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terça-feira, 17 de abril de 2018

FMI revê em alta crescimento em Portugal para 2018

FMI revê em alta crescimento em Portugal para 2018

17/4/2018, 14:08

O Fundo Monetário Internacional (FMI) voltou a rever em alta a previsão de crescimento económico em Portugal para este ano: 2,4%, mais do que prevê o Governo.

YOAN VALAT/EPA

Autor
  • Agência Lusa
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O Fundo Monetário Internacional (FMI) reviu hoje em alta a estimativa de crescimento da economia portuguesa deste ano para 2,4%, mas continua a estimar que o PIB avance 1,8% em 2019, abaixo do previsto pelo Governo.

De acordo com o ‘World Economic Outlook’ (WEO), relatório com previsões económicas mundiais divulgado hoje, o FMI melhorou a previsão de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) português, de 2,2% para 2,4%.

Esta nova previsão fica ligeiramente acima do estimado pelo Governo, que prevê que a economia portuguesa cresça 2,3% no conjunto deste ano, segundo o Programa de Estabilidade 2018-2022 entregue na sexta-feira à Assembleia da República.

No entanto, para o próximo ano, o FMI mostra-se menos otimista do que o executivo liderado por António Costa, mantendo a estimativa de crescimento do PIB em 1,8%.

No Programa de Estabilidade, o Governo estima que a economia cresça acima de 2% até 2022, avançando 2,3% em cada um dos anos até 2020, e abrandando em 2021 e novamente em 2022, ao crescer 2,2% e 2,1%, respetivamente. O FMI contraria estas previsões e diz que é já em 2019 que a economia abranda.

Por outro lado, o Fundo está mais otimista do que o Governo no que diz respeito à redução do desemprego, estimando que fique abaixo dos 7% já em 2019, um ano mais cedo. No WEO, o FMI prevê que a taxa de desemprego desça para 7,3% este ano e para 6,7% no próximo.

O Governo, por sua vez, antecipa que a taxa de desemprego se reduza para 7,6% este ano e para 7,2% no próximo, descendo para 6,8% em 2020, para 6,5% em 2021 e para 6,3% em 2022. Ao contrário do executivo, o FMI estima que saldo da balança corrente se deteriore, representando um excedente de 0,2% do PIB este ano e um défice de 0,1% do PIB em 2019.

No Programa de Estabilidade, prevê-se que o excedente da balança corrente cresça para 0,7% do PIB este ano, mantendo-se nesse valor até 2020 e reduzindo-se até 0,4% do PIB em 2022.

Economia mundial deve crescer 3,9% este ano, a maior expansão desde 2011

O FMI estimou, também hoje, que a economia mundial cresça 3,9% este ano, melhorando uma décima face aos 3,8% de crescimento de 2017, ano que registou o maior crescimento desde 2011.

“O crescimento mundial fortaleceu-se em 2017 para 3,8%, com uma recuperação notável do comércio mundial, e foi liderado pela recuperação do investimento nas economias avançadas, pela manutenção do crescimento forte na Ásia, uma notável aceleração na Europa emergente, e sinais de recuperação em vários exportadores de matérias-primas”, lê-se nas Previsões Económicas Mundiais (World Economic Outlook, no original em inglês).

No documento, que é hoje divulgado em Washington, no arranque dos Encontros da Primavera, organizados anualmente em conjunto com o Banco Mundial, lê-se que “o crescimento mundial deve aumentar 3,9% este ano e no próximo, apoiado por um fôlego forte, pelo sentimento favorável nos mercados, pelas condições financeiras acomodatícias e pelas repercussões internas e externas da política orçamental expansionista dos Estados Unidos”.

A “recuperação parcial” dos preços das matérias-primas, acrescenta o FMI, deve permitir aos países exportadores melhorarem a sua economia gradualmente, apesar de o FMI prever que, a médio prazo, o crescimento mundial decline para 3,7%. Ainda que o crescimento para 2018 e 2019 esteja ao nível mais alto desta década, os técnicos do FMI alertam para a falta de garantias de que a aceleração se mantenha.

“Os riscos ascendentes e descendentes [que podem influenciar as previsões para cima ou para baixo] são equilibrados nos próximos trimestres, mas mais à frente tendem para a parte descendente”, lê-se no documento.

