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sábado, 12 de maio de 2018

Temer completa dois anos como o mais odiado da história

Nunca um ocupante da presidência da República foi tão rejeitado pelos brasileiros como Michel Temer, que traiu a presidente legítima Dilma Rousseff, conspirou e usurpou seu cargo.

  • 12 Maio, 2018
  • Nunca um ocupante da presidência da República foi tão rejeitado pelos brasileiros como Michel Temer, que traiu e usurpou o cargo da presidente legítima Dilma Rousseff. Numa escala de zero a 200 pontos do Datafolha, Temer marca apenas 25. Por esse mesmo critério, o mais popular de todos os tempos é o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que vem sendo mantido como preso político para não disputar as eleições presidenciais de 2018.

“Dilma teve 136 no 1º mandato e 33 no segundo. Luiz Inácio Lula da Silva atingiu os melhores resultados em suas duas gestões: 139 na primeira e 183 na segunda. Fernando Henrique Cardoso teve avaliação média positiva no seu primeiro mandato (134) e negativa no segundo (81). Itamar Franco obteve 105 e Collor, 78”, informa a pesquisa.

Em dois anos, Temer destruiu direitos trabalhistas, produziu desemprego recorde e o maior rombo fiscal da história do Brasil, se viu envolvido nos maiores escândalos de corrupção já vistos no País e, de quebra, entregou de bandeja riquezas nacionais – com tudo isso, fez que o Brasil, antes respeitado, se tornasse um pária internacional.

Temer já foi denunciado como corrupto e chefe de quadrilha, mas conseguiu escapar comprando votos de parlamentares. Uma terceira denúncia, por propinas nos portos, pode ser apresentada ainda antes do fim do mandato que ele roubou da presidente Dilma Rousseff.

Abaixo, balanço da Reuters sobre o marasmo de Temer:

BRASÍLIA – Michel Temer completa dois anos à frente da Presidência da República no sábado e, embora tenha iniciado seu governo com a promessa de promover grandes reformas e com demonstrações de forte apoio do Congresso Nacional, chega aos últimos meses em clima de marasmo, à espera de um encerramento sem surpresas desagradáveis ou grandes sobressaltos.

Se o começo da gestão foi marcado por vitórias visíveis —como a aprovação no Congresso da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que instituiu um teto para os gastos públicos—, as denúncias contra o presidente e, mais recentemente, a proximidade das eleições reduziram drasticamente a força do governo e consequentemente o ritmo de adoção de novas medidas.

O vazamento de diálogo com o empresário Joesley Batista, um dos donos da J&F, holding que controla a JBS, e as posteriores denúncias criminais contra si, obrigou Temer a lutar por sua sobrevivência no cargo e a gastar boa parte do capital político que dispunha —inclusive emendas parlamentares— para garantir isso.

“O presidente Temer assumiu com um grande peso parlamentar, mas o que se viu é que era um gigante com os pés de barro”, disse à Reuters o líder do PCdoB na Câmara, deputado Orlando Silva (SP).

O líder, que faz oposição ao governo, explica que atualmente dois fatores contribuem para a fragilidade política do governo: a baixíssima popularidade —“os parlamentares vêm o governo como uma espécie de portador de uma doença contagiosa”, avalia Orlando— e a impossibilidade fiscal de negociar grandes projetos com os parlamentares.

“A política de austeridade que o governo implementou estrangula o orçamento público e inviabiliza a manutenção de um padrão de atendimento às demandas dos parlamentares que se viu no começo do governo”, disse.

“Isso fez desmoronar o gigante que aparecia após o impeachment e demonstrou que ele tinha pés de barro.”

Há quem diga, no entanto, que ainda que reduzida, há base para votar projetos que não exijam quórum qualificado para sua aprovação. Um desses projetos, inclusive, trata da privatização da Eletrobras.

