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sexta-feira, 27 de abril de 2018

ESTAMOS CHEIOS DE MEDO…

por estatuadesal

(José Gabriel, 27/04/2018)

cerebro

Anda por aí uma grande excitação com os ósculos textuais e teóricos trocados entre Santos Silva e Francisco de Assis. Os comentadores mediáticos de direita - passe o quase pleonasmo -, estão em êxtase analítico.

É o regresso do PS à origem genética, dizem. Ao magma constitutivo da social-democracia, bradam. A esquerda da esquerda treme, asseguram. Mais dizem: Jerónimo e Catarina - eles gostam muito de personalizar - poderão ser reduzidos à irrelevância e temem ser atraiçoados pelo PS que, seduzido pelo canto das sereias, seria atraído para as águas supostamente calmas de um qualquer bloco central ou o quieto pântano de uma maioria absoluta.

No arroubo teórico de Assis, o amor entre o PS e a direita promete enlace "para a posteridade", para a eternidade digo mesmo, já que está de acordo com a natureza - a natureza tem as costas largas -, das coisas.

Ó gente, em que descuido especulativo viveis! A esquerda que julgais assustada já passou por muito pior no tempo em que os semelhantes a vós esmagavam com os seus traseiros gordos as aspirações de um povo que já em si tinha quem lutasse sem esperar facilidades ou prebendas.

Quando se formou a - chamemos-lhe assim - aliança que suporta o actual governo, os protagonistas da esquerda que quereis assustar partiram para este caminho sem ilusões, mas com um enorme sentido de responsabilidade. Sem cálculo político-partidário ou eleitoral, mas com a consciência de que era necessário e urgente fazer o que fosse necessário para impedir que os sucessivos golpes de um governo de direita radical e arbitrário, cujo ódio à Constituição ainda hoje é agitado pelos seus apoiantes políticos. 

Os sujeitos deste processo sabiam perfeitamente o que podiam perder, mas sabiam também o que o país e o povo podiam ganhar com a sua decisão. Não houve aqui qualquer procura de vantagens laterais, mas também não houve qualquer ingenuidade quanto aos tortuosos escolhos desta via nem do preço que se poderia vir a pagar. Habituados que estão - há longos anos - a enfrentar o que de pior lhes venha ao caminho, não se assustam com as ameaças desta trupe de palhaços ricos e seus mainatos.

Por isso, teorizem lá todos os modos de acabar com aquilo que vocês e o Paulo Portas - les beaux esprits...- chamam "geringonça", estão no vosso direito. Mas não nos tentem assustar com papões. Não nos macem.

Língua Portuguesa: os 12 melhores livros portugueses dos últimos 100 anos

por admin

Quais são os melhores livros da Língua Portuguesa? As opiniões são subjectivas e dependem da opinião e dos gostos literários de cada um. Mas a Revista Estante, pertencente ao grupo FNAC, juntou 5 grandes nomes e deu-lhes o desafio de escolher 12 livros marcantes na literatura portuguesa dos últimos 100 anos. Foi assim que Clara Ferreira Alves, Pedro Mexia, Carlos Reis, Isabel Lucas e Manuel Alberto Valente chegaram a esta lista de livros. Para além da análise crítica e literária da qualidade da obra em si, analisaram também o impacto do livro no conjunto da literatura Portuguesa. O resultado é uma lista que nos enche de orgulho e que deveria ser de leitura obrigatória para qualquer amante de livros. Estes são os 12 melhores livros da Língua Portuguesa do último século.

1. A grande casa de Romarigães (Aquilino Ribeiro)

Sabia que a Casa Grande de Romarigães é real e que aí moraram o ex-Presidente da República Bernardino Machado e o próprio Aquilino Ribeiro (1885-1963)? O escritor beirão sobre quem Fernando Namora disse ser “aquele jovem que trouxera a província para a cidade” conta nesta obra, publicada pela primeira vez em 1957, a história de Portugal através desta casa parcialmente em ruínas. Aquilino Ribeiro encontrou correspondências entre antigos habitantes da casa, datadas entre 1680 e 1828, e decidiu continuar a história. No prefácio, o autor diz que as últimas páginas do livro são “da sua lavra”: “Às outras, sacudi o bolor do tempo e reatei o fio de Ariadna, interrompido aqui e além.”

A PRIMEIRA FRASE: “Do pinhão, que um pé-de-vento arrancou ao dormitório da pinha-mãe, e da bolota, que a ave deixou cair no solo, repetido o acto mil vezes gerou-se a floresta.”