“Com as condições financeiras ainda facilitadas e a inflação persistentemente baixa, o que obrigou uma acomodação de política monetária mais prolongada, a acumulação de vulnerabilidades financeiras pode originar um rápido aperto nas condições financeiras, com impacto na confiança e no crescimento”, acrescentam os peritos do FMI.

Por isso, “o panorama atualmente favorável oferece uma janela de oportunidade para as políticas e as reformas que protejam o sentimento positivo e aumentem o crescimento a médio prazo para benefício de todos”. Assim, defendem a criação de “folgas orçamentais que ajudem a lidar mais eficazmente com o próximo ciclo negativo, melhorando a resiliência financeira para conter os riscos dos mercados financeiros e fomentar a cooperação internacional”.

Crescimento de Angola revisto em alta para 2,2% este ano e 2,4% em 2019

O Fundo Monetário Internacional (FMI) reviu em alta a perspetiva de crescimento de Angola, prevendo que a economia cresça 2,2% este ano e 2,4% no próximo ano, segundo as Previsões Económicas Mundiais.

“O crescimento em Angola deverá subir de 0,7%, em 2017, para 2,2% em 2018 e 2,4% em 2019, o que mostra uma melhoria de 0,6 pontos percentuais e de 1 ponto percentual, respetivamente, face às Previsões Económicas Mundiais de outubro do ano passado”.

Segundo o FMI, que esta semana realiza os Encontros da Primavera, a recuperação económica em Angola baseia-se essencialmente na subida dos preços do petróleo face aos baixos valores dos últimos anos, que “aumentam o rendimento disponível e melhoram o sentimento económico”.

De acordo com o relatório Previsões Económicas Mundiais (World Economic Outlook, no original em inglês), hoje divulgado na sede da instituição, em Washington, Angola deverá acelerar o crescimento, mas continua a ver a economia a expandir-se abaixo da média da África subsaariana.

Esta região, segundo as previsões do FMI, deverá registar um crescimento de 3,4%, este ano, e acelerar para 3,7% no próximo ano, o que revela uma melhoria sustentada desde 2017, ano em que estes países cresceram, em média, 2,8%.

Síria: limpeza étnica com armas químicas

É essencial entender que a guerra contra o jihadismo e outros totalitarismos como o de Putin se joga essencialmente no tabuleiro da informação e desinformação. É tempo de deixar de alimentar visões ingénuas do que se passa nesse domínio e entrar no combate de forma séria e decidida.

  • 17 Abril, 2018
  • Paulo Casaca, em Bruxelas

    Memórias do Iraque

    Estamos no princípio de Abril de 2004 quando finalmente chego à antiga base transformada em campo de refugiados iranianos no Iraque, situada perto da estrada Bagdade-Kirkuk, na margem esquerda do Tigre.

Na invasão de Março de 2003, apesar das inúmeras mensagens directas e indirectas de não-beligerância, apesar de não terem disparado um tiro, o campo controlado pelo “Conselho Nacional da Resistência Iraniana”, Ashraf, tinha sido duramente atingido pelo bombardeamento aéreo e os sinais de destruição – mau grado o intenso trabalho de reconstrução – continuavam a ser evidentes. No cemitério local, visitei a campa de dezenas de vítimas do bombardeamento.

Campo de Ashraf

As decisões de bombardeamento do campo de Ashraf resultaram de pedidos expressos do Reino Unido, concretamente do seu responsável diplomático, Jack Straw, e da intensa campanha feita entre outros pela baronesa Emma Nicholson.

Graças ao inquérito nacional britânico sobre o Iraque, confirma-se hoje o papel crucial de Jack Straw na invenção das armas de destruição maciça no Iraque, e quem tiver tempo e paciência poderá ver que, publicamente, no Parlamento Europeu, na Câmara dos Lordes ou nas Nações Unidas, a baronesa Nicholson é a personalidade política que mais se distingue na denúncia das armas de destruição maciça de Saddam Hussein que seriam escondidas no Iraque, exactamente em Ashraf, pelos membros do “Conselho Nacional da Resistência Iraniana”.

Na verdade, se lida com mais atenção, constata-se que a baronesa se limita a repetir a extensa propaganda feita publicamente pelos responsáveis iranianos ou pelos seus canais de desinformação.

No meu livro publicado em 2008 “A Outra Invasão do Iraque”’ identifico o percurso da maior parte das efabulações sobre armas de destruição maciça no Iraque e mostro as suas ligações ao aparelho de desinformação iraniano, nomeadamente a mais importante de todas elas, a que passou pelos serviços secretos italianos e foi cozinhada pelo agente duplo iraniano, Manucher Ghorbanifar, que em Portugal usava no passaporte o nome de “Manuel Pereira”.

