Translate

quarta-feira, 27 de junho de 2018

TAMBÉM QUERO UMA BUSCAZINHA

  por estatuadesal

(In Blog O Jumento, 27/06/2018)

tutti1

(Ver notícia aqui).

(Estes tipos da PJ são uns bacanos a dar o nome às operações. Devem ter lá um publicitário falhado que se encarrega das nomeações. Esta do "tutti frutti" não lembraria ao careca. Ao que parece, não se investigam peras, laranjas ou bananas, não, é a fruta toda. Presumo, contudo, que não seja "fruta" à moda do Porto como no caso do Apito Dourado... 

Comentário da Estátua, 27/06/2018)


Eu sei que neste palheiro só há palha, que até já andaram aqui à porta mas não chegaram a entrar, mas começa a ser tempo de virem aqui fazer uma busca, nem que seja só uma buscazinha. É que português que se preze tem de ter no seu currículo uma busca, de preferência conduzida por magistrados do MP e com direito à CMTV à porta de casa. Mas se o MP anda muito ocupado com coisas mais importantes, como as diatribes dos mariolas de Alcochete, então que mande cá o pessoal da PJ, até podem vir os do Porto, para o caso de o pessoal de Lisboa estar a ver o jogo na Fan Zone do terreiro do paço. EM último caso, que mandem um qualquer órgão de polícia criminal, nem que seja o pessoal da guarda da venatória que tem os cavalos em Monsanto. Mas, porra, mandem fazer uma buscazinha para que conste no currículo.

Imaginem o que é ir aos EUA e enfrentar o serviço de estrangeiros do Trump com tamanha falha na base de dados, como é que vamos convencer o xerife de serviço de que somos portugueses importantes e não consta qualquer busca a casa. Um dia destes na minha rua sou o único que não foi alvo de uma tão ilustre visita. Se for em agosto, já com o bronze da Praia dos Três Pauzinhos o mais certo é ficar logo preso por suspeita de terrorismo ou de ser um mexicano a querer emigrar.

O Vieira é alvo de buscas quase todas as semanas, o Bruno de Carvalho até foi para casa esperar a ilustre visita, o Pinto da Costa tem sempre fruta no frigorífico a contar com as visitas, hoje foram as juntas de freguesia de Lisboa, há uns tempos foi o Mário Centeno, não há ninguém neste país que apareça na capa da Gente que não tenha tido a ilustre visita. As buscas já não são uma mera rotina policial, são um direito inalienável do cidadãos e morrer sem ter merecido uma busca é como morrer sem a extrema unção ou, no caso de ser muçulmano, sem ter ido a Meca.

Nós e os refugiados

por estatuadesal

(Marco Capitão Ferreira, in Expresso Diário, 27/06/2018)

capitaoferreira

E o que é que isto tem a ver com Economia, Finanças ou outras das coisas que nos ocupam? Muito, meus amigos. Muito.

Não é que faltem melhores razões, desde logo as humanitárias, as de respeito pela vida humana, as de verdadeira construção de uma sociedade plural. Mas também sobram destas, daqui das mais próximas às matérias económicas.

Ainda há uns dias o INE publicou informação atualizada:

  • Continuamos a perder população. Em 2016 o crescimento efetivo foi negativo de 0,18% mantendo-se a tendência de decréscimo populacional ainda que atenuado face aos últimos anos.
  • O envelhecimento demográfico em Portugal continua a acentuar-se: face a 2016, a população com menos de 15 anos diminuiu, sendo apenas 13,8%, e a população com idade igual ou superior a 65 anos aumentou para mais de 2,2 milhões de pessoas (21,5% da população total) e, dentro destes, quase 300.000 com mais de 85 anos.
  • No futuro, projeta o INE, Portugal perderá população até 2080, passando dos atuais 10,3 milhões para 7,7 milhões de residentes, ficando abaixo dos 10 milhões “já” em 2033. O número de jovens diminuirá de 1,4 para 0,9 milhões e o número de idosos passará de 2,2 para 2,8 milhões. Quem cuidará deles? Não sabemos.

