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sexta-feira, 4 de maio de 2018

Donald Trump nomeado para Nobel da Paz

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Isabel Patrício19 horas atrás

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Pode o homem que se orgulhava de ter o "maior" botão para o armamento nuclear receber o Nobel da Paz? Dezoito congressistas republicanos pensam que sim, tendo nomeado Donald Trump para essa distinção.

Depois de Moon Jae-in ter defendido que deverá ser Donald Trump o próximo a receber o Prémio Nobel da Paz, dezoito congressistas republicanos acabam de formalizar a nomeação do Presidente norte-americano para essa distinção. Numa carta enviada ao comité norueguês, os legisladores salientam que o empresário nova-iorquino deve ser reconhecido pelo seu contributo para “o fim da Guerra da Coreia, a desnuclearização dessa península e para a paz dessa região”.

De acordo com as regras dos Prémios Nobel, apenas membros dos órgãos legislativos nacionais, professores universitários e laureados podem nomear candidatos a esta distinção, recorda o The Guardian.

No ano passado, o prémio em causa foi entregue à Campanha Internacional para Abolir Armas Nucleares. O vencedor deste ano será anunciado em dezembro.

A nomeação de Donald Trump é particularmente curiosa, já que, durante meses, o líder norte-americano entrou em confrontos diretos, através do Twitter e da comunicação social, com o líder norte-coreano, a quem apelidou de “little rocket man” (numa tradução livre, pequeno homem do foguetão).

A concretizar-se o desejo dos congressistas, o homem que uma vez disse “ter um botão maior e mais poderoso para o armamento nuclear” do que Kimreceberá um prémio pelo seu trabalho no desarmamento nuclear desse regime.

A Coreia do Norte e a Coreia do Sul reuniram-se no final do mês passado, tendo acordado a desnuclearização da península e a transformação do armistício num tratado de paz que porá, por fim, um ponto final definitivo na Guerra da Coreia. Agora Kim Jong-un deverá encontrar-se com Donald Trump para discutir as relações entre essas duas potências.

Recorde-se que o anterior Presidente norte-americano, Barack Obama, recebeu, em 2009, a distinção pelos seus “esforços extraordinários para fortalecer a diplomacia a cooperação entre os povos”.

As 42 horas de críticas que fizeram Sócrates deixar o PS

3/5/2018, 23:53

Socialistas começaram a condenar silêncio de Pinho e acabaram a admitir "vergonha" caso se confirmem factos de Sócrates. O que foi dito nas 42 horas para levar José Sócrates a abandonar o PS?

Vítor Rios / Global Imagens

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O tiro de partida para a mudança de discurso oficial no PS não foi dado esta semana — foi dado a 24 de abril à noite, quando Carlos César comentou na SIC-Notícias o caso Manuel Pinho e disse que “o país tem razões, neste caso como em outros que se comprovem, para se envergonhar com determinadas condutas“. Na altura, quase ninguém o ouviu; e a referência a “outros” casos “que se comprovem” (código para Sócrates) passou despercebida. Ao fim de oito dias, César voltaria a repetir a frase e, dessa vez, daria início a uma sequência de declarações dos mais destacados dirigentes do partido que deixaram definitivamente para trás três anos e meio daquela espécie de mantra que o então recém-eleito líder António Costa impôs ao partido (por SMS) no dia em que Sócrates foi detido: “À justiça o que é da justiça, à política o que é da política”.

Para José Sócrates, o novo discurso do PS foi insustentável: ao fim de 42 horas de críticas, decidiu entregar o cartão de militante e abandonar o PS. Numa carta publicada esta sexta-feira pelo JN, o antigo líder socialista acusa os agora ex-camaradas de lhe terem feito “uma espécie de condenação sem julgamento”. E afasta-se: “É chegado o momento de pôr fim a este embaraço mútuo”.

O que mudou no PS para a mudança de discurso que foi clara nas últimas horas? Duas coisas: o aparecimento de mais um caso a ir direito aos tempos da governação do ex-líder Sócrates; e o silêncio a que se remeteu Manuel Pinho perante as suspeitas. “A situação era insustentável”, comentou um deputado do partido ao Observador.

