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terça-feira, 3 de julho de 2018

E quando decide pagar a dívida dos bancos, está a fazer o quê?

Novo artigo em Aventar


por j. manuel cordeiro

António Costa, primeiro-ministro dos banqueiros e das betoneiras:

"É preciso termos em conta que, quando decidimos fazer esta obra, significa que estamos, simultaneamente, a decidir não fazer outra obra", avisou o primeiro-ministro. "Quando estamos a decidir fazer esta obra, estamos a decidir não fazer evoluções nas carreiras ou vencimentos", reconheceu. [António Costa, citado pela TSF, ontem]

Ontem concluiu-se o ciclo de indiferenciação face à PAF e recuou-se, até, à guerrilha baixo-ventre dos tempos de Maria de Lurdes Rodrigues. O "tempo novo" cheira a bafio.

Já sabíamos que não há dinheiro para tudo. Há a banca para pagar e, agora, chegou a vez das construtoras do regime.

Poderíamos pensar que chegámos ao grau zero da política. No entanto, Cavaco Silva, o betonador do país que agora se lembrou que precisamos de mais filhos e de menos estradas, fez questão de ontem nos recordar que nunca dele saímos.

Racismo e Iogurtes

Novo artigo em Aventar


por Bruno Santos

Nunca fiando, não se esqueça de ir ao Continente e de passar pela praia do Meco.

Entre as brumas da memória


Afinal Costa disse mesmo isto assim!

Posted: 02 Jul 2018 02:09 PM PDT

E eu a julgar que tinha ouvido mal…
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Bifes à Madonna

Posted: 02 Jul 2018 12:45 PM PDT

«Perto do Café Império há vários parques de estacionamento.»
Página do Café Império no Facebook
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Dia grande para o México

Posted: 02 Jul 2018 06:28 AM PDT

La victoria de López Obrador lleva al poder a la izquierda en México.

A ler também: Quem é López Obrador, o candidato progressista que lidera as sondagens no México?

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Migrações: a extrema-direita não passará !

Posted: 02 Jul 2018 03:18 AM PDT

«Em 2018, já morreram mais de mil pessoas na travessia do Mediterrâneo. Desde 1993, segundo o jornal The Guardian, 34 mil pessoas morreram a tentar chegar à Europa. No preciso momento em que o Conselho Europeu se reunia, um pequeno barco de borracha com 120 migrantes a bordo, ia ao fundo, matando 100 pessoas. A Organização Internacional das Migrações denunciou que a Argélia tinha expulsado e abandonado no deserto do Sara mais de 13 mil migrantes, muito do quais morreram (e recordemos as recentes revelações de que nos campos de retenção de migrantes na Líbia se pratica a escravatura).

Seria um sonho que os dirigentes europeus se tivessem reunido para criar um sistema que acabasse com a tragédia humanitária, que debelasse a cumplicidade europeia e tomasse medidas contra os Estados que não têm cumprido as decisões europeias em matéria de solidariedade no acolhimento de refugiados, como a Hungria ou a Polónia, que apoiasse os esforços das ONG que salvam vidas em operações de socorro naval no Mediterrâneo. Pelo contrário, porém, a agenda foi marcada pelas exigências da extrema-direita italiana anti-imigrantes e seus aliados da CSU alemã.

As conclusões do Conselho são um plano, condenado ao fracasso, para por termo aos “fluxos migratórios”, abrangendo todas as rotas, “existentes e potenciais”, em cooperação com os "países de origem e de trânsito” – leia-se Líbia, um Estado dominado por milícias armadas, e os do Magrebe, nomeadamente Marrocos – e sobretudo a Turquia. Apela-se aos navios de socorro das ONG para que não criem dificuldades às “operações da guarda-costeira líbia”. O Conselho destaca o reforço dos meios financeiros no domínio da segurança interna, concentrados na protecção das fronteiras.

