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segunda-feira, 18 de junho de 2018

Em busca de Outros Iluminismos

  por estatuadesal

(Boaventura Sousa Santos, in OutrasPalavras, 18/06/2018)

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Apoiando-se na Razão e na Ciência, as Luzes europeias enfrentaram a servidão — mas também sacrificaram todas as demais formas de conhecimento. Em contrapartida, é preciso afirmar, a partir das lutas, as Epistemologias do Sul


A conhecida revista de arte norte-americana Artforum solicitou-me um curto texto sobre o tema “O que é o Iluminismo?” Este é o título do famoso texto de Immanuel Kant publicado em 1784, glosado desde então por muito autores, inclusivamente por Michel Foucault. A editora da revista queria especificamente que eu abordasse o tema a partir da minha proposta das epistemologias do sul (Epistemologies of the South: Justice against Epistemicide. Nova Iorque, Routledge, 2014; The End of the Cognitive Empire: The Coming of Age of the Epistemologies of the South. Durham, Duke University Press, 2018.). Eis a minha resposta.

Em 1966, um dos mais inovadores intelectuais ocidentais do século XX, Pier Paolo Pasolini, escreveu que somos muitas vezes prisioneiros de palavras doentes. Referia-se a palavras que parecem plenas de sentido, mas que, de fato, estão desprovidas dele ou, talvez mais precisamente, palavras que possuem conotações vagas e misteriosas, mas nos deixam muito inquietos, dada a sua aparência de estabilidade e coerência. Pasolini refere três palavras doentes—cinema, homem e diálogo—, insistindo no fato de existirem muitas mais. Penso que uma delas é Iluminismo. Foucault mostrou já que somos prisioneiros desta palavra. Contudo, na sua obsessão com a ideia de poder, não reconheceu que os prisioneiros nunca estão totalmente aprisionados e que a resistência nunca é apenas determinada pelas condições impostas pelo opressor. Afinal, as conquistas revolucionárias dos protagonistas do Iluminismo europeu mostram-nos precisamente isso. Devemos então começar a partir do ponto em que Foucault nos deixou. Poderemos nós curar essa palavra doente? Duvido que possamos. Contudo, se houver uma cura, ela ocorrerá, sem dúvida, contra a vontade do doente.

Se perguntarmos a um budista o que é o Iluminismo, poderemos obter uma resposta como a de Matthieu Ricard, um monge que vive no Nepal. Para Ricard, Iluminismo implica:

Um estado de conhecimento ou sabedoria perfeitos, aliado a uma infinita compaixão. Neste caso, o conhecimento não significa somente a acumulação de dados ou uma descrição do mundo dos fenómenos até aos mais ínfimos pormenores. O Iluminismo é uma compreensão tanto do modo relativo da existência (a forma como as coisas se nos apresentam) como do modo último da existência (a verdadeira natureza dessas mesmas aparências). Tal inclui as nossas mentes, bem como o mundo exterior. Esse conhecimento é o antídoto básico para a ignorância e o sofrimento.

Até que ponto é que o Iluminismo de Ricard é diferente do de Kant, Locke ou Diderot? Ambas as concepções implicam uma ruptura com o mundo tal como ele nos é dado. Ambas exigem uma luta contínua pela verdade e pelo conhecimento, sendo que o seu objetivo último equivale a uma revolução — uma revolução interior, no caso do Iluminismo budista, e uma revolução social e cultural, no caso do Iluminismo europeu. Será que existem continuidades entre essas rupturas, tão distantes em termos das suas gêneses e dos seus resultados? Devemos considerar como dado adquirido que nos conhecemos a nós ao conhecermos o mundo, conforme nos promete o Iluminismo europeu, ou devemos antes partir do pressuposto de que conhecemos o mundo uma vez que nos conheçamos a nós, conforme a promessa do Iluminismo budista? Qual dos dois pressupõe a tarefa mais impossível?