Como não nascem crianças o que atenua o decréscimo é o saldo migratório, e no ano passado ele finalmente inverteu-se, findo que está o ciclo de sangria súbita de jovens a que assistimos nos anos da troika (um crime para o desenvolvimento da Economia no curto prazo, mas especialmente no longo prazo), como ilustra este gráfico, do mesmo documento:

Sem nascimentos suficientes (temos 1,37 filhos por casal, pouco mais de metade do que seria necessário apenas para manter a população) e com uma população que vive cada vez mais, e ainda bem, com a esperança média de vida a superar os 80 anos em Portugal já é anacrónico falarmos de pirâmide demográfica.

Com cada vez mais idosos e menos jovens, não há nenhuma pirâmide. Há um vago e difuso quadrilátero esquinado. Os dados não enganam:

Face a isto tudo, e no que respeita a acolher quem nos procure, a nossa resposta não pode ser só um generoso: sim. Tem de ser um sonoro: obrigado. A não ser que algum de vocês me saiba explicar como se salva a segurança social, se garante a capacidade de a economia produzir riqueza, de haver impostos que financiem o Serviço Nacional de Saúde e a Escola Pública, entre tantas outras politicas públicas.

Um País que perde população é como um corpo que perde músculo. Tudo o que nos ajude a não ir por aí é bem-vindo. E, por uma vez, o que faz sentido económico também é a coisa certa a fazer. Não sei se sabemos lidar com isso.

Haverá limites para Marcelo?

Pedro Ivo Carvalho

Hoje às 01:00

TÓPICOS

ÚLTIMAS DESTE AUTOR

Pode uma imagem definir um homem? E pode uma imagem definir um político? E se esse político for uma projeção constante de imagens, de milhares de fotogramas difusos, em distintos contextos, sem critério de importância, quantidade inesgotável e qualidade ocasional? Até onde vai, ou pode ir, o ascendente mediático de Marcelo Rebelo de Sousa? Haverá limites para a sua ubiquidade? E, acima de tudo, quererá o presidente da República impor travões a si próprio, quando essa convergência com o quotidiano lhe tem granjeado tantos lucros? Como se define, hoje, este homem multiplicado? Já nos habituámos a tudo em Marcelo. Quando ele desmaiou, há dias, num pico de calor, sentimos um aperto no peito como se tivesse sido com um tio ou um primo. Alguém que está ao nosso redor todos os dias. A normalização da sua comparência ajuda a tolerar até as excentricidades. Mesmo quando o presidente da República de Portugal se transforma num comentador dos jogos da seleção no Mundial de futebol. Em direto nas televisões. Meia dúzia de minutos depois da partida terminar. Marcelo alimenta-se dos momentos de união nacional com o mesmo talento com que o faz nas tragédias coletivas. É a bandeira à janela da nação efusiva e o antidepressivo que ameniza os ciclos negros. Os portugueses elegeram um homem que se transformou numa entidade. Mas esse homem-entidade que, há uns meses, numa madrugada fria, se sentou no chão com um sem-abrigo - no que resultou, porventura, na mais poderosa imagem do alcance social da Presidência - não pode querer ser sempre um cidadão comum. Porque não é. A humanização cunhada no cargo é uma virtude que decorre da sua natureza. Só que o exagero que se tornou vulgar elimina as distâncias necessárias. Marcelo precisa todos os dias de Portugal. Não é líquido que Portugal precise todos os dias de Marcelo.

* SUBDIRETOR

Fonte: JN

Migrações: Proposta que vai ao Conselho Europeu “é das coisas mais vergonhosas”

Marisa Matias apelou esta terça-feira à coragem dos governos europeus para vetarem a proposta de criar mais campos de retenção de migrantes nos países às portas da UE.

26 de Junho, 2018 - 23:10h

As políticas migratórias na Europa e nos Estados Unidos foram o tema da sessão pública promovida pelo Bloco de Esquerda, que juntou esta terça-feira em Lisboa as eurodeputadas Marisa Matias e Ana Gomes e o comentador político Pedro Marques Lopes.

A poucos dias da realização da reunião do Conselho Europeu que tem na agenda a revisão da política migratória, com uma propostada Comissão para replicar o modelo dos campos de retenção de migrantes nos países que fazem fronteira com a UE, como já acontece com a Turquia em relação aos refugiados sírios, Marisa Matias afirmou que “a proposta que vai ao Conselho Europeu desta semana é provavelmente das coisas mais vergonhosas” alguma vez ali aprovada. “Espero que haja governos com a coragem de vetar documentos desta natureza”, defendeu Marisa, acrescentando que esse tipo de medidas contribuem para a “normalização de uma visão colonialista do mundo”, com a UE “a ajudar a este recuperação da visão colonial”.