SOBRE O AUTOR: “É um inimigo político, mas é um grande escritor!” (António Oliveira Salazar)

2. A Sibila (Agustina Bessa-Luís)

A Sibila consagra Agustina Bessa-Luís (nascida em 1922) como um dos nomes a ter em conta na ficção portuguesa contemporânea após a sua publicação, em 1954. O sentimento telúrico está presente em quase toda a sua obra e neste livro há uma espécie de chuva torrencial de memórias das personagens, onde o passado legitima o presente e vice-versa. A autora inaugura uma nova forma de narração que irá caracterizar toda a sua obra e tem três eixos fundamentais: o papel das mulheres, a importância da recordação e um discurso que se repete mas acrescentando sempre novas informações. Há uma complexidade na obra de Agustina que a torna única na literatura portuguesa.

A PRIMEIRA FRASE: “– Há uma data na varanda desta sala – disse Germana – que lembra a época em que a casa se reconstruiu. Um incêndio, por alturas de 1870, reduziu a ruínas toda a estrutura primitiva.”

SOBRE A AUTORA: “Agustina é uma génia. Tudo o que escreveu – que foi muito para quem conta a metro, mas pouco para quem conta em momentos de vida a lê-la – é genial.” (Miguel Esteves Cardoso)

3. Finisterra (Carlos de Oliveira)

Sobre esta obra, Herberto Hélder deixou-nos estas palavras: “Proposto como romance, é antes uma alegoria ficcionalmente articulada que pode ser lida na perspectiva de uma espécie de cartografia imaginária do autor, constituindo assim a melhor introdução ou o melhor comentário à sua obra.” Publicado em 1978, Finisterra tem como pano de fundo a paisagem gandaresa e explora a decadência de uma família, espelhada numa casa em estado de degradação contínuo. Na obra, Carlos de Oliveira (1921-1981) explora também a interpretação subjectiva do homem no seu contacto com a realidade.

A PRIMEIRA FRASE: “O jardim familiar (primeira fase do abandono): montões informes de silvedo, buxo descabelado, urtigas, flores selvagens.”

SOBRE O AUTOR: “Os grandes escritores não morrem – e Carlos de Oliveira foi um dos mais cintilantes nomes da literatura portuguesa do século XX.” (Inês Pedrosa)

4. Húmus (Raúl Brandão)

Publicado em 1917, no ano da revolução soviética, Húmus tem um toque de socialismo cristão. O livro começa e acaba fazendo referências à morte, sendo que o próprio título nos remete para a “camada superior do solo, composta em especial de matéria orgânica, decomposta ou em decomposição”. Nesta obra de Raul Brandão (1867-1930) a ficção dilui-se na prosa, numa vila literária criada pelo próprio autor. Um livro que tem tanto de mórbido como de inovador para a época em que foi lançado.

A PRIMEIRA FRASE: “13 de Novembro. Ouço sempre o mesmo ruído de morte que devagar rói e persiste…”

SOBRE O AUTOR: “Raul Brandão tem uma total empatia social mas não é um autor político no sentido estrito da palavra. É um autor que deve muito aos autores russos, àquela espécie de socialismo cristão.” (Pedro Mexia)

5. Livro do Desassossego (Fernando Pessoa)

Sabia que este livro foi publicado em 1982, 47 anos depois da morte de Fernando Pessoa (1988-1935)? Sobre o livro, o próprio autor resume: “São as minhas confissões e, se nelas nada digo, é que nada tenho para dizer.” Escrito durante mais de 20 anos sob o heterónimo de Bernardo Soares, personagem criada por Pessoa, são mais de 500 textos sem qualquer sequência entre si. E é um livro inacabado. Os textos passam-nos a inquietação, a angústia, mas também a lucidez e a capacidade de reflexão do autor, demonstrando a complexidade da mente de Pessoa e as inúmeras dúvidas que o próprio tinha acerca da sua personalidade e sobre a vida.

A PRIMEIRA FRASE: “Nasci em um tempo em que a maioria dos jovens haviam perdido a crença em Deus, pela mesma razão que os seus maiores a haviam tido – sem saber porquê.”

