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terça-feira, 1 de junho de 2021

 À espera do Diabo

Posted: 29 May 2021 03:53 AM PDT



 

«O conclave que esta semana juntou representantes da quase totalidade das subfamílias da Direita e da extrema-direita tem sido analisado, em vários quadrantes, de forma algo ligeira a partir de um facto incontestado: ali não se discutiram ideias que respondam aos grandes problemas com que se debate a economia e a sociedade portuguesas.

Todavia, puderam observar-se factos que merecem reflexão, não pelo impacto imediato que têm, mas sim pelos quadros perigosos que podem perspetivar.

Uns séculos atrás, num dos contextos políticos mais críticos que Portugal viveu ao longo da sua história, teve força a crença no miraculoso regresso de D. Sebastião. Como Deus não se mete nestas coisas jamais tivemos o Desejado, mas como obra do Diabo talvez a coisa possa acontecer. Neste encontro não faltou um candidato a desejado e não deixou de pairar na sala forte vontade de uma intervenção do mafarrico, que o faça regressar numa manhã de nevoeiro.

Realço cinco factos que nos evidenciam a situação política atual como mais complexa e difícil que aquela que tínhamos em 2015: i) na Direita tradicional uma parte está mais aberta à extrema-direita e outra já a integrou em dinâmicas partilhadas; ii) a evolução da situação política da União Europeia (UE) reforça este processo, e a União tem hoje problemas maiores que tinha naquela altura; iii) à Esquerda existe menos motivação e são menores as predisposições para compromissos entre as suas diferentes componentes; iv) os condicionalismos sociais, económicos, financeiros e orçamentais com que o país se depara são mais pesados; v) em 2015 iniciava-se uma nova governação com objetivos e metas programáticas para uma legislatura (mesmo que posteriormente se tenham mostrado insuficientes), o que criava dinâmica, quando hoje temos um Governo bastante desgastado, com vários membros a confirmarem o princípio de Peter e a confundirem governação com gestão de agendas do dia.

Quem conclui que a Direita não tem programa ou que "a realidade lhe retirou o programa" pode estar a laborar em dois erros convergentes. Primeiro, é mais que evidente a fidelidade programática da Direita às políticas de austeridade impostas na crise anterior e a sua predisposição para uma ofensiva contra os direitos e liberdades democráticas e contra o Estado na sua função de garante dos direitos sociais fundamentais: não o podem expor por agora porque os impactos da pandemia ainda estão muito vivos nas pessoas e mostraram a violência e a injustiça dessas políticas. Segundo, esta evidência pode evaporar-se rapidamente perante a inexistência de respostas do Governo nos planos do trabalho, do emprego, das políticas económicas e sociais, ou face a inversões de sentido súbitas por parte da UE, ou ainda, se houver um acentuar de desentendimentos à Esquerda.

Quase todas as análises concluem que o vazio de propostas que o encontro da Direita e da extrema-direita mostrou se consubstancia numa vitória de António Costa. Poderá ser, desde que o primeiro-ministro não se entregue ao papel de lebre na fábula de Esopo "A lebre e a tartaruga" e tome a sério a possibilidade de surgir uma intervenção do príncipe das trevas.

É indispensável que António Costa coloque o foco de toda a sua capacidade de análise e ação nas respostas aos problemas dos portugueses e não se deixe atrair demasiado por taticismos de gestão política.»

segunda-feira, 31 de maio de 2021

Multitasking? Limitem-se a sorrir e acenar

Posted: 28 May 2021 03:39 AM PDT

 


«Sempre que uma característica intrinsecamente feminina começa a ter muita publicidade, já sei que, algures, vai acabar mal para mim. À conta da aparente superior capacidade das mulheres para suportar a dor, há muito desmentida, negaram-me o exercício do meu direito fundamental a um parto sem sofrimento. Esqueci-me do primeiro mandamento na administração da epidural: contorcer-se de dores logo à entrada da maternidade, com um ar de ataque de histerismo iminente se não nos derem algo nos próximos segundos. Em pleno século XXI, aterrei no século XIX — porque, lá está, temos todas uma experiência milenar do programa.

Há agora quem nos queira impingir o multitasking — uma competência inata para realizar diferentes atividades em simultâneo. Os homens, coitados, devido ao seu passado de caçadores e guerreiros, lá vão desempenhando uma série de tarefas ao longo do dia, mas só uma de cada vez. Em contrapartida, as mulheres, que ficavam na aldeia com um bebé em cada braço, desenvolveram uma aptidão natural para prestar atenção a várias coisas ao mesmo tempo. Talento que, afiançam-nos, herdamos todas à nascença.

