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sexta-feira, 13 de julho de 2018

De sem abrigo nas ruas de Lisboa para a capa da Vogue Portugal

13/7/2018, 7:43184

Vítor Leitão, engenheiro informático desempregado com quase 60 anos, dormia nas ruas de Lisboa. Agora, é capa da Vogue Portugal depois de um caça talentos o ter encontrado no verão de 2015.

Vítor Leitão (o modelo de barba branca) é engenheiro informático. Ainda procura emprego na sua área, mas tem feito anúncios publicitários

Vogue Portugal

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“Aproximei-me dele e fiz o discurso da publicidade, fiz o nosso pitch”, conta ao Observador Frederico “Fred” Canto e Castro. Mal sabia o fundador e presidente executivo da Sonder People, uma agência de modelos para “pessoas reais”, que estava a mudar a vida de Vítor Leitão. O engenheiro informático transformado em modelo, não tinha emprego e vivia nas ruas de Lisboa. Agora, foi notícia com a sua história nos principais jornais espanhóis, como o El País, o El Mundo ou o La Vanguardia, depois de aparecer na capa da Vogue Portugal deste mês.

“Tudo aconteceu no verão de 2015, no [centro comercial] Colombo”. Na altura o jovem empreendedor fez o que já fazia para o sucesso do seu negócio, caçou um talento. “Estava bem vestido, como sempre o vi”, conta. Já Vítor, diz Fred, “ficou surpreendido e alinhou”. O empreendedor deu-lhe o cartão de visita e depois apareceu nos estúdios da Sonder People, no Lx Factory. Na altura, não sabiam da “situação especial” da vida de Vítor. Foi o primeiro caso, e até agora único que o empreendedor saiba, de alguém que era sem-abrigo e foi agenciado pela Sonder.

Exatamente por estar numa fase mais complicada na vida, houve um “cuidado” especial e não se cobrou a taxa de inscrição — uma taxa que entretanto acabou — para que Vítor pudesse ser agenciado e se tirasse as fotografias necessárias. Desde 2007, depois de estar a dirigir o departamento de informática da universidade moderna, Vítor estava desempregado, uma situação que o levou a dormir na rua (a universidade fechou definitivamente em 2008, e em 2007 já começava a fechar).

[Uma publicidades em que Vítor Leitão participou — é quem interpreta o barman — da Federação Portuguesa de Futebol]

Tinha pouco mais de 50 anos quando perdeu o emprego na Moderna. Ainda tentou trabalhos em Espanha, África do Sul, Zimbabué, Angola e Moçambique. Contudo, depois de, neste último país, a empresa que o tinha contratado o ter de despedir por o governo moçambicano não pagar, teve de voltar a Portugal, como contou ao El País e ao El Mundo.

A volta não foi fácil. Além de não ter casa por ter deixado de pagar o arredamento do apartamento, o carro foi roubado. “Comecei a licenciar-me nas habilidades das ruas”, contou a vários jornais espanhóis. Dormia na estação do Oriente e, para encontrar dinheiro, ia de manhã às máquinas de bilhetes em busca das moedas perdidas. Além disso, se encontrava bilhetes não validados, vendia-os por metade do preço. Mas o dinheiro que conseguia era pouco. No melhor dos dias, fazia oito euros.

A ajuda surgiu através de instituições como a Comunidade Vida e Paz que o permitia ter uma refeição quente. Depois, a Santa Casa da Misericórdia também foi um apoio. Aceitaram o engenheiro informático num abrigo temporário durante 90 dias e davam-lhe 50 euros mensais para poder procurar trabalho. Às 9 da manhã tinha de sair do abrigo e só podia voltar às 18h30. “Durante essas horas ocupava-me: adquiri um passe de metro por 18 euros [mais barato graças à Santa Casa] e voltei a falar com antigos clientes. As coisas começaram a melhorar”.

