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quinta-feira, 14 de junho de 2018

Portugal, um paraíso para mafiosos e criminosos de colarinho branco

Novo artigo em Aventar


por João Mendes

Fotografia: Paulo Sprangler/Global Imagens@Jornal de Notícias

Em 2014, Duarte Lima foi condenado a 10 anos de prisão, por crimes de burla e de branqueamento de capitais, relacionados com o BPN. Desde então, entre simpáticas prisões domiciliárias, onde pôde alegremente desfrutar dos frutos dos seus crimes, e sucessivos recursos, Duarte Lima continua, na prática, livre como um passarinho. E não é o único ladrão do bloco central nestas condições.

Portugal é um paraíso para criminosos de colarinho branco. Não admira que os vistos gold tenham feito tanto sucesso entre oligarcas chineses e russos, entre outros mafiosos.

António Costa nos EUA: “Somos um país com boas infraestruturas e população jovem fluente em inglês”

Jornal Económico com Lusa

07:48

O primeiro-ministro salientou esta quinta-feira, perante alguns dos maiores investidores mundiais do setor agroalimentar, as potencialidades económicas resultantes do alargamento da área de regadio do país, particularmente do Alqueva, até 2022.

O primeiro-ministro salientou esta quinta-feira, perante alguns dos maiores investidores mundiais do setor agroalimentar, as potencialidades económicas resultantes do alargamento da área de regadio do país, particularmente do Alqueva, até 2022.

“Temos uma elevada área por explorar na zona do Alqueva. Com o novo plano nacional de regadios vamos alargar até 2022, significativamente, as áreas de exploração que podem atrair importantes investimentos no Alqueva, no centro e norte do país”, declarou António Costa.

O líder do executivo falava em Napa Valley, no coração vitivinícola da Califórnia, num jantar com empresários californianos, parte dos quais com origem portuguesa, depois de ter visitado as instalações da Corticeira Amorim – um projeto industrial classificado como o maior investimento nacional nos Estados Unidos.

Neste jantar em Napa Valley – o maior centro de produção de vinho dos Estados Unidos – o primeiro-ministro teve a companhia de empresários e investidores como Rusty Areias, da ‘Califórnia Strategies’, que é neto de portugueses e que é considerado um próspero empresário agrícola.

Na mesa de António Costa sentou-se também Manuel Eduardo Vieira, açoriano, conhecido como o rei da batata-doce e um dos maiores produtores do mundo deste produto.

Esteve também presente Ângelo Garcia, presidente da Lucas Real Estate Holdings, que após ter vendido a ‘Lucas Films’ à Disney, investe agora em propriedades vitivinícolas e no enoturismo, inclusivamente na Europa.

Xavier Unkovic, presidente da ‘Amy’s Kitchen’ – empresa que produz refeições vegan congeladas e que equaciona um investimento total de 60 milhões de euros em Santa Maia da Feira, marcou igualmente presença no evento.

Outra presença em destaque foi a de Bill Duhamel, da ‘Route One Investment Company’, empresa de São Francisco que atualmente tem investimentos no Alvito e em Aljustrel.

Bill Duhamel tenciona abrir uma ou duas unidades de transformação em Évora – um investimento estimado entre 10 e 20 milhões de euros – para produção de amêndoas, tendo em vista exportar para o mercado dos chocolateiros europeus.

António Costa referiu a estes empresários californianos que o investimento direto estrangeiro no regadio nacional está em acelerado crescimento, sendo Portugal atualmente o terceiro maior produtor de concentrado de tomate e o quinto de azeite.

“Somos um país com boas infraestruturas e com uma população jovem fluente em inglês”, advogou, já depois de se ter pronunciado sobre o setor florestal.

“Temos também o grande desafio da reforma da floresta, em relação ao qual precisamos de novos investidores com uma visão empresarial do setor florestal e da sua exploração. O nosso objetivo é apresentar as diferentes oportunidades”, justificou o líder do executivo.

O presidente da AICEP (Agência Externa para o Comercio Externo Português), Luís Castro Henriques, apresentou a ideia segundo a qual o investidor agroalimentar californiano “vai sentir-se em casa” se apostar no Alqueva.

“O Alqueva é o maior lago artificial da Europa com grandes reservas de água. Vão encontrar ali também grandes extensões de terreno”, apontou Luís Castro Henriques.

Na sua breve intervenção, o presidente da AICEP procurou deixar uma mensagem direta aos empresários californianos: “Portugal não é só um mercado de 10 milhões de habitantes, mas é a porta de entrada para o mercado europeu de 500 milhões de consumidores”.