SOBRE O AUTOR: “Fernando Pessoa transforma a sua vida e o seu quotidiano, o seu pensamento e a sua viagem intelectual, numa experiência universal que todos partilhamos.” (Clara Ferreira Alves)

6. Mau tempo no canal (Vitorino Nemésio)

David Mourão-Ferreira descreve este livro como “a obra romanesca mais complexa, mais variada, mais densa e mais subtil em toda a nossa história literária”. Mau Tempo no Canal demorou cinco anos a ser escrito por Vitorino Nemésio (1901-1978) e parte da história do casal Margarida Clark Dulmo e João Garcia. Mas Vitorino Nemésio serve-se destes personagens apenas como gancho para nos relatar uma sociedade açoriana estratificada, com todos os problemas que a atingem: angústias, sofrimentos, paixões e o sentimento tão único de ser ilhéu.

AS PRIMEIRAS FRASES: “– Mas não voltas tão cedo… João Garcia garantiu que sim, que voltava. Os olhos de Margarida tinham um lume evasivo, de esperança que serve a sua honra. Eram fundos e azuis, debaixo de arcadas fortes.”

SOBRE O AUTOR: “Nasceu com um talento multiforme que daria, à vontade, para mais dez autores, e todos eles de primeira água.” (David Mourão-Ferreira)

7. O ano da morte de Ricardo Reis (José Saramago)

A obra de José Saramago (1922-2010) é tão singular que lhe valeu o Prémio Nobel de Literatura – o único que Portugal recebeu até hoje nesta área. O Ano da Morte de Ricardo Reis é não só peculiar como faz por questionar tudo o que nos rodeia. Quem somos? O que nos acontece quando morremos? Somos únicos ou, como Fernando Pessoa, somos vários? O livro conta a história do regresso a Portugal, vindo do Brasil, de Ricardo Reis, o heterónimo de Pessoa, quando confrontado com a morte do seu criador. É um livro denso mas vai envolvendo o leitor do início ao fim, fazendo também uma viagem pela história de Portugal.

AS PRIMEIRAS FRASES: “Aqui o mar acaba e a terra principia. Chove sobre a cidade pálida, as águas do rio correm turvas do barro, há cheia nas lezírias.”

SOBRE O AUTOR: “Falava e escrevia com o desassombro e com a clareza que a alguns desagradava, mas que para ele eram uma forma inalienável de respiração intelectual.” (Carlos Reis)

8. O Delfim (José Cardoso Pires)

Nesta obra publicada em 1968, José Cardoso Pires (1925-1988) procura olhar para outros homens e entendê-los, como tão bem explica Gonçalo M. Tavares no prefácio. Em O Delfim assistimos a uma escrita despojada por parte de um autor que procura transparência. Cardoso Pires descreve o regime salazarista e debruça-se sobre a forma como este afecta as relações entre as pessoas. É este equilíbrio entre a metaforização de um regime e a descrição do seu declínio que torna O Delfim uma obra tão relevante para a literatura portuguesa. Ao analisá-la, o próprio autor confessa ter-se despistado “numa sucessão de planos dialéticos”. Ainda bem que assim foi, pois este é um dos grandes romances portugueses do século XX.

A PRIMEIRA FRASE: “Cá estou. Precisamente no mesmo quarto onde, faz hoje um ano, me instalei na minha primeira visita à aldeia e onde, com divertimento e curiosidade, fui anotando as minhas conversas com Tomás Manuel da Palma Bravo, o Engenheiro.”

SOBRE O AUTOR: “Trata-se, portanto, de José Cardoso Pires ser Aquele que tira e não Aquele que põe. Tira o que está a mais, o que está exactamente a mais.” (Gonçalo M. Tavares)

9. Os cus de Judas (António Lobo Antunes)

“A dolorosa aprendizagem da agonia.” É assim que António Lobo Antunes (nascido em 1942) classifica a guerra de Angola. Neste livro, o autor reflecte sobre os horrores a que assistiu durante os dois anos em que esteve destacado na ex-colónia portuguesa em formato de testemunho. É o seu segundo livro, publicado em 1979, e o veículo para uma voz demasiado tempo silenciada, que vem contar a sua versão dos factos, concluindo que aquela guerra não passou de um “gigantesco” e “inacreditável” absurdo. Os Cus de Judas é um relato doloroso das vivências de Lobo Antunes em Angola, no qual o narrador deixa transparecer feridas ainda bem abertas.

A PRIMEIRA FRASE: “Do que gostava mais no Jardim Zoológico era do rinque de patinagem sob as árvores e do professor preto muito direito a deslizar para trás no cimento em elipses vagarosas sem mover um músculo sequer, rodeado de meninas de saias curtas e botas brancas, que, se falassem, possuíam seguramente vozes tão de gaze como as que nos aeroportos anunciam a partida dos aviões, sílabas de algodão que se dissolvem nos ouvidos à maneira de fios de rebuçado na concha da língua.”