Para um importante líder da base, que reconhece a redução de potência do governo no Congresso, há interesse de parlamentares —e do próprio presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ)— de tocar uma agenda de votações na Casa menos complexa nas últimas seis semanas de trabalho que restam antes do recesso do Legislativo.

Dentre essas propostas, além do projeto relacionado à Eletrobras, está a finalização da votação do chamado cadastro positivo, a regulamentação do distrato, e medidas provisórias, como a MP 811, que autoriza a venda direta de petróleo da União nos contratos do pré-sal. O polêmico projeto da reoneração da folha de pagamento de alguns setores da economia, no entanto, tem grandes chances de não chegar ao plenário antes do recesso.

Essa liderança admite a percepção de que o governo encontra-se em compasso de espera, aguardando o seu fim, e sem a intenção de promover grandes esforços, de forma a evitar qualquer desgaste adicional.

“O governo ainda tem uma maioria no Congresso, mas não a base que já teve no passado. Dá para votar algumas medidas ainda”, disse o líder, que preferiu não ser identificado.

A opinião de que ainda há espaço para algumas pequenas vitórias, ao menos no Congresso, é compartilhada pelo ministro da Secretaria de Governo, Carlos Marun, para quem nenhum outro governo “fez tanto em tão pouco tempo”.

“A denúncia sem dúvida atrapalhou o governo e atrapalhou o país, mas aprendemos a navegar em mares de tempestade”, disse à Reuters.

Segundo o ministro, o governo já se “recuperou” e ainda há muito o que fazer.

“Até o final do ano queremos aprovar a pauta de melhoria do ambiente econômico com o cadastro positivo, etc, a capitalização da Eletrobras, a reoneração”, afirmou. “O governo ainda tem muito o que entregar até o final do ano.”

Conquistas e Derrotas

No cenário macroeconômico, uma das principais medidas implementadas pelo governo Temer foi a criação do teto de gastos, que limita os desembolsos do governo federal ao volume do ano anterior corrigido apenas pela inflação.

Prevista para durar 20 anos e encarada como essencial para colocar as contas públicas em ordem, já que  país não registra superávit primário desde 2014. A medida foi bastante comemorada pelos mercados financeiros.

Mas a mudança acabou se transformando numa armadilha. Sem apoio político no Congresso após as denúncias que atingiriam Temer em cheio, o governo não conseguiu tirar do papel a reforma da Previdência, peça essencial nas alterações fiscais pretendidas pelo governo, o que pode comprometer o teto de gastos.

Se nas contas públicas o desempenho não foi tão positivo, do lado da inflação foi o contrário. O Banco Central, comandando por Ilan Goldfajn, conseguiu reduzir a alta de preços para níveis recordes, bem como a taxa básica de juros, hoje em 6,50 por cento ao ano, depois de iniciar um ciclo de afrouxamento monetário em outubro de 2016, quando a Selic estava em 14,25 por cento.

Nestes dois anos, o país também saiu da maior recessão da sua história, entre 2015 e 2016, quando o Produto Interno Bruto (PIB) encolheu 7,8 por cento.

Ainda assim, a atividade econômica ainda patina e não tem dado sinais de recuperação mais consistente, em meio à falta de confiança generalizada e elevadas taxas de desemprego, que atinge cerca de 13 milhões de pessoas, mesmo após a reforma trabalhista, aprovada sob o argumento de que ajudaria na criação de empregos.

As incertezas geradas pelas mudanças na legislação trabalhista — o Executivo chegou a editar uma medida provisória para ajustar pontos da reforma demandados por senadores, mas ela sequer chegou a ser analisada pelo Congresso e perdeu a validade — criaram um ambiente de insegurança jurídica. O governo ainda avalia que instrumentos pode usar para alterar pontos da reforma.

Em outros setores houve mudanças positivas, como por exemplo na direção da agência reguladora do setor de petróleo (ANP) e em questões regulatórias que despertaram um maior apetite dos investidores globais, gerando bilhões de reais em arrecadação para a União.

