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quarta-feira, 20 de junho de 2018

Coisas dramáticas

Quinta Emenda

Tenho o direito de ficar calado. Mas não fico!

Eduardo Louro

  • 19.06.18

Resultado de imagem para trump imigrantes crianças

Há muito que tenho para mim que a Europa, depois de salva por duas vezes em pouco anos pelos Estado Unidos, começando por se acomodar à condição de protegida, acabou dependente absoluta dessa protecção, renunciando a qualquer juízo crítico, ignorando liminarmente qualquer conflito de interesses, e assumindo o trágico dogma que, se é bom para a América, é bom para a Europa.

Este é um tema com pano para mangas, que talvez venha a abordar num destes dias.

O problema dos fluxos migratórios, hoje central no futuro da Europa, não se pode dissociar dos interesses americanos que a Europa tomou de dores sem perceber que conflituavam com os seus mais básicos interesses geoestratégicos. E é extraordinário que, à beira da implosão, a Europa não perceba isto. Não deixa de ser dramático que Trump invoque o exemplo alemão para justificar os crimes que está a praticar na fronteira mexicana. E que Trump seja exemplo para aprofundar a crise na Alemanha, para a espalhar por toda a Europa e para acabar com o que resta da ideia europeia.

Ladrões de Bicicletas


Amanhã

Posted: 19 Jun 2018 04:47 PM PDT

Manifestação contra a separação de crianças migrantes nos EUA

«A existência de campos de detenção junto à fronteira entre os Estados Unidos e o México, onde pelo menos duas mil crianças imigrantes estariam encarceradas sem contacto com os seus pais e famílias, desde maio deste ano, ofende os mais elementares princípios de humanidade.
As crianças, algumas apenas com seis anos de idade, terão sido propositadamente separadas dos seus pais pelas autoridades norte-americanas como forma de dissuadir os fluxos migratórios para os Estados Unidos. O próprio Presidente Donald Trump confirmou publicamente que é assim. O conhecimento dos detalhes de toda esta prática só aumenta a nossa convicção de que estamos perante um ato cruel e de flagrante violação de direitos humanos.
As imagens publicadas pela comunicação social norte-americana mostram centros de detenção formados por jaulas onde as crianças são colocadas a dormir no chão com um cobertor térmico. Os centros estão iluminados 24 horas por dia, igualando condições próximas da tortura.
Segundo a informação pública, após a separação, não existe qualquer hipótese de reunião das crianças com as suas famílias, nem de contacto ou sequer de informação sobre o paradeiro de cada membro da família.
Manifestamos a nossa indignação e protesto veementes contra esta política desumana e indigna de qualquer sociedade civilizada e democrática, e exigimos que estas famílias sejam reunidas e livres de prosseguirem a sua vida. Certos de que esta reação é largamente partilhada, convocamos uma concentração contra a separação de crianças migrantes nos EUA, a realizar esta quinta-feira, às 19h, no Largo de Camões, em Lisboa.»

É preciso que algo mude...

Posted: 19 Jun 2018 02:33 PM PDT

Num excelente trabalho do Negócios da passada semana sobre as alterações na área laboral, o insuspeito António Monteiro Fernandes, Professor de Direito do Trabalho e antigo Secretário de Estado de Guterres, afirmava perceber “bem que a parte patronal tenha aceitado de modo seráfico este acordo”, já que no fundamental nada muda em relação a 2012, ou seja, em relação à troika: “o fantasma que podia existir em face das negociações [à esquerda] foi completamente afastado”, “tudo o que era essencial para os empregadores mantém-se”, afirmou então.
Perante isto, há quem valorize alterações de detalhe, sublinhando, por exemplo, que é a primeira vez desde a instauração do euro que a contra-reforma não avança. Na melhor das hipóteses, o que alguns chamam de governo de esquerda não passará de um compasso de espera na mais fundamental das questões. Os representantes dos patrões estão naturalmente satisfeitos e deram sinais disso.
Afinal de contas, é hoje claro que o governo do PS aceitou a pesadíssima herança da troika ou não estivessem as verdadeiras preferências políticas de António Costa, um homem da terceira via, a revelar-se de novo, sobretudo desde que Rui Rio é líder do PSD. As propostas de comunistas e bloquistas nestas áreas têm sido sistematicamente chumbadas. Estes últimos até constituíram um grupo de trabalho sobre a precariedade, cujas conclusões foram em geral ignoradas, confirmando que este modelo de articulação não permitiu avançar em nenhuma área.
Agora, o bloco central informal aí está, com Rio e Marcelo a acompanharem o governo, os representantes dos patrões e uma central sindical que se não existisse tinha de ser inventada para assinar tudo o que o governo de turno lhe coloca à frente.
Entretanto, o PS está cada vez mais longe da maioria absoluta. O PS é muito mais frágil do que parece, sublinhe-se uma vez mais. Afinal de contas, isto é uma periferia e nas periferias os desenvolvimentos, incluindo políticos, são externamente sobredeterminados. Por isso, mas se calhar não só por isso, a pergunta não desaparece: se a terceira via colapsou por todo o lado, porque é que por cá seria, a prazo, diferente?