No que diz respeito à solidariedade entre países europeus, nomeadamente com a Itália e a Grécia, que recebem a maioria dos refugiados, não foi reafirmado o sistema obrigatório de quotas, mas afirmado que a relocalização e reinstalação funcionam “numa base voluntária”. A questão dos controversos centros de retenção, na Europa ou no Sul do Mediterrâneo - já se viu o horror que podem ser na Líbia - ficou aberta à iniciativa dos Estados.

No fim do Conselho Europeu, ouvimos os líderes da extrema-direita, como Viktor Orbán, declararem vitória. E esta é a mais perturbante conclusão que se pode tirar deste Conselho – pela primeira vez, a extrema-direita deixou de ser uma força sem peso real, na defensiva, nas instituições de decisão da União, para ser uma força na ofensiva, capaz de obrigar os outros Estados a responder à sua agenda. A extrema-direita já não é uma força marginal, uma espécie de eterna derrotada à última hora. Ter em Itália um Governo populista, em que o homem forte parece ser o líder da Liga, Matteo Salvini, tornou a extrema-direita incontornável.

Foi Salvini que voltou a colocar as questões dos refugiados e das migrações no centro da política europeia – mesmo quando os fluxos estão em decréscimo, longe do pico de 2015.

Começou por recusar a obrigação de ajuda humanitária do direito do mar, forçando o Aquarius a navegar em mar alto até ser recebido em Espanha. Depois, organizou um encontro com o seu congénere da extrema-direita, o ministro do Interior austríaco, a que se juntou o ministro do Interior alemão, Horst Seehofer, da CSU (que ameaça Merkel, líder do seu governo). Esta coligação reaccionária teve o apoio dos governos da Europa Central, Polónia, Hungria, República Checa e Eslováquia.

A realização do Conselho Europeu é em si mesmo uma vitória para os populistas italianos, mesmo que não tenham conseguido a distribuição pela União dos refugiados que chegam a Itália. Se, no essencial, tudo ficou na mesma, a verdade é que os portos italianos continuam fechados e foram criados obstáculos às acções de salvamento das ONG.

Não nos enganemos, o debate não é sobre imigrantes e refugiados. O que está em causa é a União Europeia, são os direitos fundamentais, é o debate entre uma visão da Europa e do mundo centrada nos valores fundamentais da União e os que defendem o que chamam de democracia iliberal, como Orbán e o seu protector Trump.

A extrema-direita (e a sua xenofobia) pode ser vencida, mas para isso é preciso que os líderes políticos que defendem o estado de direito sejam coerentes na defesa dos seus valores. Macron e Merkel, que procuram organizar a frente antipopulista na União, não têm, hoje, uma posição coerente na questão das migrações.

Os países europeus onde os populistas não estão no poder devem começar por assumir que não são as migrações que favorecem o crescimento da extrema-direita – veja-se a sua força em países com poucos ou nenhuns migrantes, como a Hungria ou a República Checa.

Segundo, que a obsessão com o controlo dos fluxos migratórios está condenada ao fracasso e só serve para alimentar a demagogia da extrema-direita.

Terceiro, que é possível criar vias legais de imigração, correspondendo à efectiva necessidade europeia de migrantes, fruto do envelhecimento da população.

Quarto, e mais difícil, assumir um direito internacional à livre circulação, mesmo que, obviamente, deixando aos Estados capacidades para a limitar, de acordo com as suas prioridades.

Quinto, é necessário reformar os acordos de Dublin e federalizar a política de asilo, criando uma fronteira comum exterior entre os países da União que resistem à extrema-direita.

Acima de tudo, é fundamental abandonar todo o discurso securitário sobre migrações, e optar por uma perspectiva que realce os valores da humanidade comum.»

