De Joao Duarte Ferreira • Últimas notícias: 26/06/2020 - 17:36
Direitos de autor Emilio Morenatti/AP2020
Desde o início da crise do Covid-19 que persistem receios quanto a uma segunda vaga que poderá ocorrer no outono. A julgar pelos últimos desenvolvimentos, tudo indica que é o que está a acontecer agora na Europa.
O alívio das restrições, a reabertura das escolas e restaurantes e o início do verão criaram uma ideia de normalidade que pode ser traiçoeira.
Na Alemanha, as autoridades impuseram um novo recolhimento em algumas regiões, na sequência de um número elevado de infeções ocorridas numa fábrica de produtos de carne.
Na Bélgica, o primeiro-ministro alertou para o aumento dos casos, e em Portugal receia-se que na região de Lisboa e Vale do Tejo, a segunda vaga já chegou.
Segundo a OMS, a situação a nível mundial também é deprimente.
"Nas primeiras semanas deste surto, a OMS identificou 10 mil casos de Covid-19. Nos últimos meses foram identificados quase 4 milhões de casos. Prevemos alcançar 10 milhões na próxima semana", afirma Tedros Adhanom Ghebreyesus, diretor-geral da OMS.
Entretanto, continuamos a ver os esforços no sentido de conciliar as diferenças sobre o muito antecipado Fundo Europeu de Recuperação.
O presidente francês deslocou-se a Haia nos Países Baixos, o país no centro das divergências quanto a este fundo.
O objetivo é encontrar um compromisso antes da próxima cimeira da UE depois da última videoconferência ter terminado sem uma decisão.
Tudo sugere que os encontros virtuais estão longe de produzir os resultados desejados.
Esta semana, UE levou a cabo a primeira tele-cimeira com a China desde o início da pandemia.
O encontro revelou muitas tensões e diferenças entre os dois blocos.
Quanto a Hong Kong e à ameaça colocada pela nova lei de segurança, os líderes europeus foram bastante críticos.
A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, deixou clara a posição europeia. "A lei de segurança nacional interfere com o princípio "um país, dois sistemas" e com o elevado grau de autonomia que Hong Kong goza neste momento. Também transmitimos que a China arrisca consequências muito negativas se avançar com a imposição esta lei", afirmou durante o encontro.
Todos estes problemas, da pandemia à recuperação económica, das relações com a China, ao Brexit e as mudanças climáticas, tudo isto irá em breve parar ao prato de Angela Merkel.
No dia 1 de julho, a Alemanha assume a presidência da UE e as expetativas são elevadas relativamente ao que Merkel possa fazer para resolver os problemas.
A euronews convidou Constanze Stelzenmüller, membro destacado do Instituto Brookings em Washington.
Stefan Grobe, euronews: Comecemos pelas expetativas elevadas da presidência alemã, qual será o maior desafio para Angela Merkel?
C. Stelzenmüller, Brookings: "O desafio mais imediato, convém não esquecer, é convencer os chamados países frugais que devem aceitar o seu plano e do presidente Macron para a recuperação europeia, o que inclui a emissão de obrigações europeias".
Stefan Grobe, euronews: Trata-se da segunda presidência do conselho para Angela Merkel depois de 2007, onde desempenhou um papel central nas negociações do Tratado de Lisboa. Será que pode voltar a ser, digamos, a salvadora da Europa ou um alvo fácil de abater dado que já anunciou o seu afastamento para o próximo ano?
C. Stelzenmüller, Brookings: "A questão de ser um alvo fácil foi afastada devido à gestão da pandemia onde, de notar, as taxas de aprovação subiram em flecha. Ela é a figura política mais popular na Alemanha. Será que vai salvar a Europa? Diria que a sua experiência, o seu conhecimento sobre os outros líderes europeus e penso que a empatia que sente relativamente aos países mais pequenos e da Europa de Leste é um pré-requisito importante para se alançar um consenso".
Stefan Grobe, euronews: Há quem diga que o seu maior feito é a aceitação por parte da Alemanha da emissão de dívida europeia comum, uma inversão histórica. Concorda?
C. Stelzenmüller, Brookings: "Sim, não se trata de um momento histórico como alguns lhe chamaram porque não se estão a dar poderes fiscais à União Europeia, a UE não vai poder emitir obrigações regulares no futuro. Mas para os conservadores alemães, liderados por Merkel, isto é um marco histórico e só por si, vale muito. Em particular, relativamente aos quatro países ditos frugais".
Stefan Grobe, euronews: Já mencionei a saída de cena de Merkel no próximo ano. Alguns observadores expressaram dúvidas. Quem será o próximo chanceler alemão no final do próximo ano?
C. Stelzenmüller, Brookings: "Só tenho uma certeza. Não vai ser Angela Merkel. Acho que ela precisa de um merecido descanso".
A Alemanha é conhecida por muitas coisas como por exemplo a longevidade dos chanceleres e a emoção que o festival da eurovisão desperta.
Trata-se de algo notável pois os artistas alemães costumam acabar nos últimos lugares.
Este ano a pandemia evitou mais um embaraço nacional pois o festival foi cancelado.
Mas o festival da Eurovisão é tão icónico que o gigante norte-americano do "streaming" acaba de lançar uma comédia dedicada a este evento.
Chama-se "A História dos Fire Saga" que representam a Islândia com o tema "Volcano Man". Definitivamente a não perder.