A proximidade de um congresso do partido no fim deste mês (o último antes das próximas legislativas) — que nenhum socialista quer voltar a ver marcado pelo fantasma de Sócrates e de casos judiciais — fez o resto. “O PS já tinha encontrado o ponto certo na relação com Sócrates. O caso de Pinho veio reavivar estas matérias e adensou o nível de intolerância. Tornou-se quase impossível que alguém dissesse alguma coisa sobre o assunto”, comenta ao Observador um outro deputado deputado do partido. O “alguém” que tomou a dianteira foi o presidente e líder parlamentar do partido, Carlos César.

Vindo de uma semana negra, com o caso das viagens dos deputados das ilhas a trazer à tona questões de ética política, Carlos César aproveitou, logo a 24 de abril, a participação no programa da SIC-Notícias, frente a Santana Lopes, para falar precisamente na ética exigida a quem tem “responsabilidades políticas qualificadas”. Não era sobre si ou sobre os restantes deputados das regiões autónomas que falava, mas sim sobre Manuel Pinho. E não só.

Nessa noite, César disparou logo sobre a situação do ex-ministro da Economia para a classificar de “incompreensível e lamentável”: “Não sou eu o juiz, não o posso condenar, mas o país tem razões, nesse caso como em outros que se comprovem, de se envergonhar com determinadas condutas”. Quanto às decisões, deixava-as para os tribunais, mas o posicionamento político estava lançado. “Quem é responsável político e tem responsabilidades políticas qualificadas, ao adotar determinadas condutas, tem responsabilidade agravada e isso não deve ser descurado em nenhum momento, nem no da análise nem no das conclusões”, acrescentou logo nessa noite.

“Não houve uma reação organizada, mas foi um clique“, diz ao Observador outro deputado socialista quando justifica a mudança do discurso do PS a partir daqui. Quando o assunto voltou a estar em cima da mesa — e não mais parou de aí estar — foram mais de 40 horas de declarações quase sucessivas, todas no mesmo sentido, que acabaram com a do líder do PS e primeiro-ministro. Repetiram-se palavras como “vergonha”, “envergonhado”, “perplexo” e “inadmissível”, fosse a pergunta sobre Pinho ou incluísse também José Sócrates. Sempre com o condicional “a confirmar-se”.

A defesa socialista fez-se notar a partir de terça-feira, dia 1 de maio, com Fernando Medina a começar por condenar o silêncio de Manuel Pinho — havia de ser seguido nas horas seguintes por outros socialistas noutros locais. Mas se no início só se falava de Pinho, rapidamente o caso passou a casos de corrupção a envolverem outros governantes socialistas. Ou em duas palavras: José Sócrates.

Olhámos para as últimas horas e reunimos aqui as declarações mais importantes, onde é possível ver como se foram alinhando palavras e posições nos principais dirigentes do PS. Começou na condenação do silêncio de Pinho, passou ao ataque ao PSD que também tem casos na justiça, deu uma volta na admissão da “vergonha” se os factos se confirmarem (tanto no caso de Pinho como no de Sócrates), passou ainda pela garantia de que os políticos não são todos iguais. E só parou (por agora) noutro fuso horário, com António Costa a falar no Canadá.

1 de maio, 22h10. Na TVI 24, Fernando Medina dizia que “Manuel Pinho já devia ter respondido à pergunta sobre se ‘é verdade ou não'” que recebia dinheiro do BES.  E considerava a situação “muito prejudicialpara a imagem dos políticos e da vida pública”: “A suspeita de que alguém no governo, com responsabilidades de ministro, foi pago por uma empresa privada é insustentável. É insustentável que ainda não tenha sido esclarecido e ainda é mais insustentável que se venha a provar que tenha acontecido”. Mas aqui a reação era apenas sobre Pinho.

