelho Chegar Novo a Velho o tinha “amarrado” há mais de um ano num regime alimentar comedido, sem fundamentalismos, mas que seguia a “inspiração e influência” do médico e “amigo”. O atual líder do PSD contava ainda que, seguindo os conselhos do autor, tinha conseguido perder três quilos. E destacava alguns dos cuidados alimentares:

  • Comer em menos quantidade;
  • Reduzir o açúcar e o leite na alimentação;
  • Não dispensar o ovo cozido num pequeno-almoço mais reforçado;
  • Aumentar o consumo de peixe e legumes;
  • Acrescentar um suplemento alimentar de moringa.

Rui Rio não se alongou no regime alimentar que segue, mas o livro que referiu não tem apenas conselhos consensuais, mas também algumas recomendações polémicos entre a comunidade médica e científica. Manuel Pinto Coelho confessa que, ao longo dos últimos anos, foi conversando a espaços com o agora líder do PSD sobre alimentação e a saúde no geral, mas que Rui Rio nunca o procurou na clínica. Mas ao ver que o social-democrata o referiu como uma espécie de guru, a “alma” do médico “cresceu”, confessa ao Observador.

Manuel Pinto Coelho é muito amigo de Pedro Santana Lopes e chegou a dormir na residência oficial do primeiro-ministro no curto período de nove meses em que este viveu em São Bento. Mas também é amigo de Rui Rio. Conheceram-se através de uma amiga em comum, Matilde Alves, vereadora da câmara do Porto com o pelouro da Habitação e da Ação Social. Há mais de dez anos, Rio convidou Manuel Pinto Coelho para ir falar sobre estratégias de combate à toxicodependência aos vereadores da câmara municipal do Porto. A partir daí, Rio e Pinto Coelho passaram a ter uma “boa relação”. Quando não falavam um do outro, iam trocando cumprimentos através de Matilde Alves.

A ida ao livro sobre o Colesterol não é o primeiro em que Rio marca presença. Manuel Pinto Coelho recorda-se do líder do PSD ter ido ao lançamento de outro livro, também no Norteshopping, onde também maracaram presença o eurodeputado do CDS Nuno Melo e o juiz Rui Rangel. Sobre este último — recentemente envolvido num processo judicial em que é suspeito de corrupção — faz questão de dizer: “Não é por ele estar na mó de baixo que não o refiro. Sou um grande amigo dele. Há uns travámos uma grande luta juntos e, com isso, conseguimos encerrar as smartshops em Lisboa”.

Quando lançou o “Chegar Novo a Velho”, Manuel Pinto Coelho fez questão de enviar um livro para o ex-autarca do Porto. O livro foi o mais vendido do primeiro semestre de 2016 em Portugal. Em pouco tempo, a obra vendeu mais de 100 mil exemplares. Mas, afinal, que conselhos dá o livro?

Os polémicos conselhos do livro a que Rio está “amarrado”

No livro “Chegar Novo a Velho” — aquele a que Rui Rio confessou estar “agarrado” há mais de um ano — Manuel Pinto Coelho dedica o primeiro capítulo à Medicina Anti-Envelhecimento. Para passar os 100 anos, o médico propõe oito pilares: controlo da inflamação, nutrição, suplementação avançada, modulação hormonal bio-idêntica, redução das toxinas e metais pesados, genética e epigenética e “treino da mente — a terapia sintónica”.

Desde logo quem prefacia o livro é Paulo Maló, irmão de António Maló — que faz parte da Comissão Política Nacional do PSD e é um dos principais conselheiros de Rui Rio. Pinto Coelho tem um consultório anti-envelhecimento na Malo Clinic, em Lisboa.

Quanto ao livro, no primeiro pilar, o do controlo da inflamação, Manuel Pinto Coelho escreve que faz sentido seguir o que dizia um artigo da revista Time de 23 de fevereiro de 1974:

Em vez de se tentar encontrar tratamentos distintos para a doença cardíaca, para o Alzheimer, cancro do colón entre outros, deveria haver um remédio único que pudesse prevenir todos estes problemas juntos.”

