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quinta-feira, 17 de maio de 2018

Alta-ajuda

Novo artigo em BLASFÉMIAS


por Sérgio Barreto Costa

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O desporto entrou numa espiral de violência e António Costa já se encontra a tratar do problema. Não do problema da violência, claro, mas do problema de ainda não ter conseguido arranjar bons empregos para todos os amigos do Partido Socialista. A generalidade dos gurus do pensamento positivo e da auto-ajuda destaca a importância de conseguirmos transformar os acontecimentos negativos em oportunidades, mas nunca ninguém conseguiu aplicar tão bem essa panaceia como o nosso primeiro-ministro. E é por isso que vamos poder contar, a breve prazo, com uma Alta Autoridade contra a Violência.

A ideia parece-me positiva, principalmente por se tratar de uma Alta Autoridade. Toda a gente sabe que os pequenotes têm dificuldades acrescidas quando se trata de pancadaria, pelo que uma Baixa Autoridade contra a Violência seria sempre de evitar. Por outro lado, no que se refere a empregos públicos bem remunerados, é também uma boa aposta. Não é impossível que, a médio prazo, os próprios elementos da Alta Autoridade contra a Violência se envolvam em zaragatas internas, e isso permitirá, desde logo, a criação de uma Alta Autoridade contra a Violência na Alta Autoridade contra a Violência.

PSD, Santa Casa e Montepio: uma história de hipocrisia carregada de simbolismo

Novo artigo em Aventar


por João Mendes

Fotografia via Rui Rio

Pela voz do titubeante Fernando Negrão, que há uns meses atrás era o bombo da corte do seu próprio partido, o Expresso refere que o PSD se terá manifestado "contra a entrada "simbólica". da Santa Casa no Montepio". Quando li este título, fiquei a pensar com os meus botões: querem ver que já anda tudo à bulha no PSD, outra vez? Querem ver que isto foi boca para António Tavares, um dos porta-vozes do governo sombra de Rui Rio, que acumula funções com a de provador da Santa Casa da Misericórdia do Porto, instituição que prepara uma entrada "simbólica" no Montepio, a cuja assembleia-geral António Tavares irá presidir?

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Encontro na Vasco da Gama, dezenas de tochas, pânico no balneário e esvaziar dos cacifos: o filme de terror na Academia

17 Maio 2018209

Bruno Roseiro

Foram 15 a 20 minutos mas vão perdurar muito mais tempo: 50 elementos entraram na Academia e criaram um cenário nunca antes visto. Relato do filme de terror que acabou com um pedido de desculpa.

O encontro à saída da Vasco da Gama e a entrada a correr

A cara dos jogadores e restantes elementos do staff do Sporting à saída do Posto Territorial da GNR do Montijo dizia muito, mas escondia ainda mais. A seguir ao bárbaro ataque sem precedentes no clube ou no futebol português, houve muitas chamadas de profissionais do futebol para familiares mais próximos, preocupados com as notícias que chegavam da Academia, mas toda essa consternação não ficou por aí. Também alguns pais e encarregados de educação ligaram com insistência para perceberem se os filhos estavam bem e não tinham sofrido nada, por não saberem ao certo o que se passara. Esta terça-feira, em Alcochete, aqueles 15/20 minutos prometem não mais serem apagadas da história dos leões. E esta é a descrição ao pormenor dos momentos de terror vividos.

O encontro à saída da Vasco da Gama e a entrada a correr

Os agressores terão começado a juntar-se na saída da ponte Vasco da Gama, sentido Lisboa-Alcochete. Daí, partiram em direção à Academia, num plano que se percebe agora ter sido tudo menos espontâneo: deixaram as viaturas ainda a alguma distância da entrada da Academia, taparam as caras e começaram a correr em direção à entrada do centro de estágios. Nas únicas imagens que existem, o grupo está ainda a chegar à última curva da reta que dá acesso ao local; a partir daí, depois de terem avisado os jornalistas que teriam de desligar todo o material sob pena de serem agredidos ou ficarem sem o mesmo (dois elementos terão ficado mais para trás para garantir que ninguém furava esse bloqueio, como aconteceu), seguiram em direção ao relvado onde a equipa principal costuma trabalhar, na ala profissional, que fica na ponta mais oposta à entrada do recinto.

Arthur Quezada

@ArthurQuezada

Imagens dos vândalos que invadiram agora pouco o CT do Sporting. Um absurdo!