Álvaro Vasconcelos

segunda-feira, 2 de julho de 2018

MAKE LOVE NOT CIMENTO

  por estatuadesal

(In Blog O Jumento, 02/07/2018)

Cavaco meninos

O Cavaco voltou atrás e renegou a sua política do betão. Agora, fazer muitos meninos é que está a dar.  - Imagem In Blog 77 Colinas

Parece que Cavaco Silva tem de aparecer de vez em quando, deve estar com receio de ser esquecido e de tempos a tempos vai fazendo a sua prova de vida, como se fosse um pensionista a cumprir com as obrigações para com a Segurança Social. O esquema é sempre o mesmo, um grupo de saudosistas organiza uma festarola de homenagem e o pobre senhor lá aparece, discursando virado para as quatro e dez, destilando a sua raiva ao governo que foi forçado a empossar.

Desta vez lá fez o discurso dos incêndios e das responsabilidades ao mais alto nível, só se tendo esquecido de prestar homenagem aos que se suicidaram em Pedrógão. Mas depois de servir o ódio do costume o homem, que sempre foi um governante para quem o ser humano esteve à frente, lembrou-se de falar de um dos problemas mais graves da sociedade portuguesa, o da natalidade.

Foi então que este pobre senhor, lembrado pelo cimento, alcatrão e eucaliptos com que encheu o país, veio explicar aos portugueses que a prioridade não são as autoestradas ou os pavilhões gimnodesportivos, diz ele que a prioridade é ter filhos.

Só não explicou se defende que o dinheiro das obras públicas deve servir para abonos de família ou para mandar os frasquinhos de esperma e pagar ás mães de aluguer americanas, à semelhança do que faz o melhor do mundo.

Com o país mais interessado no regresso dos heróis que só não fizeram melhor porque os uruguaios são uns malandros, enquanto vai percebendo as causas dos resultados  nas Flash Interviews dadas pelo repórter Marcelo, quase ninguém se interessa pelas intervenções do senhor da Quinta da Coelha, que quase já só merece a atenção da CMTV e mesmo assim fora do prime time.

Notas Soltas – junho/2018

  por estatuadesal

(Carlos Esperança, 02/07/2018)

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Carlos Esperança

Itália – A posse do primeiro-ministro de compromisso, inexperiente e com referências académicas falsas, entregou o poder aos dois vice-presidentes, um do partido populista, outro de extrema-direita. Talvez o poder impeça o pior, de que ambos são capazes.

Espanha – Pedro Sánchez tornou-se PM, numa cerimónia presidida pelo rei Felipe VI, e dispensou a Bíblia e o crucifixo, gesto inédito em 40 anos de Estado laico. Foi um ato de respeito pela laicidade, símbolo republicano e democrático.

Brasil – A paralisação do país com veículos pesados, injustamente designada por greve dos camionistas, foi uma provocação dos proprietários que, com descarado impudor, apelaram à restauração da ditadura militar.

Ucrânia – O Estado simula o assassinato de um espião e acusa o suspeito do costume, a Rússia. Esta desmente, a UE solidariza-se contra a Rússia, e o presidente declara que foi genial o embuste. O PR aldrabão é perdoado e a UE engole a humilhação.

Marques Mendes – O Conselheiro de Estado, comentador avençado, faz a síntese entre os interesses do PSD e a vontade de Belém, num equilíbrio difícil em que o adversário, além do Governo, é Rui Rio, detestado por Passos Coelho e sem a simpatia de Marcelo.

Comunicação Social – A comparação do Governo de Espanha com o português, sendo o PSOE muito mais frágil do que o PS, é a esperança da direita portuguesa para, após a eventual queda, se for rápida, criar o alento que lhe falta.

Cimeira de G7 – O homem capaz de destruir o mundo com o dedo no botão nuclear, e não é único, conseguiu arruinar a confiança entre os Estados Unidos e a Europa, quando removeu, com um tweet, o apoio ao acordo final da cimeira de G7, no Canadá.

Paulo Pedroso – O ex-governante e deputado, preso com a TV a filmar a afronta à AR, não foi julgado. Não havia provas. O Tribunal Europeu (TEDH) criticou a decisão do juiz e condenou o Estado Português, mas não há reparação possível para a humilhação.