A desastrosa Reforma do Copyright da UE, explicada pelos seus amantes e inimigos

Novo artigo em Aventar


por j. manuel cordeiro

Lamento que grande parte do post esteja em inglês, mas a nossa comunicação social anda a dormir e pouco ou nada tem produzido sobre este assunto. E a mim, falta-me tempo para traduzir ou escrever um artigo completo.

Em baixo, deixo o mais completo e esclarecedor artigo sobre a problemática em causa.

Transcrevo algumas partes e recomendo a leitura completa do texto. Quem tiver dificuldade no inglês, pode tentar a tradução automática.

Não acredito que o eurodeputado português António Marinho e Pinto aqui venha ler este texto, especialmente quando nem sequer leu o que os gurus da Internet escreveram, mas aqui fica um apelo e uma pergunta. Informe-se, senhor eurodeputado, e vote contra este absurdo. E com que direito se acha, o senhor e os restantes eurodeputados, para votar uma matéria desta natureza sem ouvir aqueles que representa?

Por fim, o título do post e as imagens são do artigo citado, o que vai um pouco além do uso aceitável para citações permitido pela actual lei (e que a nova lei que a UE quer aprovar deixará de permitir). Mas é por uma boa causa e espero que o autor não se chateie.

Já agora, divulgue. Cidadãos esclarecidos tomam melhores decisões e, pelo seu voto, têm actualmente a única forma de pressionar os políticos.

Ler mais deste artigo

Sobre a decência humana

Opinião

Miguel Guedes

Hoje às 00:00



ÚLTIMAS DESTE AUTOR

O muro entre o México e os EUA existe e assume a forma de jaulas para cerca de 2000 crianças. Campos de concentração para crianças que aguardam sozinhas desde Maio, aparentemente entre os 4 e 10 anos, propositadamente separadas dos pais por terrorismo de Estado. E não sabíamos. Ou então não fomos suficientemente alertados pelos avisos semelhantes que todos os dias se colariam aos nossos olhos se realmente quiséssemos ver. Mas o prazo da revolta passa-nos em vertigem até uma tragédia maior que suceda. Temos uma data limite para a indignação e está visto que não abdicamos dela.

As imagens são dantescas e sem ponta de sangue. Não é guerra, pode ser igual ou pior. Não há sangue, só uma violência sem limites. E lágrimas, cobertores térmicos no chão, pedidos de clemência e pranto pela presença dos pais, jaulas iluminadas 24-horas-dia não vá o diabo das crianças tecê-las. Nenhuma informação sobre o paradeiro das famílias, crianças abandonadas ao abuso, à tortura da solidão, perdidas, traumatizadas. Nos EUA, os democratas denunciam. O senador John McCain, considera esta política uma afronta à decência do povo americano mas nem ele nem nenhum dos seus colegas republicanos defendem o projecto de lei de Dianne Feinstein que poderia pôr fim a este crime. Bandidos de Senado.

Para nós europeus, bastaria olhar para o que se passa em Itália, na Hungria ou em Malta para exigirmos uma outra Europa. Para nós europeus, bastaria olhar para os milhares de crianças enjauladas e separadas dos pais pela política-Trump de "tolerância zero" com os imigrantes ilegais para lhe respondermos com total intolerância e intransigência. Mas não. Esta é a Europa que temos, tímida perante um facínora que a democracia decadente elegeu e tímida perante os seus próprios violadores. Enquanto ainda há muito boa gente regalada a olhar para as fotografias de dois bonecos a celebrar um acordo sem conteúdo e com mosquitos entre cordas em Singapura, Trump passa todos os limites e chantageia com a saída dos EUA do Conselho de Direitos Humanos da ONU. Sim, ele pode. Porque nós deixamos.

É, por vezes, o que nos separa da decência. Façamos de conta que nada acontece e, daqui a nada, está ali em Olivença, terra de ninguém. Na nossa porta e ao nosso alcance. Anuncia-se uma visita de Marcelo Rebelo de Sousa à Casa Branca no final deste mês e o seu cancelamento, até à resolução destes campos de concentração para crianças migrantes, seria o exigível sinal de afecto do nosso presidente. Isso se existisse Europa. Isso.

A sensação que tenho é a de que estamos a ver passar um funeral.
MÚSICO E ADVOGADO

O autor escreve segundo a antiga ortografia

Entre as brumas da memória


Ó Evaristo, tens cá Visto?

