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terça-feira, 15 de maio de 2018

Em defesa do javardo

Novo artigo em BLASFÉMIAS


por vitorcunha

Às vezes, torna-se necessário falar a sério. Regra geral, tal não é necessário, mas, em certos assuntos, exige-se uma seriedade que ajude a balancear tópicos importantes. Sim, vou falar do Eurofestival da Canção.

Circulam aí críticas ao teor político/activista/pró-LGBTiPad2xxxOXOX (é assim, acho) da canção vencedora, a israelita. Meus amigos, nas artes e no entretenimento, uma pessoa deve dizer o que quiser. Deve enaltecer drogas, deve propor a extinção dos coelhos, deve explicar que fought the law and the law won, deve ver a Lucy no céu com diamantes e deve bombardear Londres à vontade. Também deve ter sexo com bitches, com o automóvel e com o patinho. Pode colocar crucifixos em urina, preservativos no nariz do Papa, representar o Maomé com bombas na cabeça, enfiar chicotes por orifícios e walk on the wild side sem medos.

A diluição entre entretenimento e política é que vos deveria preocupar. Já sei que uma canção é uma arma, que esta guitarra mata fascistas e que *uma gaivota voava, voava*: mas isso é o que acontece numa sociedade livre - dizem-se e escrevem-se coisas. Numa sociedade pouco livre, não se distingue o cantor do político, o escritor do deputado. Por isso, vendo as vossas críticas ao teor da canção israelita, o que concluo é que o problema não são as canções e sim a política tornada em espectáculo dos que artisticamente enchem a boca contra o populismo.

Se queremos seriedade, comecemos por enaltecer o javardo no local que lhe é destinado: no entretenimento e na arte.

segunda-feira, 14 de maio de 2018

Equipa técnica do Sporting foi suspensa

14/5/2018, 16:52

O presidente do Sporting convocou uma reunião de emergência com Jorge Jesus e o restante staff leonino: incluindo os jogadores. Equipa técnica foi suspensa.

NUNO FOX/LUSA

Autor
  • Mariana Fernandes
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Bruno de Carvalho suspendeu a equipa técnica do Sporting, depois de uma reunião de emergência convocada para esta segunda-feira em Alvalade. O presidente leonino falou primeiro com os treinadores e grande parte do staff do futebol do Sporting: Jorge Jesus, os treinadores adjuntos, o scouting e o departamento médico. Depois conversou com os jogadores, que se encontraram com a SAD depois da reunião com o treinador. No final das reuniões, a equipa técnica leonina foi suspensa e não deve orientar a equipa na final da Taça, no Jamor, frente ao Desportivo das Aves, segundo avançaram a TVI 24 e a Bola TV.

Segundo o DN, os capitães mostraram-se depois solidários com Jesus e os seus adjuntos. E admitem também não comparecer ao jogo.

A reunião surge no seguimento da derrota do Sporting frente ao Marítimo, este domingo, que provocou a queda dos verde e brancos para o terceiro lugar e a consequente ausência da fase de acesso à Liga dos Campeões. Os adeptos leoninos receberam a equipa com assobios e insultos no Aeroporto Cristiano Ronaldo, no Funchal, e, já em Alvalade, um grupo de indivíduos tentou agredir Rui Patrício e William Carvalho dentro das garagens do estádio.

De recordar que a época do Sporting ainda não terminou: a equipa de Jorge Jesus defronta o Desportivo das Aves no próximo domingo, dia 20, na final da Taça de Portugal. O treinador tem contrato válido por mais um ano e não assinou qualquer cláusula anti-rivais. Rescindir contrato com Jesus poderia obrigar o Sporting a pagar ao técnico sete milhões de euros, correspondentes aos salários do ano que não iria cumprir.

O ambiente tenso entre Bruno de Carvalho, Jorge Jesus e os jogadores arrasta-se desde o início de abril, depois da derrota com o Atlético de Madrid. Depois de suspensões, posts inflamados nas redes sociais e críticas de parte a parte, a equipa leonina respondeu dentro de campo e venceu por seis ocasiões consecutivas: incluindo o próprio Atlético de Madrid (ainda que perdendo a eliminatória) e o FC Porto, na meia-final da Taça de Portugal.

