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sexta-feira, 15 de junho de 2018

Rocket man and crazy live together in perfect harmony

por estatuadesal

(João Quadros, in Jornal de Negócios, 15/06/2018)

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Donald Trump e Kim Jong-un encontraram-se em Singapura numa cimeira que, para muitos, é o encontro mais importante do século XXI. Eu continuo a preferir o França-Portugal de 2016, mas não vamos por aí.

Foi no luxuoso Capella Hotel, na turística ilha de Sentosa, em Singapura, que os dois líderes, que a maioria das pessoas acha que não jogam com o baralho todo, se reuniram para dialogar, em vez de se encontrarem para uma luta de wrestling, que era o que faria sentido e que todos esperávamos. Era isso ou medir pilas.

Mas a verdade é que fomos surpreendidos: nem Trump fez uma tentativa de apalpar os pequenos seios de Kim, nem o líder norte-coreano tentou envenenar Trump com uma luva transparente contaminada com ébola aquando do aperto de mão. Os dois dos maiores vilões do planeta ficaram muito aquém das expectativas... Talvez eu ande a ver demasiados filmes da Marvel, mas podia ter havido um momento de tentativa de estrangulamento, logo amansado. Um agarrar das partes baixas com um "assobia, assobia!", executado com rapidez por Trump quando Kim estivesse distraído. Nada.

Acho que houve mais "clima" entre Kim e Trump do que no casamento real do Harry e da Meghan. Provavelmente, o presidente dos EUA olhou para Kim, para a barriga, o penteado, a arrogância, a falta de noção de ridículo, e pensou: "este rapaz podia ser meu neto se eu tivesse ido à guerra do Vietname."

Vi em directo o encontro e o que mais me impressionou foi o ruído das máquinas fotográficas, pareciam metralhadoras. E o Kim e o Trump nem pestanejaram, como se estivessem habituados a fuzilamentos ou a massacres em escolas. É preciso ter estofo. Se eu passasse por aquela rajada de fotografias, acordava "banhado em suor e com a sensação física, até de dor, de que estava a levar chapadas".

Também fiquei bastante impressionado com aqueles guarda-costas de fato negro e gravata a correr junto à limusina do presidente da Coreia do Norte. Já me aconteceu aquilo com cachorros. Só falta ladrarem aos pneus.

É impressionante a sincronia daquela gente. Por exemplo, as coreografias da claque da Coreia do Norte, nos Jogos Olímpicos de Inverno, tornaram-se num fenómeno mundial. Já percebi que os norte-coreanos são gente que faz tudo em grupo e com uma sincronia incrível. Deve ser impressionante uma orgia norte-coreana. Deve ser uma espécie de linha de montagem da Mercedes.


TOP 5

KIM E KONG

1. Lançar balões pelo smartphone. A realidade aumentada chegou aos Santos Populares - Por favor, façam isso com os martelos de São João, que aquilo não se aguenta.

2. Em mais de 5700 pedidos de vistos gold, só nove foram para criar emprego - isso é porque não têm em conta o trabalho que deu a corruptos.

3. Fila na Feira do Livro para tirar uma selfie com Marcelo - antes isso do que para autógrafos com o Chagas Freitas.

4. Ricciardi diz que Sporting está em risco de insolvência - e se há alguém habituado a estar envolvido em insolvências é o Ricciardi.

5. Alfama venceu novamente as Marchas Populares de Lisboa - mas a marcha foi traduzida para francês para os moradores de Alfama entenderem.

Marcelo Rebelo de Sousa, o Rato Mickey da Feira do Livro

Novo artigo em Aventar

por João Mendes

Fotografia via SOL

Na Disneyland, as crianças fazem fila para tirar fotografias com o Rato Mickey. Na Feira do Livro, onde escritores a sério são votados ao abandono ou confundidos com os Gustavos Santos e as Margaridas Rebelo Pinto desta vida, fazem-se filas para tirar fotos com Marcelo. O Rato Mickey que se cuide, da próxima vez que Marcelo estiver em Paris.

Casal do ano

Novo artigo em Aventar


por João Mendes

Os pombinhos do momento são Donald Trump, supremo líder dos EUA, e o talentoso Kim Jong-un, o grande patriota norte-coreano.

Ai é isto o liberalismo? Então passo.

Novo artigo em BLASFÉMIAS


por vitorcunha

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Foi sem grande surpresa que se recebeu a notícia de que concorrentes a Miss America deixarão de desfilar em fato de banho. Neste momento, com a competição para determinar o humano mais parvalhão de todos ao rubro, abolir avaliação estética de um concurso de beleza é um passo completamente lógico. O passo seguinte será só permitir concorrentes vestidas de apicultoras. Seria possível argumentar que num concurso de beleza só participam mulheres que desejam ser avaliadas pela sua beleza, mas tal seria desnecessário já que o mundo está na fase de não permitir que alguém possa desejar ser avaliado pelo seu aspecto físico.