2 de maio, 12h00. O mesmo Medina repetia, na Renascença, que“este silêncio e a forma como [Pinho] está a remeter explicações para depois do processo é perniciosa do ponto de vista político”. O presidente da Câmara de Lisboa evitou, no entanto, contágios ao PS, falando já em mais do que este caso concreto: “O que não aceito é a extrapolação política genérica sobre casos de corrupção”. Ainda assim, acrescentou que “devemos ser implacáveis do ponto de vista ético com quem está em altas funções públicas”: “O Ministério Público e as instâncias judiciais devem ser implacáveis na aferição da legalidade dos actos. Deve ser tão ou mais rigorosa quanto mais elevado o cargo de quem está na vida pública”. Com Paulo Rangel, nesse frente-a-frente na Renascença, a ligar os casos ao PS, o socialista ainda acrescentou que nos últimos anos houve  pessoas indiciadas e acusadas de todos os partidos políticos: “Não me passava pela cabeça vir acusar o PSD e extrapolar para os outros membros do partido ou até colegas de governo”. Não havia de ser o único a usar o mesmo argumento neste dia.

Fernando Medina: “O Ministério Público e as instâncias judiciais devem ser implacáveis”

13 horas. No programa da TSF “Almoços grátis”, Carlos César dava conta do incómodo dos socialistas face ao casos de corrupção que afetam o partido. “Ficamos entristecidos. Ficamos até enraivecidos com pessoas que se aproveitam dos partidos políticos, e designadamente do nosso, [para ter] comportamentos desta dimensão e desta natureza. Ficamos revoltados com tudo isto”. Falava do caso Pinho, mas quando foi questionado concretamente sobre Sócrates assumiu: “A vergonha até é maior porque era primeiro-ministro”. O flanco estava aberto.

18h30. Na ilha Terceira, Carlos César voltou a ser confrontado com as declarações que tinha feito à TSF e que estavam já a marcar a atualidade política, pela referência clara a Sócrates. Não retirou o que disse à hora de almoço, mas acrescentou um aviso para o PSD. “O PS sente-se assim como os outros partidos se sentiram quando tiveram inúmeros casos ao longo destas décadas de democracia”. Os casos, assegura, são “transversais e mais frequentes nos partidos que exercem funções de poder e de Governo”: “É natural que tenham acontecido alguns casos com o PS , como também foram frequentes casos em que a responsabilidade era atribuída ao PSD”. E dizia ainda que os casos que surgem “constituem uma minoria”. “Era muito importante que os portugueses soubessem que os seus políticos são pessoas sérias”, argumentou.

Carlos César: “A vergonha até é maior porque era primeiro-ministro”

21h20. Na TVI24, a secretária-geral Adjunta do PS, Ana Catarina Mendes, era questionada por Luís Montenegro, do PSD, e admitia o desconforto com o “silêncio ensurdecedor de Manuel Pinho às acusações conhecidas”. E considerava que o ex-ministro de um Governo PS devia “responder já”. Também falou no “momento político com que estamos a ser confrontados”, para dizer que, “a ser verdade, é lamentável e envergonha-nos a todos”. Voltava às origens — “a justiça julgará o que tiver para julgar” –, mas logo a seguir regressava a Pinho para dizer que o ex-ministro “deve uma explicação ao país”.

21h30. Quase em simultâneo, o socialista João Galamba estava na SIC-Notícias, frente a Duarte Marques, do PSD, e o tema dos primeiros minutos de debate já foi além do caso Pinho e centrou-se sobretudo em José Sócrates. Tendo ascendido no partido no tempo do ex-líder socialista, Galamba foi confrontado com a frase de César da hora de almoço e admitiu que “obviamente é algo que envergonha qualquer socialista, sobretudo se as matérias de que é acusado se vierem a confirmar”. O deputado do PS defendeu que “estes casos se resolvem antes de mais na justiça”, mas voltava a admitir: “Agora, se me perguntam se fico satisfeito por um ex-secretário-geral do PS, que foi antigo primeiro-ministro, estar formalmente acusado, obviamente que não”. Também falou de Pinho, para dizer que os socialistas estão “sobretudo perplexos com a revelação pública de que houve um ministro de um governo socialista que recebia mensalmente verbas, quando disse publicamente que tinha cessado toda e qualquer ligação com o BES. (…) É um caso verdadeiramente insólito se for verdadeiro”.