Mesmo sem contacto com antigos clientes, continuou o dia a dia. Passeava por estações de metro e comboio, aeroportos e centro comerciais. Um dia estava a ver canetas de tinta permanente: “Gosto muito delas”, contou aos jornais espanhóis. Era o verão de 2015, estava no centro comercial Colombo, em Lisboa e… “O Fred viu-me e perguntou se alguma vez tinha pensado em ser modelo”.

[As três capas da Vogue Portugal deste mês, com Vítor como um dos modelos]

O anúncios passaram a ser mais uma fonte de rendimento. “Fez pelo menos três [campanhas publicitárias], e agora a Vogue”, conta Fred. Mesmo assim, Vítor continua a precisar de procurar sítios onde possa “comer por 1,4 euros”. Já conseguiu arrendar um espaço próprio para viver e vai encontrando alguns trabalhos que pagam apenas 50 euros por semana, mas na sua área ainda nada. “Continuo a responder todos os dias a anúncios. Não serve para nada. Para uma pessoa de 62 anos com 35 de experiência, não há nada. A experiência é um inconveniente.”

A Organização da CPLP pode acolher mais nove observadores associados

HÁ 23 MINUTOS

Reino Unido, França e Itália estão entre os oito países candidatos ao estatuto de observador associado da CPLP, bem como, pela primeira vez, uma instituição - Organização dos Estados Ibero-Americanos.

ANTÓNIO AMARAL/LUSA

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  • Agência Lusa
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Reino Unido, França e Itália estão entre os oito países candidatos ao estatuto de observador associado da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), bem como, pela primeira vez, uma instituição — a Organização dos Estados Ibero-Americanos.

Fonte da organização disse à Lusa que Chile, Sérvia, Argentina, Itália, Andorra, França, Luxemburgo e Reino Unido pediram o estatuto de observador associado da CPLP, ao qual se candidata igualmente a Organização de Estados Ibero-Americanos para a Educação, a Ciência e a Cultura (OEI).

A atribuição dos estatutos é um dos pontos da agenda da próxima conferência de chefes de Estado e de Governo da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), que decorre na terça e na quarta-feira em Santa Maria, ilha do Sal (Cabo Verde).

Caso seja aprovada a concessão do estatuto a estes países e à OEI, a CPLP passará a contar com 19 observadores associados, mais do dobro do número de Estados-membros.

Atualmente, são observadores associados da CPLP a Hungria, República Checa, Eslováquia, Uruguai, ilha Maurícia, Namíbia, Senegal, Turquia, Japão e Geórgia.

A Costa do Marfim e o Peru também já manifestaram intenção de pedir o estatuto à organização lusófona, mas os processos não deverão estar concluídos a tempo da reunião.

O estatuto de observador associado foi criado em 2005 e pode aplicar-se a Estados ou regiões lusófonos que pertençam a países terceiros.

A CPLP define que os Estados que recebam este estatuto têm de partilhar os “princípios orientadores” da organização, nomeadamente no que diz respeito “à promoção das práticas democráticas, à boa governação e ao respeito dos direitos humanos”, e que “prossigam através dos seus programas de Governo objetivos idênticos” aos do bloco lusófono, “mesmo que, à partida, não reúnam as condições necessárias para serem membros de pleno direito”.

Os observadores associados podem participar, sem direito de voto, nas cimeiras e no Conselho de Ministros (que reúne os chefes da diplomacia dos Estados-membros), bem como em reuniões de caráter técnico.

Cabo Verde acolhe, a 17 e 18 de julho, na ilha do Sal, a XII conferência de chefes de Estado e de Governo da CPLP, cimeira que marca o arranque da presidência cabo-verdiana da organização, que elegeu como lema “Cultura, pessoas e oceanos”.

A CPLP é composta por Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Guiné Equatorial, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste.

Ladrões de Bicicletas


Porque não sobem os salários (2): Financeiri...quê?

Posted: 12 Jul 2018 03:16 PM PDT


(Na sequência do primeiro artigo sobre a distribuição de rendimento nas últimas décadas, este é o segundo em que abordo o tema.)
O termo financeirização tem sido utilizado para descrever o aumento do poder económico, social e político do setor financeiro nas últimas décadas. Podemos confirmar a ascensão da finança ao observar, por exemplo, a evolução do valor registado dos ativos financeiros.

