Translate

sexta-feira, 13 de julho de 2018

Trump escolhe alto funcionário sem experiência para liderar a NASA

ESPAÇO

HÁ UMA HORA

James Morhard, um alto funcionário do Senado, é um republicano sem qualquer experiência em temas do espaço. Mas vai ser o novo n.º 2 da NASA. Trump escolheu-o para o cargo em vez de um astronauta.

Autor
Mais sobre

Nas últimas semanas, o administrador da NASA, Jim Bridenstine, pediu publicamente à Casa Branca um número dois que tivesse experiência técnica e conhecimento sobre tecnologia espacial. O cargo de vice-administrador da NASA tem a responsabilidade de liderar, planificar e dirigir as operações da agência espacial. Por isso, Bridenstine afirmou que precisa de “alguém que tenha muita experiência em tecnologia espacial. De alguém que saiba gerir grandes organizações.”

Quando fez o pedido, Bridenstine já tinha uma pessoa em mente: Janet Kavandi, um antigo astronauta que foi ao espaço três vezes e lidera o Glenn Research Center. Porém, na quinta-feira, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, enveredou por uma direção completamente diferente e nomeou James Morhard, um alto funcionário do Senado sem qualquer experiência no tema e cujos críticos afirmam que conseguiu o lugar pelas suas ligações política em Washington.

Com 61 anos, Morhard é um alto funcionário do Senado

Phil Larson, um conselheiro em matérias espaciais quando Barack Obama estava na Casa Branca, sublinhou a inexperiência de Morhard: “Bridenstine pediu publicamente alguém com experiência operacional e de investigação. Infelizmente, como muitas decisões na Casa Branca, selecionaram para o cargo um amigo daqueles que estão no poder e que não tem experiência nenhuma”.

Bridenstine, no entanto, declarou estar comprometido com a decisão de Trump: “Esta administração está dedicada a liderar na investigação espacial e estou ansioso por trabalhar com Morhard, quando este for confirmado.”

Desde 2011 que não saiu do solo americano qualquer expedição espacial conduzida por humanos

James Morhard ainda aguarda a confirmação do Congresso para poder começar a desempenhar as funções. Com 61 anos, o alto funcionário do Senado é responsável pela administração tecnológica nos escritórios de 100 senadores. Começou a carreira como contabilista no Pentágono e, em 1983, tornou-se funcionário do ramo legislativo. O maior contacto que teve com a agência espacial foi ter controlado o seu orçamento.

Os ex-colegas de Morhard elogiam-no pela sua experiência. “É um veterano com um vasto conhecimento orçamental no Pentágono e no Capitólio”, explicou Sean O’Keefe, que trabalhou com Morhard no Senado e que, em 2010,  sobreviveu com ele a um acidente de avião. “O mais importante de tudo é a sua integridade, é uma excelente nomeação”.

A administração de Trump tem feito do espaço uma prioridade, renovando o Conselho Nacional do Espaço, chefiado pelo vice-presidente Mike Pence. Desde 2011 que não saiu do solo americano qualquer expedição espacial conduzida por humanos. Facto que o executivo quer mudar com um regresso à Lua.

FIFA aconselha canais de televisão a evitar filmar mulheres “atraentes” nas bancadas

MUNDIAL 2018

13/7/2018, 11:58416

O responsável pelo programa da diversidade do organismo que rege o futebol mundial, Federico Addiechi, afirmou que quer que sejam reduzidas as imagens de mulheres bonitas nas bancadas.

AFP/Getty Images

Autor
Mais sobre

A FIFA revelou, através de Frederico Addiechi, que vai falar com os canais de televisão internacionais para que sejam reduzidas as imagens de mulheres consideradas “atraentes” nas bancadas dos estádios de futebol.

A medida vem na sequência de vários casos de jornalistas assediadas em direto por adeptos de futebol. No decorrer desta edição do Mundial as acusações de sexismo têm atraído atenções contra o organismo que regula o futebol. Até à data, mais de 30 queixas de sexismo foram entregues. Acredita-se, no entanto, que o número real de incidentes é “provavelmente dez vezes isso”.

Falamos de forma individual com todas as operadoras para que deixem de focar nas raparigas que podem ser consideradas atraentes. É trazer uma carga sexista desnecessária ao futebol”, justificou em conversa com os jornalistas o diretor responsável pelo programa de diversidade da FIFA, Frederico Addiechi.

Para além de ter apresentado esta medida, a FIFA prometeu pensar e pôr em prática mais soluções para esta luta contra a desigualdade. A Internet foi, como sempre, rápida a reproduzir opiniões sobre o assunto. No Twitter, começou a discussão.

Uma das críticas que têm sido feitas é o facto de não terem, aparentemente, o mesmo nível de preocupação por outras temáticas, como a corrupção ou o racismo, e o facto de organizarem o evento em países com registos muito duvidosos em termos de direitos humanos.

