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segunda-feira, 28 de maio de 2018

Chapeau, Ana Gomes!

Novo artigo em Aventar


por Ana Moreno

Já uma vez lhe prestei uma humilde homenagem: Ana Gomes, a corajosa e consequente.

E continua a merecê-la.

Aqui https://observador.pt/2018/05/26/ana-gomes-erramos-deixando-que-o-pantano-atolasse-o-pais/

aqui https://www.publico.pt/2018/05/11/sociedade/noticia/transferencia-para-angola-e-tremenda-demissao-da-justica-portuguesa-1829651

ou aqui https://www.youtube.com/watch?v=QafVCcHF0gg&feature=youtu.be

Ana Gomes é uma voz que dignifica a classe política, enfrentando os dissimulados, seja do seu partido, seja da união europeia.

Sobre a 5a Diretiva Anti Branqueamento de Capitais aprovada no mês passado pelo Parlamento Europeu, Ana Gomes afirma que, embora sendo um passo na direcção certa: "Ficamos aquém de um resultado que poderia ter um impacto global no que respeita à transparência financeira, por responsabilidade do Conselho onde se sentam os nossos governos".

(...) ainda há muito por fazer, - alguns dos "paraísos fiscais" e esquemas desregulados que facilitam o branqueamento de capitais por organizações criminosas, corruptos e corruptores do mundo inteiro estão instalados - e bem instalados na UE, valendo-se do vazio de décadas de desregulação financeira neoliberal. Há muito a fazer, em especial, contra a captura de alguns Estados Membros por interesses sinistros, como os das máfias que controlam o "e-gambling" e investem em criptomoedas".

Ana Gomes é genuinamente íntegra e destemida e, como tal, só pode ser desconfortável para o PS e para o PE. Chapeau, Ana Gomes!

Entre as brumas da memória


Irlanda: uma bela vitória

Posted: 27 May 2018 01:22 PM PDT

«Sim» vence no referendo à despenalização do aborto.

Água mole em pedra dura...
Os direitos humanos acabam por se impor - como aconteceu cá para a IVG e acontecerá noutros domínios: a morte assistida / eutanásia passará, é apenas uma questão de tempo.

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Congresso do PS (5)

Posted: 27 May 2018 08:54 AM PDT

Fernando Medina, em entrevista ao Público, 27.05.2018.
Para bons entendedores…

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Cavaco / Cavalo?

Posted: 27 May 2018 05:23 AM PDT

Honi soit qui mal y pense.
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Cuidado, Trump descobriu o poder do dólar

Posted: 27 May 2018 03:23 AM PDT

Francisco Louçã, n Expresso Economia de 26.05.2018:

«Pela primeira vez desde 2001, no primeiro trimestre de 2018 a conta corrente da China está em défice. Em 2007, logo antes da crise financeira internacional, a China tinha um superavit de 10%; durante as últimas duas décadas, os seus produtos industriais baratos ajudaram a proteger o consumo nas economias mais desenvolvidas e impulsionaram o crescimento da economia mundial (e chinesa). Trata-se de uma situação excecional, em grande medida provocada por uma balança negativa de serviços (pelo aumento do turismo chinês), dado que a China continua a exportar mais mercadorias do que importa. Entretanto, a redução da poupança interna indica como a sua vida social se está a modificar. Xi Jinping está a proteger-se das tensões dentro de portas.

Este não é o único sinal de arrefecimento da economia mundial, que aliás só recuperou lentamente e de forma desigual desde a crise de 2007 e que, no caso da Europa, se prolongou durante oito anos. A China pode vir a crescer só 1% este ano, na Europa prevê-se 1,6%, no Japão antecipa-se nova recessão e nos Estados Unidos, de recuperação mais pujante, a projeção é 2,3%. Sempre menos do que se esperava há meses. São nuvens carregadas no horizonte. Só que nenhuma é mais ameaçadora do que Trump.

Armas apontadas para o Irão…

Macron e Merkel sucederam-se em visitas à Casa Branca, um sedutor e outra oficialista, ambos com igual insucesso. Não conseguiram nada e é mesmo duvidoso que esperassem algum sucesso: ao chegarem a Washington, sabiam que não demoveriam Trump da rutura do acordo com o Irão.

A Administração norte-americana joga no curto prazo: o conflito com o Irão tem vantagens económicas (os EUA são exportadores de petróleo e beneficiam do aumento do preço, pelas receitas e pela viabilização da exploração mais cara do fracking) e tem vantagens políticas (reforça a aliança com Israel e a Arábia Saudita contra o Irão). E tem ainda a vantagem da desvantagem da Europa, importadora de petróleo.

Por isso, a desvinculação do acordo com o Irão coincide com a abertura apressada da embaixada em Jerusalém. Poucos meses antes das eleições intercalares nos EUA, Trump precisa de um sentimento de guerra permanente e foi o que conseguiu. Ora, essa guerra é também uma arma para pressionar a Europa.

… e um míssil contra a Europa

Bolton, o conselheiro de segurança que Trump foi repescar do tempo da invasão do Iraque, já explicitou a ameaça: quem mantiver negócios com o Irão será sancionado. Para algumas grandes empresas, isso é fatal. A Airbus tem em curso a venda de cem aviões comerciais a Teerão e a Total, em parceria com a PetroChina, assinou um grande contrato para a exploração de gás natural. Sofrerão um rombo nas suas contas se abdicarem destes negócios.

Mas irão Macron e Merkel alinhar com a China e a Rússia para manter vivo o acordo com o Irão, que depende de canais de financiamento e de exportações? Para já, fingem que procuram uma solução. Ora, essa alternativa não existe e Macron já o insinuou numa conferência de imprensa, explicando que entende que as empresas francesas se retirem do Irão. A União Europeia (UE) poderia criar legislação para bloquear medidas de sanção contra empresas, ou até retaliar, mas não o fará: como lembra o “Economist”, o total das exportações alemãs para o Irão não ultrapassa as que dirige só para a Carolina do Norte e a UE não pode perder o acesso ao mercado norte-americano.