Qual dos dois acarreta mais riscos para os que não acreditam nas suas promessas? E, finalmente, porque é que questionar o Iluminismo europeu é ainda hoje, mais de dois séculos depois da sua formulação, tão mais relevante e controverso do que questionar o Iluminismo budista? Será apenas porque a maioria de nós é ontológica, cultural e socialmente eurocêntrica, e não budocêntrica?

A força do Iluminismo europeu baseia-se em duas demandas incondicionais: a busca do conhecimento científico, entendido como a única forma verdadeira de conhecimento e como fonte única de racionalidade; e o empenho no sentido de vencer a “escuridão”, ou seja, de banir tudo quanto é não-científico ou irracional. A incondicionalidade dessas demandas tem como premissa a incondicionalidade das causas que as orientam. E causas incondicionais levam logicamente a consequências incondicionalmente positivas. Aqui reside a fatal debilidade dessa força tão extrema, o seu calcanhar de Aquiles. Tomar como base uma concepção única de conhecimento e de racionalidade social exige que se sacrifique tudo aquilo que não lhe é conforme. A natureza sacrificial desta confiança reside em que a tolerância e a fraternidade decorrentes da celebração da liberdade e da autonomia contêm em si a fatal incapacidade de distinguir coerção e servidão de modos alternativos de ser livre ou autônomo. Ambos são concebidos como inimigos da liberdade e da autonomia e, logicamente, tratados com desapiedada intolerância e violência.

É esse o impulso atávico que subjaz à construção iluminista da humanidade “universal” e o impele a sacrificar alguns humanos, banindo-os da categoria do humano, como o antigo bode expiatório abandonado no deserto. Isso explica a razão pela qual os direitos humanos podem ser violados em nome dos direitos humanos, a democracia pode ser destruída em nome da democracia e a morte pode ser celebrada em nome da vida.

Aquilo que torna o Iluminismo europeu tão fatalmente relevante e tão necessitado de constante reavaliação é o fato de, ao contrário de outros projetos iluministas (como o budista), o poder de impor as suas ideias aos outros não se reger, ele próprio, por essas ideias e sim pelo desígnio de prevalecer, se necessário através de uma imposição violenta, sobre aqueles que não acreditam em tais ideias iluminadas ou se veem fatalmente afetados pelas consequências da implementação delas na vida económica, social, cultural e política.

A natureza sacrificial do Iluminismo europeu manifesta-se na forma como raciocina sem razoabilidade, na forma como apresenta as opções que rejeita ou os caminhos que não escolhe como prova da inexistência de outras vias, na forma como justifica resultados catastróficos como danos colaterais inevitáveis. Estas operações traçam uma linha abissal entre, por um lado, a luz forte das boas causas e das formas iluminadas de organização social e, por outro, a escuridão profunda das alternativas silenciadas e das consequências destruidoras. Historicamente, o capitalismo, o colonialismo e o patriarcado são as forças principais que têm sustentado a fronteira abissal entre seres totalmente humanos, que merecem a vida plena, e criaturas sub-humanas descartáveis.

Essa linha abissal é uma linha epistêmica. Por isso, a justiça social exige justiça cognitiva e a justiça cognitiva exige que se reconheça que a querela entre a ciência, por um lado, e a filosofia e a teologia, por outro, é um conflito que se enquadra confortavelmente no âmbito da epistemologia iluminista. Aquilo que precisamos de entender é o fato de estes modos de conhecimento se oporem coletivamente a formas de pensamento e sabedorias alheias ao paradigma ocidental. O colonial propriamente dito poderia definir-se em termos dessa terra incógnita epistemológica. Como observou Locke de forma bem reveladora, “No princípio o mundo todo era a América”. Longe de representar a superação universal do “estado de natureza” pela sociedade civil, o que o Iluminismo fez foi criar o estado de natureza, consignando-lhe amplas extensões de humanidade e vastos conjuntos de conhecimentos. A cartografia, enquanto disciplina, inscreveu uma demarcação precisa entre a metrópole civilizada e as distantes terras selvagens (americanas, africanas, oceânicas). Esse mundo “natural”, na lógica geo-temporal lockiana, tornou-se também uma história “natural”. A contemporaneidade e a simultaneidade dos mundos do Outro colonial tornaram-se uma espécie de passado dentro do presente.