Houve também quem não concordasse de todo, justificando que as mulheres bonitas também fazem parte do espetáculo.

EUA. 12 espiões russos acusados de piratear campanha de Hillary Clinton

DONALD TRUMP

EM ATUALIZAÇÃO

Os 12 espiões russos terão tido acesso a informações do Partido Democrata e da campanha de Hillary. A acusação surge nas vésperas do encontro entre Donald Trump e Vladimir Putin.

SHAWN THEW/EPA

Autor
Mais sobre

O procurador especial Robert Mueller acusou 12 espiões russos de terem pirateado informaticamente a campanha de Hillary Clinton durante as eleições presidenciais norte-americanas de 2016, avança a Bloomberg News.

Este anúncio surge três dias antes do encontro entre Donald Trump e Vladimir Putin em Helsínquia.

Estes desenvolvimentos podem ser o ponto de partida para um novo caminho na investigação, caso se prove que de facto houve influência russa na eleição de Donald Trump.

Segundo o El País, em causa está o roubo e divulgação de documentos do Partido Democrata e da campanha de Hillary Clinton que seriam usados com a “intenção de interferir” no processo eleitoral que fez de Donald Trump Presidente dos EUA em 2016. O Procurador-Geral adjunto norte-americano, Rod Rosenstein, foi quem divulgou, há poucos instantes, mais pormenores sobre esta reviravolta neste polémico caso.

Os 12 russos foram também acusados de roubar informações pessoais de 500.000 votantes, apesar de ainda não existirem provas de que este esforço dos agentes tenha, de facto, “afetado o resultado” do escrutínio.

No total existem 11 acusações de delitos informáticos e oito de roubo de identidade e lavagem de dinheiro. Os agentes da GRU, a secreta russa, terão criado perfiles de Twitter falsos e utilizaram-nos para entrar em contacto com cidadãos norte-americanos. Rosenstein insistiu em ressalvar que até agora ainda não há provas definitivas de que tenha havido conluio entre cidadãos russos e norte-americanos: “Não há nenhuma prova de que norte-americanos tenha comunicado com russos. Não há nenhum indício de que cidadãos dos EUA tenha cometido um crime”.

Ai Brasil!

Uma segunda opinião

Francisco Seixas Da Costa

Hoje às 00:10

TÓPICOS

ÚLTIMAS DESTE AUTOR

Há dias, em escassas horas, o Brasil assistiu - e eu, que estava por lá, também - a um debate extremado de natureza político-jurídica, envolvendo, uma vez mais, Lula da Silva. Um juiz de turno, numa instância que, horas depois, viria a ser declarada incompetente para tal, tomou a polémica decisão de mandar soltar o antigo presidente. No emaranhado quase incompreensível que hoje constitui o processo judicial brasileiro, sucederam-se ordens e contraordens. As televisões encheram-se de especialistas (como por cá também houve, ao que me disseram, sobre caves tailandesas). Os atores políticos, chamados a pronunciar-se, reagiram da forma expectável, algumas vezes com a ambiguidade de um discurso tático, atentas as eleições que se aproximam. E, sem surpresa, Lula continuou na prisão, onde, aliás, rapidamente teria regressado se acaso tivesse sido solto.

Os amigos de Lula, que entendem que a sua condenação e posterior prisão não passaram de uma orquestrada fraude judicial com objetivos políticos, exultaram, entretanto, com a possibilidade momentaneamente aberta pelo complacente juiz. Os seus detratores, ao invés, crismaram o agente da justiça de todo o arsenal de epítetos injuriosos e, naturalmente, rejubilaram com o desfecho frustrado do episódio.

Nada disto parece hoje estranho, num Brasil que vive um tenso ano político, com eleições no segundo semestre, com um presidente completamente desacreditado, um governo errático que parece seguir um "script" desligado do mundo real, com as mãos atadas por um Congresso (Senado e Câmara de deputados) onde se "costuram alianças" e se fazem "articulações" que espelham já todas as ambições dos protocandidatos. O sistema político mostra-se incapaz de uma autorregeneração, vivendo sob uma patente desconfiança dos cidadãos, que olham com desprezo a continuação dos jogos de distribuição de lugares e verbas orçamentais, imagem de marca da velha e relha política. A máquina judicial, onde, desde há uns anos, passaram a repousar (e ainda repousam) muitas esperanças, surge cada vez mais acusada de instrumentalização, ao serviço das agendas políticas. E nela, cada cidadão brasileiro já elegeu os "bons" e os "maus".

Neste maniqueísmo obsessivo, o Brasil de hoje pensa com o coração e o "nós ou eles" converteu-se na regra de um jogo muito perigoso. Sabe-se como um contexto instalado de desencanto pode ser pasto fácil para populismos. Por mim, não gostaria de ver o Brasil regressar à América Latina, se bem me faço entender.