O meu botão é maior do que o teu

Neste processo, Trump descobriu que o seu maior poder não é só a ameaça política, nem sequer a militar e que o que os aliados e as empresas europeias mais receiam é o fecho do acesso ao sistema financeiro norte-americano. Esse é aliás o problema do Irão, que recuperou em 2016 o acesso ao SWIFT, o sistema de pagamentos bancários internacionais. Vai perdê-lo agora.

O verdadeiro poder está neste botão. Os dois sistemas de pagamentos norte-americanos transacionaram 4,7 biliões de dólares por dia em 2017 e Hong Kong, uma das principais praças asiáticas e a porta da China, só movimentou 0,8% desse valor.

A banca norte-americana é ainda o centro do sistema de pagamentos mundiais, não só porque o dólar é a principal forma de liquidez, mas porque controla os movimentos de capitais. Sem acesso a este sistema de pagamentos, as grandes empresas ficam congeladas. Ou seja, Trump pode fazer fechar qualquer grande empresa mundial. É assim que ele pensa, não como dirigente político, mas como destruidor da concorrência. A América Inc. vem sempre primeiro. O caos é um esplêndido negócio e Wall Street está radiante.»

(Texto tirado daqui)

domingo, 27 de maio de 2018

Os hábitos da servidão

por estatuadesal
(José Pacheco Pereira, in Público, 26/05/2018)
JPP
Pacheco Pereira
A gente habitua-se a tudo e não devia habituar-se. Bem sei que, como no anúncio da CNN sobre os factos (uma maçã) e as falsidades (bananas), há um terceiro elemento que é uma daquelas dentaduras de brinquedo a que se dá corda e passa gloriosa e barulhenta diante da maçã: chama-se “distracção”. Temos demasiadas distracções que fazem uma cortina para nos impedir de ver os factos e, não os vendo, não os escrutinamos, nem os analisamos, nem tiramos consequências. Aqui é um exército de dentaduras a bater os dentes, ou seja, mais do que uma distracção, é uma política.
Esta semana, a Comissão Europeia fez mais uma das suas habituais conferências de imprensa pronunciando-se sobre a governação de Portugal. Insisto na caracterização: pronunciando-se sobre o modo como Portugal é governado, um país soberano, com um governo apoiado numa maioria parlamentar, que deveria responder em primeiro e quase único lugar perante a Assembleia da República e os portugueses.
As coisas já estão tão envoltas em fumo, que nós achamos normal que um político socialista francês, antigo trotsquista, um dos responsáveis pelo afundamento a pique do seu partido, agora investido na burocracia europeia, se pronuncie, com a maior normalidade, sobre o que acha bem ou acha mal no modo como Portugal é governado. Alguém escolheu Moscovici para ministro das Finanças de Portugal, responde acaso perante o nosso Parlamento, vai a votos nas urnas, foi eleito pelos portugueses? Não, não e não, três nãos. E, no entanto, estas perguntas são aquelas que deveríamos fazer, se tivéssemos os olhos abertos.

Algumas breves considerações sobre a despenalização da eutanásia

Novo artigo em Aventar


por António de Almeida

Em primeiro lugar discordo das posições assumidas pelo CDS/PP e PCP, da mesma forma que discordo da posição do BE sobre a votação próxima na Assembleia da República do projecto-Lei que despenaliza a eutanásia. Isto porque os dois primeiros decidiram votar contra, os bloquistas a favor, uns e outros sem concederem liberdade de voto aos seus deputados. Gostaria de ter parlamentares livres, que assumissem as suas posições em vez de acéfalos obedientes ao directório partidário.
Há muita gente que confunde conceitos que vão do testamento vital, ao suicídio medicamente assistido chegando à eutanásia. Vamos por partes, não falamos de eutanásia quando um médico decide colocar um ponto final ao tratamento, por considerar irreversível o estado do doente. Só poderá ser considerada eutanásia quando um doente mentalmente lúcido solicita que lhe seja colocado um ponto final ao sofrimento. Decisão que terá que ser tomada pelo próprio e não pela família, ou qualquer terceira pessoa.

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Bardamerda para o populista

por estatuadesal
(Daniel Oliveira, in Expresso Diário, 25/05/2018)
Daniel
Daniel Oliveira
Durante o PREC e nos anos seguintes, qualquer discordância política, cultural, pessoal ou outra era resolvida com o derradeiro insulto: “fascista”. Ninguém se preocupava muito com o rigor mínimo na utilização do termo, quer fosse na sua definição ideológica mais estrita ou na sua caracterização política mais abrangente. Tudo o que não correspondesse às indiscutíveis verdades daquele tempo entravam nessa enorme gaveta onde cabiam milhões de fascistas.
No inicio deste século, um outro termo passou a definir tudo o que não se conforme com o discurso dominante: “populista”. Ninguém perde muito tempo com o que quer realmente a palavra dizer. Ela tanto pode caracterizar alguém que diz coisas facilmente populares, que proponha coisas que outros considerem impossível de fazer, que seja muito radical, que divida os conflitos entre elite e povo, que acredite na luta de classes, que seja contra a globalização ou contra o projeto europeu ou contra a imigração ou contra o capitalismo financeiro. Tudo cabe nesta enorme caldeirada conceptual que, em vez de ajudar ao debate, apenas o torna mais nebuloso. De tal forma que o termo tem sido usado, em quase todos os textos e declarações públicas de analistas e jornalistas, para caracterizar um dirigente desportivo.