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sexta-feira, 22 de junho de 2018

"Não quero saber". Casaco de Melania ensombra visita a crianças imigrantes

"Não quero saber". Casaco de Melania ensombra visita a crianças imigrantes

RTP22 Jun, 2018, 10:02 / atualizado em 22 Jun, 2018, 10:06 | Mundo

Não quero saber. Casaco de Melania ensombra visita a crianças imigrantes

“Cruel”, “insensível” e “sem coração” foram algumas das palavras reservadas a Melania Trump pela escolha de vestuário | Kevin Lamarque - Reuters

“Eu não quero saber, tu queres?”. São as palavras que se podem ler nas costas do casaco que a primeira-dama dos Estados Unidos usou a caminho de uma visita a um centro de crianças imigrantes no Texas.

Melania Trump fez uma visita surpresa, na quinta-feira, ao New Hope Children’s Center, local onde se encontram algumas das crianças que foram separadas dos pais na fronteira dos Estados Unidos com o México.
Todavia, as atenções não estão propriamente focadas na ida de Melania Trump àquele complexo, mas sim no casaco que a primeira-dama decidiu vestir.
Seria um casaco verde normal e não teria gerado tanta controvérsia se não estivesse escrita nas costas a pergunta “Eu não quero saber, tu queres?”. Bastou uma fotografia para que se começasse a especular se haveria alguma mensagem subliminar.
“Cruel”, “insensível” e “sem coração” foram algumas das palavras reservadas a Melania Trump pela escolha de vestuário no dia da visita às crianças imigrantes separadas dos pais.

A porta-voz da primeira-dama, Stephanie Grisham, já veio desvalorizar esta situação, argumentando que “é só um casaco”. E acrescenta , num tweet, que os meios de comunicação deveriam focar-se nas ações de Melania Trump em vez de “especularem e focarem-se no seu guarda-roupa”.

Stephanie Grisham

@StephGrisham45

Today’s visit w the children in Texas impacted @flotus greatly. If media would spend their time & energy on her actions & efforts to help kids - rather than speculate & focus on her wardrobe - we could get so much accomplished on behalf of children. #SheCares #ItsJustAJacket

Donal Trump também já se pronunciou em defesa de mulher, argumentando que o casaco tinha uma mensagem escondida, mas direcionada às fake news.

Segundo a CNN, Melania Trump não foi vista a usar o casaco quando aterrou no Texas, mas levava-o novamente vestido quando regressou a Washington.
A primeira-dama visitou as instalações do New Hope Children’s Center e conversou com as crianças que lá se encontram, um dia depois de o Presidente dos Estados Unidos ter assinado a ordem executiva que acaba com a separação das crianças dos pais.

Europa desencadeia contraofensiva no conflito comercial com Trump

Europa desencadeia contraofensiva no conflito comercial com Trump

Carlos Santos Neves - RTP22 Jun, 2018, 08:43 / atualizado em 22 Jun, 2018, 08:51 | Economia

Europa desencadeia contraofensiva no conflito comercial com Trump

As novas taxas, que entraram em vigor às 0h00 desta sexta-feira, constituem a resposta às tarifas aduaneiras norte-americanas para o aço e o alumínio | Heino Kalis - Reuters

Os diretórios da União Europeia têm em vigor, a partir desta sexta-feira, taxas aduaneiras agravadas para dezenas de produtos dos Estados Unidos. É a resposta às políticas protecionistas adotadas pela Administração Trump. São visados produtos como o vestuário de ganga, o bourbon ou as motas Harley-Davidson.