A tensão foi agora reavivada – e não só pela derrota na Madeira e consequente ausência da Liga dos Campeões. No sábado, o Expresso publicou uma entrevista com Bruno de Carvalho onde o presidente do Sporting comentou o período de turbulência em Alvalade e a relação com Jorge Jesus.

“Uma pergunta mais inteligente seria: quem é o líder do balneário? Então acha que um treinador permitiria que os jogadores fizessem aquilo que se escreveu ao seu presidente? Que os jogadores tinham virado as costas ao presidente, que se tinham recusado a treinar, e por aí fora. Só pode ser invenção da comunicação social, não é? Porque se fosse verdade era gravíssimo. Tem tudo de ser invenções, não é? Porque senão era mau sinal haver um líder de balneário assim. E o líder de balneário é o treinador (…) Se geriu bem todo esse processo? Partindo do princípio de que é tudo mentira, menos o post, sim, geriu bem”, comentou sobre o técnico leonino. “Você acredita que alguma coisa acontece no balneário sem o OK do líder? Um líder lidera. Imagine que no meu Conselho de Administração acontecia uma série de coisas e atitudes para as quais eu não tinha dado o meu OK. Se isso acontecesse, eu não era líder algum”, rematou.

Resta agora saber se, depois da reunião desta segunda-feira, Bruno de Carvalho e Jorge Jesus vão continuar a preparar a próxima época, tal como o presidente leonino garantiu na entrevista. Além da eventual saída do treinador, o Sporting pode ainda perder quatro jogadores do onze titular durante a janela de transferências de verão: Rui Patrício, William Carvalho, Gelson Martins e Bas Dost.

PENSAR E FAZER COMO A DIREITA

por estatuadesal

(In Blog O Jumento, 14/05/2018)

costa4

“Se pensarmos como a direita pensa,

acabamos a governar como a direita governou”

(António Costa em 6 de Junho de 2016
durante a apresentação da candidatura às primária do PS )


A relação de Passos Coelho e do seu governo com os funcionários públicos era marcado por um ódio ideológico e quase pessoal, o ex-primeiro-ministro elegeu-os como culpados da crise, tratou-os como mera despesa inútil, espoliou-os, forçou-os a aumentos de horas de trabalho forçado e na hora de justificar tudo isto fê-lo atribuindo-lhes a culpa da crise e apontando-os como privilegiados, uma espécie de oportunista da sociedade.

Não é a primeira vez que um grupo étnico, religioso ou profissional foi tratado desta forma, nem é preciso um grande exercício de memória para encontrarmos tratamentos idênticos, as semelhanças são tantas que quase parece sabermos onde Passos Coelho se inspirou.

Não bastou todos os cortes e perdas de rendimentos, Passos Coelho também sentiu necessidade de difamar, apontar o dedo como se dissesse quem eram os culpados e num momento em que o país se afundava numa crise que o próprio Passos desejou os funcionários públicos eram acusados de ganhar acima da média, por isso seriam eles a pagar a crise. Sofreram todos os cortes e em cima destes ainda tiveram de suportar todas as medidas de austeridade que se aplicavam a todos.

Nunca alguém reconheceu os seus sacrifícios, apesar de declarados inconstitucionais os cortes subsistiram ainda durante algum tempo, ajudando ao conforto financeiro do Estado e ao sucesso governamental. O mínimo que um Presidente da República ou um primeiro-ministro poderia fazer era reconhecer os sacrifícios que lhes foram impostos, agradecer-lhes terem-nos suportado continuando a assegurar a qualidade dos serviços públicos e a dedicação aos seus utentes, mesmo quando foi a esposa de Passos Coelho a precisar deles, porque na hora da verdade esse traste de Massamá não procurou um hospital privado.

É lamentável que depois de tudo isto os governantes considerem que os vencimentos dos funcionários públicos devem continuar a sofrer cortes, ainda que de forma subtil, recorrendo à desvalorização continua resultante da inflação. É vergonhoso que uma reposição do horário de trabalho seja referido como uma benesse resultante da generosidade governamental ou que a eliminação de cortes nos vencimentos deva ser motivo de gratidão. Se António Costa tivesse reembolsado os cortes inconstitucionais e, portanto, ilegais, se tivesse pago as horas de trabalho escravo decididas por Passos Coelho, poderia agora esperar gratidão.