22h40. Também na SIC-Notícias, Augusto Santos Silva era entrevistado e confrontado com o caso Pinho, dizendo que “as suspeitas são sobre comportamentos que, a terem existido, significam crimes gravíssimos”. Dizia também ouvir as notícias sobre o homem com quem se sentou na mesma mesa do Conselho de Ministros com “enorme perplexidade”, mas admitindo ter “prezado” o desempenho de Pinho na Economia. Depois acrescentava, de forma mais genérica, que “se se verificar que algum dos meus colegas cometeu um crime no exercício de funções sentir-me-ei enganado. E, mais importante que isso, sentiria que a confiança que as pessoas depositaram em fulano, beltrano e sicrano tinha sido traída”. Apesar de, sobre Sócrates, elogiar depois a “a forma exemplar” como reagiu “ao desenvolvimento do processo dizendo que era uma questão de justiça e não de política”.

23h05. O secretário de Estado da Energia, Jorge Seguro Sanches, arrancava a sua entrevista no Negócios da Semana, na SIC Notícias, logo com uma condenação: “A confirmar-se, são situações absolutamente inaceitáveis. O que esperamos é que haja esclarecimentos sobre estas questões que, a serem verdade, são absolutamente inaceitáveis”.

António Costa: “Se essas ilegalidades se vierem a confirmar, serão certamente uma desonra para a nossa democracia”

3 de maio, 18h00. António Costa era o socialista que faltava ouvir e falou a partir do Canadá, onde está numa visita oficial. Ao lado do primeiro-ministro Justin Trudeau, foi confrontado com os casos judiciais que envolvem o antigo ministro Manuel Pinho e o antigo líder socialista e disse muito mais do que naquele SMS de novembro de 2014. Quando Sócrates foi detido, Costa dirigiu-se aos socialistas nos seguintes termos: “Caras e caros camaradas, estamos todos por certo chocados com a notícia da detenção de José Sócrates. Os sentimentos de solidariedade e amizade pessoais não devem confundir a ação política do PS, que é essencial preservar, envolvendo o partido na apreciação de um processo que, como é próprio de um Estado de Direito, só à justiça cabe conduzir com plena independência, que respeitamos”. Agora, perante este mesmo caso (com acusação deduzida em outubro passado) e um novo (o de Pinho), António Costa mantém que “é preciso não confundir as questões no domínio da justiça com a política”. Mas já lhe acrescenta um decisivo “se”: “Se essas ilegalidades se vierem a confirmar, serão certamente uma desonra para a nossa democracia”.

Artigo atualizado à 1h20 com a informação sobre a saída de José Sócrates do PS na sequência das críticas de destacados dirigentes socialistas

Ladrões de Bicicletas


Televisão conquistada

Posted: 03 May 2018 04:17 PM PDT

No dia da Liberdade de Imprensa, era conveniente pensar naquilo que se avizinha. Deixo, desta vez, apenas um exemplo.

A 14 de Abril passado, as forças armadas dos Estados Unidos, do Reino e da França atacaram alvos na Síria. O ataque militar não teve mandato internacional. Não visou verdadeiros alvos militares - pretendeu apenas marcar uma posição sobre um assunto ainda não aclarado - e foi comunicado aos países opositores.
Ora, uma acção de guerra contém sempre uma necessária campanha de preparação social. Nem todos estamos de acordo com actos militares que poderão ter consequências graves, tanto directas (mortos, feridos, destruição), como indirectas. Já é consensual que o terrorismo internacional recrudesceu após a invasão do Iraque. As mais recentes guerras no Próximo Oriente provocaram vagas de refugiados.
O que quis saber foi, pois, como a questão foi tratada pela nossa televisão noticiosa - ou seja, pela RTP3, pela Sic Notícias, pela TVI24 e Correio da Manhã TV.
A primeira questão foi saber até que ponto as emissões foram alimentadas por conteúdos produzidos externamente, com vista a saber se a população portuguesa foi influenciada externamente ou se recebeu alguma intervenção nacional de descodificação do ataque militar.
As televisões trabalham sobretudo com as agências Reuters e Associated Press e, como não têm dinheiro para ter "gente no terreno", recorrem muito à produção externa. Por isso, as imagens que vemos nos canais nacionais são geralmente iguais. Mas o conteúdo da informação poderia ser diferente. Só que muitas vezes os jornalistas pouco aprofundam os textos de agência que vêm com as imagens. Em contraponto, considerou-se produção interna tudo o que fosse tentativa de ter informação própria do canal: comentadores em estúdio, editores ou jornalistas, correspondentes no estrangeiro.
Aquilo que se verificou foi que a produção externa excedeu a produção interna: 726 minutos (51%) contra 685 minutos (49%). Não é uma grande diferença e poderia ser aceitável.