Na altura, havia apenas o habitual segurança à porta da Academia (a cancela estava fechada, mas quem passa a pé consegue contornar a mesma sem problemas pelos dois lados porque a mesma é para viaturas) mas a GNR terá sido logo nesse momento chamada ao local. Ainda assim, segundo nos confidenciaram, ninguém acreditava que as coisas chegassem ao limite que chegaram. Ninguém mesmo. Não foi a primeira vez que um grupo de adeptos entrou no espaço, sendo que na última, por exemplo, tudo acabou bem e de forma cordial com a promessa de que a equipa daria tudo para alcançar os objetivos desportivos a que se tinham proposto e que os elementos das claques leoninas a reforçarem de novo o total apoio à equipa nesse sentido. Desta vez, foi tudo diferente. Muito diferente.

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A entrada de cara tapada e as dezenas de tochas

Primeiro pormenor: a cara tapada. Segundo pormenor: a marcha acelerada na zona depois do campo principal, junto aos relvados onde equipa B e juniores costumam trabalhar (e que foi captada num dos vídeos que surgiu nas redes sociais, feito provavelmente por alguém que não da ala profissional do futebol leonino). Terceiro pormenor: a entrada na rampa de acesso à zona do ginásio e dos balneários, depois de perceberem que era ali que estavam quase todos os elementos leoninos.

Esta terça-feira à noite, havia duas “teorias” muito faladas em alguns grupos de adeptos verde e brancos, em blogues ou nas redes sociais. Por um lado, a possibilidade de ter sido mais uma incursão para manifestar o desagrado com o terceiro lugar na Liga e o reforço da importância de vencer a Taça de Portugal, prova que encerra a temporada nacional, que perdeu os limites. Por outro, a hipótese de ser um grupo mais próximo do antigo líder da Juventude Leonina, Fernando Mendes, que não gostou da forma como os dois argentinos do plantel, Battaglia e Acuña, responderam e enfrentaram os contestatários na Madeira e na garagem de Alvalade, após a viagem de avião, e queria dirigir-se aos mesmos pedindo satisfações pela atitude. Falando com fontes próximas dos jogadores, elementos presentes na Academia naquele momento e outras pessoas que conhecem bem o Sporting por dentro, há muita estranheza pelas barras de ferro que os invasores traziam, por exemplo, mas admitem que possa ter havido esse descontrolo generalizado (o que em nada desculpabiliza o que se passou, claro está).

Ao contrário do que aparenta nas imagens recolhidas, o grupo que invadiu as instalações acabou por separar-se: uns foram para a zona do relvado, onde estariam ainda apenas Jorge Jesus e mais dois elementos da sua equipa; outros focaram as atenções na rampa que dá acesso aos balneários e também à zona onde os jogadores estacionam os carros, por detrás do edifício principal; outros subiram essa rampa, entraram pela porta, viraram à esquerda e dirigiram-se ao balneário da equipa. Ponto comum: todos acenderam e lançaram tochas, ou em direção do relvado, ou em direção ao carro dos jogadores (um dos crimes pelos quais estão indiciados é por isso o de incêndio florestal, tendo em conta também a mata que rodeia a Academia) ou no balneário. E foi isso que gerou o caos e o cenário de terror.

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As agressões com cintos, bastões e ao pontapé

Mal acederam a essa zona restrita do balneário, numa fase em que os elementos estavam dispersos entre ginásio, balneário e gabinete médico antes do início do treino (que deveria ter começado às 16 horas, mas tem sempre uma conversa prévia antes do relvado, que pode ser uma palestra maior ou mais curta), começaram as agressões. Com os cintos, tirados de forma rápida das calças. E com os bastões de ferro. A certa altura, sem qualquer escolha entre jogador A ou B, de forma aleatória e à medida que avançavam. Tudo porque o fumo que rapidamente começou a sair pelas janelas do balneário fazia com que a visibilidade fosse reduzida. Ouviram-se gritos de revolta. Multiplicaram-se os gritos de medo, até porque alguns nem percebiam o que se estava a passar e o alarme de incêndio entretanto disparou, o que adensou o cenário de terror montado.

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A cabeça de Bas Dost como exemplo, mas o pior foi Montero

As feridas na cabeça de Bas Dost, um dos primeiros a ser agredido pelos invasores, ficaram como uma espécie de imagem forte do bárbaro ataque que foi perpetrado; no entanto, o mais chocante foram os pontapés que o avançado levou, indefeso. Tudo terá começado no excesso de alguns elementos que iam à frente deste grupo e que acabou por alastrar-se a quase todos os que os acompanhavam. Acuña foi alvo de pontapés quando estava no chão; Battaglia e Misic, que acorreram logo para a zona dos confrontos, foram também agredidos com cintos, tal como Montero (um dos que terá ficado com marcas mais visíveis do que aconteceu) e William.