O gráfico revela o impressionante crescimento do valor dos ativos financeiros em percentagem do PIB, no caso dos EUA, sobretudo a partir dos anos 80 do século passado. O crescimento da finança traduziu-se em alterações profundas do regime de acumulação de capital e das relações sociais, que por cá têm sido tratadas de forma brilhante em algumas publicações (como aqui, ou aqui).
Por trás deste processo de financeirização esteve a vaga de desregulação do setor financeiro (que inclui a redução do controlo sobre a atividade dos bancos, tanto ao nível do tipo de operações efetuadas, como do tipo de produtos financeiros criados) e de liberalização dos movimentos internacionais de capitais iniciada durante os anos 80. Entre os seus promotores, destacam-se Ronald Reagan, nos EUA, Margaret Thatcher, no Reino Unido, e Deng Xiaoping, na China, seguidos nas décadas posteriores por sucessivos governos. Outros intervenientes importantes foram Paul Volcker ou Alan Greenspan (na Reserva Federal norte-americana). Exemplo da sua atitude em relação à regulação é a frase proferida por Greenspan em 1997: “Ao entrarmos num novo século, os mecanismos privados de auto-regulação do mercado devem substituir gradualmente as várias estruturas e normas do governo, pouco eficientes.” Foi esse o caminho que seguiram.
Desregular foi, como vemos, a palavra de ordem. É neste contexto histórico que devemos enquadrar a financeirização. Embora este seja um processo complexo e se tenha desenvolvido de forma diferente em diferentes países, podemos destacar duas consequências importantes do crescimento da finança sem travões.
Por um lado, observamos a crescente orientação das empresas para gerar retornos aos seus acionistas. Pressionadas pela concorrência dos mercados de capitais (fonte cada vez mais importante de financiamento), as empresas têm de procurar formas de aumentar o seu valor na bolsa, seja através de pressões sobre os salários, aumento da intensidade do trabalho, ou até mecanismos especulativos (como as operações de recompra das próprias ações, para aumentar artificialmente o seu valor). Por outro, o aumento dos ganhos com dividendos, juros e lucros financeiros, reforça a posição do topo da pirâmide social. O aumento da desigualdade, referido no primeiro artigo desta série, é um dos traços principais dos últimos quarenta anos.
A ascensão da finança foi acompanhada pela intensificação da integração das economias no mercado mundial, marcada pelo aumento do grau de abertura da maioria dos países ao comércio, e consequentemente das transações entre países. A circulação sem entraves do capital foi determinante para a integração económica e social.
Percebem-se os efeitos deste processo. A deslocalização da produção, ou a sua mera ameaça, reduzem de forma significativa o poder negocial dos trabalhadores. Além disso, a competição internacional, motivada pelo comércio entre países com estruturas produtivas e remunerações da mão-de-obra profundamente heterogéneas, incentiva os países a entrarem numa espiral descendente no que diz respeito aos salários que pagam, procurando com isso fornecer produtos mais baratos e obter vantagens nas trocas (o argumento da competitividade da economia, de má memória no nosso país). Todos estes fatores contribuem para explicar porque tem diminuído a parte dos salários no rendimento total, e porque têm aumentado as desigualdades.
A evolução do capitalismo contemporâneo e a proliferação do capital financeiro são, assim, parte importante de uma explicação sobre a estagnação dos salários. No entanto, precisamos ainda de olhar para outro fator determinante – as alterações da legislação laboral. Serão o tema do artigo que se segue.