Só que, quando se olha em pormenor à repartição por canais, verifica-se que os canais de maior audiência - o CMTV e a SIC Notícias - recorreram muito mais a produção externa do que à interna.
Dir-se-á: também não é uma diferença muito grande. E é verdade.
O problema é quando se começa a analisar a produção interna. E esta análise deveria ter sido mais fina, analisando em detalhe o sentido do que foi dito. Mas para já, fica uma análise em bruto.
Por exemplo, todas as televisões estranhamente optaram desde o início por procurar comentadores militares, em vez de uma abordagem mais política. Ainda que os militares tivessem poucos pormenores militares a acrescentar à informação oficial e transmitiram, de alguma forma, comentários "técnicos" justificativos da política do ataque militar.
Depois, verificou-se mesmo uma cópia entre canais. Por exemplo, coronel Lemos Pires esteve nos quatro canais ao longo do dia e mesmo a partir de casa. Defendeu que o ataque esteve "dentro do que se possa considerar de legitimidade de acção", que foi um "ataque preciso, de acordo com a proporcionalidade e marcou a diferença", que "todas as iniciativas foram vetadas [nas Nações Unidas] e, portanto, ninguém estava à espera que houvesse consentimento das Nações Unidas para esta acção porque era impossível". O mesmo se passou com a professora Lívia Franco.

A maior parte dos correspondentes - nos Estados Unidos, em França, em Israel, na Rússia - expressaram muito do que era o pensamento político oficial de cada um dos países. E nem sempre com distanciamento. O correspondente da SIC em Israel afirmou mesmo "só em casos em que se utilizam armas químicas é que houve intervenção" militar, partindo da versão oficial do atacante. E acrescentou: Agora, Assad "é possível que pense duas vezes antes de o fazer" (usar armas químicas).

Os editores internacionais dos canais pouco mantiveram o distanciamento. O editor da TVI chegou a afirmar "já ficou demonstrado que [o regime sírio] é um regime que ataca o seu próprio povo e que deve ser derrrubado". Ou que é "um Estado soberano, mas que violou as regras internacionais". "Para os aliados (...) não havia outra solução". O mesmo se passou com editor do Correio da Manhã: "Quem violou primeiro as leis internacionais foi a Síria", ultrapassou as "linhas vermelhas" sem que o Ocidente tivesse feito alguma coisa. "Isso permitiu ao regime sírio tornar-se mais ousado e mais ciente da sua impunidade e continuou a usá-las".

Claro que houve comentadores mais críticos da intervenção militar. Mas apenas para o final do dia. No início, a cadeia dos comentários era maioritariamente pró-intervenção.

Aliás, foi de tal forma que a RTP chegou a colocar em oráculo que se tratava não de um ataque militar, mas de uma "iniciativa" e no CMTV chamou-se Acção Tripartida.
Só a designação de Aliados - para designar os EUA, Reino Unido e França - remete para a segunda grande guerra em que os "bons" (Aliados) combatiam os "maus" nazis.
Há, pois, que tomar cuidado com a forma como se organiza este tipo de cobertura.
Casos como os que temos assistido no Brasil, mesmo em Espanha e mesmo em Portugal - em que a comunicação social assumiu sem pestanejar a versão oficial da troica - deveriam fazer-nos pensar. Porque a comunicação social não é apenas um agregado de órgãos de imprensa que empregam uns jornalistas, aliás cada vez mais novos e cada vez mais baratos. A comunicação social deveria ser a salvaguarda da própria democracia. E se a comunicação social é, desta forma, facilmente tomada, teme-se o pior dos tempos que aí vêm.