Mais à frente, numa área mais próxima dos gabinetes técnicos, Raul José, adjunto de Jorge Jesus (que levou também uma cabeçada), e Frederico Varandas, diretor do gabinete médico que terá saída em defesa de jogadores e treinadores, também foram agredidos. Mário Monteiro, preparador físico, viu uma tocha ser atirada na direção do peito.

João M. C. Gonçalves@JG1904

Nova decoração do balneário da academia do Sporting

18:13 - 15 de mai de 2018

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A fuga e o pedido de desculpa

Os agressores colocaram-se então em fuga, sendo que fizeram o mesmo trajeto a correr para regressarem à zona onde estavam os carros. Fernando Mendes, antigo líder da Juventude Leonina, e outro elemento mais velho da mesma claque, então de cara destapada, falaram com Jorge Jesus e chegaram mesmo a pedir desculpa por tudo o que tinha acontecido e que não era suposto – a ideia passaria apenas por “pressionar” os jogadores depois de terem falhado o objetivo da Champions, ficando no terceiro lugar do Campeonato, mas ficou tudo descontrolado. Ambos estavam no local mas ficaram sempre numa zona que não a dos confrontos.

De acordo com a Sábado, e numa informação entretanto confirmada pelo Observador, os principais líderes deste ataque acabaram por conseguir fugir, havendo por isso “apenas” 23 detidos num grupo que, como é facilmente percetível, era bem maior. A GNR, que chegou às 17h20 à Academia quando os agressores já tinham abandonado a zona, montou de imediato uma operação com barreiras nos acessos possíveis ao local. Foram intercetadas cinco viaturas, sendo que uma quase abalroou a barreira existente (daí estarem indiciados também por crime de atropelamento). Outro dos carros só foi parado após perseguição. Foram então feitas as 23 detenções (e apreendidos vários artefactos) para identificação e recolha de depoimentos.

Dado importante e que mostra bem o fumo que existia no balneário do Sporting por causa das tochas: o próprio cheiro da roupa serviu também para as autoridades perceberem quem tinha estado no interior do espaço.

Os 23 detidos foram indiciados por crimes de introdução em lugar vedado ao público, ameaça agravada, ofensa à integridade física qualificada, sequestro, dano com violência, detenção de arma proibida agravado, incêndio florestal, resistência, atropelamento e coação sobre funcionário e também de um crime de terrorismo.

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Jogadores de rastos e a limparem os cacifos

No balneário, ficou um rasto enorme de destruição mas muito mais do que isso. Alguns jogadores choraram, outros mostraram-se revoltados com o que tinha acabado de acontecer. O estado de Bas Dost, e sobretudo os ferimentos na cabeça que obrigaram a que levasse seis pontos, ocupou grande parte das atenções e serviu como exemplo para mostrar, cá para fora, a violência do ato que tinha acabado de acontecer.

Mais tarde, surgiu um vídeo do estado do espaço, revirado, ainda com o alarme de incêndio ativo, com uma nuvem de fumo que continuava na zona do teto e com sangue no chão;depois, mais uma fotografia das pernas de Dost, com sangue nas meias.

Houve reações à quente, com muitos jogadores a dizer que nunca mais entravam ali nem jogavam a final da Taça de Portugal. Bruno Fernandes apareceu a vestir-se, soltando um “Foi um prazer estar com vocês”. Todos de volta do telefone para acalmar as pessoas mais próximas, alguns com medo que a família pudesse também estar ameaçada.

Bas Dost passaria ainda pelo Hospital do Montijo, por causa dos seus ferimentos. No total, 36 elementos entre jogadores, treinadores e funcionários seriam depois ouvidos no Destacamento Territorial do Montijo, alguns a entrar e sair quase de madrugada porque foram indo por grupos para o local.

Muitos jogadores limparam os seus cacifos: jogando ou não a final da Taça de Portugal, partiam com a certeza que não voltariam a entrar na Academia esta temporada. Pelo menos. Nesta terça-feira, havia a convicção de que poderia ser uma despedida definitiva; agora, poderá ser só até à próxima época. Mas para este cenário acontecer há garantias das quais o grupo não abdica e que não parecem estar restritas apenas a um melhor plano de segurança para que nunca mais voltem a viver o que viveram, como se percebeu pela recusa em falar com Bruno de Carvalho quando o presidente leonino chegou ao local.