Segue-se o segundo pilar, da nutrição: “Se for bem balanceada (e suplementada) que evite os alimentos processados — recheados de ingredientes inflamatóriostais como açúcares refinados e más gorduras como as trans (margarinas e óleos vegetais sobretudo) — pode acrescentar 20 a 30 anos a tempo médio de vida de qualquer pessoa“.

Em matéria de dietas, Manuel Pinto Coelho propõe, desde logo, o regime do Paleolítico, que promete “menos doenças, mais energia, menos barriga“.

Imagem do livro que, de forma exemplificativa, mostra o “Homo Coca-Cola”

Manuel Pinto Coelho adverte que o genoma do Homem atualmente “é quase idêntico ao do caçador-recoletor“. E que por isso, uma dieta do Paleolítico, com um regime “moderado em proteínas, gorduras e hidratos de carbono” é possível reduzir o peso corporal, retardar o envelhecimento e reverter a doença crónica.

São dados então exemplos do regime de “Páleo”, sendo alguns dos conselhos seguidos por Rui Rio:

  • Consumir carne, se possível “oriunda da agricultura biológica, alimentada de erva, sem antibióticos, anabolizantes ou toxinas ambientais”;
  • Consumir peixe, se possível “selvagem, de águas profundas”;
  • Consumir ovos;
  • Consumir fruta “de preferência colorida”;
  • Consumir vegetais e legumes (com preferência para os de conteúdo glicémico mais baixo como a “couve verde, espargo, beringela, pepino, bróculos, aipo, alface, alho-porro e feijão verde);
  • Não consumir cereais. Muito menos os que não têm glúten;
  • Não consumir produtos lácteos;
  • Não consumir açúcar.

É também definida uma espécie de hierarquia quanto à forma de cozinhar. Sempre que possível, os alimentos devem ser consumidos “crus”. Segue-se, por ordem de preferência, a cozinha a vapor, o marinado, o estufado, a cozinha no forno (sem nunca exceder os 85º), a cozedura no “lume mais brando possível”, fritos “só com óleo de côco ou água” e, por fim, os grelhados. São eles, segundo o médico, “geradores de animas heterocíclicas com potenciais efeitos cancerígenos”. Parece uma ideia com vários seguidores, de modo que até já serviu para um negócio: o antigo secretário-geral do PSD Feliciano Barreiras Duarte é sócio de um restaurante de comida do Páleo no Saldanha, em Lisboa.

Todos devem beber água do mar, que até substitui as placas sanguíneas

No mesmo livro, Manuel Pinto Coelho incentiva a que se beba água do mar. Começa por citar Platão, com a seguinte frase: “A água do mar cura todos os males“. O médico diz ainda que as plaquetas sanguíneas podem ser substituídas pelo consumo de água do mar e sugere que o mesmo só não é divulgado por conveniência da indústria farmacêutica.

Na realidade as suas enormes virtualidades terapêuticas — a água do mar pode substituir-se às transfusões de plasma sanguíneo, ou não tivessem ambos a mesma composição no que diz respeito aos 118 minerais e oglielementos constantes da Tabela Elementar — reconhecida desde há mais de um século pelo cientista francês René Quinton, que dá o nome ao ‘Plasma Quinton’ à venda nas farmácias, teimam em permanecer na sombra da opinião pública e da melhor prática clínica, danificando gravemente, por omissão a saúde de milhões de pessoas em todo o mundoque a ela poderiam ter facilmente acesso”.

A água do mar, garante o médico, “se fosse bem explorada poder-se-ia converter na farmacopeia do século XXI”. O médico ensina ainda a preparar a água para que seja consumida adequadamente: “Para preparar água isotónica, mistura-se cinco partes de água do mineral com duas partes de água do mar, o que para um garrafão de cinco litros de água daria 3,680 litros de água mineral para 1,420 litros de água do mar“. No típico garrafão de água, cerca de um litro e meio seria assim de água do mar. O médico diz ainda que água do mar pode ser consumida isoladamente, mas aí terá de ser apenas “um copo de água de 3 em 3 horas até um máximo de meio litro por dia.”

