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domingo, 20 de maio de 2018

O país refém de Bruno de Carvalho

por estatuadesal

(Vicente Jorge Silva, in Público, 20/05/2018)

vicente

Hoje, a partir das cinco da tarde, todo o país vai estar de olhos postos no Jamor, não exactamente para ver a final da Taça de Portugal entre o Sporting e o Aves mas para assistir a um novo episódio do folhetim que capturou as atenções gerais e foi tema quase único dos noticiários jornalísticos da semana. Que vai acontecer dentro e fora do relvado? Como vão reagir os jogadores do Sporting, depois dos ataques selváticos de que foram vítimas às mãos de um bando de energúmenos em Alcochete? Qual será o comportamento da assistência, nomeadamente das claques sportinguistas, e como irão actuar as forças de segurança? Qual irá ser a postura do Presidente da República e do primeiro-ministro (sabendo-se que o presidente da Assembleia da República não estará presente)? De qualquer modo, para arrefecer os ânimos, soube-se ontem que o presidente do Sporting desistiu de comparecer, depois de notícias em contrário.

Estas questões não seriam normais num país normal, não tivesse sido ele literalmente capturado por essa personagem improvável chamada Bruno de Carvalho – a que ninguém escapou nos últimos dias, designadamente os comentadores menos versados em matéria futebolística (entre os quais me incluo, apesar da paixão que me persegue desde a infância, nesses anos longínquos em que o futebol não passava de uma actividade de amadores e seria inconcebível a sua transformação numa indústria de milhões, suscitando os comportamentos mais aberrantes). Ora, ao sequestrar todo um país, depois do sequestro da equipa de futebol em Alcochete – do qual é o indiscutível autor moral, por ter criado as condições emocionais e psicológicas para que acontecesse –, Bruno de Carvalho tornou-se a vedeta de um caso em que Portugal, através dos media e das conversas quotidianas, se revê como num espelho.

Aconteça o que acontecer, venha a ser ou não destituído nos próximos dias, o ainda presidente do Sporting pode vangloriar-se de um feito verdadeiramente invulgar e que justificará amplamente a sua megalomania ou, como confessou ao Expresso, a sua estratégia de fazer-se passar por maluco: ele foi (ainda é) o centro das atenções e perplexidades nacionais, esse espelho em que o país foi obrigado a rever-se e questionar-se, incomodado e incrédulo, sobre como foi possível chegar ao ponto a que se chegou. Que uma personagem tão boçal, grotesca e quase inverosímil tenha sido durante tanto tempo adulada, entronizada e legitimada por tanta gente – nomeadamente por pessoas com qualificações muito diversas, desde as áreas económicas até, pasme-se!, à psiquiatria – é um fenómeno que ultrapassa o campo das meras paixões futebolísticas, para se inscrever no universo das dependências ou submissões mais inconfessáveis e da irracionalidade pura e simples. Finalmente, que tenha sido preciso acontecer o que aconteceu em Alcochete para alguma dessa gente acordar subitamente e retirar o apoio a uma personagem a que se atribuíam dons prodigiosos constitui um indicador muito sintomático da cegueira, do sono e da cobardia a que se acomodam as consciências, fugindo a sete pés do desastre anunciado e que elas foram incapazes de prevenir.

Se o futebol se tornou um reflexo das derivas do funcionamento das sociedades, enquanto domínio imune, tantas vezes, à própria legalidade, o caso Bruno de Carvalho fez-nos confrontar, em Portugal, com um fenómeno corrosivo que desejaríamos iludir: o populismo. A partir do momento em que um país ficou refém de tal caso e tal personagem, importa extrair rapidamente as conclusões desse sequestro que, pela sua amplitude mediática e social, ultrapassou claramente as fronteiras futebolísticas.

Não podemos continuar a dormir se não queremos que os Brunos de Carvalho se reproduzam noutras espécies – sociais e políticas – e os bandos de arruaceiros das claques antecipem as brigadas fascistas e nazis de sinistra memória.

Desculpe, senhor juiz, mas ele abriu a carteira e não pude deixar de o assaltar

Novo artigo em Aventar


por j. manuel cordeiro

Enquanto os holofotes mediáticos nos entretêm com o circo, o governo entreteve-se a não zelar pelo interesse nacional.