Após uma licitação de áreas do pré-sal em outubro passado, que arrecadou apenas em bônus de assinatura 6,15 bilhões de reais, sem contar o óleo lucro do governo futuro, Temer declarou que a exploração das áreas geraria 130 bilhões de dólares em royalties e outras fontes de arrecadação.

No setor elétrico, as mudanças realizadas por uma equipe formada por técnicos conceituados no Ministério de Minas e Energia colaboraram para aumentar o interesse nos leilões de geração e transmissão no Brasil. Em dezembro do ano passado, após dois anos sem licitações, o governo brasileiro conseguiu contratar usinas solares e eólicas pelos menores preços já registrados no país.

Mas o governo ainda encontra-se em xeque para aprovar propostas relacionadas ao setor elétrico no Congresso, caso do processo de privatização da Eletrobras.

Um acerto atribuído ao presidente no setor de energia foi a indicação de Pedro Parente para a presidência-executiva da Petrobras, que conseguiu, entre outras coisas, implementar uma metodologia de reajustes quase que diários aos preços dos combustíveis, política celebrada pelo mercado.

Por outro lado, houve pouco avanço em concessões públicas relacionadas a ferrovias e a portos. No setor de aeroportos, por exemplo, o governo acabou por criar uma confusão em Confins, na região metropolitana de Belo Horizonte, ao permitir o retorno de voos para Pampulha, aeroporto localizado na capital mineira, caso que acabou sendo judicializado.

Texto original em português do Brasil

É bem feita, António Costa

Caro António Costa, depois do monumental tiro no pé que foi esqueceres-te da tua máxima “À justiça o que é da justiça, à política o que é da política” – que geriste de forma exemplar desde 2014 -, tendo admitido a hipótese de Sócrates ser culpado dos crimes de que é acusado devendo, nesse caso, ser condenado – o que é uma verdade de La Palisse -, nesse dia a Direita abriu o champanhe e rejubilou.

  • 11 Maio, 2018
  • Julgavas tu que te safavas e que os ias calar. Nada mais errado. Nunca julguei que fosses tão canhestro na gestão da agenda política.

A direita recebeu de bandeja o argumento que lhe faltava para usar todos os incidentes “mediático-políticos” do passado para te atacar e ao teu Governo. No momento em que admites que Sócrates pode ser culpado, seja lá do que for – já que nada está provado no plano criminal -, estás a assumir que, vários dos teus ministros, tu próprio, no mínimo, pactuaram com as falhas de Sócrates e com a sua alegada venalidade. Foi esse o grande trunfo que deste à Direita.

E eles não tardaram em corresponder à oferta que lhes foi dada de mão beijada. Na Assembleia da República o Negrão tentou encostar-te às cordas. A SIC mandou vir a Moura Guedes para desfiar o rosário das “malfeitorias” do tempo de Sócrates e pede investigação do MP ao Pinto Monteiro, Procurador Geral da República, à época. A Sábado avança que três dos ministros de Sócrates vão ser constituídos arguidos, devido a hipotética danosa negociação das PPP rodoviárias. O Pinho recebia do BES uma mesada opípara. Hoje a SIC ataca de novo, desenterrando a velharia da licenciatura de Sócrates. E, provavelmente, a procissão ainda vai no adro e haverá ainda mais episódios do mesmo folhetim.

No momento em que assumiste que Sócrates pode ser culpado, ficaste impedido de vir defender o PS destes ataques concertados que lhe estão a ser feitos. Tens que engolir em seco, e não vejo como podes minimizar os danos, mas só a ti próprio e ao teu séquito mais próximo podes assacar as culpas do que está a passar-se. Pelo que, o PS que não se queixe. Como bem disse e avisou Manuel Alegre: “Abriu-se a caixa de Pandora”.