Posted: 19 Jun 2018 01:34 PM PDT

«O que sobra sempre da discussão sobre os vistos gold é a certeza da inversão de valores que faz com que se aceite acriticamente que a cidadania é uma coisa que se vende e não um direito. E que nem importa se são especuladores ou corruptos, se o investimento serve o país ou não, desde que o dinheiro continue a entrar.»

Mariana Mortágua
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Manifestação contra a separação de crianças migrantes nos EUA

Posted: 19 Jun 2018 10:15 AM PDT

21.06.2018, 19h
Praça Luís de Camões, Lisboa

«A existência de campos de detenção junto à fronteira entre os Estados Unidos e o México, onde pelo menos duas mil crianças imigrantes estariam encarceradas sem contacto com os seus pais e famílias, desde maio deste ano, ofende os mais elementares princípios de humanidade.

As crianças, algumas apenas com seis anos de idade, terão sido propositadamente separadas dos seus pais pelas autoridades norte-americanas como forma de dissuadir os fluxos migratórios para os Estados Unidos. O próprio Presidente Donald Trump confirmou publicamente que é assim. O conhecimento dos detalhes de toda esta prática só aumenta a nossa convicção de que estamos perante um ato cruel e de flagrante violação de direitos humanos.

As imagens publicadas pela comunicação social norte-americana mostram centros de detenção formados por jaulas onde as crianças são colocadas a dormir no chão com um cobertor térmico. Os centros estão iluminados 24 horas por dia, igualando condições próximas da tortura.

Segundo a informação pública, após a separação, não existe qualquer hipótese de reunião das crianças com as suas famílias, nem de contacto ou sequer de informação sobre o paradeiro de cada membro da família.

Manifestamos a nossa indignação e protesto veementes contra esta política desumana e indigna de qualquer sociedade civilizada e democrática, e exigimos que estas famílias sejam reunidas e livres de prosseguirem a sua vida. Certos de que esta reação é largamente partilhada, convocamos uma concentração contra a separação de crianças migrantes nos EUA, a realizar esta quinta-feira, às 19h, no Largo de Camões, em Lisboa.»

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EUA: as vozes de crianças separadas da família

Posted: 19 Jun 2018 06:35 AM PDT

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O eixo do mal

Posted: 19 Jun 2018 02:36 AM PDT

«Os imigrantes ou são heróis como Mamoudou Gassana, que salvou uma criança de cair da varanda de um quarto andar de Paris e que a França regularizou num ápice, ou, então, não são nada. Os imigrantes ou são ricos e têm visto gold ou são considerados indocumentados, ilegais, sem direitos (como na abjecta separação entre menores e adultos na fronteira dos EUA com o México). Num país presidido pelo neto de um imigrante — ele próprio casado com uma imigrante —, crianças são colocadas em gaiolas pelo simples crime de acompanharem adultos na ânsia de uma vida melhor, com a intenção de assim castigar quem o fez e de dissuadir quem o queira vir a fazer.

PUB O racismo é um rolo compressor que cresce de forma larvar de eleição em eleição como o ovo de uma serpente. O ódio aos imigrantes trava qualquer solução política entre Estados e não olha a meios, por mais desumanos que estes possam ser, para atingir os seus fins. Jeff Sessions, ministro da Justiça da Administração Trump, e Sarah Sanders, porta-voz da Casa Branca, nem sequer têm pejo em invocar a Bíblia para defender o indefensável: “Obedecer às leis do Governo” é “muito bíblico”. Tudo isto é muito pouco cristão.

Trump e o "Brexit" catalisaram esta onda galopante de extrema-direita que faz do imigrante, do refugiado ou do candidato a asilo o bode expiatório de todo o mal na Europa. As declarações do ministro do Interior alemão, que anunciou um eixo Roma-Viena-Berlim contra políticas de aceitação de mais imigrantes, são o último passo em direcção a um abismo. O eixo não está só. Os três podem contar com o apoio férreo de países como Hungria, Polónia, Eslováquia ou Dinamarca e com a complacência dos demais, o que transforma a Península Ibérica num oásis de lucidez. Neste cenário, estão reunidas as condições para que a cimeira da próxima semana seja mais um fracasso e para que pareça mais fácil erradicar a malária ou a poliomielite do que o racismo ou a xenofobia.

O relatório anual sobre os casos de asilo na UE, que desceram 44% em 2017, permite concluir que hoje a crise migratória é, antes de mais, “uma crise de vontade política”, como sugerem responsáveis do Gabinete Europeu de Apoio em Matéria de Asilo e do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados. E ela aí está. O eixo Salvini-Kurz-Seehofer faz parte de um mundo que nos quer voltar a impor fronteiras e muros, e que pretende destruir qualquer noção de solidariedade entre Estados e povos.»

Amílcar Correia