“Temos também relações privilegiadas de cooperação com os países de expressão portuguesa”, completou Luís Castro Henriques.

A fábrica da corticeira Amorim visitada por António Costa está a operar em Napa Valley desde 2012, fornece anualmente cerca de 350 milhões de rolhas ao mercado do vinho norte-americano e está ganhar entre 500 e mil novos clientes ao ano.

O responsável da empresa na unidade de Napa Valley, Christopher Fouquet, transmitiu ao primeiro-ministro que todo o equipamento de máquinas da empresa é produzido em Portugal, parte do qual já faz por laser a impressão das marcas das diferentes companhias nas rolhas.

Durante a visita, António Costa ouviu também que a corticeira Amorim está a avançar para a produção de novas rolhas de abertura fácil, que não precisam de ser retiradas das garrafas por um saca-rolhas. Essas novas rolhas destinam-se preferencialmente ao mercado asiático para facilitar o consumo de vinho.

“Fornecemos a generalidade do mundo com as melhores rolhas de cortiça, sendo que a Amorim é a principal produtora. Num mercado tão importante como o norte-americano, não podia deixar de estar aqui”, justificou o primeiro-ministro aos jornalistas portugueses.

Mas António Costa foi ainda mais longe, considerando que a Amorim “é um excelente exemplo de como as relações económicas portuguesas com os Estados Unidos podem ter dois sentidos”.

“E podem ser também relações económicas onde a indústria agroalimentar tem um papel importante”, completou.

Mundial 2018: Commerzbank diz que no final, ganha a Alemanha. E Portugal fica nos “quartos”

José Varela Rodrigues

10:52

Seleção alemã celebra conquista do Mundial Mundial'2014, no Brasil

O Campeonato do Mundo de 2018, que se realiza na Rússia, começa esta quinta-feira com o jogo inaugural marcado para as 16h00 (hora de Lisboa), no Estádio Luzhniki, em Moscovo. Em antevisão ao Mundial, uma análise estatística do Commerzbank dá a vitória da competição à seleção da Alemanha – de novo -, deixando a equipa das quinas no sexto lugar da tabela de probabilidades do banco alemão.

A seleção portuguesa é a sexta equipa com mais probabilidades de vencer o Campeonato do Mundo de futebol, com uma possibilidade de 6,3%. De acordo com uma análise estatística dos economistas do Commerzbank citada pela “Bloomberg“, no campo das probabilidades, Portugal fica pelos “quartos-de-final”, à frente das seleções de Inglaterra, Colômbia, Bélgica e Rússia, por exemplo.

A congénere alemã é a grande favorita, reunido 18,3% de probabilidades de levantar o troféu do Mundial. Brasil (12,7%) e Espanha (9,6%) são os países com mais hipóteses de vitória a seguir aos germânicos.

A fechar o top cinco das equipas favoritas à vitória estão as formações da Argentina e França, com uma probabilidade de vitória de 7,7% e 7,5%, respetivamente.

Seleção Nacional
Probabilidade de vencer o Mundial (%)
Probabilidades Implícitas (odd’s)

Alemanha
18,3
4-1

Brasil
12,7
7-1

Espanha
9,6
9-1

Argentina
7,7
12-1

França
7,5
12-1

Portugal
6,3
15-1

Inglaterra
6,2
15-1

Colômbia
4,1
23-1

Dinamarca
2,8
34-1

Bélgica
2,8
35-1

Senegal
2,7
36-1

Croácia
2,6
37-1

Rússia
2,6
38-1

(Fonte: Commerzbank)

Ao observar a tabela do Commerzbank, constata-se que para os economistas alemães a seleção do Senegal é a única formação africana com chances de vencer a prova, ainda que os senegaleses reúnam somente uma probabilidade de 2,7%. Mesmo assim a análise do banco alemão dá mais hipóteses de vitória à formação do Senegal do que à congénere russa, que acolhe o Mundial na sua 21.ª edição.

Para chegar a estes números, os economistas do Commerzbank tiveram em consideração o atual ranking de seleções da FIFA (Portugal é quarto classificado), o histórico em campeonatos do mundo das 32 seleções em prova na Rússia (Portugal conta com sete participações e o melhor desempenho foi um terceiro lugar no Inglaterra’1966), incluíndo o número de golos no torneio e trajetória na qualificação.

Com estes cálculos o banco alemão pretende explicar a aleatoriedade inerente ao desporto-rei. E, por isso, realizou dez mil simulações de cada jogo da prova até chegar aos resultados observados na tabela acima.