É um trabalho que infelizmente nunca foi feito nos EUA, provavelmente para não expor as razões pouco edificantes ou a simples falta de discernimento e inteligência de um conjunto de responsáveis políticos sem os quais nunca teria sido possível montar o desastre da efabulação das armas de destruição maciça no Iraque.

  1. A máquina de desinformação em marcha

Como é típico do aparelho de desinformação iraniano, assim que consumado o objectivo da invasão do Iraque, foram eles os primeiros a culpar o Ocidente em geral, ou os líderes americanos em particular, pela efabulação que eles mesmo criaram.

E foram eles também que perante a multiplicação dos ataques químicos do regime fantoche de Assad contra a sua população puseram em marcha o argumento de que se tratava de novo de uma invenção ocidental para justificar a “agressão” ao regime sírio.

Sete anos depois do início da guerra da Síria, depois de milhares de ataques químicos, de vários relatórios concludentes das Nações Unidas e de milhares de testemunhos impossíveis de manipular de forma tão precisa, os patrões da entretanto formada aliança russo-iraniana continuam a repetir que é preciso ‘provas’ e que é tudo uma conspiração ocidental e que são as vitimas que se suicidam com armas químicas.

A forma como, especialmente em Portugal, a imprensa e as redes sociais continuam a ser inundadas por uma campanha feita de teorias da conspiração, ignorância e de uma inesgotável capacidade para mentir sem olhar a meios, é impressionante.

Grande parte dos que participam nestas campanhas de desinformação fazem-no por fé e dogmatismo e são por isso imunes a factos e argumentos, enquanto uma outra parte o faz por interesse, mas a maioria fá-lo por desinformação e pela síndroma do apaziguamento.

Na lógica do apaziguamento, é necessário fechar os olhos aos milhões de vítimas sírias, é necessário fazer de conta que não se sabe que se usam maciçamente armas químicas para matar civis, na esperança de que os fautores dos crimes se saciem com a carnificina que por lá fazem e não venham a fazer o mesmo entre nós.

A psicose do apaziguamento é tão ou mais letal que a psicopatia da conspiração que vê inimigos onde estes não existem. O sucesso de qualquer estratégia de defesa passa por ser capaz de resistir a ambas as psicopatias e nunca perder o sentido do equilíbrio simultaneamente racional e emocional.

  1. A frente ocidental unida no ataque às bases químicas sírias

Em política externa, o traço mais marcante da candidatura de Donald Trump foi a denúncia da invasão do Iraque como o maior desastre da política externa americana, denúncia que lhe valeu o ódio dos clãs Bush e Clinton e de toda a intelligentzia americana, particularmente dos membros do velho clube do “neo-conservadorismo”, hoje inexistente.

Como é tradicional no populismo, Donald Trump acertou mais por instinto que por compreensão, (como foi aliás também o caso da ameaça nuclear) e desdobra-se em iniciativas que fazem sentido táctico mas que falham a visão estratégica.

A verdade é que a total falta de vontade da oposição democrática americana de enveredar por um caminho de reforma, a sua tentação de se esconder atrás de processos judiciais e a sua ausência de perspectivas fazem como os cenários mais prováveis sejam a ascensão de um populismo democrata e o renovar da vitória do actual presidente americano.

O facto de Donald Trump – com a sua notória total ausência de diplomacia – ter conseguido unir todo o Ocidente atrás de si, apesar do intenso bombardeamento da desinformação irano-russa, e do profundo dinamitar das elites ocidentais pelo populismo, é um feito notável.

Posto isto, nesta operação de neutralização do aparelho químico sírio, tudo parece semelhante ao bombardeamentos das bases afegãs da Al-Qaeda por Bill Clinton, saudados pela generalidade do mundo ocidental, como se fosse um fim e não o princípio de uma guerra, e por isso, tudo faz temer a repetição dos mesmos erros.

O primeiro facto a ter em conta é o de o jihadismo ser a ideologia dominante do que resta da chamada oposição síria, que está hoje sob o controlo da Irmandade Muçulmana da Turquia de Erdogan e do Qatar. A Turquia não faz segredo de que prefere fazer um acordo com a aliança russo-síria para esmagar a população curda e bater o Ocidente, abandonando a população árabe sunita ao massacre.