Para a maior porção dos produtos norte-americanos atingidos pela retaliação comercial europeia está reservada uma tarifa de 25 por cento. Mas há também bens que passarão a acarretar uma taxa de 50 por cento, nomeadamente calçado, alguns tipos de vestuário e máquinas de lavar.
Bruxelas responde assim às taxas norte-americanas de 25 por cento sobre as importações de aço e de dez por cento para o alumínio.As taxas de Trump começaram a ser aplicadas às importações de produtos europeus a 1 de junho.
A comissária europeia Cecilia Malmström, com o portefólio do Comércio, reafirmara já esta semana que “a decisão unilateral” da Administração de Donald Trump não deixava “outra escolha” à União.
“As regras do comércio internacional não podem ser violadas sem reação da nossa parte”, insistiu Malmström, para acrescentar que, “se os Estados Unidos suprimirem as suas tarifas aduaneiras”, as taxas europeias serão “igualmente suprimidas”.
Recorde-se que o presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, havia já prometido uma resposta “clara” a uma via que “desafia toda a lógica”.
Na quinta-feira, o vice-presidente do Executivo comunitário Jyrki Katainen admitia que a escolha dos produtos norte-americanos a taxar assentara no “peso simbólico”: até “politicamente”.
“Se escolhemos produtos como as Harley-Davidson, a manteiga de amendoim, o bourbon, é porque há alternativas no mercado. Não queremos fazer nada que possa prejudicar os consumidores”, explicou, por outro lado, o número dois da Comissão.
Milhares de milhões
Um par de isenções temporárias poupou os produtos europeus ao protecionismo da atual Administração dos Estados Unidos. E Bruxelas ainda procurou manter conversações com Washington sobre as políticas comerciais. Sem sucesso: as tarifas norte-americanas começaram a ser aplicadas a partir de 1 de junho.
A União formalizou entretanto uma queixa junto da Organização Mundial do Comércio (OMC).
Em números, as medidas agora implementadas equivalem ao impacto das taxas dos Estados Unidos sobre as exportações europeias de aço e alumínio, que em 2017 valeram 6,4 mil milhões de euros.
O impacto das taxas da União rondará, no imediato, os 2,8 mil milhões de euros; espera-se que os demais 3,6 mil milhões sejam cobertos ao longo dos próximos três anos, partindo do pressuposto de que a Europa acabe por ver os seus interesses atendidos pela OMC.
A anteceder as medidas europeias, o México retaliou no início do mês contra as taxas da Administração Trump. O Canadá planeia fazê-lo em julho. O espectro de uma guerra comercial à escala mundial é ainda adensado pela tensão crónica entre Washington e Pequim.
c/ agências internacionais

O deputado que viaja mais que todos os outros. Farmacêuticas entre os patrocinadores

21 Junho 2018181

Rui Pedro Antunes

Baptista Leite, do PSD, fez 16 viagens pela AR pagas por outras entidades. Os restantes deputados juntos apenas 14. Farmacêuticas entre patrocinadores de organizações que financiaram algumas viagens.

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Há um deputado que viajou mais que todos os outros juntos na atual legislatura em viagens pagas por entidades externas. O atual coordenador do PSD na comissão da saúde e recém-nomeado porta-voz do PSD para a área, Ricardo Baptista Leite, fez 16 deslocações em missões não oficiais — e, numa delas, chegou a estar um mês fora do país. Justificação: “Ausência em missão parlamentar”. A maior parte das ausências foram para participar como orador em conferências, o que fez com que o deputado faltasse a 46 reuniões plenárias. Nenhuma destas viagens é paga pelo Parlamento e Baptista Leite garante que não há qualquer financiamento de entidades ligadas à saúde, mas entre os principais patrocinadores e financiadores dos eventos ou organizações que pagaram os voos e estadias estão gigantes da indústria farmacêutica e de outros setores da saúde.

Ricardo Baptista Leite tinha fama de ser o deputado da bancada que mais tempo passava fora. Vários deputados do PSD contactados pelo Observador — que incluem membros da anterior direção da bancada — reconhecem a competência do deputado, mas alegam que este utilizava o cargo para ir a conferências “promover a sua carreira de médico”. Nesse sentido, a direção terá chegado a recusar, em algumas ocasiões, a autorização de estatuto de missão parlamentar, que permite justificar as faltas e usufruir do seguro de viagem como deputado.

O Observador solicitou à secretaria-geral da Assembleia da República que cedesse a lista de todos os deputados que tiveram viagens autorizadas na atual legislatura. Na listagem, os serviços da AR incluíram todas as viagens “não integradas nas Delegações Internacionais Permanentes da Assembleia da República, em missão oficial de Comissões, em reuniões institucionais internacionais, ou no âmbito das Visitas Oficiais do Sr. Presidente da República ou do Sr. Presidente da Assembleia da República.” Há um ponto em comum nestas viagens: a Assembleia da República não as pagou, foram financiadas por entidades externas.