Luzhniki: Onde tudo começa e acaba

O Estádio Luzhniki, em Moscovo, abre e fecha o Mundial. É neste estádio que se joga o jogo inaugural Rússia-Arábia Saudita, esta quinta-feira, e é nele que será entregue o título de Campeão do Mundo, no dia 15 julho. Mas antes há toda uma cerimónia de abertura com pompa e circunstância para mais uma edição da prova FIFA.

Pelas 15h30, meia hora antes do início da partida inaugural, e perante 80 mil pessoas nas bancadas, o Estádio Luzhniki acolhe um espetáculo coreográfico (500 artistas russos, entre bailarinos e ginastas) de boas-vindas aos participantes e de apresentação do país-sede, a Rússia, ao som do britânico Robbie Williams e da soprano russa Aida Garifullina.

Para apresentar o troféu mais desejado ao mundo subirá ao relvado o “fenómeno” Ronaldo, o ex-jogador brasileiro que venceu os Mundiais de 1994 e 2002 e que foi o escolhido para ser o apresentador da cerimónia de abertura. No final, está previsto fogo de artifício.

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FIFA World Cup

@FIFAWorldCup

The #WorldCup begins THIS WEEK!
To start the week right, we have some news... Thursday's Opening Ceremony will feature @ronaldo, @robbiewilliams and @a_garifullina!
More info https://fifa.to/CSta0vVDEN

07:07 - 11 de jun de 2018

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O Campeonato do Mundo de 2018 decorre em 12 estádios, divididos por 11 cidades – Moscovo, São Petersburgo, Sochi, Ekaterinburgo, Kaliningrado, Saransk, Rostov-on-Don, Volgograd, Samara, Kazan, Nizhny Novgorod. O maior dos 12 estádios é o Luzhniky, em Moscovo, a única cidade com dois estádios a acolher jogos da prova.

Quase todos foram construídos de raíz, à exceção do recinto de Ekaterinburgo e do Luzhniki, embora este tenha sido totalmente remodelado.

Portugal jogo o seu primeiro jogo em Sochi, contra a Espanha. A segunda partida de Cristiano Ronaldo e companhia joga-se em Moscovo, no Luzhniki, com Marrocos, e o terceiro jogo da fase de grupos para a equipa lusa ocorre em Saransk, com o Irão.

Saiba que jogos do Mundial 2018 são transmitidos em Portugal, em canal aberto:

14 junho (Quinta-feira)
Rússia-Arábia Saudita, Grupo A (16h00,  RTP1)

15 junho (Sexta-feira)
Portugal-Espanha, Grupo B (19h00, RTP1)

16 junho (Sábado)
França-Austrália, Grupo C (11h00, RTP1)

Argentina-Islândia, Grupo D (14h00, SIC)

Peru-Dinamarca, Grupo C (17h00, RTP1)

17 junho (Domingo)
Costa Rica-Sérvia, Grupo E (13h00, RTP1)

Alemanha-México, Grupo F (16h00, SIC)

18 junho (Segunda-feira)
Suécia-Coreia do Sul, Grupo F (13h00, RTP1)

Tunísia-Inglaterra, Grupo G (19h00, RTP1)

19 junho (Terça-feira)
Colômbia-Japão, Grupo H (13h00, RTP1)

20 junho (Quarta-feira)
Portugal-Marrocos, Grupo B (13h00, SIC)

Uruguai-Arábia Saudita, Grupo A (16h00, RTP1)

21 junho (Quinta-feira)
Dinamarca-Austrália, Grupo C (13h00, RTP1)

França-Peru, Grupo C (16h00, SIC)

22 junho (Sexta-feira)
Sérvia-Suíça, Grupo E (19h00, RTP1)

23 junho (Sábado)
Alemanha-Suécia, Grupo F (19h00, RTP1)

24 junho (Domingo)
Polónia-Colômbia, Grupo H (19h00, RTP1)

25 junho (Segunda-feira)
Uruguai-Rússia, Grupo A (15h00, SIC)

Irão-Portugal, Grupo B (19h00, RTP1)

26 junho (terça-feira)
Austrália-Peru, Grupo C (15h00, RTP1)

Nigéria-Argentina, Grupo D (19h00, RTP1)

27 junho (Quarta-feira)
Coreia do Sul-Alemanha, Grupo F (15h00, RTP1)

Sérvia-Brasil, Grupo E (19h00, SIC)

28 junho (Quinta-feira)
Japão-Polónia, Grupo H (15h00, RTP1)

Inglaterra-Bélgica, Grupo G (19h00, SIC)

Alcochete. Juiz aponta responsabilidades a Bruno de Carvalho

12/6/2018, 15:13

No despacho que determina a prisão preventiva a mais quatro adeptos do Sporting, o juiz responsabiliza também Bruno de Carvalho por ter potenciado o clima que levou às agressões em Alcochete.