Para se chegar ao tipo de pensamento pós-abissal capaz de transcender completamente a oposição binária metropolitano/colonial, é necessário travar uma batalha que excede parâmetros epistêmicos. Apenas se pode confrontar o poder hegemônico através das lutas daqueles grupos sociais que têm sido sistematicamente lesados e privados da possibilidade e do direito de representar o mundo como seu. Os seus conhecimentos, nascidos em lutas anticapitalistas, anticoloniais e antipatriarcais, constituem aquilo a que chamo epistemologias do sul. Tais lutas não se regem por princípios anti-iluministas (a opção conservadora, de direita), mas criam condições para que seja possível uma conversação entre diferentes projetos de Iluminismo, uma ecologia de ideais iluministas.

Os conhecimentos nascidos nas lutas apontam para a razoabilidade (troca de razões) e não para racionalidade unilateralmente imposta, e partem das consequências em vez de partirem das causas. A noção de causa enquanto objeto privilegiado de conhecimento—a ideia de que a nossa tarefa consiste em ir cada vez mais fundo até se chegar, por fim, às fundações epistemológicas ou ontológicas, a causa sui ou causa sem causa—é ela própria um artefato da modernidade ocidental. Para os oprimidos, uma epistemologia a partir das consequências torna legível a experiência e possível a justiça. Só assim podem as ruínas converter-se em sementes.

Nos conflitos laborais, o Governo pode contar sempre com a direita radical

  por estatuadesal

(José Pacheco Pereira, in Sábado, 17/06/2018)

JPP

Pacheco Pereira

Nos conflitos laborais, o Governo pode contar sempre com a direita radical...
… como se vê com os professores. O governo, sob a batuta de Centeno, mantém as regras de austeridade da troika e Passos, no confronto com os professores. Mas o trabalho sujo contra os professores, contra os sindicatos, contra a função pública, contra o odiado nº1 do meio sindical, Mário Nogueira, é feito pela nossa direita alt-right. Quando há um conflito, é uma aliança quase natural e que obscurece, e muito, as coisas.

O problema com as classificações simples
Tive recentemente oportunidade de participar numa discussão com Daniel Oliveira sobre o livro De Esquerda, Agora e Sempre, de Mark Lilla, em que repeti, mais uma vez, a minha dificuldade em achar heurística a fractura esquerda/direita. Eis algumas das questões:

- Os anarquistas, que são contra o Estado e contra os governos, são de direita ou são de esquerda?

- Os libertários (americanos) que têm toda a agenda fracturante, por exemplo, do Bloco de Esquerda, em matéria de drogas, LGBT, feminista, ecológica, etc., são de direita ou são de esquerda?

- Trump, cujo proteccionismo em defesa da "economia nacional", dos mineiros, dos trabalhadores do aço e do alumínio, das indústrias tradicionais "de produção nacional", constitui uma agenda que nesta matéria não é muito distinta da de vários partidos comunistas, incluindo o português, é de direita ou de esquerda?
E por aí adiante.

A nova Kim Jong-un
Um combate já Trump perdeu em Singapura: a estrela do encontro é Kim Jong-un. É recebido com evidente contentamento pelos seus mais improváveis anfitriões, todos os seus gestos se tornam virais, como aliás a sua escolta de guarda-costas a correr ao lado do carro, e os media internacionais voam à volta da sua bizarra figura como passarinhos à volta de uma migalha.