Muitas das minorias – a começar pelas cristãs – foram assim obrigadas a preferir a pata irano-russa às limpezas étnicas dos jihadistas sunistas.

Repare-se que enquanto as forças curdas preferiram render a cidade de Afrin, as organizações jihadistas do Ghouta Oriental preferiram deixar a população ser gaseada pelas forças de Assad a deixar o terreno. É a mesmíssima ideologia do Hamas e de todas as outras organizações jihadistas para quem os civis – e em particular as mulheres e crianças – são carne para canhão se possível a ser utilizados pela propaganda. É absolutamente claro que o Ocidente tem de considerar a Irmandade Muçulmana como sua inimiga estratégica.

Depois, a ideia simplista de que tudo se resolve destruindo meia dúzia de fábricas de armamento químico não é séria e não nos leva a lado nenhum. Se o Presidente Donald Trump reiterar a sua opção de total retirada da região; se o Ocidente não fizer estratégias de longo prazo de colaboração com os países e com os actores que na região ainda não estão submetidos a nenhuma das alianças jihadistas, não há solução possível, e veremos a barbárie implantar-se na região e, obviamente, saltar para a Europa. Desse ponto de vista, a União Europeia tem que aprender com Putin, para quem os tabuleiros do Mar Negro, Báltico ou Mediterrâneo são naturalmente teatros diferentes do mesmo confronto.

Acima de tudo, é essencial entender que a guerra contra o jihadismo e outros totalitarismos como o de Putin se joga essencialmente no tabuleiro da informação e desinformação. É tempo de deixar de alimentar visões ingénuas do que se passa nesse domínio e entrar no combate de forma séria e decidida.

ESTOU FARTO DESSA IMBECIL

por estatuadesal

(In Blog O Jumento, 17/04/2018)

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Questionada sobre a questão dos aumentos de vencimentos dos funcionários públicos, uma conhecida imbecil respondeu que é contra, que antes de aumentar os vencimentos dos funcionários deveria ser reduzida a carga fiscal. Acrescentou com aquela cara de parva que diminuindo os impostos os funcionários públicos também seriam beneficiados.

Para esta senhora atualizar os ordenados dos trabalhadores do Estado ou diminuir os impostos são medidas alternativas. Também poderia defender, por exemplo, que em vez de atualizar os vencimentos defende a sua redução, devendo as poupanças serem investidas nas estradas, os funcionários públicos também sairiam beneficiados pois andam de carro.

Esta senhora insiste em considerar os funcionários públicos como uma mera despesa, dependendo o seu bem-estar de estratégias eleitoralistas deste ou daquela imbecil. Ignora que os funcionários públicos estão há quase uma década sem qualquer atualização profissional, que durante muitos anos não beneficiaram de qualquer profissão e, pelo meio, um governo de velhacos onde estava a imbecil, ainda lhes eliminou os subsídios e cortou nos vencimentos.

Esta senhora insiste em atirar portugueses contra portugueses julgando que desta forma consegue mais votos, mesmo depois de desaparecidos os ideólogos do governo dos velhacos, insiste em ser a fiel depositária do pior que se pensou e fez durante o governo a que pertenceu e onde só ficou conhecida pelo dress code dos homens do seu ministério, que deixaram de usar gravata para poupar no ar condicionado.

Convencida de que vai ultrapassar os votos do PSD e animada por uma sondagem da Aximage a senhora continua com o seu estilo de Le Pen do Restelo, agredindo uns e ofendendo outros, transformando as suas baboseiras de ressabiada do Rossio em programa eleitoral.


Fonte aqui

Mário Centeno: uma vantagem para Costa que não é um problema para a Geringonça

GOVERNO

Luís Rosa

16/4/2018, 6:56

As ameaças do Bloco e do PCP sobre o Orçamento para 2019 devem ser ser vistas como aqueles caniches que costumamos encontrar na rua: ladram muito mas têm sempre medo de morder.

1. Afinal, parece que Mário Centeno já não é o Ronaldo das Finanças Públicas — pelo menos, a acreditar no Bloco de Esquerda, PCP e até no porta-voz do PS. Se Ronaldo marca um pontapé de bicicleta exemplar e tecnicamente irrepreensível que corre o mundo, Catarina Martins, Jerónimo de Sousa e João Galamba dispensam “brilharetes orçamentais”equivalentes, como rever em baixa a meta do défice orçamental de 1,1% para 0,7% em 2018 que reforcem a credibilidade externa de Portugal.