Os estudiosos do evolucionismo garantem não se tratar de um mito, apesar de reconhecerem o condão da sociedade em aproveitar as qualidades femininas para nos esmifrar. Talvez esteja na hora de tirar as devidas ilações e agradecer bem-educadamente, mas declinar firmemente o elogio. Sabendo que vai acabar connosco a dar a sopa com uma mão, enviar um e-mail com a outra e balançar um bebé a chorar com o pé direito enquanto recitamos a tabuada com o mais velho, mais vale prevenir do que remediar — ao reparar no nosso pé esquerdo livre, alguém ainda se vai lembrar de o aproveitar para nos pedir a confeção de uma deliciosa e nutritiva refeição.

Não estou a denunciar um necessário complô do heteropatriarcado contra as mulheres. Antes do advento do GPS, quantos homens acabaram perdidos à custa do seu inato sentido de orientação? Um digno herdeiro dos caçadores e guerreiros só precisa do mapa para ir do ponto A ao ponto B. Jamais abrirá a janela para pedir ajuda, mesmo que acabe em Espanha a encher o depósito. Quantos têm em casa uma estante da IKEA torta por abandono das instruções a meio? Quando se trata, na realidade, de uma questão de geografia: só os portadores de genes escandinavos estão em situação de arriscar a montagem de um carrinho Råskog sem seguir todos os passos preestabelecidos — sim, há estudos a suportar esta afirmação.

Ao ouvir muito barulho a propósito de uma competência inerente ao género feminino, aconselha-se imediato ceticismo. Podem louvar à vontade a minha vocação para fazer tudo ao mesmo tempo, vou manter que só dou conta de um recado de cada vez — e com dificuldade. Caso insistam, estou em posse de vários estudos a demonstrar como homens e mulheres são igualmente improdutivos quando obrigados ao multitasking.

O mito pode, inclusive, pôr em risco a vida em sentido literal — e também tenho estudos a comprová-lo. Como a obstetra que assistiu ao parto acima descrito só acalmou com a chegada de uma parteira, cheguei a duvidar se não seria ortopedista. Perante a minha perplexidade, explicou que, sozinha, não conseguia concentrar-se devidamente na sua função principal e verificar se era necessário realizar um ato médico. Tivesse ela acreditado piamente que era capaz de fazer um parto enquanto mantinha um olho no monitor cardíaco fetal e algo podia, de facto, acabar a correr mal.»

 

A lição de dignidade da família Coxi

Posted: 26 May 2021 03:32 AM PDT



 

«A dignidade, quando nasceu, não era para todos. Durante séculos, o conceito de dignidade aplicava-se apenas a uns poucos, a que hoje chamamos — num vestígio da antiga acepção restrita da palavra — os dignitários. Um cardeal tinha dignidade de cardeal, um duque de duque. Quanto aos outros, que dignidade lhes era reconhecida ou atribuída? Nenhuma.

Demorou muito tempo até que a palavra dignidade ampliasse o seu sentido para abarcar toda a gente. Um primeiro exemplo será certamente o da Oração sobre a dignidade do homem, do renascentista Giovanni Pico della Mirandola, que nasceu em 1463 e foi assassinado em 1494. Começou aí a fazer caminho — um caminho longo e cheio de contra-curvas — a ideia de que todos os humanos têm uma dignidade que lhes advém do mero facto de serem humanos, e não de nenhum privilégio, herança ou cargo. Hoje esta ideia está logo no primeiro artigo da Declaração Universal de Direitos Humanos. Ocupa um lugar central em constituições do pós-guerra como a da República Federal da Alemanha, que declara que “a dignidade humana é inviolável” — não por acaso, porque se entende que os grandes crimes contra a humanidade do século XX foram, desde logo, violações do princípio de que todos os humanos têm dignidade. E está também na nossa Constituição, onde logo no Artigo 1.º se pode ler que “Portugal é uma República soberana, baseada na dignidade da pessoa humana”.

E assim não foi coisa pouca o que se decidiu esta semana num tribunal português, no qual se lavrou uma sentença num caso opondo uma família, de nome Coxi, ao partido de extrema-direita Chega e ao seu líder André Ventura. Recapitulemos os factos. Os Coxi são uma família de moradores no Bairro da Jamaica que tirou no início de 2019 uma fotografia com o presidente Marcelo Rebelo de Sousa. Na recente campanha eleitoral para as presidenciais, no debate entre o recandidato Marcelo Rebelo de Sousa e o candidato da extrema-direita, este brandiu essa foto — de uma família de gente negra morando num bairro pobre — acusando Marcelo Rebelo de Sousa de se ter feito retratar com “bandidos” e a “bandidagem”. Os Coxi foram assim sujeitos, em pleno debate das presidenciais visto por milhões de pessoas em canal aberto de televisão, a um ataque às suas honras e reputações. Não porque houvesse qualquer indicação de que fossem “bandidos” ou “bandidagem”, mas porque o candidato da extrema-direita terá achado que, sendo os Coxi negros e morando num bairro pobre, não precisariam de ser tratados com a dignidade que têm e merecem.