A graça do dia... sem graça

Posted: 12 Jul 2018 02:00 PM PDT

Tradução: "800 mil expatriados deixaram a Arábia Saudita, criando uma crise de contratação: "Empregadores dizem que os jovens homens sauditas e mulheres são preguiçosos e não estão interessados em trabalhar".
Para ler a notícia, clique aqui
Como se vê, um argumento nacional que tem muitos apoios internacionais, além do centro da Europa. Se olharmos para as mãos dos príncipes sauditas, salta a vista os dedos calosos do manejo da picareta.
Passada a provocação, olhe-se para o caso em concreto. Dele, retira-se várias ilações. A Arábia Saudita continua uma taxa de desemprego elevada, mas a contratação externa invadiu o emprego (um terço da mão-de-obra), sem que se consiga baixar o desemprego. Outro problema - que é outra ilação - é que a Arábia Saudita é um país dependente de um sector e, como se lê no artigo, há tentativas de diversificação, nem sempre fáceis. A crise do imobiliário de aluguer e nos centros comerciais faz parte do mesmo problema.
A solução foi criar quotas para a contratação de sauditas, mas as enpresas acabaram por criar falsos empregos e pagar-lhes falsos salários, apenas para cumprirem a quota, sem que nada mudasse. Agora, as organizações patronais já falam de uma saudização do emprego, de 100%. Taxam-se os estrangeiros, o que parece aumentar o ritmo de saída. E são oferecidos postos de trabalho públicos (dois terços do emprego doméstico) de pouca qualificação.
"A taxação de expatriados, antes que a Arábia Saudita se transforme numa economia produtiva que depende da indústria, é como colocar o carro na frente do cavalo", disse Tariq A. Al Maeena, comentarista de Jeddah, no Gulf News em outubro. Karen E. Young, do Instituto Árabe dos Estados do Golfo em Washington, escreveu no blog do instituto em fevereiro, que levará uma década ou mais para criar uma classe trabalhadora de sauditas.
Mas entretanto os jovens não querem aceitar baixos salários que consideram ser abaixo do seu estatuto. Lá, como em muitos sítios, torna-se evidente que um baixo salário será sempre um apelo ao direito à preguiça. E que não é solução para os problemas de fundo.

Entre as brumas da memória


Dica (781)

Posted: 12 Jul 2018 02:14 PM PDT

Europe's Next Test Case. A Journey Down Austria's Path to the Right (Ullrich Fichtner)

«With a right-wing extremist party in government again, a major experiment is currently taking place in Austria -- one that may test the endurance of democracy in Western Europe. A visit to a country that appears unable to come to terms with its own history as it lurches to the right.»

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12.07.1973 – O dia em que a polícia invadiu a TAP

Posted: 12 Jul 2018 10:23 AM PDT

Ia agitado a ambiente entre os activistas da TAP, quando a polícia carregou em todos os que se dirigiam para uma assembleia na Voz do Operário, em 11.07.1973, na qual devia continuar a ser discutido um novo acordo colectivo na empresa. Os trabalhadores decidiram então concentrar-se no aeroporto, onde, no dia seguinte, as oficinas pararam e uma concentração ainda maior, calculada em 5.000 trabalhadores, exigiu explicações à administração da empresa pelos factos da véspera.

A polícia de choque entrou então nas instalações, abriu fogo e fez vários feridos. No entanto, a resistência dos trabalhadores, em terreno conhecido, rapidamente se tornou insustentável para a própria polícia. Esta tentou ainda entrar num dos hangares, mas renunciou à ideia ao notar que podia ser alvo do dispositivo anti-incêndios. Alvejada por fisgas e com esferas de rolamentos, decidiu retirar-se. Mas teve de o fazer sob uma chuva de projécteis, que a atingiam a partir dos edifícios de escritórios.

Nos dias seguintes, o conflito intensificou-se com a extensão da greve das oficinas à pista e aos escritórios. Só em 17 de julho se registou o regresso ao trabalho, após conclusão de um acordo em sede de comissão arbitral em que o advogado sindical (Jorge Sampaio) votou vencido, por não ver nele satisfeita a reivindicação de se realizar a assembleia impedida em 11 de julho.

No entanto, o acordo representava para os trabalhadores uma meia vitória ou mais: garantia que não houvesse prisões ou outras represálias; que seriam libertados os presos na noite de 11 de julho; e que haveria informação sobre o estado dos feridos e tratamento dos mesmos por conta da TAP.

