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segunda-feira, 16 de julho de 2018

Guerra comercial pode abrandar crescimento mundial para 3,2% em 2020

HÁ 16 MINUTOS

O FMI mantém a previsão de crescimento mundial para este e o próximo ano nos 3,9%, mas alerta que "os riscos de os números se deteriorarem são mais elevados".

JIM LO SCALZO/EPA

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  • Agência Lusa
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O Fundo Monetário Internacional alertou esta segunda-feira que, se a guerra comercial entre os Estados Unidos e os maiores parceiros se concretizar, o crescimento económico mundial pode abrandar 0,5 pontos percentuais em 2020, para 3,2%.

“O risco de escalada nas atuais tensões comerciais, com efeitos adversos na confiança, no preço dos ativos e nos investimentos, é maior risco de curto prazo para o crescimento mundial”, disse o diretor do departamento de pesquisa do FMI, Maury Obstfeld, na apresentação da atualização do relatório sobre as Perspetivas Económicas Mundiais.

Na apresentação do documento, divulgado em Washington, Maury Obstfeld revelou que a projeção atual de 3,7% de crescimento económico mundial em 2020 pode abrandar para 3,2% do PIB, sendo que os Estados Unidos, “sendo o foco de retaliação global, irão encontrar-se numa situação especialmente vulnerável, já que uma percentagem relativamente alta das suas exportações terá tarifas mais altas”.

Na atualização ao relatório de abril, o diretor do departamento de pesquisa do FMI salientou que o Fundo mantém a previsão de crescimento mundial para este e o próximo ano nos 3,9%, mas alerta que “os riscos de os números se deteriorarem são mais elevados, mesmo a curto prazo”, muito por culpa da política comercial norte-americana, apontam.

“Evitar medidas protecionistas e encontrar uma solução de cooperação que promova o crescimento continuado nas trocas de bens e serviços continua a ser essencial para preservar a expansão global”, lê-se no relatório, que acrescenta que “as políticas e as reformas devem ter como objetivo sustentar a atividade, aumentar o crescimento de médio prazo e melhorar a inclusão”.

No entanto, concluem, “com uma reduzida margem e com os riscos a aumentarem, muitos países devem, por isso, construir folgas orçamentais para criarem espaço político para a próxima curva descendente do ciclo e fortalecer a resiliência financeira a um ambiente que pode ser marcado por uma maior volatilidade dos mercados”.

Para a zona euro, o FMI reviu em baixa a previsão de crescimento em 0,2 pontos para este ano e 0,1 pontos para 2019, antecipando agora um crescimento de 2,2% em 2018 e 1,9% no próximo ano.

“As previsões para o crescimento de 2018 foram revistas em baixa para a Alemanha e para a França no seguimento de um abrandamento da atividade económica maior do que o esperado face ao primeiro trimestre, e na Itália os juros da dívida soberana maiores e as condições financeiras mais apertadas no seguimento da incerteza política recente devem ter consequências para a procura interna”, aponta o FMI.

Trump aperta a mão a Putin antecipando “relação extraordinária”

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Donald Trump e Vladimir Putin já estão reunidos em Helsínquia. No tradicional aperto de mão antes do encontro, Trump fala do amigo em comum, Xi Jinping, e espera uma "relação extraordinária".

AFP/Getty Images

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Donald Trump e Vladimir Putin já estão reunidos em Helsínquia, na Finlândia, para uma cimeira que foi despromovida a reunião ainda antes de começar. Trump disse a Putin ainda antes do encontro a sós começar que antecipa uma “relação extraordinária” entre os dois países, algo que diz que é uma coisa boa.

Ao seu estilo, o presidente dos Estados Unidos defendeu uma boa relação com a Rússia e falou do amigo em comum que tem com Vladimir Putin, o presidente da China Xi Jinping, no primeiro aperto de mão para as câmaras.

Penso que temos grandes oportunidades como dois países que, francamente, não se têm dado muito bem nos últimos anos. Não estou aqui há muito tempo, está a chegar aos dois anos, mas penso que acabaremos por estabelecer uma relação extraordinária”, disse Donald Trump com Vladimir Putin a seu lado.