De acordo com dados oficiais do Parlamento, Ricardo Baptista Leite fez 16 deslocações — e não houve mais nenhum deputado que fizesse mais que duas. Todos os restantes, juntos, não excederam as 14. Aliás, Baptista Leite fez sozinho 53% das deslocações deste género (ver gráfico em baixo).

Em resposta ao Observador, o deputado atira a responsabilidade das viagens que lhe foram concedidas para o presidente da Assembleia da República, Ferro Rodrigues, e para a direção do grupo parlamentar do PSD (em particular as lideradas por Luís Montenegro e Hugo Soares). O deputado justifica que “o número de deslocações em missão parlamentar depende, em larga medida, da relevância das mesmas, da autorização da presidência da Assembleia da República, da autorização da direção do grupo parlamentar e do número de solicitações relevantes que cada deputado recebe”.

Além disso, Baptista Leite acredita que o facto de ter mais deslocações do que os restantes deputados está relacionado com o facto de “ser deputado, médico e académico”. Essa conjugação, segundo o próprio, potencia convites: “Permite transmitir uma visão abrangente que reconheço ser pouco comum e daí o número de convites que me são dirigidos, muitos dos quais acabo por recusar por impossibilidade de agenda”.

Quanto às críticas de que é alvo na própria bancada — de que utiliza as viagens para promoção da carreira como médico — Baptista Leite diz que tanto Luís Montenegro como Hugo Soares “destacaram sempre a importância do papel representativo” que prestou “em trabalho parlamentar além-fronteiras, quer como deputado da Comissão de Saúde, quer como deputado da Comissão de Negócios Estrangeiros e das Comunidades Portuguesas”. Quanto às recusas, o deputado garante que “o único indeferimento de deslocação em missão parlamentar deveu-se ao facto de essa deslocação coincidir com um período em que não havia trabalho parlamentar, pelo que a direção entendeu não ser necessária autorização”.

O deputado durante a viagem de um mês que fez aos EUA. Foto: Facebook de Ricardo Baptista Leite

O coordenador que passou um mês fora

Ricardo Baptista Leite foi eleito coordenador da Comissão da Saúde a 22 de fevereiro de 2018, ao mesmo tempo que Fernando Negrão foi eleito presidente do grupo parlamentar. Quatro dias depois seguiu para uma visita de 24 dias a cinco cidades norte-americanas (Washington, Boston, Spanish Fork, São Francisco e Nova Iorque) que já estaria há muito planeada.

Ao que o Observador apurou, foram outros colegas de bancada que dividiram as funções que seriam desempenhadas por Baptista Leite, durante as mais de três semanas em que este esteve ausente dos trabalhos parlamentares. Isso terá atrapalhado o arranque da estratégia social democrata para a saúde: denunciar os problemas no SNS era uma das prioridades de Rui Rio. O coordenador só voltou a 22 de março.

O deputado garante ao Observador que comunicou a Fernando Negrão que ia fazer esta viagem — cujo processo de seleção que durou dois anos — ainda antes de ser convidado para coordenador. E assegura que acompanhou os trabalhos da comissão “enquanto participava no referido fellowship“. Acrescenta ainda que “o dia-a-dia da comissão foi gerido pelo vice-coordenador do PSD na Comissão de Saúde, o deputado Luís Vales, em colaboração com o vice-presidente da direção do Grupo Parlamentar responsável pela saúde, deputado Adão Silva”.

O deputado com os outros fellows do German Marshall Fund. Foto: página de Facebook de Ricardo Baptista Leite

Para destacar a importância da deslocação aos EUA, Ricardo Baptista Leite explica que este “trata-se de um dos mais prestigiantes programas de intercâmbio transatlântico, que já contou com a participação de figuras de proa europeias como o Presidente Francês Emmanuel Macron e a Comissária Europeia para Assuntos Externos Federica Mogherini“.

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Farmacêuticas entre os patrocinadores de eventos e organizações

Se a estadia nos Estados Unidos foi financiada pelo German Marshall Fund, falta saber quem pagou as viagens e estadias das restantes deslocações do deputado. Ricardo Baptista Leite enviou ao Observador uma tabela (que, no final do texto, publicamos na íntegra) com as deslocações e o respetivo nome das entidades que pagaram os voos e a estadia das várias viagens que realizou nestas condições. Há viagens que pagou ele mesmo, viagens pagas por entidades públicas/comunitárias, mas também viagens e estadias pagas por fundações ou organizações privadas, que têm comopatrocinadores e financiadores grandes empresas farmacêuticas ou de outros setores da saúde.