O que preferem realmente é que o ministro das Finanças continue a ser um verdadeiro ‘brinca-na-areia’ orçamental que até pode prometer bicicletas mas é obrigado a seguir o plano.

O que preocupa mesmo a ala radical da Geringonça é que ‘antros’ neo-liberais perigosos como a revista “The Economist” elogiem a política de finanças públicas do Governo por estar concentrada “no défice e na dívida, e não em investimento ou serviços públicos”. Repare, caro leitor, é um elogio mas, para os geringonços, pode ser um insulto, até porque “um governo de centro-direita estaria a fazer mais ou menos a mesma coisa”.

Compreende-se as razões que levaram Catarina Martins e Jerónimo de Sousa a fazerem de Mário Centeno um alvo político, radicalizando o discurso.

Em primeiro lugar, o BE e o PCP não querem ter nada a ver com um ministro das Finanças que já é comparado por Marques Mendes com Vítor Gaspar — o ‘pai’ da ideia do Governo de Passos Coelho para ir além da troika. Essa é uma linha vermelha clara que coloca pode pôr em causa toda a narrativa dos dois partidos que apoiam o Governo.

A segunda questão, sempre elementar em política, prende-se com a simples sobrevivência. Se olharmos para o barómetro que a Eurosondagem publica no Expresso desde a formação da Geringonça (e tal como aquele semanário recordava há 15 dias), o PCP e o Bloco têm descido de forma sustentada nas sondagens, sendo que os bloquistas são os que perdem mais: dos 10,1% que alcançaram nas legislativas de 2015, desceram para 7,7%, enquanto que o PCP desceu de 8,2% para 7,3%. Ora, um Bloco e um PCP colados a um Governo que quer ir além do que está estipulado no Orçamento só pode potenciar a sua descida.

2. Com um PS a ter 41,5% na mesma sondagem — muito perto, portanto, da maioria absoluta –, compreende-se ainda melhor porque razão Catarina e Jerónimo gritam, esperneiam e ‘carregam nas cores’ dos defeitos do Governo para mostrarem ao seu eleitorado que nada têm a ver com Mário Centeno e a sua austeridade inteligente. Deixando, na dúvida, no caso do PCP, se se aprovam a proposta para o Orçamento de Estado de 2019.

Estas ameaças, contudo, não valem muito. Aliás, devemos olhar para as mesmas com alguma benevolência.

Todos os partidos da Geringonça sabem que, quem provocar uma crise política, tomará o mesmo remédio que o PRD tomou em 1987 quando fez cair o Governo de Cavaco Silva: a irrelevância política.

Por isso, as ameaças mais ou menos subliminares, com mais ou menos greves das diferentes profissões que constituem a administração pública, devem ser vistas como aqueles caniches que costumamos encontrar na rua: ladram muito mas têm sempre medo de morder.

3. Ainda sou do tempo em que um Presidente da República oriundo da esquerda proclamava aos sete ventos que “há mais vida além do orçamento. A economia não é só finanças públicas”. A frase é de Jorge Sampaio e foi proferida em 2003 para criticar a ‘obsessão’ que o Governo de Durão Barroso então tinha com o controle do défice orçamental em nome das regras de convergência com a zona euro.

A frase de Sampaio ilustra bem o pensamento de uma boa parte da esquerda — e que é hoje seguida pelo BE e pelo PCP mas aparentemente repudiada por Mário Centeno.

Reduzir a meta do défice este ano para 0,7% e atingir eventualmente a meta dos 0,2% em 2019, com superavits orçamentais nos anos seguintes, é o caminho certo para reforçar a credibilidade externa de Portugal e reduzir o excesso de peso que a dívida tem. Mas mais do que isso, a disciplina orçamental permitirá reconquistar e reforçar de forma mais eficiente a confiança dos investidores externos em Portugal.

4. Se tivermos em conta que o PS obteve 32,5% dos votos nas legislativas de 2015, e que actualmente tem 41,5% no barómetro Eurosondagem, só podemos concluir que esse aumento de votos foi conseguido essencialmente à custa do PSD, de Passos Coelho e de Rui Rio.

As razões para isso são várias mas o que interessa aqui é um único ponto: o facto de o Executivo do PS ter um ministro das Finanças que consegue controlar o défice orçamental é muito perigosa para Rui Rio.