Trump já não é novidade, embora a sua grosseria e violência sejam muito mais perigosas do que as do "rocket man", que ele pensa que pode entender logo ao primeiro minuto. Presumo que se ele lhe fizer uma vénia ou lhe oferecer um presente sumptuoso retirado de um qualquer museu norte-coreano, Trump ficará logo rendido a Kim como o é a Putin, a Duterte, a Erdogan e a Xi, homens que ele acha que são da sua laia. Fortes.

O que vai estar em cima da mesa é da ordem do puro narcisismo, e quem pensa que é a "paz" acredita na alquimia. Claro que o narcisismo de Trump e Kim pode conduzi-los a uma aliança que possa ser a curto prazo vantajosa para o resto do mundo, mas convém não ter ilusões quanto aos motivos. Ambos são muito ambiciosos, ambos querem ficar na história - a suprema vaidade. Trump quer ter o Prémio Nobel da Paz e não o esconde, e Kim não se sabe muito bem o que quer, mas sabe-se que é o "chefe supremo" da primeira monarquia comunista. Kim é muito mais inteligente do que Trump, mas Trump é muito mais poderoso. Ambos são cruéis, Kim ganha porque a sua crueldade é despótica, mas ambos estão habituados a mandar sem contestação e a sua última preocupação é o "povo". Sozinhos, um diante do outro, são um perigo público, mas Deus às vezes escreve direito por linhas tortas. O que é certo é que neste momento ambos precisam desesperadamente um do outro.

Um novo clima de censura atravessa os americanos
Uma cómica chama uns nomes feios a Ivanka Trump. Pediu desculpa. Robert de Niro diz que Trump "se f…". Não pediu desculpa, repetiu e repetiu com a sala de pé com palmas. Um convidado da Fox News referiu-se ao encontro Trump-Kim como o "encontro de dois ditadores" e o programa continuou normalmente como se ninguém achasse anormal a classificação. Depois rebentou a tempestade. Pediu desculpa. Roseanne, uma actriz "trumpista" com um programa televisivo de sucesso, mandou uns tweets racistas e foi despedida. Meteu os pés pelas mãos e desculpou-se. Todos os dias é isto, e este ambiente é muito mau.

O resultado é que cada vez mais as pessoas se patrulham no que dizem, e cada um dos lados levanta uma pequena guerra civil contra o outro, usando os "seus" media. A Fox News é exímia nessa patrulha, que faz sistematicamente, mas é acompanhada pela obsessão do "politicamente correcto" de que a esquerda americana padece sem perceber os riscos de legitimar a censura do outro lado. O uso generalizado das "redes sociais" é altamente propício à asneira e também parece que ninguém aprende.

Há apenas um homem que escapa de pedir desculpas e que diz as maiores enormidades, insulta e profere obscenidades (os jogadores que se ajoelham são "filhos da puta"), sem consequências - Donald J. Trump.

Viva Espanha! Arriba Pedro Sánchez!

  por estatuadesal

(Carlos Esperança, 18/06/2018)

caidos

O governo do PSOE terá vida difícil, mas sobra-lhe ânimo para a decência democrática e o civismo republicano, sob a circunstância monárquica.

Pedro Sánchez surpreendeu ao formar governo com mais governantes do sexo feminino do que do masculino, com mulheres de grande competência profissional e currículo exemplar, para surpreender de novo com a maior operação humanitária de sempre para acolher os refugiados a que alguns países se negaram e outros fizeram vista grossa

Agora, propõe-se executar a proposta do seu partido, aprovada em 2017, de trasladar os restos mortais de Franco, do Vale dos Caídos, onde permanece há 42 anos, por decisão do próprio ditador, um duradouro insulto à democracia, com a conivência de uma direita que primeiro alegava as feridas que podia abrir e, depois, a inutilidade de lembrar um assunto esquecido, para perpetuar as honras ao opressor fascista.