Mas apresentar tudo isto como benesses e achar que a contratação de mais funcionários públicos justifica que estes devem continuar a ser tratados como gente sem direitos é inaceitável, é pensar como a pior das direitas. Quem pensa assim acabará por se confundir com a direita e governar como esta, foi o próprio Costa que o disse em junho de 2016 e é bom que não se esqueça, porque foi uma das suas melhores frases.

Sugiro a António Costa que pergunte a um patrão sem princípios e a um com princípios se preferiam aumentar os trabalhadores ou aumentar os salários, o primeiro-ministro perceberá melhor o alcance político das suas declarações. A seguir o que vai dizer, que prefere cortar nos vencimentos para aumentar nos médicos e nos bombeiros?

A voz do dono e os eufemismos do DN

Novo artigo em Aventar


por Bruno Santos

Diário de Notícias, 14 de Maio de 2018

O Diário de Notícias, assim como uma grande parte da comunicação social portuguesa, fala em "confrontos" entre palestinianos e o exército israelita. "Confronto" seria se o embate se desse entre dois exércitos, ou entre dois grupos militares com o mesmo poder de fogo. Mas não é disso que se trata. Trata-se de mais um massacre, um acto bárbaro que fecha com chave de ouro o Festival da Canção. O director do Diário de Notíciascostumava ser mais incisivo - e verdadeiro - com as palavras.

Imagem: The Guardian

ASSIM, NEM PEÇAM OPINIÃO

por estatuadesal

(Virgínia da Silva Veiga, 14/05/2018)

virginia

Vamos agora de novo às parcerias público-privadas e, logo, ouvir todos os pontos de vista. Repesquei a entrevista da SIC a Paulo Campos, (Ver aqui ), que não tinha visto e cuja notícia circulou pelo Facebook. Porque sim, para saber mais, por não estar por dentro do assunto a fundo. Acho mesmo que ninguém está.

Queria poder dizer da equidistância dos jornalistas, da acuidade das perguntas e dou connosco – sim, foi connosco – a registar um episódio onde nada é tranquilo e, logo, não se pode pedir ao entrevistado que o esteja. Não houve ali um pedido de esclarecimento sobre o que quer que fosse, onde a tónica se desse à versão do convidado, como se este não tivesse ido ao estúdio para esclarecer uma posição, mas sim para confirmar aspectos da que conhecemos não ser a sua.

“Vamos então esperar pelo resultado do Inquérito” – concluíram em jeito de contraponto.  Os jornalistas têm à sua frente uma pessoa disposta a dar-lhes uma versão directa de factos e, no entanto, toda a preocupação das perguntas é a opinião propalada por outros, particularmente a de quem tem em mãos uma fase acusatória. Impressiona.

Querendo acreditar na seriedade dos profissionais, a pergunta que nos fica é se se terão dado conta de si próprios, e dou comigo a crer que não, que se instalou de tal ordem a filosofia da culpabilidade antecipada que já se não dão conta do que é fazer uma entrevista onde o jornalista não é parte, e menos tem atitudes de opinião preconceituosa.

Ficámos a saber haver um Inquérito a decorrer há anos sem que o visado tivesse ainda sequer sido chamado a depor. Isso em nada espanta, em nada interroga. Importa sublinhar-lhe terem-lhe feito buscas à residência. Os resultados dessa e de outras buscas, que o convidado referiu, isso nem chega a ser assunto.

O pior disto tudo é que a culpa será cada vez mais nossa. A dos que, por igual pré-juízo ou pura inércia, calam o espanto e o medo que assim, paulatinamente, se instala.

Que opinião tenho eu sobre a actuação de Paulo Campos? Como formar alguma? Não lhe ofereceram ambiente, também não o contraditaram, quase não lhe conseguimos ouvir um raciocínio completo e calmo, como pode quem quer que seja ter opinião?

Mas tenho uma, de há muito tempo, sobre outro assunto que paira no cenário envolvente, espelhado nos gráficos que Paulo Campos apresentou, dados ali como certos: boa ou má, desde quando uma decisão política, ainda que seja causadora de prejuízo, pode ser escrutinada pelo Ministério Público e não por todos nós, em eleições livres, quando antecipadamente não haja prova concludente de qualquer crime?

Não me revejo num País onde todos encontram culpados antes de procurar onde possam estar inocentes.