JOÃO PORFÍRIO/OBSERVADOR

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No despacho que determina a prisão preventiva de mais quatro adeptos, no processo relativo às agressões em Alcochete, na Academia do Sporting, o juiz de instrução criminal do Tribunal do Barreiro aponta algumas responsabilidades ao presidente do clube leonino.

No despacho a que a TVI teve acesso, lê-se que “Tais comentários potenciaram um clima de animosidade que já existia entre a ‘Juve Leo’, os jogadores e a equipa técnica face a alguns inêxitos de resultados desportivos”.

O juiz afirma ainda que Fernando Mendes, o ex-líder da Juve Leo, que no processo é identificado como Fernando Barata, tinha incitado à prática de crimes violentos dias antes das agressões na Academia do Sporting.

Juiz fala no despacho num “espírito de terror” orquestrado pelos “presentes arguidos”, e refere-se aos autores das agressões enquanto “soldados”:

Envolvidos neste espírito de terror, os presentes arguidos engendraram o plano que colocou os ‘soldados’ à frente, de cara tapada, ficando atrás, de cara destapada, conferindo os estragos e as vitórias que, pelo menos neste desafio, tiveram”, lê-se no despacho.

O juiz refere ainda que os atos dos arguidos “põem em causa” a prestação da Seleção Nacional no Mundial de 2018, disputado na Rússia, bem como a imagem da equipa a nível internacional.

Os arguidos sabiam que punham em causa a representação de Portugal no mundial de futebol na Rússia, denegrindo a imagem do futebol português perante os organismos internacionais, diminuindo as capacidades física e psíquica dos jogadores e prejudicando gravemente as aspirações de muitos portugueses na vitória da seleção.”

Nuno Torres, adepto do Sporting e condutor do BMW azul, assegura que foi Fernando Mendes quem organizou o ataque aos jogadores. Tanto ele como outro adepto, conhecido pela alcunha “Aleluia”, garantem que o ex-líder da Juve Leo lhes ligou a pedir que o acompanhassem a Alcochete no dia das agressões. Dos último quatro arguidos, apenas um não quis falar com o juiz.

De referir que, ao todo, o juiz decretou a prisão preventiva a 27 arguidos na sequência das agressões a Alcochete, suspeitos dos crimes de sequestro e terrorismo. Ainda assim, o juiz fala em 43 envolvidos.

quarta-feira, 13 de junho de 2018

Entre as brumas da memória


E no fim ganha a China. Alguma dúvida?

Posted: 13 Jun 2018 02:51 PM PDT

The Biggest Winner at the U.S.-North Korea Summit: China.

«Nobody greeted the news from Singapore with more delight than China. For years, Chinese officials have urged Trump to freeze military exercises in South Korea, which Beijing regards as a threatening gesture in its neighborhood. Shortly after the announcement, the Global Times, a nationalist state newspaper in Beijing, hailed Trump’s move in an editorial headlined “End of ‘War Games’ Will Be a Big Step Forward for Peninsula.” Elizabeth Economy, a China specialist at the Council on Foreign Relations, told me, “The Chinese are breathing a deep sigh of relief. They got what they most wanted.” She added, “And, best of all, it came out of President Trump’s mouth. The Chinese didn’t even have to rely on Kim Jong Un to do their bidding.”

Any negotiations in the months and years ahead will be fraught: the United States will need to get Kim to provide a full declaration of North Korea’s nuclear weapons. International inspectors will seek to verify them. Only then can the U.S. begin to imagine dismantling them. But, more immediately, Trump may have also precipitated an outcome that he does not fully grasp: by suspending military exercises, and alluding to removing troops from South Korea, he will stir doubts about the strength of America’s commitment to its allies in Asia, including Japan, Taiwan, and Australia. They will have no choice but to begin to reimagine America’s role in the region, and their relationships to Beijing. From Trump’s perspective, the encounter with Kim was an end in itself. For those who bear the consequences of his words and actions, this is just the beginning.»

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Um Presidente na Feira do Livro

Posted: 13 Jun 2018 12:30 PM PDT

1h40 numa fila para tirar uma selfie com Marcelo.
(Hoje, na Feira do Livro de Lisboa, testemunho de João Gonçalves no Facebook.)
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120 euros / mês para licenciados?