SOBRE O AUTOR: “António Lobo Antunes é um dos que sabe, como o poeta René Char, que certas guerras não acabam nunca.” (Manuel Alegre)

10. Os passos em volta (Herberto Hélder)

Publicado em 1963, Os Passos em Volta está entre o conto, o romance e o discurso autobiográfico, num livro que espelha o homem-poeta com um tom refletivo de quem procura respostas.
Sendo um dos pioneiros do surrealismo em Portugal, Herberto Helder (1930-2015) escreve: “Não queremos este inferno. Deem-nos um pequeno paraíso humano.” Este livro retrata a busca incessante de um homem para o sentido da sua existência e é também uma obra que nos transcende.

AS PRIMEIRAS FRASES: “– Se eu quisesse, enlouquecia. Sei uma quantidade de histórias terríveis. Vi muita coisa, contaram-me casos extraordinários, eu próprio… Enfim, às vezes já não consigo arrumar tudo isso.”

SOBRE O AUTOR: “Quando morre um poeta com a dimensão de Herberto Helder, o que sentimos é que não apenas morreu um poeta, mas a poesia.” (José Tolentino Mendonça)

11. Para sempre (Vergílio Ferreira)

Este romance semiautobiográfico de Vergílio Ferreira (1916-1996) transpõe para a narrativa, como grande parte da obra do autor, o pensamento filosófico e a sensação de inquietude do indivíduo.
Para Sempre é uma obra onde a morte está presente do início ao fim, mas que surge ao leitor como a única solução para o fim do sofrimento. Nas páginas deste livro acompanhamos a dor do protagonista e partilhamos a sua mágoa, como se fossemos nós a senti-la. A forma como Vergílio Ferreira explora a língua portuguesa para transmitir emoções é de uma mestria digna de destaque.

AS PRIMEIRAS FRASES: “Para sempre. Aqui estou. É uma tarde de Verão, está quente. Tarde de Agosto. Olha-a em volta, na sufocação do calor, na posse final do meu destino.”

SOBRE O AUTOR: “Ele escreve como falava, com o mesmo sarcasmo, a mesma capacidade de, com duas ou três palavras, fazer o retrato de uma pessoa e esmagá-la.” (Eduardo Lourenço)

12. Sinais de Fogo (Jorge de Sena)

É em paralelo com a Guerra Civil Espanhola que este romance autobiográfico acontece, na década de 1930. Sinais de Fogo é uma obra inacabada e publicada em 1979, um ano após a morte do autor, que tem como eixo central a paixão de Jorge por Mercedes. É nos episódios que rodeiam esta relação que Jorge de Sena (1919-1978) coloca toda a poesia deste romance, considerado por muitos um marco da literatura portuguesa da segunda metade do século XX.

A PRIMEIRA FRASE: “Ramon Berenguer de Cabanellas y Puigmal já era célebre, quando, por fusão de duas turmas, passou a ser meu colega no 6.° ano dos liceus.”

SOBRE O AUTOR: “Um grande amor pela humanidade como o de Jorge de Sena não tem lugar em homens de corações pequenos.” (Ángel Marcos de Dios)

Entre as brumas da memória


Dica (750)

Posted: 27 Apr 2018 02:22 PM PDT

O 25 de Abril não é só português, é africano. Muito por agradecer, por saber (Alexandra Lucas Coelho)

«A cada ano, a desvalorização que muitos fazem do 25 de Abril mostra como as cabeças não foram descolonizadas. E enquanto não forem continuará a ser muito difícil travar alguns debates em Portugal. Continua a ser possível, por exemplo, falar-se em Museus dos Descobrimentos e outras pérolas.»

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27.04.1974 – Caxias com novos «hóspedes»: os pides

Posted: 27 Apr 2018 09:27 AM PDT

O Diário de Lisboa de 27 de Abril relata que, na madrugada desse dia, 170 agentes da PIDE foram levados da António Maria Cardoso para a prisão de Caxias, depois de cerca de outros 200 terem fugido por uma passagem subterrânea que ligava a sede daquela polícia a um outro prédio. 24 horas depois da saída dos presos, Caxias teve novos «hóspedes».

Além disso:

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A democracia portuguesa teve um fundador?