Vai daí, está tudo no ponto de caramelo para a formação de “partidos liberais”. São partidos — logo, dispositivos de assalto ao aparelho de estado — que pretendem ser avaliados no concurso de beleza pelas suas ideias para a paz no mundo, não pelo aspecto de socialistas. É bonito, passa bem na manada colectivista que importa filosofias como quem nasceu desterrado, e permite a proliferação do socialismo dos “eu tenho o direito a” com propostas revolucionárias de quem rejeita o passado e pouco se preocupa com repercussões no futuro. Até são desejados, ansiados, fazem falta e sei lá que mais. Estão na moda, como está na moda anunciar ao mundo que sexo com gente do mesmo sexo é que é fixe enquanto se abrem as fronteiras aos que lhes tratarão dos tais vícios burgueses com força de catana.

A imagem do único gay da aldeia não pega. Pegaria a imagem do último homem de família em Sodoma, mas, enfim, tal imagem nunca seria verdadeiramente compreendida no mundo dos concursos de Miss America em fatos de apicultoras. Talvez seja mais fácil para estes abdicarem do liberalismo do que se conformarem às suas novíssimas definições. Não será, assim, de admirar que estes se cristalizem em sal e se pulverizem. Pela minha parte, estou pronto e em paz.

Família portuguesa pobre precisa de 5 gerações até descendentes terem salário médio

Jornal Económico com Lusa

11:59

Os dados são de um relatório da OCDE, que aponta que em Portugal a condição económica transmite-se “fortemente” de geração em geração.

Uma família portuguesa de fracos recursos socioeconómicos pode demorar 125 anos até que os seus descendentes consigam alcançar um salário médio, revela um relatório da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Económico (OCDE) sobre mobilidade social.

O relatório, divulgado esta sexta-feira, 15 de junho, aponta que em Portugal a condição económica transmite-se “fortemente” de geração em geração.

“Tendo em conta a mobilidade de rendimentos de uma geração para a seguinte, bem como o nível de desigualdade salarial em Portugal, pode demorar cinco gerações para que as crianças de uma família na base da distribuição de rendimentos consigam um salário médio”, lê-se na avaliação sobre Portugal.

Os dados da OCDE mostram que em Portugal, 33% das pessoas concordam que a educação dos pais é importante para ser bem-sucedido na vida, uma percentagem ligeiramente inferior à média da OCDE, com 37%, ao mesmo tempo que muitos se revelaram pessimistas sobre as suas hipóteses de melhorarem a sua situação financeira.

“Apenas uma minoria (17%) esperava em 2015 que a sua situação económica melhorasse no ano seguinte e há uma preocupação em relação ao futuro dos descendentes”, diz a OCDE.

A instituição acrescenta que já em 2018 realizou um inquérito, “Riscos que contam”, em que 58% dos pais portugueses colocaram no top três das suas preocupações o risco dos filhos não alcançarem o nível económico e de conforto que eles já têm.

Na comparação com os restantes países analisados (Austrália, Brasil, Chile, Canadá, França, Alemanha, Itália, Japão, Coreia, México, Espanha, Suécia, Reino Unido e Estados Unidos), Portugal surge como aquele onde a “mobilidade medida em termos de educação é menor”.

“Apesar das várias reformas para combater o absentismo escolar e reduzir o abandono escolar precoce, as hipóteses dos mais jovens terem uma carreira de sucesso depende fortemente da sua origem socioeconómica ou do nível de capital humano dos pais”, lê-se no relatório.

A mobilidade social não é distribuída uniformemente ao longo das gerações e em Portugal 24% dos filhos de pais com baixos rendimentos acabam também por ter baixos rendimentos. No lado oposto, 39% das crianças cujos pais têm rendimentos elevados crescem para também elas terem rendimentos elevados.

Por outro lado, relativamente ao tipo de ocupação, 55% das crianças filhas de pais trabalhadores manuais acabam com a mesma ocupação dos pais, contra 37% da média da OCDE. Ao mesmo tempo, os filhos de gestores têm cinco vezes mais probabilidades de serem também gestores.

Olhando para a mobilidade ao longo da vida, o fenómeno em Portugal é igualmente limitado, particularmente na base e no topo, sendo que entre os que estão nos 20% com rendimentos mais baixos há poucas hipóteses de subirem durante quatro anos e 67% acabam por nunca sair.

“No topo, a persistência é ainda maior e 69% dos 20% com rendimentos mais altos ficam lá durante um período de quatro anos”, diz a OCDE.

Para a organização, a falta de mobilidade na base pode estar relacionada com os níveis elevados de desemprego de longa duração e a segmentação do mercado laboral.

A OCDE refere que a falta de mobilidade social não é uma inevitabilidade e que há margem para políticas que aumentem a mobilidade entre gerações e ao longo da vida, deixando três objetivos: apoiar as crianças de meios desfavorecidos, assegurando uma boa educação pré-escolar, combater o desemprego de longa duração e aumentar o nível de qualificações através da educação para adultos.

O relatório pretende mostrar os prejuízos da fraca mobilidade social, em que as pessoas mais pobres, na base da escada remuneratória, têm poucas hipóteses de subir, da mesma maneira que os que estão no topo permanecem lá.

De acordo com a OCDE, isto tem consequências negativas tanto em termos sociais, como económicos e políticos, já que a falta de mobilidade social implica que muitos talentos não estejam a ser aproveitados, o que diminui o potencial crescimento económico, além de reduzir o bem-estar e a coesão social.