Posted: 13 Jun 2018 11:25 AM PDT

Universidade de Aveiro anuncia estágios com salários de 120 euros para licenciados.

Somos Grandes! Marcelo é capaz de ter razão: «Os Estados Unidos são um grande país, mas Portugal ainda é maior».

P.S. - Entretanto, a UA já alterou o anúncio da oferta de emprego e publicou um esclarecimento.
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Trump. Mais comentários para quê

Posted: 13 Jun 2018 06:15 AM PDT

«Reporters were shown a video ahead of Donald Trump's press conference in Singapore, which the US president said he had played it to Kim Jong-un and his aides toward the end of their talks. It was made by Destiny Productions and was presented in Korean and English in the style of an action movie trailer.»

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As lágrimas amargas de Olajumoke Ajayi

Posted: 13 Jun 2018 03:12 AM PDT

(A DOR DA GENTE NÃO SAI NO JORNAL) - Chico Buarque)

«Começo a escrever quando está o dia a nascer no Mediterrâneo. O meu relógio marca uma hora menos do que registará, caso o tenha, o de Olajumake Adeniran Ajayi, a mulher de 30 anos que, acompanhada do marido e dois filhos está agora a bordo de um dos barcos que nos próximos dias transportará para Valência, em Espanha, 629 refugiados e migrantes. Uma centena destes homens, mulheres, adolescentes e crianças estão no “Aquarius”, a embarcação que os salvou na madrugada de sábado e manhã de domingo. Os restantes seguem em duas embarcações italianas. Começaram por ser rejeitados pela extrema-direita italiana no poder, depois por Malta e de novo por Itália.

Enredada nas suas contradições e na incapacidade de assumir uma política séria e consistente, de modo a dar resposta a estas vagas migratórias, a EU foi salva no último momento da exposição crua da tragédia da sua própria insignificância. Respirou de alívio com a decisão corajosa, arrojada, solidária, e de uma grande dignidade do novo primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, ao evitar o que poderia ser uma catástrofehumanitária.

A congratulação pela lição dada por Sánchez não pode esconder, como escreve o El Mundo, que “as consequências desta decisão são imprevisíveis e seria negligente ignorá-lo. O seu impacto sobre as rotas, as expectativas dos emigrantes, os interesses das máfias e a reação nos países vizinhos é impossível de calcular”.

No Expresso Diário, Ricardo Costa escreve que “A cegueira de Bruxelas deu a maior borla de sempre aos movimentos xenófobos europeus, sobretudo aos que enfrentam rotas migratórias”.

Espanha não pode ficar sozinha no seu altruísmo. Tudo será inútil, caso a EU continue prisioneira dos seus fantasmas e não defina uma estratégia e um acordo a médio e longo prazo entre os países. A pressão migratória vai continuar e aumentar nos próximos anos e décadas, e essa é a “maldição dos ricos”, como escreve no El País o economista Branko Milanovic. África é o continente com a maior expectativa de crescimento demográfico, por isso, não adianta construir muros, como pretende a Hungria, a Eslováquia ou a Itália. Ou fechar os olhos á realidade, como disse Marcelo Rebelo de Sousa em Boston.

Para já ainda há países a aceitarem acolher refugiados e migrantes por questões humanitárias. Mas a tendência é para a introdução de um sistema de pagamento por cabeça. Não é já o que a EU está a fazer com as milionárias transferências de dinheiro para a Turquia? Se agora são um negócio controlado por máfias, os refugiados podem transformar-se num negócio à escala dos países, e com pouca diferença dos sistemas de escravatura.Quais são os limites morais do mercado? Quanto custa um refugiado?

Num mundo em que tudo se liberaliza, em particular o movimento de capitais, é revelador perceber que o único tabu, aquilo que continua a defrontar uma total resistência, é a livre circulação de pessoas.

Assim, e como não é sério passar dias inteiros das semanas todas a debater os delírios do presidente de um clube de futebol e pensar que daí não advêm consequências para a definição da sociedade que somos; como não é possível ficar indiferente ao drama de milhões de pessoas a viverem na pobreza extrema, mas sentem ter à distância de um braço de mar a hipótese de uma vida nova; como a odisseia dos refugiados e migrantes raramente consegue mais que os 15 minutos de fama enunciados por um pintor pop; como a dor da gente nunca vem no jornal, de uma forma consistente e continuada; e quando os holofotes mediáticos estão centrados no campeonato do mundo de egos de dois presidentes perdidos nos seus próprios labirintos, o Curto de hoje só podia ter como tema principal a dor da gente. A dor que conta.»

Valdemar Cruz
Expresso curto, 13.06.2018