É que, deste à Direita o trunfo da “corrupção por osmose”. Ou seja, como admitiste como plausível que Sócrates tenha sido corrupto, deste à Direita o trunfo de poder vir a dizer que todos, ou uma parte, dos que o cercavam também o seriam, logo uma fracção significativa do teu actual Governo. Dirás que este argumento é totalitário, não colhe na opinião pública, e que se virará contra quem o usa.

Eu não estaria tão certo. A campanha de intoxicação está a rolar, a comunicação social, em conluio íntimo com a justiça, está a roer-te os calcanhares e a desenterrar do baú dos trapos todas as pontas soltas, intrigas, e histórias mais ou menos mal contadas do tempo dos governos de Sócrates.  É a insídia servida diariamente em colheres de xarope e, pela cara que fizeste na Assembleia da República, no debate quinzenal, quando o Negrão te confrontou, o xarope deve ter um sabor mesmo amargo, um efeito indigesto.

E, se foi por um tacticismo simplista que agiste da forma que agiste, querendo separar o PS do mais leve indício de corrupção – almejando uma gloriosa maioria absoluta nas próximas eleições, e descartando a Geringonça para canto -, está hoje claro que se virou o feitiço contra o feiticeiro.

Até porque não está provado que, eleitoralmente, os portugueses punam de forma incisiva aqueles cujo tom de pele tenha um odor a venalidade, como bem prova a última eleição de Isaltino Morais para presidir à Câmara de Oeiras, eleito e levado em ombros.

Se calhar os portugueses mais depressa condenam aqueles cujo carácter revela que, assustados e – pior ainda -, de forma não frontal, deixam cair os amigos e companheiros, porque sentem e intuem que estes estão na mó de baixo, sendo por isso tidos como companhia indesejável.

Marcelo Rebelo de Sousa admite que Brexit pode não ser irreversível

12/5/2018, 12:18

Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, admitiu que saída do Reino Unido da União Europeia pode não ser irreversível, e disse, em entrevista à SIC-Notícias, estar otimista sobre negociações.

CLAUDIO GIOVANNINI/EPA

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  • Agência Lusa
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O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, admitiu que a saída do Reino Unido da União Europeia pode não ser irreversível, e disse, numa entrevista à SIC-Notícias, estar otimista quanto às negociações do ‘Brexit’.

“Não há nada de irreversível em decisões como a que estamos a falar”, começou por responder Marcelo quando questionado sobre quem irá perder mais com o ‘Brexit’, se o Reino Unido ou a União Europeia (UE).

O Presidente português, entrevistado no programa “Os Europeus”, em Florença, Itália, na quinta-feira, na conferência anual organizada pelo Instituto Universitário Europeu de Florença sobre o “Estado da União”, disse estar “moderadamente otimista” sobre o andamento das negociações entre Bruxelas e Londres.

Aliás, Marcelo considerou “positivo, muito positivo” o acordo já estabelecido quanto ao estatuto dos europeus no Reino Unido e dos britânicos na UE, em que se incluem milhares de portugueses.

“Importa ao Reino Unido encontrar a melhor solução possível para o Reino Unido, mas também para a Europa”, frisou.

Sobre o anunciado encontro entre o Presidente norte-americano, Donal Trump, e o líder da Coreia do Norte, Kim Jon-un, o chefe do Estado espera que se realize “e corra bem”. “Pode ser um exemplo de como não avançamos para a guerra fria. O mundo precisa de sinais de distensão, sinais de paz e diálogo, não precisa de sinais de guerra, ou de tensão ou de escalada mesmo que seja meramente verbal”, disse.

Governo demite-se se o Orçamento não for aprovado

11/5/2018, 23:51

Em entrevista ao Diário de Notícias, o primeiro-ministro diz que não houve uma estratégia do PS para condenar Sócrates e Pinho, mas reconhece que "não podemos ignorar coisas que ouvimos".

