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sábado, 27 de junho de 2020

Passo atrás, multa à frente

Posted: 26 Jun 2020 03:21 AM PDT

«O pequeno passo atrás dado agora com o dever cívico de recolhimento domiciliário em 19 freguesias de Lisboa não é só fruto de descuido ou falta de civismo. É também resultado de contradições e dualidade de critérios políticos e sanitários.

Será que muscular as leis e as forças de segurança trava o ressurgimento de casos de covid, em Portugal ou em qualquer outro país? A ver vamos. Certo é o ruído político e a conflitualidade, também legislativa, que as medidas vão provocar.

As multas para travar os ajuntamentos de pessoas além do limite permitido atribuem, implicitamente, aos jovens a culpa pelos novos surtos. Apontar o dedo aos mais novos, fechar estabelecimentos comerciais mais cedo ou acabar com a venda de bebidas alcoólicas nas lojas de conveniência até pode refrear os profissionais dos comentários. Mas não resolve o problema. Este ainda persiste nos transportes públicos e nas habitações sobrelotadas e naqueles que nunca puderam, nem vão poder, ficar em teletrabalho.

O reforço de 90% nos autocarros da Grande Lisboa a partir de segunda-feira, anunciado ontem, foi tardio. Assim como o programa para melhorar as condições de sanidade dos bairros. Como é discutível que os bares sejam um problema e não uma solução e ainda estejam de portas fechadas, mesmo depois de terem apresentado ao Governo um guia de boas práticas.

E é ainda necessário que as mensagens cheguem aos destinatários. Que sejam claras, oportunas e coerentes. Se os mais velhos já tiveram momentos em que não percebiam exatamente o que lhes era transmitido (ora a máscara não é necessária, ora já é, ora até é imprescindível), os mais novos também ficaram confusos com as variáveis do desconfinamento. O esforço para entender como eles percebem e vivem o momento atual também não foi grande.

Aliás, o caricato post (para não o batizar de centralista ou dar-lhe outra classificação) da Direção-Geral da Saúde no Facebook com algumas recomendações para o São João, já depois da noite do santo popular ter acontecido, é revelador de uma comunicação nem sempre assertiva.»

Manuel Molinos

O verão do nosso (des)confinamento

Curto

Marco Grieco

Marco Grieco

Diretor de Arte

27 JUNHO 2020

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Bom dia, caro leitor/utilizador/espetador/amigo.
Mais um sábado, mais um Expresso nas bancas. O primeiro já dentro do verão, a estação mais aguardada por todos nós, todos os anos.
Nesse 2020 tão “fora da caixa”, onde andamos tão dentro de casa, fique a saber tudo sobre as novas velhas medidas lançadas para tentar travar os números e ganhar essa já longa guerra contra o contágio.
E, se não puder – ou não quiser arriscar – ir gozar férias pelo mundo, vá para fora cá dentro. O Expresso ajuda-o nesta edição com o primeiro de cinco guias “Viver Portugal”, com o melhor dos nossos Alentejo e Algarve.
Nem tudo está perdido. Seguimos na luta.

sexta-feira, 26 de junho de 2020

“Estado da União”: Segunda vaga e presidência alemã da UE


De  Joao Duarte Ferreira  •  Últimas notícias: 26/06/2020 - 17:36

"Estado da União": Segunda vaga e presidência alemã da UE

Direitos de autor Emilio Morenatti/AP2020

Desde o início da crise do Covid-19 que persistem receios quanto a uma segunda vaga que poderá ocorrer no outono. A julgar pelos últimos desenvolvimentos, tudo indica que é o que está a acontecer agora na Europa.

O alívio das restrições, a reabertura das escolas e restaurantes e o início do verão criaram uma ideia de normalidade que pode ser traiçoeira.

Na Alemanha, as autoridades impuseram um novo recolhimento em algumas regiões, na sequência de um número elevado de infeções ocorridas numa fábrica de produtos de carne.

Na Bélgica, o primeiro-ministro alertou para o aumento dos casos, e em Portugal receia-se que na região de Lisboa e Vale do Tejo, a segunda vaga já chegou.

Segundo a OMS, a situação a nível mundial também é deprimente.

"Nas primeiras semanas deste surto, a OMS identificou 10 mil casos de Covid-19. Nos últimos meses foram identificados quase 4 milhões de casos. Prevemos alcançar 10 milhões na próxima semana", afirma Tedros Adhanom Ghebreyesus, diretor-geral da OMS.

Entretanto, continuamos a ver os esforços no sentido de conciliar as diferenças sobre o muito antecipado Fundo Europeu de Recuperação.

O presidente francês deslocou-se a Haia nos Países Baixos, o país no centro das divergências quanto a este fundo.

O objetivo é encontrar um compromisso antes da próxima cimeira da UE depois da última videoconferência ter terminado sem uma decisão.

Tudo sugere que os encontros virtuais estão longe de produzir os resultados desejados.

Esta semana, UE levou a cabo a primeira tele-cimeira com a China desde o início da pandemia.

O encontro revelou muitas tensões e diferenças entre os dois blocos.

Quanto a Hong Kong e à ameaça colocada pela nova lei de segurança, os líderes europeus foram bastante críticos.

A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, deixou clara a posição europeia. "A lei de segurança nacional interfere com o princípio "um país, dois sistemas" e com o elevado grau de autonomia que Hong Kong goza neste momento. Também transmitimos que a China arrisca consequências muito negativas se avançar com a imposição esta lei", afirmou durante o encontro.

Todos estes problemas, da pandemia à recuperação económica, das relações com a China, ao Brexit e as mudanças climáticas, tudo isto irá em breve parar ao prato de Angela Merkel.