Hoje mesmo, a comissão executiva do PSOE, a que preside Pedro Sánchez, propõe ao Governo a elaboração da lei que inclui trasladar o genocida e alterar o significado do local onde a sua presença e as honras de que goza constituem uma afronta às centenas de milhares de vítimas do maior genocida ibérico da História.

El País referia ontem, citando fontes do Governo e do PSOE, que “O presidente, Pedro Sánchez, quer ir ‘passo a passo’ cumprindo compromissos adquiridos nos anos de oposição do PSOE; atender petições das associações de vítimas do franquismo e assumir as recomendações da ONU sobre o Vale dos Caídos, as valas comuns ou uma comissão da verdade”.

A proposta de trasladar os restos do ditador «fazia parte da proposta de reforma integral da lei de memória histórica que Sánchez apresentou em dezembro num lugar simbólico, o chamado “paredón de España”, em Paterna, onde se crê que foram fuziladas cerca de 2.000 pessoas».

Quando ressoam ainda as palavras então proferidas por Pedro Sánchez, “Ignorando um passado incómodo não se pode construir um futuro confortável”, resta a possível oposição da Igreja, mas não é crível que ainda tenha força para manter a defesa do criminoso de que foi cúmplice.

Finalmente, os 33.487 mortos, de ambos os lados, que ali se encontram ficarão libertos da presença dominante e simbólica que perpetuava o carácter fascista do monumento que atesta uma das mais cruentas guerras civis europeias e a demente e continuada vingança dos vencedores. Os assassinados vêem-se livres do maior dos assassinos.

Viva Espanha, laica, livre e democrática!

Portugal é 2.º melhor entre europeus na ambição contra alterações climáticas

18/6/2018, 8:32

Portugal está entre os melhores a nível europeu num ranking de ambição contra as alterações climáticas. País tem aspetos negativos, como a possibilidade de exploração de petróleo.

RAJAT GUPTA/EPA

Autor
  • Agência Lusa
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Portugal está em segundo lugar entre os países europeus num ‘ranking’ sobre ambição em metas e medidas para cumprir o Acordo de Paris contra as alterações climáticas, sendo somente ultrapassado pela Suécia, segundo um estudo divulgado esta segunda-feira.

A grande maioria dos Estados-membros da União Europeia (UE) “está a falhar o objetivo” de alcançar as metas do Acordo de Paris e Portugal está entre os poucos países que tem apelado para metas e políticas mais ambiciosas na área da energia e clima, como a redução das emissões de gases com efeito de estufa, conclui o estudo apresentado pela Rede Europeia de Ação Climática (CAN-Europe).

Intitulado “Off target: Ranking of EU countries’ ambition and progress in fighting climate change”, o estudo avalia o papel que os Estados-membros estão a desempenhar na definição de metas e políticas ambiciosas na área da energia e clima e o progresso que estão a fazer na redução das emissões de gases com efeito de estufa e na promoção das energias renováveis e eficiência energética.

O trabalho foi divulgado em Portugal pela Associação Sistema Terrestre Sustentável, Zero, que integra a CAN-Europe, e lista nos primeiros lugares a Suécia (77%), Portugal (66%), França (65%), Holanda (58%) e Luxemburgo (56%), considerando que não há qualquer país a preencher os requisitos para ocupar o primeiro lugar.

Temos um segundo lugar que no fundo é um terceiro, na medida em que nenhum país da Europa atinge os 100%, somos o segundo país porque a Suécia nos consegue superar nesta seriação dos 28 países da União Europeia”, disse à agência Lusa o presidente da Zero, Francisco Ferreira.

Para o ambientalista este resultado “muito simpático” para Portugal mostra que o país “tem um caminho que não pode perder em termos de oportunidade” para cumprir o Acordo de Paris.

“Reflete acima de tudo o esforço que Portugal tem vindo a fazer, quer internamente, quer nas negociações à escala europeia e, nesse contexto, tem sido dos países que tem defendido metas mais ambiciosas” para a redução de gases com efeito de estufa, apontou.