Manuel Pinto Coelho propõe ainda, por exemplo, quatro formas de fazer um jejum intermitente, que inclui: não comer durante 24 horas; comer só entre as 11h e as 19h, comer doze horas e jejuar outras tantas ou “comer normalmente, de preferência Paleolítico, durante 5 dias e consumir apenas 500 calorias (por exemplo 4 ovos e saladas) durante os outros dois dias que deverão ser salteados.”

O mito do Colesterol

Embora tenha depois lançado um livro que se debruçava mais sobre esse assunto, Manuel Pinto Coelho começa, desde logo, a falar no “mito do colesterol” no livro “Chegar Novo a Velho”. O médico diz que o facto de o colesterol ser o principal culpado pelas doenças cardiovasculares é uma “teoria que não repousa em nenhum dado científico bem sustentado“. No livro, o autor acrescenta ainda que “a investigação comprova que três quartos das pessoas que têm o primeiro ataque cardíaco têm níveis normais de colesterol” e que “estudos recentes indicam” mesmo que “os tratamentos, em muitas situações acabam por ser bem mais nocivos que o próprio colesterol”.

A exposição ao Sol e os processos da Ordem

No livro “Chegar Novo a Velho”, Manuel Pinto Coelho escreve que “a exposição à luz do sol é a mais simples, mais barata, mais fácil e uma das mais importantes estratégias para melhorar a saúde” e que “não há droga, procedimento cirúrgico ou qualquer outro que consiga chegar perto das espantosas capacidades curadoras da luz natural do sol e da substância por ele criada quando aborda uma pele suficientemente aprovisionada de colesterol — a vitamina D3”.

Na mesma obra, o médico adverte: “Atenção: ficar com a pele queimada ao sol é perigoso e a queimadura solar aumenta o risco de melanoma.” No entanto, incentiva a que não seja utilizado protetor solar, uma vez que “todos os efeitos benéficos [que enumera ao longo do livro] do sol não terão lugar se você se besuntar de creme solar“.

Apesar destas apreciações sobre a exposição ao sol no livro — e de já ter enfrentado um processo de averiguação sumária da Ordem dos Médicos — foi com uma entrevista (conteúdo fechado) concedida ao Expresso, em julho de 2017, que o médico enfrentou um dos seus maiores problemas. No pino no verão, uma das frases do médico incendiou o debate público: “O sol protege mais contra o cancro do que o provoca”.

Na mesma entrevista, Manuel Pinto Coelho defendia ainda que a exposição ao sol não devia ter protetor, uma vez que “se a pessoa põe o creme solar anula a sensação de ardor da pele e deixa-se ficar mais tempo do que deveria”. E acrescentava: “Os cremes de proteção solar são um desastre. O pior cancro cutâneo, o melanoma, aparece em zonas que normalmente não estão expostas ao sol”. E, por último, a frase que se tornaria polémica: “O sol protege mais contra o cancro do que o provoca. Digo e repito as vezes que tiverem de ser.”

Na sequência da entrevista a Ordem dos Médicos abriu um “processo de averiguação sumária” a Manuel Pinto Coelho, tendo sido a entrevista enviada para o conselho disciplinar após a OM receber “várias reações de sociedades científicas e de especialistas nacionais face às declarações proferidas.” A Ordem até emitiu, no mês seguinte, uma nota pública onde disse discordar “frontalmente de várias das afirmações produzidas pelo Dr. Manuel Pinto Coelho, que podem constituir um atentado à saúde dos doentes e da comunidade”.

O Conselho Nacional da Ordem dos Médicos justificava a nota com a necessidade de  “esclarecer a sociedade civil” de que “a Medicina sem evidência científica constitui um perigo para a saúde pública” e anunciava que “em colaboração com as associações e sociedades científicas, irá produzir informações honestas e acessíveis, validadas cientificamente, em que a sociedade civil possa confiar”.