Precisamente por ser esse o seu perfil. Desde a Câmara do Porto que o actual líder do PSD cultivou uma narrativa não só de seriedade, como também uma certa imagem de contabilista, sempre com contas certas. É esse o seu maior ativo político.

Com António Costa a entrar nesse campo para conquistar uma ‘medalha’ chamada superavit orçamental, a posição eleitoral de Rui Rio fica ainda mais fragilizada porque fica sem narrativa.

Não foi por acaso, aliás, que passamos a ouvir Rui Rio e membros da sua direção política a defender que, com o atual crescimento económico, há folga orçamental para aumentar os funcionários públicos — uma posição em tudo idêntica ao Bloco de Esquerda e ao PCP. A política odeia o vazio e ausência de ideias próprias leva os social-democratas a seguir os outros.

O que é, em si mesmo, mais uma prova de como o PSD anda à deriva em termos de estratégia e de narrativa política.

Centeno reduziu o défice estrutural no dobro do exigido por Bruxelas

HÁ 2 HORAS

O Governo mudou a sua política orçamental para uma postura restritiva e cortou o défice estrutural a metade, o dobro do exigido pela UE. Investimento cresceu à custa de obra nas regiões e autarquias.

ANDRE KOSTERS/LUSA

Autor
  • Nuno André Martins
  •  
  • O Governo alterou a sua política orçamental no ano passado para uma “postura restritiva e contra cíclica”, reduzindo o défice estrutural ao dobro do ritmo que era exigido pelas regras orçamentais da União Europeia, afirma o Conselho das Finanças Públicas numa análise às contas de 2017. O investimento cresceu quase 700 milhões de euros, mas dois terços deste são da responsabilidade das regiões e das autarquias, em ano de eleições autárquicas.

Num ano em que o défice teve mais um imprevisto, agora o da recapitalização da Caixa Geral de Depósitos (que o fez subir para os 3% do PIB), as contas que mais interessam para Bruxelas foram melhores que o esperado. De acordo com as contas da instituição liderada por Teodora Cardoso, a política orçamental de Mário Centeno permitiu ao Estado reduzir o seu défice estrutural em 1 ponto percentual, quando estava em 2 pontos percentuais.

Este resultado não só permite cumprir o mínimo exigido pela União Europeia, de 0,5 pontos percentuais, como deixa Portugal em melhor condição para cumprir as regras da redução da dívida, regras novas que ainda não se aplicam totalmente a Portugal porque o país saiu recentemente de um Procedimento dos Défices Excessivos.

Segundo o Conselho das Finanças Públicas, “este esforço orçamental revela uma alteração de postura da política orçamental em 2017. No contexto de melhoria da conjuntura económica, a evolução do saldo primário estrutural foi positiva (mais 0,6 pontos percentuais do PIB), refletindo uma postura restritiva e contra cíclica da política orçamental”.

Sem contar com a Caixa Geral de Depósitos, o défice orçamental terá atingido os 0,92% do PIB, um valor historicamente baixo e que muito tem sido criticado pelos partidos mais à esquerda, em especial pelo Bloco de Esquerda que tornou pública a sua discordância em relação às escolhas feitas por Mário Centeno.

Cativações superaram os 500 milhões de euros

O Governo começou o ano com um valor historicamente alto de cativações aplicadas no orçamento. De acordo com os dados disponibilizados pela Unidade Técnica de Apoio Orçamental e pelo Conselho das Finanças Públicas – o Governo não divulgou esses números apesar da insistência dos partidos com assento parlamentar -, Mário Centeno congelou 1880 milhões de euros no Orçamento, valor este que só poderia ser usado mediante a sua autorização.

Chegado o final do ano, de acordo com o Conselho das Finanças Públicas, apenas 510 milhões ficaram por desbloquear. No Orçamento, o Governo já contava que 516 milhões de euros não fossem usados no final do ano, ou seja, tornavam-se poupanças permanentes. Assim, o valor terá sido executado à risca, ficando apenas a 6 milhões de euros do objetivo inicial traçado pelo ministro.

Investimento aumenta à custa das regiões e das autarquias

O investimento aumentou quase 700 milhões de euros no ano passado, depois de ter caído para mínimos em 2016, mas, segundo o Conselho das Finanças Públicas, dois terços do investimento contabilizado terá sido realizado nas autarquias e nas regiões, isto em ano de eleições autárquicas e regionais.

O dinheiro terá sido usado “maioritariamente na âmbito de construções e edifícios”, sendo que este grupo excluiu a construção de habitações.-