São conversas, senhores

Posted: 03 May 2018 11:10 AM PDT

Estreou hoje o novo poadcast de Daniel Oliveira, apresentado pelo próprio como um conjunto de «conversas, umas vezes mais próximas da entrevista, outras mais próximas de um debate», em que se pretende contornar a «espuma dos dias» e o registo de «entrevistador dobermann». Perguntar não ofende terá um convidado e um tema por semana, enunciado sob a forma de pergunta, a partir da qual se pretende que o diálogo flua de forma espontânea, sem intervalos nem cortes.
Na edição inaugural questiona-se se «a "geringonça" foi uma aliança oportunista» e o convidado é o primeiro-ministro, António Costa. O poadcast está disponível em diferentes plataformas (Feed RSS, iTunes, Stitcher, Mixcloud) e contempla a possibilidade de apoio ao projeto, que vai valer a pena acompanhar.

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Para que o ruidoso silêncio se transforme num contra-ataque eficaz contra quem dele reclamou

por estatuadesal

(Jorge Rocha, in Ventos Semeados, 03/05/2018)

pinho1

Ontem, logo após o almoço, recebi a mensagem de um amigo, que muito prezo, a pedir-me a opinião sobre quanto se estava a passar com o Partido Socialista e quanto às vantagens ou desvantagens de ouvir-lhe alguém pronunciar-se, quando as suspeições sobre Manuel Pinho tendem a lançar uma sombra ainda mais obscura sobre um governo que teve tanto de bom a elogiar, desde a aposta na Ciência ou nas energias renováveis, até a simplificação administrativa ou a à requalificação dos portugueses através dos programas das Novas Oportunidades (e isto só para elencar quatro argumentos justificativos do seu nunca por demais fundamentado elogio). Logo, de seguida, enquanto trabalhava para uma Associação para a qual cá em casa nos voluntariámos, uma das suas sócias, conhecida pelo seu posicionamento comunista, veio interpelar-nos exatamente no mesmo sentido: não se justificaria uma reação do Partido Socialista, cujo silêncio começava a ser tido como demasiado ruidoso?

Não sabia então que Carlos César por um lado, João Galamba por outro e, mais à noite, Augusto Santos Silva, tratavam de responder efetivamente a essa necessidade. Embora eu ainda tivesse dúvidas sobre a bondade de se sair do princípio, desde muito cedo definido por António Costa, quanto a deixar à Justiça e à Política o que lhes cabe respetivamente sem terem de coincidir na oportunidade de se expressarem. Não esqueço uma das lições fundamentais demonstradas pelo Mestre Kurosawa no seu «Kagemusha» em que, perante uma conjuntura ameaçadora, vale a pena manter as posições em vez de optar pelo contra-ataque militar.

Passado um dia sobre todo este sururu sintetizo algumas conclusões, que há a retirar do sucedido:

  1. ninguém me convence que o caso Manuel Pinho aparece nesta altura como mero acaso. Em vésperas do Congresso do Partido Socialista na Batalha, e depois de comprovadamente não terem conseguido que eventos semelhantes nos partidos das direitas os tenham beneficiado o que quer que fosse nas sondagens, os whisperblowers responsáveis pela denúncia do caso, procurarão evitar que se trate de uma enorme consagração do que se conseguiu concretizar nestes dois anos e meio e no quanto se adivinha possível no futuro imediato e a médio prazo para que os portugueses usufruam de melhores condições de vida e sintam justificadas razões para sentirem confiança no quanto possam vir a alcançar.
  2. tendo em conta que as direitas gostam bastante de pôr os governos socialistas em lume brando, procurando corroer-lhes os alicerces, ganhou novo alento a tentativa de deslegitimar alguns ministros por terem pertencido ao governo de José Sócrates, como se eventualmente fossem cúmplices, ou pelo menos coniventes, com os presumíveis crimes, que ainda estão longe de se revelarem comprovados onde o devem ser: nos tribunais. Viu-se isso mesmo no «Sem Moderação» do Canal Q, quando, no programa da noite passada, o ppd José Eduardo Martins quis fazer passar a ideia de não se compreender porque Vieira da Silva ou Augusto Santos Silva continuam a ser ministros do atual governo por se lhes assacar responsabilidades políticas, que só o proponente via. Imaginemos que, por hipótese académica, ambos os ministros se demitiam, logo as direitas exigiriam o afastamento dos que tinham sido nessa altura deputados, para, no fim dessa lógica, exigirem o próprio afastamento de António Costa.