No dia 1 de julho, a Alemanha assume a presidência da UE e as expetativas são elevadas relativamente ao que Merkel possa fazer para resolver os problemas.

A euronews convidou Constanze Stelzenmüller, membro destacado do Instituto Brookings em Washington.

Stefan Grobe, euronews: Comecemos pelas expetativas elevadas da presidência alemã, qual será o maior desafio para Angela Merkel?

C. Stelzenmüller, Brookings: "O desafio mais imediato, convém não esquecer, é convencer os chamados países frugais que devem aceitar o seu plano e do presidente Macron para a recuperação europeia, o que inclui a emissão de obrigações europeias".

Stefan Grobe, euronews: Trata-se da segunda presidência do conselho para Angela Merkel depois de 2007, onde desempenhou um papel central nas negociações do Tratado de Lisboa. Será que pode voltar a ser, digamos, a salvadora da Europa ou um alvo fácil de abater dado que já anunciou o seu afastamento para o próximo ano?

C. Stelzenmüller, Brookings: "A questão de ser um alvo fácil foi afastada devido à gestão da pandemia onde, de notar, as taxas de aprovação subiram em flecha. Ela é a figura política mais popular na Alemanha. Será que vai salvar a Europa? Diria que a sua experiência, o seu conhecimento sobre os outros líderes europeus e penso que a empatia que sente relativamente aos países mais pequenos e da Europa de Leste é um pré-requisito importante para se alançar um consenso".

Stefan Grobe, euronews: Há quem diga que o seu maior feito é a aceitação por parte da Alemanha da emissão de dívida europeia comum, uma inversão histórica. Concorda?

C. Stelzenmüller, Brookings: "Sim, não se trata de um momento histórico como alguns lhe chamaram porque não se estão a dar poderes fiscais à União Europeia, a UE não vai poder emitir obrigações regulares no futuro. Mas para os conservadores alemães, liderados por Merkel, isto é um marco histórico e só por si, vale muito. Em particular, relativamente aos quatro países ditos frugais".

Stefan Grobe, euronews: Já mencionei a saída de cena de Merkel no próximo ano. Alguns observadores expressaram dúvidas. Quem será o próximo chanceler alemão no final do próximo ano?

C. Stelzenmüller, Brookings: "Só tenho uma certeza. Não vai ser Angela Merkel. Acho que ela precisa de um merecido descanso".

A Alemanha é conhecida por muitas coisas como por exemplo a longevidade dos chanceleres e a emoção que o festival da eurovisão desperta.

Trata-se de algo notável pois os artistas alemães costumam acabar nos últimos lugares.

Este ano a pandemia evitou mais um embaraço nacional pois o festival foi cancelado.

Mas o festival da Eurovisão é tão icónico que o gigante norte-americano do "streaming" acaba de lançar uma comédia dedicada a este evento.

Chama-se "A História dos Fire Saga" que representam a Islândia com o tema "Volcano Man". Definitivamente a não perder.

Bordéus tenta informar sobre os momentos sombrios da sua história

De  Euronews  •  Últimas notícias: 26/06/2020 - 14:55

Bordéus tenta informar sobre os momentos sombrios da sua história

As ruas de Bordéus, em França, estão repletas de História, mas, para muitos, esta é a história da vergonha. A região é sinónimo de vinhos de qualidade, mas esta riqueza e glória foi construída também com recurso à escravatura. Para responder à exigências dos que apontam o dedo a inúmeras placas toponímicas, a cidade decidiu manter os nomes, mas contextualizá-los historicamente.

Aurélie Mathis, responsável do projeto "Mission Equality", diz: "A maioria dos habitantes de Bordéus acredita que isto é justo e bastante normal para explicar e dar contexto; não para apagar a História, porque isso é algo que não pode ser feito, mas para dar um contexto completo ao que aconteceu. A ideia é reconhecer que isto aconteceu e que pode voltar a acontecer, pelo que todos temos de estar vigilantes quanto a isso. E, de um modo geral, o público tem sido realmente compreensivo a este respeito".

No centro de Bordéus, desde há alguns anos que podem ser vistas obras de arte com referência à escravatura. A cidade, que foi o segundo maior porto de francês de comércio de escravos no século XVII, tenta lidar com um passado difícil através da informação, numa altura em que se assiste à destruição de obras de arte ou referências toponímicas, um pouco por todo o mundo.

Bordéus tenta informar sobre os momentos sombrios da sua história

De  Euronews  •  Últimas notícias: 26/06/2020 - 14:55

Bordéus tenta informar sobre os momentos sombrios da sua história

As ruas de Bordéus, em França, estão repletas de História, mas, para muitos, esta é a história da vergonha. A região é sinónimo de vinhos de qualidade, mas esta riqueza e glória foi construída também com recurso à escravatura. Para responder à exigências dos que apontam o dedo a inúmeras placas toponímicas, a cidade decidiu manter os nomes, mas contextualizá-los historicamente.

Aurélie Mathis, responsável do projeto "Mission Equality", diz: "A maioria dos habitantes de Bordéus acredita que isto é justo e bastante normal para explicar e dar contexto; não para apagar a História, porque isso é algo que não pode ser feito, mas para dar um contexto completo ao que aconteceu. A ideia é reconhecer que isto aconteceu e que pode voltar a acontecer, pelo que todos temos de estar vigilantes quanto a isso. E, de um modo geral, o público tem sido realmente compreensivo a este respeito".

No centro de Bordéus, desde há alguns anos que podem ser vistas obras de arte com referência à escravatura. A cidade, que foi o segundo maior porto de francês de comércio de escravos no século XVII, tenta lidar com um passado difícil através da informação, numa altura em que se assiste à destruição de obras de arte ou referências toponímicas, um pouco por todo o mundo.