Os Coxi poderiam ter encolhido os ombros e deixado passar aquele ataque humilhante, atribuindo-o ao triste estado da política e do espaço público na nossa época. Também poderiam ter escolhido ter pedido uma indemnização pecuniária — a que teriam todo o direito — pelos danos aos seus bons nomes e reputação. O caminho que escolheram não foi um, nem o outro, mas o mais trabalhoso: os Coxi foram a tribunal exigir, não dinheiro nem uma indemnização material, mas um pedido de desculpas e uma retractação pública ao político da extrema-direita e ao seu partido. Não quiseram nada de material para eles, mas apenas a garantia de que a justiça defenderia os seus direitos individuais e coletivos à dignidade. Ao fazê-lo (com o apoio voluntário e não-remunerado da sua advogada Leonor Caldeira) os Coxi estiveram a trabalhar por nós todos — pelo nosso direito a um espaço público um pouco mais salubre, menos infetado pelo racismo e pelo oportunismo de vigaristas políticos.

Chegados aqui, o tribunal poderia ter feito o que muitos defendem que se faça com o partido da extrema-direita e com o seu líder — dar-lhe tratamento especial, com o argumento de que se for condenado o senhor se vitimizará. Mas isso significaria o mesmo que dizer que a Lei e a Constituição existem, mas não se devem aplicar por conveniência política, o que daria aos Coxi menos proteção jurídica do que aquela que todos os cidadãos merecem.

Felizmente, não foi este o caminho seguido. A juíza que julgou o caso deu como provada a violação dos direitos de personalidade dos Coxi e condenou o político de extrema-direita e o seu partido a publicar pedidos de desculpas e retractações públicas nos mesmos canais onde as declarações ofensivas foram produzidas. Se não o fizerem no prazo de trinta dias, o partido e o político pagarão cada um setecentos e cinquenta euros de multa por cada dia de atraso. Se repetirem as declarações ofensivas, pagarão cinco mil euros por cada vez que o fizerem.

E assim, graças aos Coxi, o nosso ambiente fica um pouco mais saudável e a nossa política menos indigna. Caros Aurora, Fernando, Higina, Hortencio, James, Julieta e Vanusa Coxi, queiram por favor aceitar deste vosso concidadão o meu muito obrigado.»

Rui Tavares 

 


A direita na sua bolha

por estatuadesal

(Daniel Oliveira, in Expresso Diário, 25/05/2018)

Daniel Oliveira

A direita está cada vez mais tribal. Metida numa bolha onde se ouvem uns aos outros numa espiral de indignação, quase todos os seus protagonistas falam em modo histriónico. Vemos todos os sinais: a grupusculização que foi apanágio da esquerda, substituição do programa pelo panfleto ideológico, hiperbolização do discurso, que banaliza palavas como “ditadura” ou “censura”. Isto não é a direita a reerguer-se, é um beco sem saída, que a afasta, no discurso e nos resultados, do país. O problema não é o PSD ter 22% (Intercampus), é toda a direita ter 37%. A radicalização está a fazer crescer o extremo, mas a encurtar o conjunto da direita.


Começa esta terça-feira mais uma sessão da “Aula Magna das Direitas”, como lhe chama a comunicação social. O encontro do Movimento Europa e Liberdade, que não conta com a “direita fofinha” mas terá a “esquerda corajosa” – linguagem de grande parte dos promotores, que só apreciam a heterodoxia do lado de lá da barricada – tem apenas um significado: consequente com o seu discurso e várias decisões recentes, Rui Rio coloca-se no mesmo campo político de André Ventura. “Aula Magna das Direitas” é uma imagem que os jornalistas foram buscar às sessões que, à esquerda, se realizaram da Reitoria da Universidade de Lisboa, nos anos duros da crise económica. O paralelo não é fácil, porque a esquerda estava em crescendo na sua capacidade de fazer oposição e o Governo vivia uma grande impopularidade. Agora, a oposição de direita está em crise e António Costa é um primeiro-ministro popular.

Saiba mais aqui

De tanto ver subidas e descidas de cada partido de direita pouca gente presta atenção a um facto: com uma pandemia e uma crise económica, a direita parlamentar totaliza, segundo a última sondagem da Intercampus, 37,1% dos votos. Se é relevante que o PSD, com 21,7%, perca votos para a extrema-direita (com 8,3%), é bem mais relevante que não consiga sequer beliscar o centro. A crítica que se faz a Rui Rio é a de que é pouco firme e por isso não segura o voto da direita que está irritada com António Costa. O que devemos perguntar é porque é que não consegue que o centro se irrite com a esquerda.