Posted: 27 Apr 2018 06:24 AM PDT

Sempre a ter surpresas. E vergonha também.
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44 x 25 do 4

Posted: 27 Apr 2018 02:45 AM PDT

«Na passada quarta-feira, o país comemorou o quadragésimo quarto ano da Revolução de Abril. Foi bonito. Durante um dia, o número quarenta e quatro não foi associado a velhacarias.

Na habitual cerimónia na Assembleia da República, o Presidente da República chamou a atenção para os perigos do populismo, enquanto tirava uma selfie com cravos. Marcelo Rebelo de Sousa, talvez por respeito para com o padrinho (que teve de ir para a Madeira quando nem hotel tinha marcado), na cerimónia do 25 de Abril, voltou a repetir o que tinha feito no ano passado: não usou o cravo vermelho na lapela, mas levou-o na mão. Apesar de tudo, sempre é um avanço em relação a Aníbal Cavaco, que nunca usou um cravo vermelho. Suponho que por opção, ou porque qualquer símbolo da revolução posto ao peito de Aníbal, de imediato, murcha.

Quando eu era pequeno e vi aquele cartaz do miúdo a pôr o cravo no cano da G-3, achava que ele trabalhava para a PIDE e que aquilo tinha sido uma tentativa de entupir as metralhadoras para os fascistas se safarem. Depois o meu pai lá me explicou que era um símbolo da revolução. Achei estranho uma flor ser um símbolo revolucionário e, durante algum tempo, achava que MFA queria dizer Movimento dos Floristas Armados... Desculpem.

Há que reconhecer que o 25 de Abril tinha uma boa banda sonora. Muito melhor do que, por exemplo, a revolução francesa, que era muito à base de marchas e tambores, e a revolução industrial, que era, quase, só barulho. Para mim, a nível de banda sonora, o 25 de Abril está em segundo, logo a seguir ao 26 de Julho de Cuba.

Outro argumento a favor do 25 Abril é o facto de ter sido uma revolução sem sangue. Os capitães de Abril reuniram-se para fazer uma revolução, e penso que foi o Salgueiro Maia que disse - "Tudo bem. Mas desde que não meta sangue, que a mim o sangue faz-me muita impressão. Não posso ver sangue." E o Otelo concordou: - "Tens toda a razão, camarada, eu sei o que é isso. Tenho pavor de agulhas. Ainda ontem fui levar uma vacina e ia desmaiando. Portanto, fica decidido. O 25 de Abril vai ser uma revolução sem sangue, nem agulhas… nem baratas; que me arrepiam todo."

Voltemos ao presente. Este ano, tivemos uma comemoração quase tão calma e pacífica como a própria revolução. Para celebrar a data da liberdade, António Costa convidou quem quisesse a ir visitar os Jardins da Residência Oficial de São Bento, onde estavam alguns dos mais emblemáticos símbolos de Abril. De destacar, a chaimite, onde foi transportado Marcelo Caetano, que esteve exposta em São Bento e a seguir foi alugada pela Remax a um casal de franceses - "Aluga-se chaimite com muito cachet a São Bento, mil e quinhentos euros/mês - foi um instante."

Para terminar, alguma direita ficou chateada com a inauguração do Jardim Mário Soares, outrora conhecido como Jardim do Campo Grande. Não fiquem chateados. Imaginem que aproveitavam o 25 de Abril para inaugurar a Praça Otelo Saraiva, onde está agora a Praça de Touros do Campo Pequeno.»

João Quadros

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Dica (749)

Posted: 26 Apr 2018 02:06 PM PDT

New Tax Paradigm In The Digital Age (Charles Enoch)

«Much of the western world is experiencing a social crisis. Basic public services—in the UK, for instance, the National Health Service—are set at unsustainably low levels of funding. Unemployment, already high amongst the young, is set to rise rapidly as workers may be replaced by machines powered with artificial intelligence (AI).»

Investigadores criam polímero idêntico ao plástico e facilmente reciclável

Investigadores criam polímero idêntico ao plástico e facilmente reciclável

27/4/2018, 17:22

Investigadores da Universidade do Colorado, Estados Unidos, criaram um polímero com as mesmas características do plástico, mas que pode ser convertido ao estado original e facilmente reciclado.

BARBARA WALTON/EPA

Investigadores da Universidade do Colorado, Estados Unidos, criaram um polímero com as mesmas características do plástico, mas que pode ser convertido ao estado original e facilmente reciclado. Químicos da Universidade do Colorado acreditam ter dado um passo importante no uso de materiais sustentáveis, que não deixam resíduos e que podem competir com os convencionais plásticos.