MÁRIO CRUZ/LUSA

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  • Agência Lusa
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Se não conseguir chegar a acordo com a esquerda para a aprovação do próximo Orçamento do Estado no Parlamento, o Governo terá de cair, afirmou o primeiro-ministro em entrevista ao Diário de Notícias. António Costa garante ainda que não houve uma estratégia do PS para condenar José Sócrates e Manuel Pinho, mas também que, a comprovarem-se as acusações, “são factos que desonram a democracia” portuguesa. Reconhecendo ainda que “não podemos ignorar coisas que ouvimos”.

Numa entrevista que publicada este sábado, o primeiro-ministro demonstrou confiança na aprovação do próximo orçamento, apesar do aumento da contestação da parte dos principais parceiros no Parlamento – o Bloco de Esquerda e o PCP – relativamente à gestão orçamental de Mário Centeno.

António Costa diz que a experiência dos últimos anos permite ao Governo estar confiante sobre a aprovação do último orçamento desta legislatura, mas que se não for o caso, então a consequência será inevitavelmente a demissão do Executivo.

O chumbo do Orçamento tinha como consequência inevitável a queda do Governo”, diz.

Segundo o secretário-geral socialista, o Executivo e os partidos de esquerda aprenderam, nos últimos anos, a negociar o orçamento, “em que cada um afirma as suas posições”, numa “base muito leal, muito construtiva, com um esforço de todos para aproximar posições”. “[Mas] é evidente que no dia em que esta maioria não for capaz de produzir um Orçamento, esse é o dia em que este Governo se esgotou e, inevitavelmente, isso implica a queda do Governo”, disse.

O cenário de falhanço é algo em que diz não acreditar, recusando governar com duodécimos, e até cita, na entrevista, uma frase dita pelo líder do PCP, Jerónimo de Sousa: “Como costuma dizer o PCP, enquanto houver caminho para andar vamos caminhando, e é isso que vamos fazer.”

“Não há-de ser seguramente em 2019 que nós iremos frustrar a esmagadora maioria dos portugueses, que está satisfeita com o Governo, satisfeita com esta solução política, satisfeita com os resultados sociais e económicos desta governação”, concluiu.

Sobre as condenações públicas nas últimas semanas da parte de altos responsáveis do partidos, alguns antigos aliados de José Sócrates e que o defenderam mesmo depois de o ex-primeiro-ministro ter sido acusado, tanto a Sócrates como a Manuel Pinho, seu ministro da Economia, o primeiro-ministro garante que não houve uma coordenação do PS para que tal acontecesse e tentou retirar o elemento novidade, dizendo que eram posição já conhecidas.

Ainda assim, disse António Costa, as acusações são graves e caso se venham a dar como provados, estes são factos que “desonram a democracia”. Reconhecendo que todos tivemos acesso a partes do interrogatório ao “engenheiro Sócrates”, e que foram exibidas pela SIC e CMTV. “E não podemos ignorar coisas que ouvimos”. Mas recusa divulgar o seu juízo sobre o caso, ao contrário de outros.

Questionado sobre a possibilidade de ter de negociar com o PSD no caso de o não conseguir assegurar a maioria absoluta nas próximas legislativas, António Costa considerou que “um Governo que junte o PS e o PSD não é uma solução saudável” para a “vida democrática porque priva os portugueses de poderem contar com alternativas, que naturalmente terão sempre como pivô um ou outro desses dois partidos”. Para o primeiro-ministro, “esse cenário não é desejável”, a não ser em “circunstâncias absolutamente extraordinárias”.

A menos de duas semanas do congresso nacional do PS, na Batalha, distrito de Leiria, Costa é ainda questionado sobre se pedirá ou não maioria absoluta nas eleições previstas para 2019, afirmando que não é por a pedir que “a tem ou que a deixa de ter”

O cenário desejável é este”, afirmou Costa. “Não vejo nenhuma razão, neste momento, para alterar aquilo que é uma fórmula que tem provado bem, tem assegurado estabilidade, tem contribuído para o crescimento económico, para a consolidação das finanças públicas, para a recuperação da credibilidade do país, onde ainda temos muito a fazer e onde podemos continuar a caminhar e a avançar no mesmo sentido.”