A cimeira, que nas palavras do conselheiro para a Segurança Nacional John Bolton é mais um encontro que uma cimeira, irá discutir temas desde o comércio, a operações militares, misseis, armamento nuclear e a China. Estes foram, pelo menos, os temas avançados por Donald Trump.

O encontro entre os dois líderes não teve a preparação habitual que uma reunião deste nível costuma envolver. Por regra, antes de os dois presidentes se encontrarem, as suas equipas de diplomatas e conselheiros mais próximos passam meses a preparar a agenda, os temas que podem chegar a acordo e até um comunicado final, que pode sofrer alterações mediante os resultados dos encontros, mas que por regra não sofrem mudanças de fundo.

No entanto, tal como já tinha acontecido no encontro com Kim Jong-un, Donald Trump voltou a ignorar o protocolo e tem uma reunião a sós com o presidente russo preparado com pouco tempo de antecedência e que contou com pouco mais que uma ida a Moscovo do seu conselheiro para a Segurança Nacional, John Bolton. Depois do encontro a sós, há um almoço de trabalho com as equipas de ambos, tal como aconteceu no encontro em Singapura com o líder da Coreia do Norte.

De fora da lista dos temas que serão abordados parecem estar temas mais polémicos como a investigação que está a ser levada a cabo por Robert Mueller nos Estados Unidos à interferência russa nas eleições norte-americanas, e que ainda na sexta-feira produziu uma acusação a 12 membros dos serviços de informações russos por interferência nas eleições tendo em vista a disrupção do processo eleitoral para semear o caos e a desordem, e beneficiar a campanha de Donald Trump.

Vladimir Putin também falou, mas em russo e com tradução simultânea, mas as suas declarações não foram imediatamente audíveis.

Na tradução oficial divulgada entretanto, Putin terá revelado que tem estado em contacto regular — por telefone — com Donald Trump, mas que chegou a altura de terem “uma conversa de negócios porque há muito a acontecer no mundo de que temos de falar”.

Putin falou primeiro e foi mais poupado nas palavras que Donald Trump. O presidente dos EUA congratulou ainda Vladimir Putin pela organização do Mundial de Futebol que terminou este domingo e pelo desempenho da seleção russa no torneio, que chegou aos quartos-de-final da competição, depois de eliminar a Espanha nos oitavos-de-final.

Deus nos proteja da violência da extrema-esquerda

Novo artigo em Aventar


por João Mendes

Lembram-se daquela vez em que a PJ organizou uma megaoperação e deteve dezenas de motociclistas violentos de extrema-esquerda, acusados de associação criminosa, tentativa de homicídio, roubo, ofensa à integridade física e tráfico de droga?

Claro que não lembram, porque isso nunca aconteceu. Porque, neste país, a verdadeira esquerda só é violenta ou potencialmente perigosa nos folhetins de propaganda da direita dita moderada, que volta e meia gosta de romantizar Mários Machados na Fox News cá do sítio.