Ricardo Baptista Leite garante: “Sempre que sou convidado para ser orador em conferências ou reuniões, pergunto sistematicamente à organização quais as entidades financiadoras, assegurando sempre que não existe qualquer incompatibilidade com as funções de deputado e que não existe financiamento de qualquer indústria, empresa, ou entidade privada ligada ao setor saúde“.

Há, no entanto, vários exemplos que demonstram que há um financiamento — no limite, indireto — de empresas do setor da saúde que sustentam as atividades das organizações que financiaram a viagem e a estadia do deputado:

  • De 9 a 11 de fevereiro de 2018, Ricardo Baptista Leite esteve no “Canadian Liver Meeting“, no Canadá, para participar como orador em duas sessões. O deputado garante que quem lhe pagou as viagens e a estadia foram a Canadian Association for the Study of the Liver (CASL), a Canadian Network on Hepatitis C (CANHEPC) e a  Canadian Association of Hepatology Nurses (CAHN). Ora a CANHEPC tem como quatro principais patrocinadores (ver aqui lista de sponsors) grandes empresas da indústria farmacêutica: a Abbvie, a Bristol-Myers Squibb, a Gilead e a Merck. Isto embora também tenha entidades públicas entre os seus financiadores (como o Canadian Institute of Health Research). A CAHN repete (ver aqui a lista) a Merck, a Abbvie e a Gilead como patrocinadores e a ainda lhe junta outras empresas do setor como a Pendopharm, a RX Infinity, a Lupin Pharma Canada, entre outras. O próprio evento tem patrocinadores que, sem surpresa, são (ver aqui): a Gilead(platinum sponsor), a Merck e a Abbvie (golden sponsors), a Intercept (também farmacêutica, como bronze sponsors), entre outros.
  • De 5 a 7 de dezembro, quem pagou a viagem e a estadia de Ricardo Baptista Leite a Abu Dhabi foi a International Diabetes Federation (IDF). O deputado foi orador em duas sessões do Congresso da International Diabetes Federation. Também neste caso a IDF tem entre os seus principais parceiros farmacêuticas como a MSD e a Merck (silver partners) a Boehringer Ingelheim (bronze partner) e ainda outras empresas do setor da saúde como a Bayer, a BD, a Novartis, a Servier ou a SunLife. Neste caso (ver aqui) todos os parceiros são ligados à indústria.
  • De 9 a 10 de outubro de 2016, o deputado foi a Berlim, à World Health Summit, e foi a organização que pagou as viagens e a estadia. Esta organização tem entre os principais patrocinadores (ver aqui) empresas da indústria como a Pfizer (strategic partner), a Roche(major partner), a Bayer, a Novartis  (general partners), a Gilead (supporting partners), embora também tenha entidades públicas como a Comissão Europeia.
  • De 12 a 13 de abril de 2016, Baptista Leite foi a Barcelona, à International Liver Conference, e a viagem foi paga pela World Hepatitis Alliance. Há vários dos principais patrocinadores (ver aqui) que são os mesmos dos eventos ou das organizações das restantes viagens. E, sem surpresa, da área da saúde e grandes farmacêuticas: a Bristol-Myers Squibb, a Gilead, a Merck, a Abbvie e ainda a Janssen e a Abbott (do qual o deputado Ricardo Baptista Leite foi membro Conselho Consultivo Internacional durante cinco meses em 2011). Neste caso, segundo a informação que é pública, todos os “sponsors” pertencem à indústria.

O Observador contactou todas estas organizações acima referidas para que esclarecessem qual a percentagem de financiamento que advém da indústria farmacêutica que ajuda a pagar os eventos e as viagens e estadias dos participantes. Apenas a World Health Summit, através do administrador Jörg Heldmann, respondeu remetendo para o link público da lista de patrocinadores, onde se pode ver que a organização recebe “contribuições do setor privado, organizações académicas e de investigação, bem como financiamento público”. De acordo com  Jörg Heldmann a “percentagem varia ligeiramente” de ano para ano, mas, em regra, a organização é financiada em “um terço pela indústria” farmacêutica, um terço pela “academia e entidades ligadas à investigação” e outro terço por “instituições públicas”.