Lula da Silva – O candidato brasileiro, preso por um juiz militante partidário, impedido de vencer as eleições presidenciais, viu a Justiça vetar-lhe a visita do assessor do Papa, um choque para os defensores dos direitos humanos e religiosos.

EUA – Enganam-se os que pensam que Trump, por insuficiência ética e política, estará condenado a fracassar. Enquanto dominar o meio de pagamento internacional, o US$, e dispuser de hegemonia militar, o mais imbecil PR os EUA, tem as vitórias asseguradas.

União Europeia – A ausência da integração económica, social e política, conduziu-a à irrelevância e abriu caminho ao despertar da extrema-direita, enquanto a tenaz Rússia / EUA a coloca à mercê de forças que querem redesenhar fronteiras e arruinar o euro.

Argentina – O Parlamento aprovou finalmente, por parca maioria, a IVG, depois de as ruas lhe terem conferido ampla aceitação. Falta agora a confirmação do Senado no país que impedia a autodeterminação sexual da mulher e o seu direito à saúde reprodutiva.

Cimeira de Singapura – A reunião de dois líderes que desprezam os direitos humanos, foi um espetáculo sem conteúdo, com Trump a encenar a vitória, a desnuclearização da península coreana a manter-se improvável e a China, ausente, a aguardar dividendos.

Donald Trump – A sedução por Kim é coerente com a que nutre por Putin, Erdogan, Viktor Orbán ou Duterte, e à simpatia revelada por Le Pen e todos os racistas europeus, enquanto hostiliza as democracias da UE e do vizinho Canadá, velhos e fiáveis aliados.

Espanha_2 – O novo governo, com um elenco de maioria feminina e assaz competente, montou a maior operação humanitária de sempre para acolher refugiados rejeitados, e trasladará os ossos de Franco para converter o Vale dos Caídos em museu da memória.

Turquia – O Governo usa as prerrogativas do estado de emergência para encarcerar os opositores, encerrar associações e silenciar a imprensa, na crescente deriva autoritária onde bastam denúncias de vizinhos para conduzir à prisão os adversários de Erdogan.

Imigração – O exemplo mais indigno vem do presidente dos EUA, inculto e amoral, ao separar crianças dos pais, muitas já sem paradeiro conhecido, transformando os infelizes em órfãos da Casa Branca. A vileza e a insensibilidade estão à altura do autor.

Hungria – A criminalização de qualquer ajuda a imigrantes ou refugiados foi a última medida de um governo de extrema-direita, que punirá com prisão a mais leve ajuda de natureza humanista, numa provocação à cultura e civilização europeias.

PSD – O grupo parlamentar, de Relvas, Marco António e Passos Coelho, é oposição ao Governo a reboque do CDS, e a Rui Rio, eleito pelos militantes, por vontade própria. O líder, insuspeito de corrupção, é a ameaça que muitos temem.

Arábia Saudita – A autorização às mulheres para conduzirem automóveis e acederem a estádios de futebol representa um perigo para o Islão. Qualquer dia é interdito lapidá-las ou, simplesmente, chicoteá-las, e os homens serão impedidos de as comprar aos pais.

Javier Solana – O distinto diplomata e político, ex-secretário-geral da Nato (1995/99) e Alto Representante da Política Externa e Segurança da UE (1999/2009) foi impedido de entrar nos EUA, por causa das novas regras de imigração da administração Trump.

Santana Lopes – O ex-PM, que Passos Coelho quis ver na liderança do PSD, pretende fundar um novo partido. O Governo sentirá a falta deles para manter a coesão do apoio parlamentar que o sustenta, de que qualquer deles era uma sólida garantia.

António Vitorino – A eleição do diretor-geral da Organização Internacional para as Migrações, lugar tradicional de um norte-americano é, sobretudo, uma vitória pessoal, mas é também um triunfo do País, da sua diplomacia e do Governo.