Os investigadores, liderados por Eugene Chen, professor do departamento de Química, descobriram um polímero que tal como o plástico é leve, resistente, nomeadamente ao calor, e durável. E pode converter-se de novo ao estado original de pequena molécula e ser quimicamente reciclado, sem o uso de produtos tóxicos ou procedimentos laboratoriais intensos.

A descoberta é publicada na revista Science, num artigo no qual se lembra a importância dos plásticos, que são baratos, leves e duradouros, características que os tornaram indispensáveis, mas que por isso também estão a poluir o planeta. Os polímeros são grandes moléculas, formadas por moléculas mais pequenas chamadas monómetros. Podem ser plásticos mas também cerâmicas, borrachas e muitos produtos comerciais, e são encontrados em materiais que vão dos sacos de plástico aos brinquedos, às roupas ou mesmo coletes à prova de bala.

O polímero agora anunciado baseou-se num quimicamente reciclável que o laboratório de Chen criou em 2015. Segundo Chen, o novo material tem um peso molecular elevado, estabilidade térmica e cristalinidade, além de propriedades mecânicas com um comportamento semelhante ao plástico. E além de reciclado pode ser re-polimerizado, entrando na chamada economia circular. “Os polímeros podem ser quimicamente reciclados e reutilizados, em princípio, infinitamente”, disse Chen.

Kim Jong-un e Moon Jae-in anunciam “uma nova era de paz” e prometem “desnuclearização da Península da Coreia”

ATUALIZADO

A cimeira arrancou com um longo aperto de mão entre os dois líderes, que no final anunciaram a chegada de "uma nova era de paz". "Não vamos voltar atrás no tempo", garantiu Moon Jae-in.

KOREA SUMMIT PRESS POOL/AFP/Getty Images

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Começou com um longo aperto de mão e terminou com um abraço caloroso. A cimeira entre as duas Coreias arrancou na madrugada desta sexta-feira no lado sul-coreano da Zona Desmilitarizada da Coreia (ZDC), culminando na assinatura de um acordo onde os líderes dos dois países firmaram o seu compromisso com “uma nova era de paz” e com a “desnuclearização da Península da Coreia.

“Vamos transformar as relações da Península da Coreia em terra, no mar e no ar. Vamos suspender todas as formas de hostilidades”, disse o líder da Coreia do Sul, que sublinhou que “não vamos voltar atrás no tempo”. Moon Jae-in anunciou ainda que vai haver, ao longo deste ano, novos encontros entre os dois países para que se chegue a um acordo de paz formal (para o qual terá de haver o consentimento da China e dos EUA, que também combateram na guerra de 1950-53) ainda em 2018.

Moon Jae-in disse também que, entre os pontos acordados, está a desnuclearização da Península da Coreia”. Na declaração assinada por ambas as partes, é explicado a desnuclearização que será feita de forma “faseada” e “à medida que for aliviada a tensão e forem feitos progressos substanciais na construção de confiança mútua militar”. Este é um detalhe que está a ser referido por vários analistas como um entrave a um possível entendimento entre Donald Trump e Kim Jong-un, que estarão reunidos numa cimeira inédita no final de maio. Da perspetiva de Washington D.C., parece haver pouca flexibilidade para lá de uma desnuclearização que não seja imediata e efetiva.

[Veja no vídeo os detalhes, pensados ao pormenor, do encontro das duas Coreias]

Kim Jong-un falou depois do Presidente da Coreia do Sul, deixando uma mensagem de união — mas não necessariamente de reunificação — entre os dois países. “O mesmo sangue, a mesma cultura e a mesma nação não pode estar separada. Nós somos irmãos. Esperamos unir esforços e abrir caminho para um novo futuro. Por isso é que eu atravessei a fronteira e vim à Coreia do Sul”, disse o ditador norte-coreano.

Apesar de estar escrito preto no branco no acordo que ambos os líderes assinaram, Kim Jong-un não fez referências à “desnuclearização” anunciada. Ainda assim, deixou uma garantia: “Vamos poder desfrutar da paz e prosperidade na Península da Coreia sem ter medo da guerra”.