A World Health Summit explicou ao Observador, através do administrador Jörg Heldmann, que a organização é financiada em "um terço pela indústria" farmacêutica, um terço pela "academia e entidades ligadas à investigação" e outro terço por "instituições públicas".

Ao Observador, Ricardo Baptista Leite diz: “Por ser médico (e não por ser deputado), se as minhas deslocações tivessem sido financiadas por alguma indústria ligada à saúde, essas mesmas indústrias teriam sido obrigadas por lei a registar esse patrocínio no portal da transparência do Infarmed, criado precisamente para este efeito.”

Além disso, o deputado lembra outras viagens (do rol de 16 apontadas pelo Parlamento) que foram financiadas ou por ele (aconteceu uma vez quando foi à World Hepatitis Summit, em São Paulo, em novembro de 2017) ou, por exemplo, pela Comissão Europeia ou outras instituições públicas/comunitárias (como aconteceu quando foi a Viena, também em novembro de 2017, à European Health Conference, em setembro de 2016 ao European Health Forum Gastein, também na Áustria, ou ainda na reunião “Towards better prevention and management of chronic diseases”, em Bruxelas).

Ricardo Baptista Leite acumulou as funções de deputado com as de consultor médico na Glintt Heathcare Solutions, S.A. pelo menos até 1 de abril de 2016. As ligações à indústria farmacêutica (não só à Glintt como também à Abbot) são exploradas no livro “Os Privilegiados“, em que são relacionados os contratos que estas empresas tiveram com o Estado com a atividade legislativa do deputado.

Ao pedir que as viagens que fez sejam reconhecidas como “ausência em missão parlamentar”, o deputado não ganha nenhum abono especial, mas tem todas as faltas justificadas (quer em plenário, quer em comissão parlamentar) enquanto está fora. Na atual legislatura, Ricardo Baptista Leite teve 46 faltas justificadas em plenário tendo como argumento “ausência em missão parlamentar”. A isto somam-se ainda várias justificações de faltas em reuniões nas comissões parlamentares de que faz parte (Saúde e Negócios Estrangeiros).

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Do Brasil à Guiné: como foram as viagens dos outros

Se Ricardo Baptista Leite fez 16 viagens autorizadas, houve mais dez deputados que, todos juntos, fizeram 14 viagens nas mesmas condições.

O deputado do PS Joaquim Barreto explicou ao Observador que, na qualidade de Presidente da Comissão de Agricultura e Mar, recebeu um convite do Ministério da Agricultura para participar em Uberaba (Estado de Minas Gerais, no Brasil) na conferência “Desenvolvimento Económico e Erradicação da Pobreza Através da Agricultura”. A deslocação não foi incluída na listagem oficial da Assembleia da República, uma vez que foi um convite do Governo. Aliás, como explica o deputado ao Observador, o Ministério da Agricultura, Florestas e Desenvolvimento Rural “suportou as despesas de transporte para o Brasil, ida e volta”.

O deputado do PS Vitalino Canas, a quem são atribuídas duas deslocações deste género, só tem presente ter realizado uma delas: ao Brasil, para participar no 8° Seminário Internacional de Direito Administrativo e Administração Pública. O deputado lembra que nessa viagem teve de ir ao Brasil “num dia e meio”, mas que fez “esse esforço” pois considera positivo que “os deputados sejam convidados para conferências e não participem só nos eventos que estão integrados nas ligações entre parlamentos”. Explicou ainda que os organizadores do evento custearam a deslocação. No evento, onde esteve também o ministro da Segurança Pública do Brasil, Raul Jungmann, Vitalino destaca que a presença foi “pro bono” e acrescenta: “Ainda perdi dinheiro”.

Mota Soares foi duas vezes a Bruxelas a convite do PPE, Joaquim Barreto foi ao Brasil com o ministro da Agricultura e Luís Campos Ferreira foi à Guiné Equatorial ser observador das eleições (e recusou que fosse o regime de Obiang a pagar)

Já o deputado do PSD Luís Campos Ferreira conta que a deslocação em causa foi à Guiné Equatorial como observador das eleições. A Guiné Equatorial até pagava as deslocações, mas, como se tratava do ditador Teodoro Obiang, o deputado e a direção da bancada entenderam que deveria ser o grupo parlamentar do PSD a pagar a viagem.