Entre os aspetos positivos, que pesaram na classificação, estão questões na área da energia e do clima, “à escala europeia e em termos de defesa de políticas mais ambiciosas” e à escala nacional, com “vários compromissos nomeadamente a retirada do carvão até 2030 e a neutralidade carbónica em 2050”, explicou Francisco Ferreira.

Infelizmente, Portugal tem também aspetos negativos aqui ponderados, nomeadamente a possibilidade de vir a explorar petróleo e gás é, sem dúvida, visto à escala europeia, como um retrocesso potencial e relevante”, realçou, acrescentando que, em relação ao uso do carvão, o Governo fixou a data de 2030 para terminar, mas “era bom que acontecesse antes”.

Para o especialista em alterações climáticas, no trabalho da CAN-Europe “há algumas surpresas”, como a Finlândia, que está em nono lugar, o último lugar da Polónia “acaba por ser inevitável” porque o país continua a apostar muito no uso do carvão e “tem dificultado muitas das negociações à escala europeia”, além do penúltimo lugar para a Irlanda e o sexto para a Dinamarca.

Relatório de conformidade ambiental para projeto mineiro de Moncorvo já foi entregue

18/6/2018, 11:14

O relatório de conformidade ambiental para a exploração das minas de ferro na zona do Carvalhal, em Torre de Moncorvo, foi entregue na Direção-Geral de Energia e Geologia.

PEDRO SARMENTO COSTA/LUSA

Autor
  • Agência Lusa
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O relatório de conformidade ambiental para a exploração das minas de ferro na zona do Carvalhal, em Torre de Moncorvo, foi entregue na Direção-Geral de Energia e Geologia, anunciou esta segunda-feira o presidente da Câmara. Nuno Gonçalves acrescentou que o Recape (Relatório de Conformidade Ambiental do Projeto de Execução) foi apresentado pela empresa MTI – Ferro de Moncorvo, SA, e reporta-se à área mineira situada nas uniões de freguesias de Felgar/Souto da Velha e Felgueiras/Maçores, bem como nas freguesias de Mós, Carviçais, Larinho, Torre de Moncorvo e Açoreira, no concelho de Torres de Moncorvo, distrito de Bragança.

“O Recape é um documento essencial para se reiniciar a exploração mineira no concelho de Moncorvo. Trata-se de um projeto privado de exploração mineira que tem o seu andamento próprio, mas que se está a cumprir dentro dos prazos que lhe são exigidos pelo Estado português”, explicou à Lusa o autarca social-democrata.

Nuno Gonçalves frisou a Câmara Municipal tem projetos entregues pela MTI para abertura de caminhos e aceiros de acesso aos sítios de exploração mineira, bem como a reabilitação de alguns imóveis de apoio que se encontram no lugar de uma antiga mina, no Carvalhal.

A MTI desenvolveu já trabalhos de prospeção e pesquisa prévios ao abrigo de um contrato de 2008, bem como atividade de exploração experimental no âmbito de outro contrato, este de 2013. Em novembro 2016, altura em que assinado o contrato definitivo relativo a esta concessão, o ministro da Economia, Manuel Caldeira Cabral, realçou “o empenho colocado pelo Governo para agilizar este projeto”, salientando ainda a sua “importância para a região e para o país”.

A empresa concessionária da exploração mineira em Torre de Moncorvo espera investir 114 milhões de euros até 2026 e produzir de seis milhões de toneladas de minério nos primeiros cinco anos de laboração.

Segundo a MTI, numa primeira etapa considera-se a criação de mais de 200 postos de trabalho diretos, a que acrescerão mais de 250 nas etapas seguintes. Estima-se ainda a criação de 800 postos de trabalho indiretos. Para já, ainda não há data concreta, para o arranque da exploração mineira.