Outros pontos do acordo incluem:

  • Uma cerimónia de reunião de famílias separadas pela guerra a 15 de agosto;
  • O estabelecimento de um “centro de contacto” entre os dois países em Kaesong, a cidade norte-coreana onde, entre 2002 e 2016, funcionou um complexo industrial financiado pela Coreia do Sul;
  • Os dois países vão competir juntos em eventos desportivos internacionais, como os Jogos Asiáticos, para demonstrar “sabedoria e conhecimentos coletivos” e “solidariedade”;
  • Serão dados “passos práticos” para estabelecer a “ligação” e “modernização das ferrovias e estradas” entre os dois países, de Seul (capital da Coreia do Sul) a Sinuiji (cidade no Noroeste da Coreia do Norte);
  • Moon Jae-in irá visitar Pyongyang no outono.

Dia marcado pela boa disposição

O encontro da manhã entre os dois líderes parece ter sido marcado pela cordialidade e até pelo humor. Ao fazer conversa sobre a viagem até à ZDC, Kim disse “vou fazer por não interromper o seu sono mais nenhuma vez”, numa frase que vários analistas interpretaram como sendo uma piada sobre os lançamentos de mísseis norte-coreanos, que costumam ocorrer de manhã cedo. E Moon referiu-se à irmã de Kim, Kim Yo-jong, que está presente nas reuniões, como uma “celebridade” na Coreia do Sul — o que, de acordo com Seul, fez com que Yo-jong corasse.

A reunião entre os líderes das duas Coreias desta sexta-feira foi sem dúvida histórica. Não só este é apenas o terceiro encontro entre os dois países desde a guerra que separou a península em 1953 — depois de reuniões no ano 2000 e em 2007 — como a viagem é apenas a segunda deslocação internacional de Kim Jong-un (a primeira foi à China, em março deste ano).

Os líderes seguiram depois para a cerimónia da guarda de honra na praça principal de Panmunjom, a chamada “Aldeia da Trégua” que está no centro da Zona Desmilitarizada da Coreia (ZDC) e que se considera ser “terra de ninguém”. Os chefes de Estado de ambas as Coreias caminharam até por breves momentos de mãos dadas.

Antes de entrar para a primeira reunião, Kim Jong-un ainda teve tempo de assinar o livro de visitas da “Casa da Paz”: “Uma nova História começa agora. No começo da História e da era da paz”, escreveu.

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Hawon Jung@allyjung

Here's a message Kim Jong Un wrote on the guestbook at the Peace House summit venue, which reads "A new history begins now - at the starting point of history and the era of peace." #interkoreasummit

02:05 - 27 de abr de 2018

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Nas primeiras declarações dos líderes que foram televisionadas, Kim Jong-un disse-se disponível para uma conversa “franca” e deixou um pedido: “Não regressemos aonde estávamos. Consigamos desenvolvimentos“. “Demorámos 11 anos. Enquanto caminhava para aqui, perguntava-me ‘por que demorámos tanto?'”, disse Kim. Quanto a Moon, o Presidente sul-coreano mostrou-se otimista: “Espero que todo o mundo esteja a prestar atenção à primavera que se está a espalhar por toda a península coreana.” A reunião prosseguiu depois à porta fechada, com 100 minutos marcados por “conversações sinceras e honestas”, de acordo com Seul.

As autoridades sul-coreanas destacaram também dois momentos que classificaram como “inesperados”. O primeiro já tinha sido óbvio nas imagens dos apertos de mão, quando Kim Jong-un parecia ter quase arrastado Moon Jae-in para o lado Norte da linha de demarcação: de acordo com Seul, Moon terá dito que gostava de poder visitar a Coreia do Norte e Kim terá respondido “Por que não vamos agora?”. O segundo momento foi uma sugestão do Presidente sul-coreano para que fosse tirada uma foto de grupo com todos os dignatários dos dois países.

Depois do almoço, um momento simbólico com um pinheiro

Na pausa para almoço, Kim Jong-un regressou ao lado Norte da fronteira para comer com a sua comitiva. Depois da refeição, tornou a reunir-se com Moon Jae-in, por volta de 30 minutos. Quando saíram da “Casa da Paz”, protagonizaram um dos momentos mais simbólicos deste dia que, já por si, foi altamente simbólico: plantaram um pinheiro em conjunto.

CNN International

@cnni

JUST IN: Kim Jong Un and Moon Jae-in take part in a tree-planting ceremony using soil and water from both Koreas https://cnn.it/2FjfQOY

08:36 - 27 de abr de 2018

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Os dois líderes juntaram-se à frente de um pinheiro recentemente plantado. Ali chegados, cada um pegou numa pá e lançou solo da montanha Hallasan (no Sul) e do Monte Baekdu (no Norte), os picos mais altos dos dois países, aos pés daquele pinheiro. De seguida, regaram a árvore com água proveniente de dois rios, cada um do seu lado da fronteira. Ao lado, foi desvendada uma placa onde, sobre a assinatura dos dois líderes, se pode ler: “Plantamos a paz e a prosperidade”.