O deputado do CDS Pedro Mota Soares explica que as duas deslocações que lhe são atribuídas dizem respeito a duas reuniões do PPE (família europeia do CDS e do PSD) em Bruxelas, realizadas no âmbito das relações entre os parlamentos nacionais, tendo as mesmas sido financiadas pelo PPE. O deputado socialista Paulo Trigo Pereira esclarece que a sua deslocação foi “a 2 de novembro de 2015 a São Tomé (cidade) para participar num encontro com parlamentares, representantes da sociedade civil, e Instituições supremas de controlo (Tribunais de Contas) dos países de língua portuguesa.” O deputado tinha sido presidente do Instituto de Políticas Públicas (IPP) até Outubro de 2015 quando assumiu a função de deputado. Antes de tomar posse na AR assumiu o compromisso de representar o IPP numa reunião do “Projeto PRO PALOP Timor Leste”, inteiramente financiado pela União Europeia.

O deputado do PSD Adão Silva só tem uma deslocação deste género registada, mas não consegue precisar quando foi. Estranha até fazer parte da listagem da Assembleia da República, uma vez que há algumas semanas foi questionado pela própria secretaria-geral sobre que viagem seria aquela e, em conjunto com os serviços, não conseguiram concluir de que viagem se tratava.

A epidemia*

Quinta Emenda

Tenho o direito de ficar calado. Mas não fico!

Eduardo Louro

  • 22.06.18

Resultado de imagem para racismo fascismo xenofobia

Na América, Trump refinou o que chama de tolerância zero contra os imigrantes ilegais, mesmo que para isso arrancasse crianças às famílias e as prendesse em jaulas, que uma senhora do seu governo, com a pasta da imprensa, comparou a campos de férias. No fundo, são campos de férias para as crianças, garantiu a senhora. Coisa que, rezam as crónicas, lhe valeu sérios incómodos num restaurante em que jantava um destes dias. Se é que é senhora para se deixar incomodar…

Sim, porque nesta administração Trump não há muita gente para se deixar impressionar por estas coisas, havendo até quem, perante hipóteses de comparação com os nazis, negue qualquer semelhança: na Alemanha nazi, eles queriam evitar que os judeus partissem; agora, na América, pretende-se evitar que entrem. Não os judeus, evidentemente… Ou até quem, de mãos erguidas, invoque a Bíblia para justificar as suas monstruosidades. Soube-se que Melanie Trump se sentiu fortemente incomodada mas, como se sabe, não pertence à administração. É apenas primeira-dama. E mesmo assim só quando convém…

Em plena União Europeia, em cujo coração a Srª Merkel, outrora inimiga da Europa e agora sua última esperança, trava uma dura luta de sobrevivência com o seu ministro do interior exactamente por causa destas coisas, o Sr Viktor Orban, anteontem, em pleno dia mundial dos refugiados, fez aprovar no parlamento da Hungria um pacote legislativo que criminaliza, e pune com prisão, qualquer auxílio a qualquer imigrante ilegal ou refugiado. Ou quem ouse auxiliar alguém a pedir asilo.

Na Europa, um país membro da União Europeia, não se limita a inscrever na Constituição que “uma população estrangeira não pode fixar-se na Hungria”. Persegue quem defenda ou preste qualquer tipo de auxílio a estrangeiros que pretendam entrar no país de onde muitos cidadãos tiveram que sair para procurar melhores condições de vida. Como George Soros, hoje um dos maiores investidores e filantropos do mundo, e um dos maiores financiadores das organizações de defesa dos direitos dos imigrantes, também na Hungria.

Mas de tal forma objecto da ira fascista do líder húngaro que o regime não encontrou melhor designação oficial para esta legislação agora aprovada que, justamente, “STOP SOROS”.

* A minha crónica de hoje na Cister FM

Spam da Autoridade Tributária e Aduaneira – então e o RGPD e afins?

Novo artigo em Aventar


por j. manuel cordeiro

O fisco continua a enviar spam.

Se calhar falta uma lei a propósito do envio de correio não solicitado. Ah!, já existe.

Há remetentes dos quais preferia nunca receber mensagens. Por exemplo, das agências funerárias, do departamento de multas da EMEL e do fisco. Será que há alguma possibilidade de exigir factura com número de contribuinte vir a ser a forma mais eficaz no combate às melgas?