Entretanto, voltado ao tema do post, Costa, não destoando dos seus antecessores, aposta em resolver os problemas com mais legislação. Sempre fica mais simples dar a entender que a causa do problema é a ausência de legislação do que explicar porque é que a legislação existente não é aplicada.

Teerão diz que, com apoio da União Europeia, exportações de petróleo mantêm-se

20/5/2018, 0:43

O ministro do Petróleo iraniano, Bijan Namdar Zanghaneh, afirmou que as exportações de petróleo vão-se manter estáveis se a União Europeia ajudar o Irão e mantiver em vigor o acordo nuclear.


Quem fez a afirmação foi o ministro do Petróleo iraniano, Bijan Namdar Zanghaneh. Cerca de 20% das exportações de petróleo do Irão têm como destino a UE.

ABEDIN TAHERKENAREH/EPA

Autor
  • Agência Lusa
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O ministro do Petróleo iraniano, Bijan Namdar Zanghaneh, afirmou este sábado que o nível das exportações de petróleo se vai manter estável se a União Europeia (EU) ajudar o Irão e salvar o acordo nuclear. “Creio que se a UE nos ajudar […] o nível das nossas exportações de petróleo não vai mudar”, disse o ministro após uma reunião com o comissário europeu da Energia, Miguel Arias Cañete.

Cerca de 20% das exportações de petróleo do Irão têm como destino a UE e 70% a China e outros países asiáticos. Segundo o ministro iraniano, citado pela agência Irna, Teerão também “negociou” com os seus clientes asiáticos, em particular a China e a Índia, e não recebeu nenhum “sinal negativo” da parte deles.

O Irão produz atualmente 3,8 milhões de barris de petróleo por dia e exporta cerca de 2,6 milhões de barris diários de petróleo bruto e de gás condensado. O comissário explicou por seu lado que o euro tornar-se-á a divisa das transações de petróleo iraniano, realizadas através de transferências entre os bancos centrais europeus e o banco central do Irão.

Miguel Arias Canet é o primeiro responsável ocidental a ser recebido na capital iraniana desde a decisão dos Estados Unidos, anunciada a 8 de maio, de sair do acordo nuclear iraniano alcançado em 2015 e de impor novamente sanções económicas.

O ministro iraniano admitiu que as sanções norte-americanas vão ter “impacto nos investimentos [estrangeiros], reduzindo a taxa de crescimento” da economia.

O comissário europeu afirmou, por seu lado, que a UE está disposta “a intensificar” as trocas comerciais com o Irão e a “tentar neutralizar os efeitos” das sanções norte-americanas que, no caso do setor energético, começam a ser aplicadas em novembro.

O acordo nuclear, assinado em 2015 entre o Irão e o Grupo 5+1, constituído pelos cinco membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU e a Alemanha, prevê limitações ao programa nuclear iraniano em troca do levantamento gradual das sanções internacionais.

Depois da decisão dos Estados Unidos, a Comissão Europeia ativou na sexta-feira o chamado “estatuto de bloqueio”, que liberta as empresas europeias dos “efeitos extra territoriais das sanções dos Estados Unidos”.

A Comissão lançou também o processo formal para permitir ao Banco Europeu de Investimento (BEI) financiar atividades no Irão, o que abre a possibilidade de os países da UE fazerem transferências pontuais para o Banco Central do Irão.

China e EUA renunciam a guerra comercial entre os dois países

20/5/2018, 9:59

O vice-primeiro-ministro chinês, Liu He, anunciou que os dois países chegaram a um consenso e decidiram não aumentar as taxas comercias. Decisão surgiu num encontro bilateral em Washington.

Ana Freitas/LUSA

Autor
  • Agência Lusa
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A China e os Estados Unidos decidiram renunciar a qualquer guerra comercial e à imposição de novas taxas entre os dois países, afirmou este domingo o vice-primeiro-ministro chinês, Liu He, citado pela agência de notícias Xinhua.

“As duas partes chegaram a um consenso, não participarão numa guerra comercial e não aumentarão as respetivas taxas”, adiantou o governante, que liderou a delegação chinesa que se encontrou com o secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Steven Mnuchin, em Washington.

Presidente da República considera “plausível” aprovação do próximo Orçamento do Estado

19/5/2018, 20:39

Marcelo Rebelo de Sousa, considerou que "é plausível" a aprovação do quarto e último Orçamento do Estado do atual Governo.