Um PS fraco não permite uma solução política como aquela que temos atualmente, porque é este equilíbrio de forças que tem permitido que possamos equilibrar os diferentes objetivos que temos de prosseguir”, afirmou.

E deu os exemplos, como “eliminar a austeridade e consolidar as finanças públicas, assegurar o crescimento dos rendimentos e a produtividade da economia, atrair o investimento e desenvolver a proteção dos direitos dos trabalhadores, diminuir a dívida e investir nos serviços públicos”.

Se tivesse maioria absoluta, António Costa insiste que manteria o diálogo com PCP, BE e PEV, por se tratar de uma “fórmula de solução política” com virtualidades que “não são a mera aritmética parlamentar”. “Tem virtualidades na dinâmica social, na dinâmica da vida democrática, na forma como o conjunto do país hoje olha para a Europa”, afirmou.

A segunda parte da entrevista ao primeiro-ministro e líder do PS, feita pelo diretor, Ferreira Fernandes, e Paulo Tavares, diretor adjunto, será publicada no domingo.

Rio diz que “geringonça” está a “esboroar-se nas suas próprias contradições ideológicas”.

O presidente do PSD disse hoje que a atual solução governativa se esgotou e está a "esboroar-se" nos "interesses antagónicos" dos partidos que a apoiam.

NUNO VEIGA/LUSA

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  • Agência Lusa
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O presidente do PSD disse hoje que a atual solução governativa se esgotou e está a “esboroar-se” nos “interesses antagónicos” dos partidos que a apoiam e a nova forma de oposição social-democrata está a criar alaridos na esquerda.

“Cumpridos quase dois terços da atual legislatura, já ninguém tem dúvidas de que a solução governativa em que vivemos se esgotou e se está a esboroar nas suas próprias contradições ideológicas e [nos] interesses partidários antagónicos”, disse Rui Rio, na cerimónia comemorativa dos 44 anos do PSD, hoje, em Beja.

Para Rui Rio, “bastou um reposicionamento do PSD na forma de fazer oposição para vermos o alarido que vai nas fileiras dos partidos de esquerda mais radical, que apoiam a atual solução governativa”.

“Porque se agitam tanto a enviar recados ao PS e ao Governo?”, questionou, respondendo: “Apenas e só porque percebem que o PSD se está a credibilizar perante os portugueses, pondo cada vez mais em risco a sua parte das migalhas de poder que os socialistas lhe deixam cair da sua mesa”.

Mas, continuou, “quem tem a principal batata quente nas mãos é o próprio Governo, que não ignora as contradições das suas políticas, justamente por estar preso aos compromissos e às exigências dos seus atuais parceiros parlamentares”.

O líder do PSD disse que, “apesar dos arrufos e das ameaças pré-eleitorais a que assistimos entre os partidos do arco parlamentar da governação, ninguém se esquece que eles são politicamente cúmplices em torno da coligação negativa que os une desde 2015”.

Cabe ao PSD “mostrar aos portugueses que esta política apenas se sustenta numa ilusão conjuntural alimentada pela adequada propaganda no sentido de criar a ideia de que tudo está a melhorar”, frisou, defendendo que, “tal como as demais ilusões, também esta tem vida curta”.

“Que o digam os portugueses que todos os dias enfrentam os estrangulamentos no Serviço Nacional de Saúde”, que, “por este caminho, poderá entrar em colapso, se não mudarmos rapidamente de rumo”, alertou.

Segundo Rui Rio, “não é mais possível deixar continuar a degradar-se o Estado em que se encontra” o setor da Saúde, que é “absolutamente vital para o bem-estar de todos os portugueses”.