Já escrevi várias vezes sobre o disparate estratégico e tático de Rui Rio ir abrindo cada vez mais as portas a entendimentos com o Chega. Esse discurso garante-lhe perdas para os dois lados. Os que querem uma direita mais dura, mas capaz de governar, percebem que o voto no Chega não é perdido e rumam para ele. Os que, querendo uma alternativa ao PS, não querem um governo que dependa de Ventura, percebem que o PSD não lhes dá essa garantia. Rui Rio perde a direita para o Chega e o centro para o PS.

Mas há uma coisa um pouco mais profunda do que isso. A direita está cada vez mais tribal no seu discurso. Parece exuberante e forte nas redes sociais, onde o exagero se dá bem. Mas o país é outra coisa. Metida numa bolha onde se ouvem uns aos outros numa espiral de indignação que não é acompanhada pela maioria dos portugueses, quase todos os seus protagonistas falam em modo histriónico.

Só nas últimas semanas, Rui Rio elogiou um discurso de Alberto João Jardim em que o ex-presidente do governo regional da Madeira comparou António Costa a Nicolas Maduro (na verdade, gostou no discurso porque batia nos seus opositores internos, únicos que realmente lhe interessam). João Cotrim Figueiredo deu a entender que achava que o Papa Francisco é socialista, no que foi acompanhado por Ventura. Carlos Moedas falou de “medo” em Lisboa e disse que a esquerda o odiava. Até Duarte Pacheco, candidato a Torres Vedras, disse que ali se vivia uma ditadura socialista para depois da morte do “ditador” lhe tecer rasgados elogios, mostrando que a palavra “ditadura”, que em tempos era utilizada com gravidade, não tem grande significado nos discursos de campanha. E já nem falo da candidata para a Amadora, que há quatro anos seria considerada inaceitável por todos os partidos parlamentares, a começar pelo CDS (que retirou o apoio a André Ventura, em Loures).

A direita vive o seu PREC e, como Vasco Gonçalves em Almada, parece acreditar que este é o tempo em que o processo revolucionário depende de uma minoria e deve radicalizar-se. Vemos todos os sinais: a grupusculização que outrora foi apanágio da esquerda, a divisão entre a direita a sério e a direita “fofinha”, a substituição do programa pelo panfleto ideológico (de que a Iniciativa Liberal é um bom exemplo), a hiperbolização do discurso, de que a banalização de termos como “ditadura” ou “censura” são exemplos. Mas a esmagadora maioria dos portugueses não vive no Twitter e não se sente a caminho da Venezuela.

Ao contrário do que os mais excitados pensam, isto não é a direita a reerguer-se, é um beco sem saída, que a afasta, no discurso e nos resultados, da maioria do país. Quando Rui Rio faz ironia com as suas quedas nas sondagens, apesar do Novo Banco e de Odemira, apenas demonstra não perceber os efeitos do caminho que está a percorrer. O problema não é o PSD ter 22%, é toda a direita ter 37%. A radicalização está a fazer crescer o extremo, mas a encurtar o conjunto da direita. E ao ouvir os vários candidatos autárquicos do PSD parece ser uma corrida para o abismo.


Coimbra — O fascismo desceu à rua

por estatuadesal

(Carlos Esperança, 29/05/2021)

O partido fascista e o seu mentor e líder decidiram poluir a cidade de Coimbra com o 3.º congresso e desfilaram pelas ruas sem as camisas azuis, mas com os tiques do ignóbil pintor de tabuletas que mora na alma dos seus apaniguados.

Têm toda a legitimidade para o fazerem, depois de o Tribunal Constitucional legalizar a confraria, com o delinquente à frente e o grupo que acrescentou à poluição ideológica a sonora. É a superioridade da democracia, que consente aos seus inimigos o que eles não permitiriam se fossem poder.

A escolha simbólica do dia 28 de maio para o início da reunião tribal, que se prolongará até ao dia 30, não surpreende quem conheceu os horrores do fascismo.

O que incomoda é o tempo de antena que a RTP, canal público, concede à propaganda fascista numa publicidade gratuita e cúmplice dos interesses que financiam, promovem e influenciam a ideologia fascista.

Não faltam, nas redes sociais, nostálgicos do salazarismo e órfãos do cavaquismo e do passos-coelhismo, democratas contrariados, a carpirem a ausência do “nosso ultramar infelizmente perdido”, mas é a cobertura dos média da esfera pública que perturba os que têm memória da ditadura, sobretudo os que lambem as feridas da guerra colonial.

Defender o direito à existência dos fascistas não é contemporizar com o nacionalismo e o populismo que os alimenta, é defender o único sistema que permite ser derrubado nas urnas.

Somos chamados a defender as liberdades que os militares de Abril nos outorgaram e é dever de todos os democratas defendê-las perante a horda que uiva, ulula e intimida.

Apostila - Não faltam neste mural visitantes fascistas a perturbar os comentários. Não devem os democratas alimentar-lhes a conversa.