O Presidente da Republica fez as declarações em Cascais, numa conferência organizada pelo movimento cívico Portugal XXI

ANTÓNIO PEDRO SANTOS/LUSA

Autor
  • Agência Lusa
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O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, considerou este sábado que “é plausível” a aprovação do quarto e último Orçamento do Estado do atual Governo, que permitirá a conclusão da legislatura.

Numa conferência sobre os desafios de Portugal para a próxima década, em Cascais, organizada pelo movimento cívico Portugal XXI, Marcelo Rebelo de Sousa apontou a estabilidade e a durabilidade da atual solução de Governo — apoiado no parlamento por acordos à esquerda — como o primeiro desafio dos últimos dois anos.

“Foi vencida no que respeita à aprovação de três sucessivos Orçamentos do Estado, é plausível que seja vencida com a aprovação do quarto orçamento, assim permitindo chegar ao final da legislatura”, afirmou.

Apontando que dentro de um ano o país iniciará um ciclo eleitoral — com europeias, legislativas e regionais da Madeira -, o chefe de Estado deixou um reparo: “Olhando para a realidade portuguesa, dir-se-ia que a campanha eleitoral já começou. Nada que não tivesse previsto ou temido uns meses atrás”, sublinhou.

Entre os desafios para a próxima legislatura, Marcelo Rebelo de Sousa incluiu os temas sociais, como a saúde e a educação, a coesão territorial e deixou um alerta sobre um eventual processo de regionalização, depois de um acordo entre PS e PSD circunscrito à transferência de competência para os municípios.

“Estamos perante uma primeira fase da descentralização ou municipalização, ficando para a segunda fase a questão da regionalização, questão de experiência feita complexa, pressupõe saber o que se quer regionalizar, como se quer regionalizar (…) os meios alocáveis, o estatuto orgânico e depois o procedimento”, disse.

Neste ponto, o chefe de Estado lembrou que a Constituição “tem um procedimento” — prevê a realização de um referendo — e que “alterar esse procedimento implicaria uma prévia revisão constitucional”.

Na sua intervenção, de cerca de 45 minutos, o Presidente da República revisitou os alertas que tem feito sobre o perigo de aparecimento de populismos em Portugal e alertou que estes vêm muitas vezes de fora da política, numa referência que parece aplicar-se ao momento que se tem vivido em Portugal no desporto e em particular no futebol.

“Virão de fenómenos de insegurança e de medo, virão de sensações de debilidade das instituições, virão de problemas de radicalismo de debate ou de prática em áreas que são socialmente muito relevantes e têm muito peso e que muitas vezes se cruzam com o sistema político”, afirmou, alertando que “é fácil haver uma importação para o sistema político de lideranças populistas e fenómenos xenófobos”.

O chefe de Estado defendeu, neste campo, ser necessária uma atuação rápida e preventiva, para que não se entre “num debate fulanizado, pessoalizado, em que as instituições vão a reboque dessa fulanização”.

“Eu tenho por vezes a sensação de que há alguns sinais disso na sociedade portuguesa, pode ser que esteja enganado, mas foi assim que começou noutras sociedades”, avisou.

Marcelo Rebelo de Sousa fez também questão de incluir nesta reflexão sobre os principais desafios do país a sua leitura dos poderes presidenciais, que defende só poderem variar “no estilo”.

“Não se espere, pois, a mínima abertura a apelos sebastiânicos intoleráveis em democracia, nem a presidencialismos incompatíveis com o sistema vigente”, afirmou, dizendo estranhar que alguns fiquem “irritados” com esta sua visão conservadora e em que não defende qualquer expansão dos poderes presidenciais.

Para Marcelo Rebelo de Sousa, “compete ao Presidente da República não fazer nada que ultrapasse um milímetro que seja as fronteiras constitucionais”, tal como lhe compete “não deixar de fazer nada que dentro dessas fronteiras e até ao limite dessas fronteiras sinta ser seu dever fazer”.

“Quanto ao mais, que é estilo, sabem que prefiro prevenir a remediar, intervir atempadamente a silenciar (…), estabilizar em vez de suscitar crises e assumir a suprema responsabilidade porquanto de extrema gravidade revele impotência reiterada de autoridade do Estado”, disse.