Manuel Pinto Coelho admite ao Observador que os processos da Ordem dos Médicos foram o “pior” que já enfrentou na carreira, mas que nunca foi notificado. Apesar disso, não teve efeitos no sucesso da sua clínica, que — embora conte com quatro médicos — tem um “grande tempo de fila de espera”. E lança o desafio: “Faça a experiência de ligar para lá e veja quanto tempo tem de esperar para marcar consulta.”

A relação com o “irmão” Santana Lopes

Manuel Pinto Coelho foi durante vários anos militante do PSD. A sua ficha teve dois proponentes: o advogado Rui Gomes da Silva e Pedro Santana Lopes. Mas acabou por desfiliar-se. Como explicou numa entrevista à revista Sábado em julho de 2017 foi à São Caetano à Lapa entregar o cartão no dia em que soube de uma “iniciativa do partido para abrir uma sala de chuto em Lisboa.” No entanto, dois dias depois das diretas de janeiro no PSD não deixou de enviar uma mensagem a Rui Rio a felicitá-lo. Já com Santana Lopes tem falado várias vezes. Ambos têm até uma coincidência trágica, como conta o médico ao Observador: “Os nossos pais morreram no mesmo dia”. Mas isso ainda os aproximou mais.

A relação entre o médico e o eterno “enfant terrible” do PSD é longa.  O médico trabalhava numa clínica em Gondomar quando Santana Lopes, então presidente da câmara de Lisboa, o convidou para trabalhar na área da toxicodependência na autarquia. Também nesta área, Manuel Pinto Coelho tem travado lutas polémicas. Em 2011, como presidente da Associação Portugal Livre de Drogas (APLD), Manuel Pinto Coelho, defendeu que era “urgente” definir uma nova forma de tratamento de toxicodependentes, condenando o recurso a drogas de substituição. De acordo com Pinto Coelho os medicamentos de substituição só estão a “alimentar a mesma condição de dependência” e trazem custos elevados para o Estado.

Mas as polémicas são anteriores. Quando Santana o convidou para trabalhar na câmara nesta área, o médico veio morar para Lisboa. Por essa altura, o Governo de Durão Barroso decidiu criar um novo organismo público de combate à toxicodependência: o Instituto da Droga e da Toxicodependência. O hoje líder parlamentar do PSD Fernando Negrão tinha sido nomeado presidente do IDT e convidou duas pessoas para o acompanharem na direção: o presidente do Serviço de Prevenção e Tratamento da Toxicodependência, João Goulão, e Manuel Pinto Coelho, que teria sido indicado por Santana Lopes. Mas João Goulão disse que não aceitaria o cargo se tivesse de trabalhar com Pinto Coelho, pois tinha “sérias reservas” quanto aos procedimentos do médico. Tanto Goulão como Pinto Coelho puseram o lugar à disposição.

Santana chegaria a primeiro-ministro dois anos depois e nomeou Manuel Pinto Coelho como médico oficial do primeiro-ministro. Tirando esse período em São Bento, Manuel Pinto Coelho nunca foi o médico do amigo. Segundo conta ao Observador , “Santana Lopes tem um médico de Coimbra, muito bom e eu fui sempre uma espécie de segundo médico”.

Manuel Pinto Coelho conta ao Observador que, durante o Governo Santana, “morava na Borges Carneiro, a 100 metros e a dois minutos a pé do Palácio de S.Bento” e que, por isso, ia várias vezes ter com Santana Lopes à residência oficial do primeiro-ministro. Nos jantares em S. Bento,  quando as horas de conversa se prolongavam, Pinto Coelho “ficava mesmo lá a dormir, para não estar a ir para casa aquela hora, mesmo que fosse pertíssimo.

Pela amizade com Santana Lopes, Manuel Pinto Coelho já pernoitou na residência oficial do primeiro-ministro, algo que Rui Rio poderá fazer, caso consiga o seu grande objetivo como líder do PSD: ser eleito primeiro-ministro.