Pornoriquismo

ladroes de bicicletas

Posted: 15 Jul 2018 04:15 PM PDT

Há um novo estilo emergente de reportagens dedicadas ao pornoriquismo dos novos donos estrangeiros, ou como se o fossem, disto tudo. O pornoriquismo é a nova fase do consumo conspícuo num tempo de capitalismo com desigualdades pornográficas.
Atente-se na capa da última revista do Expresso: “Jantares de 550 euros por pessoa, relógios que custam mais de 20 mil euros, casas alugadas por 1750 euros ao dia. Este é o mapa de um país que está a aprender com os estrangeiros a amar o luxo”.
Um país, realmente. E não se esqueçam de repetir com o Primeiro-Ministro: não há dinheiro.
A reportagem – Portugal, império do luxo –, da autoria de Catarina Nunes, termina com uma pergunta que é todo um programa: “Será que entre a sofisticação de Lisboa e a autenticidade da província, Portugal é o barómetro mundial do novo luxo?”. Será?
E pelo meio temos pérolas de classe como esta:
“Esta cidade da vida de muitos estrangeiros, fervilha alheia à gentrificação, ao desalojamento dos lisboetas e aos preços exorbitantes do imobiliário. Miguel Guedes de Sousa concorda que a capital não pode perder a vivência genuína que cativa os estrangeiros, mas ‘não podemos ter pessoas de classe média ou média baixa a morar em prédios classificados’. A Solução para o CEO da Amorim Luxury passa por a Câmara Municipal de Lisboa arranjar alternativas.”
Nesta altura, lembrei-me de Warren Buffet – “a luta de classes existe e a minha classe está a ganhá-la”.
Guedes de Sousa, como nos informa a reportagem, é casado com Paula Amorim. E daí a Amorim Luxury. Paula Amorim é uma das herdeiras da maior fortuna nacional. Como todas as grandes fortunas, esta foi construída com recursos a expedientes duvidosos. Não é só a fase de acumulação original que os tem. Duvidoso é também, como indica o insuspeito Thomas Piketty, este capitalismo cada vez mais de herdeiros. Guedes de Sousa tem o mérito de resumir numa frase, para a questão da habitação, a que condensa todas as contradições de classe, a arrogância do dinheiro quando está concentrado em poucas mãos, quando não tem qualquer medo, nem freios e contrapesos políticos à altura.
Eu bem sei que é fácil uma pessoa deixar-se dominar pelo desespero perante este império do capital. Mas é preciso nunca perder a esperança. As coisas já foram diferentes e podem voltar a sê-lo. Não estamos condenados ao pornoriquismo e ao capitalismo que lhe subjaz. Não podemos estar.

Da política-espectáculo

  por estatuadesal

(Joseph Praetorius, 14/07/2018)

prae2

Joseph Praetorius

A mimetização da política-espectáculo pelo descerebrado funcionalismo, resulta nisto - entre outras grotescas desgraças - de haver uma polícia-espectáculo, uma procuradoria-espectáculo e tribunais-espectáculo.

Relembro o confinamento de 200 manifestantes perto das Amoreiras em Lisboa (improviso de campo de concentração, digno da Grécia dos coronéis), bem apoiado pelo falido Expresso - outro boletim da polícia - a noticiar, em grande excitação, o "desenrolar" da "operação" contra um bloqueio da ponte que nunca houve (ninguém consegue bloquear a ponte de Lisboa diante das Amoreiras, evidentemente).

Deixo-vos o link, para recordarem a coisa ( Ver)

A isto, se bem se lembram, respondeu a "Ordem dos Advogados-espectáculo" onde o candidato anti-Elina Fraga se exibiu na assistência às vítimas da arbitrariedade (como se a arbitrariedade alguma vez o tivesse incomodado, ou tivesse voltado a incomodá-lo depois disso).

Fica o link, também. ( Ver )

Tais incómodos foram pura diversão malsã da polícia. Aquilo foi tudo arquivado. Sem excepções.

E agora são os Hell Angels. "Longa maratona para identificar(...)". Tudo maluco, evidentemente. Como é possível uma "longa maratona para identificar"? Só aqui, realmente. Até parece que "identificar" é tarefa complicada. "Especializada". Um "grande esforço administrativo". Os documentos estão em alfabeto georgiano? Vieram com documentos redigidos em Mandarim? Os detidos só falam Urdu? E os boletins da polícia mimetizam o "frisson". Grande excitação. "Grande maratona". Bandos sem fim de imbecis sem conto.

Mas muitíssimo perigosos. Não apenas pelos poderes funcionais de que dispõem. Não só porque as suas confabulações ecoam sem limites. Mas também porque, justamente, se trata da exibição muito colorida de bandos de imbecis. Convém não esquecer o bom velho Platão. A estupidez é homicida. (Nada há mais pacificamente demonstrado). Nenhum delinquente é risco maior do que uma tal polícia.

Admito sem dificuldade que os hell angels possam ter feito alguma asneira. Só que a polícia, pela imagem que de si própria faz difundir, só faz asneiras, por ser isso quanto resulta (sem apelo ou agravo possível) das imagens difundidas.

Uma vez perguntei por escrito ao director nacional da PSP se dirigia um serviço nacional de segurança, ou aprendizas de cabeleireiro sobre-excitadas. Os disparates ali em causa pararam. Está na altura de alguém repetir a pergunta, dir-se-ia. (Ver)

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