Costa acusa EUA de darem "contributo negativo" para a paz mundial

António Costa

SOFIA MARTINS SANTOS16/05/2018 21:18

Primeiro-ministro destacou ainda que a Europa deve afirmar-se como “voz alternativa e fator de estabilidade, paz, progresso e solidariedade”

Para António Costa, os EUA não têm contribuído para a paz mundial. Muito pelo contrário. No entender do primeiro-ministro, o que tem sido feito a este nível é “negativo”. E é exatamente por isto que António Costa defende a necessidade de a Europa se assumir como uma voz alternativa e um fator de estabilidade e paz.

“O mundo precisa de uma Europa forte, e que seja uma voz alternativa e um fator de estabilidade, paz, progresso e solidariedade neste mundo onde se vão multiplicando os fatores de crise e de tensão – e onde os EUA não têm dado um bom contributo, para não dizer um contributo negativo”, defendeu António Costa, à saída da reunião do Partido Socialista Europeu, que se realizou em Sófia, Bulgária.

A posição do primeiro-ministro português foi tomada depois de Donald Tusk, Presidente do Conselho Europeu, ter deixado para trás a delicadeza diplomática. “Com amigos destes, quem precisa de inimigos?”, questionou Tusk, fazendo referência ao abandono americano do acordo nuclear com o Irão.

Ao lamentar o fim da ilusão da amizade norte-americana, Donald Tusk aproveitou ainda para dizer que, “além dos tradicionais desafios políticos tais como a ascensão da China ou a postura agressiva da Rússia, assistimos hoje a um novo fenómeno: a assertividade caprichosa da Administração norte-americana”.

Donald Tusk e António Costa reforçaram assim a mais recente postura europeia em relação ao governo norte-americano: a Europa já não pode contar com o velho aliado transatlântico e tem de afirmar-se no plano internacional por si própria.
“Não tenho qualquer dúvida de que no novo tabuleiro global, a Europa será um dos grandes jogadores, ou, então, um peão. Esta é a única alternativa verdadeira. De maneira a ser um sujeito, e não um objeto, das políticas globais, a Europa tem de se unir economicamente, politicamente e militarmente como nunca. Trocando por miúdos: ou estamos juntos, ou não existiremos de todo.”

Recorde-se que era objetivo coletivo desta reunião avaliar as consequências da retirada dos EUA do acordo nuclear internacional com o Irão e ainda os possíveis efeitos da revisão das taxas para a exportação de produtos de aço e alumínio europeus.

Para Tusk e para Costa, o balanço está feito e é negativo. O presidente do Conselho Europeu chegou mesmo a assumir que não há margem para dúvidas: Tornou-se óbvio que a Europa já não voltará a encontrar “uma mão amiga”, caso decida pedir ajuda aos EUA. Uma ideia que já tinha ficado no ar num dos comentários de Angela Merkel ao abandono do acordo nuclear com o Irão. Como defendeu a chanceler alemã, os EUA deixaram de ser um aliado de confiança para a Europa.

Já no início do mês, Costa tinha condenado a saída dos EUA do acordo nuclear por considerar um “retrocesso para as garantias da paz no mundo”.

O Que Nos Diz Merkel

Angela Merkel, tomando a ruptura por Trump do Iran Deal como pretexto, voltou a repetir o que tinha dito em Maio de 2017: “Está na hora da Europa tomar o seu destino em mãos…” Sim, mas que significa realmente isto?

Já senhora e imperadora da economia europeia, a Alemanha prepara-se para um novo “Sacro Império Germânico” (sim, fica mal falar de IV Reich…). Assim sendo, os próximos anos vão ser de rearmamento da Alemanha. Aliás, a campanha de comunicação para viabilizar esse rearmamento já começou há uns largos meses.

Quem está atento aos “sinais fracos” já detectou certamente um fluxo sucessivo de notícias, amplamente distribuídas por tudo quanto é media, a “explicar” o lamentável estado do material ao dispor dos bravos soldados alemães…

Ao mesmo tempo (desculpem lá este uso da expressão favorita do actual presidente de França, Emmanuel Micron), vai subir de tom a velha campanha alemã pela “desnuclearização” da França e da Inglaterra (as únicas potências nucleares da Europa).

Merkel não será um agente “undercover” de Putin, mas se o fosse não faria melhor trabalho para tornar a Europa um impotente “saco de gatos”, agitado e descredibilizado mas, claro, em proveito próprio da Alemanha.

Ah, pois é, a maldição de Bismarck está novamente de volta e Putin (bom conhecedor da Alemanha, onde viveu e trabalhou muitos anos) prepara-se para brincar com essa sociopatia política alemã. Os tempos estão a ficar sombrios! Take care, cuidem-se.

Foto original: John MacDougall/Reuters