Este episódio contrasta com um incidente que envolveu outra árvore na Zona Desmilitarizada, em 1976, mas esse bem mais violento: resultou na morte de dois soldados norte-americanos à machadada e por pouco não provocou uma nova guerra.

A seguir à cerimónia de plantação do pinheiro, os dois líderes fizeram uma curta caminhada antes de se sentarem para uma conversa privada — mas à vista de todos, à distância — ao ar livre que durou cerca de 30 minutos, terminando às 16h13 locais (9h13 de Lisboa). Só depois deste momento foram assinados os acordos e o seu conteúdo foi anunciado.

O banquete simbólico

Depois das reuniões, os dois líderes partilharam um banquete às 18h30 (10h30 em Lisboa) onde todo o menu foi planeado ao pormenor. As primeiras-damas dos dois países também estiveram presentes. Houve pratos das cidades-natal dos três presidentes da Coreia do Sul que participaram em cimeiras com a Coreia do Norte e comida tanto do Norte como do Sul da Península.

De Pyongyang, por exemplo, virá Naengmyun, um prato de noodlesfamoso da capital norte-coreana, segundo a CNN. Mas o cardápio também contou com uma influência internacional: é o caso do sti de batata, um prato da Suíça, país onde Kim Jong-un estudou.

Cada prato tem um peso simbólico, como o de peixe-gato, comido dos dois lados da fronteira e por isso apresentado como representação das semelhanças entre os dois países. Já a sobremesa causou algum desconforto, ou não fosse a mousse de manga servida num mapa que inclui ilhas disputadas por ambas as Coreias e pelo Japão — o que levou inclusivamente a um protesto formal dos nipónicos.

Após a refeição, as delegações assistiram a um filme intitulado “Uma Nova Primavera Desfrutada em Conjunto”. No final da projeção, Kim Jong-un regressou à Coreia do Norte, pondo fim a um encontro que começou com simbolismo e terminou com uma declaração de intenções para atingir a paz e a desnuclearização — mas onde os pormenores escasseiam.

Quem participou na cimeira?

Os líderes dos dois países, naturalmente, mas não só. Pela primeira vez numa cimeira das duas Coreias, explica a BBC, a delegação do Norte incluiu representantes militares e diplomatas.

Do lado de Pyongyang, esteve presente o vice-presidente do Comité Central, Ri Su Yong, que a NBC descreve como influente na política internacional do país. Outro nome de destaque é o ministro dos Negócios Estrangeiros, Ri Yong-hog, ex-embaixador no Reino Unido que ainda no ano passado foi às Nações Unidas classificar Donald Trump como “Presidente Maléfico”. Uma das presenças mais polémicas foi a de Kim Yong-chol, chefe das secretas e um nome odiado na Coreia do Sul por ter ordenado a morte de 46 marinheiros do país.

Do lado de Seul, Moon contou com os representantes das secretas e da Defesa, entre eles Moon Chung-in, que estudou vários anos nos Estados Unidos, e Suh Hoon, que chegou a viver dois anos na Coreia do Norte, durante os anos 90.

Como foi possível chegar aqui?

As expectativas para a cimeira eram elevadas, mas até recentemente poucos esperavam que algo do género pudesse acontecer. Depois de momentos de tensão — como os dos testes nucleares norte-coreanos —, o gelo parece ter começado a derreter em janeiro, quando Kim se disse “aberto ao diálogo” com a Coreia do Sul. Do lado de Seul, Moon é um Presidente que, ao contrário de alguns antecessores, tem defendido uma política de negociação com Pyongyang.

Os Jogos Olímpicos de Inverno cimentaram esta aproximação, com as equipas de ambos os países a marcharem na cerimónia de abertura sob a mesma bandeira e com a diplomacia desportiva a dar frutos.

Resta saber quais as motivações de Pyongyang para se mostrar agora disponível ao diálogo, depois de anos de desafio. Os resultados da cimeira desta sexta-feira pode ajudar a entender o que devemos esperar do encontro marcado com o Presidente norte-americano, Donald Trump, que há alguns meses ainda prometia “fogo e fúria” aos norte-coreanos, mas que agora se irá sentar à mesa com Kim.