Navio com mais de 200 migrantes continua a aguardar autorização para atracar na Europa

Também Ana Gomes se referiu à proposta da Comissão como “uma maneira de externalizar as nossas responsabilidades”, lembrando que o acordo com a Turquia para receber financiamento em troca de reter migrantes e refugiados “foi imposto por alguns estados membros”.

Marisa Matias sublinhou ainda que “o Egito, Líbia, Argélia, Turquia não são países seguros” para os migrantes que a UE pretende deixar às suas portas nas chamadas “plataformas de desembarque regionais”. O que devia estar em cima da mesa do Conselho, defenderam Marisa e Ana Gomes, era a revisão das regras de asilo do Acordo de Dublin, que já teve luz verde do Parlamento Europeu e continua a ser adiada e bloqueada pelos decisores políticos governamentais.

Para a eurodeputada socialista Ana Gomes, o modelo do acordo da Turquia está a ser seguido pelo governo italiano em relação à Líbia, onde “fabricaram a ficção de que existe uma guarda costeira”. “O que há são milícias que controlam, detêm e torturam os migrantes”, afirmou Ana Gomes, acrescentando que “um terço do rendimento da Líbia vem do tráfico de seres humanos”, alimentado por “máfias do lado de lá e do lado de cá”.

Ricardo Robles, vereador do Bloco de Esquerda na Câmara Municipal de Lisboa, um dos proponentes da moção aprovada.

Câmara de Lisboa aprova voto de repúdio a políticas xenófobas

“É a linha política do grupo de Visegrado que está a dominar as forças da direita europeia”

Estas medidas em debate mostram como o discurso oficial da UE já incorpora as ideias defendidas pelos governos xenófobos. “É a linha política do grupo de Visegrado que está a dominar as forças da direita europeia”, apontou Marisa Matias, alertando que “não há países que estejam imunes à naturalização do racismo e da xenofobia”.

“A Hungria criminalizou há uma semana a ajuda humanitária e não se ouviu uma palavra” dos responsáveis europeus, enquanto “o Partido Popular Europeu convive perfeitamente bem com o partido de Orbán na Hungria”, prosseguiu Marisa, apontando as responsabilidades e sobretudo a “incapacidade das famílias políticas que governaram a europa nesta reconfiguração profunda do espaço político e democrático”.

Marisa Matias contrariou ainda algumas das “mentiras que são reproduzidas diariamente”:  a “mentira da invasão”, quando “já temos fluxos migratórios há muito tempo, e houve a exceção da Síria, que foi o maior êxodo da história da humanidade”; a mentira de que as ONG que salvam migrantes no Mediterrâneo têm ligações às redes criminosas, “quando são as únicas que as combatem”; e a mentira de que é legal cada país limitar a sua participação no acolhimento, uma vez que se trata de uma “violação do direito internacional e dos acordos de proteção da vida humana”.

O colunista e comentador Pedro Marques Lopes também elencou alguns mitos à volta do tema da imigração, defendendo que “os imigrantes não constituem ameaça ao emprego na Europa” e que “o que está a contribuir para a desagregação das nossas sociedades não tem a ver com a imigração, tem a ver com a falta de expectativas”.

Para Pedro Marques Lopes, o centro da questão está “no bloqueio completo do elevador social que temos nas sociedades ocidentais”. “Em particular nos EUA, onde o american dream é a maior treta que alguma vez existiu”, acrescentou, concluindo que “a erguer muros entre nós e esses nossos irmãos concidadãos, não vamos a lado nenhum”.

Fonte: Esquerda.Net

K

Novo artigo em Aventar


por Bruno Santos

No longínquo século XV, uma armada de eunucos liderada por Zhen He abriu caminho pelos vastos oceanos ao que pouco tempo depois viria a ser conhecido como Epopeia dos Descobrimentos. A razão por que era de eunucos essa armada, sendo o próprio Zhen He um eminente castrati, prende-se com estranhas interpretações que os chineses desse tempo faziam sobre a influência hormonal na submissão das pessoas ao poder hierárquico. Presume-se que ao oferecerem a um homem a rara possibilidade de contemplar os seus próprios testículos numa pequena caixa de jade, os chineses se convenceram que o tornariam não apenas mais dócil, como mais inteligente e disciplinado.

Ler mais deste artigo