EMBAIXADOR

De sem abrigo nas ruas de Lisboa para a capa da Vogue Portugal

13/7/2018, 7:43184

Vítor Leitão, engenheiro informático desempregado com quase 60 anos, dormia nas ruas de Lisboa. Agora, é capa da Vogue Portugal depois de um caça talentos o ter encontrado no verão de 2015.

Vítor Leitão (o modelo de barba branca) é engenheiro informático. Ainda procura emprego na sua área, mas tem feito anúncios publicitários

Vogue Portugal

Autor
Mais sobre

“Aproximei-me dele e fiz o discurso da publicidade, fiz o nosso pitch”, conta ao Observador Frederico “Fred” Canto e Castro. Mal sabia o fundador e presidente executivo da Sonder People, uma agência de modelos para “pessoas reais”, que estava a mudar a vida de Vítor Leitão. O engenheiro informático transformado em modelo, não tinha emprego e vivia nas ruas de Lisboa. Agora, foi notícia com a sua história nos principais jornais espanhóis, como o El País, o El Mundo ou o La Vanguardia, depois de aparecer na capa da Vogue Portugal deste mês.

“Tudo aconteceu no verão de 2015, no [centro comercial] Colombo”. Na altura o jovem empreendedor fez o que já fazia para o sucesso do seu negócio, caçou um talento. “Estava bem vestido, como sempre o vi”, conta. Já Vítor, diz Fred, “ficou surpreendido e alinhou”. O empreendedor deu-lhe o cartão de visita e depois apareceu nos estúdios da Sonder People, no Lx Factory. Na altura, não sabiam da “situação especial” da vida de Vítor. Foi o primeiro caso, e até agora único que o empreendedor saiba, de alguém que era sem-abrigo e foi agenciado pela Sonder.

Exatamente por estar numa fase mais complicada na vida, houve um “cuidado” especial e não se cobrou a taxa de inscrição — uma taxa que entretanto acabou — para que Vítor pudesse ser agenciado e se tirasse as fotografias necessárias. Desde 2007, depois de estar a dirigir o departamento de informática da universidade moderna, Vítor estava desempregado, uma situação que o levou a dormir na rua (a universidade fechou definitivamente em 2008, e em 2007 já começava a fechar).

[Uma publicidades em que Vítor Leitão participou — é quem interpreta o barman — da Federação Portuguesa de Futebol]

Tinha pouco mais de 50 anos quando perdeu o emprego na Moderna. Ainda tentou trabalhos em Espanha, África do Sul, Zimbabué, Angola e Moçambique. Contudo, depois de, neste último país, a empresa que o tinha contratado o ter de despedir por o governo moçambicano não pagar, teve de voltar a Portugal, como contou ao El País e ao El Mundo.

A volta não foi fácil. Além de não ter casa por ter deixado de pagar o arredamento do apartamento, o carro foi roubado. “Comecei a licenciar-me nas habilidades das ruas”, contou a vários jornais espanhóis. Dormia na estação do Oriente e, para encontrar dinheiro, ia de manhã às máquinas de bilhetes em busca das moedas perdidas. Além disso, se encontrava bilhetes não validados, vendia-os por metade do preço. Mas o dinheiro que conseguia era pouco. No melhor dos dias, fazia oito euros.

A ajuda surgiu através de instituições como a Comunidade Vida e Paz que o permitia ter uma refeição quente. Depois, a Santa Casa da Misericórdia também foi um apoio. Aceitaram o engenheiro informático num abrigo temporário durante 90 dias e davam-lhe 50 euros mensais para poder procurar trabalho. Às 9 da manhã tinha de sair do abrigo e só podia voltar às 18h30. “Durante essas horas ocupava-me: adquiri um passe de metro por 18 euros [mais barato graças à Santa Casa] e voltei a falar com antigos clientes. As coisas começaram a melhorar”.

Mesmo sem contacto com antigos clientes, continuou o dia a dia. Passeava por estações de metro e comboio, aeroportos e centro comerciais. Um dia estava a ver canetas de tinta permanente: “Gosto muito delas”, contou aos jornais espanhóis. Era o verão de 2015, estava no centro comercial Colombo, em Lisboa e… “O Fred viu-me e perguntou se alguma vez tinha pensado em ser modelo”.

[As três capas da Vogue Portugal deste mês, com Vítor como um dos modelos]

O anúncios passaram a ser mais uma fonte de rendimento. “Fez pelo menos três [campanhas publicitárias], e agora a Vogue”, conta Fred. Mesmo assim, Vítor continua a precisar de procurar sítios onde possa “comer por 1,4 euros”. Já conseguiu arrendar um espaço próprio para viver e vai encontrando alguns trabalhos que pagam apenas 50 euros por semana, mas na sua área ainda nada. “Continuo a responder todos os dias a anúncios. Não serve para nada. Para uma pessoa de 62 anos com 35 de experiência, não há nada. A experiência é um inconveniente.”