É claro que tal exagero não tem razão de ser - e Daniel Oliveira, até mesmo mais do que João Galamba - tratou de lhe denunciar o absurdo, mas a estratégia está desenhada.

  1. Outro dos ardis revelados pelas direitas nesta matéria tem a ver com o próprio Manuel Pinho, que nunca será demais lembrar que não era, nunca foi, nem nunca será militante socialista. Mas para os que tentam cavalgar à conta do caso, a questão que se põe é esta: porque terá Sócrates convidado tal BESman para integrar o seu governo. ´

É claro que a resposta é fácil e não há por certo ninguém que, desonestamente, a formula, que a não saiba: quando um Partido dá sinais de poder vir a ser governo existem iniciativas abertas a independentes onde se conjugam duas vontades distintas, mas episodicamente conciliáveis: os dirigentes políticos quererão aproveitar a tal abertura à sociedade civil para demonstrarem ao eleitorado, que os seus apoios não se cingem aos seus próprios militantes e simpatizantes, e os «cabeças-de-cartaz», que se fazem aparecidos, ora visam cumprir deveres de cidadania (quando são bem intencionados, e quero crer que assim sucede com a maioria!), ora satisfazer narcisismos íntimos, ora cumprir objetivos lobistas.

Quando Manuel Pinho começou a aparecer em conferências e outros eventos semelhantes do PS antes das eleições de 2005, confesso ter ficado surpreendido por o ter, até aí, associado ao CDS ou ao PSD. Mas como Freitas do Amaral também viria a integrar o governo, enquadrei-o na mesma lógica. Do que dele se sabia - a ligação ao Grupo Espírito Santo - nada justificava apreensões: não tinham os governos das direitas também ministros oriundos dessa que era entidade bancária de reputação ainda intocável no nosso universo político?

Não me espanta, pois, que José Sócrates o sentisse como mais-valia num elenco governativo, sem sequer suspeitar que pudesse ter outra agenda senão a de bem governar. E a verdade é que nada se prova até agora, que Pinho tenha agido no governo para beneficiar a empresa A ou B, pois até a suspeita EDP beneficiou dos seus escandalosos subsídios antes desse governo tomar posse, devendo-se à coligação PSD/CDS  a razão e ser dos indecorosos lucros de que tem usufruído.

  1. Para concluir por ora com este assunto pode-se para já considerar que, nas últimas décadas - e se formos analisar detalhadamente a nossa História recente veremos essa realidade no próprio fascismo com a CUF de Alfredo da Silva! - o poder político tem andado a reboque dos interesses dos nossos capitalistas, cuja ganância e incompetência não têm conhecido limites. Seja por exercerem pressão insidiosa e permanente sobre quem governa (como sucede atualmente com a imprensa globalmente desfavorável ao atual governo!), seja porque a isso se presta intencionalmente, (como sucedeu com Passos Coelho, Cavaco Silva ou Durão Barroso!), os governos têm beneficiado quem quer ser dono disto tudo contra os que trabalham e pagam impostos.

Que esta seja a altura para pôr os empresários e acionistas no seu devido lugar é o que se exige ao Partido Socialista, que bem pode deixar-se de falinhas mansas e questionar porque, havendo uma atenção tão exclusiva em si, não se verificou igual preocupação com os sobreiros e os submarinos do Jacinto Leite Capelo Rego, com as Tecnoformas e os negócios de Dias Loureiro ou Miguel Relvas ou, sobretudo,  com todo esse polvo imundo que se chamou BPN.