Texto resumido a partir daqui.

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Mais uma do polícia mau do PS

Posted: 12 Jul 2018 07:42 AM PDT

Acordo para nova “geringonça” deve incluir política externa e europeia.

Santos Silva disse isto e eu fico cheia de esperança de que os PS mude de agulha em relação à EU e à NATO… #AlwaysLookontheBrightSideofLife

« - Parece-me difícil um maior compromisso de política externa com dois partidos que são anti-UE e anti-NATO...

- Veremos. Seria um pouco estranho que esta solução política, correndo bem até ao final da legislatura, não significasse também aprendizagem para os quatro partidos. O PS aprendeu bastante, e os outros partidos, espero que também.»

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P.S. - Se isto não fosse grave, já começava a ser mesmo cómico: "Costa contraria Santos Silva e diz que mantém “grau de compromisso” com BE, PCP e PEV.

«António Costa afasta qualquer alteração às regras dos entendimentos que fez com o BE, o PCP e PEV em 2015 e garante: “Nem um optimista irritante como eu acredita que seja possível superar divergências que são identitárias. Mas também não considero que seja necessário. Como provámos nesta legislatura, podemos entender-nos sobre o que queremos fazer em conjunto, respeitando a identidade de cada um.”»

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«Não somos genericamente racistas, temos é casos demais...»

Posted: 12 Jul 2018 04:04 AM PDT

«Recentemente, numa entrevista, disse o senhor alto-comissário das Migrações: “Os portugueses não são genericamente racistas.” “Acho, ainda assim, que os casos que temos em Portugal são pontuais.”

Este excerto é paradigmático da ideologia vigente, principalmente quando falamos do também presidente da Comissão para a Igualdade e contra a Discriminação Racial (CICDR), defensor de uma alteração à lei que (des)criminaliza o racismo em Portugal por esta se ter mostrado ineficiente.

Não só a questão do racismo que não tem que ver com sermos ou não “genericamente racistas”, como os casos não são assim tão “pontuais”.

Portugal é um país historicamente racista, que começou por uma organização social, política e económica de orientação racista, sendo seus exemplos: o antissemitismo do tempo da Inquisição, a escravatura do período colonial, o estatuto do indigenato que perdurou no Estado Novo, até ao clássico e sempre atual anticiganismo, isto só para citar alguns.

Em atos de discriminação, no historial recente, houve um aumento das queixas feitas chegar à CICDR.

Só em casos mediatizados tivemos: o caso das agressões a Nicol Quinayas, no Porto, mencionado na entrevista; o das agressões na esquadra de Alfragide já em julgamento (com novo processo ainda por julgar); bem como o caso de Santo Aleixo da Restauração.

Outros menos mediatizados, como: as constantes violações ao direito à habitação condigna com as demolições de habitações próprias sem alternativa, passando pela colonial (e sempre atual) segregação habitacional das populações ciganas, negras e migrantes, o disparo à queima-roupa sobre um cigano (na cara), quando este foi pedir trabalho numa terra explorada por agentes da PSP que vieram a tentar encobrir o crime do colega e ocultar o seguimento do caso para o IGAI, o caso de Portimão em que crianças ciganas eram forçadas a comer em último lugar, partilhando o almoço entre si, de pé junto ao lixo; ou ainda o caso das agressões a alunas ciganas por um professor numa escola do Seixal.

Até aos que nunca chegaram a ser mediatizados, como o caso numa escola básica em que uma criança cigana de 6 anos é posta a comer no chão, enquanto os colegas comem sentados à mesa, as incursões intimidatórias num bairro camarário de Lisboa, em que agentes da PSP ameaçam mulheres ciganas do interior das carrinhas, as agressões a jovens negros nas discotecas e até o caso “mais soft” da Câmara Municipal de Estremoz ou de uma marisqueira que recusa explicitamente clientes ciganos, o que, contudo, não é caso único (só na altura deste caso houve outros dois a ser disseminado nas redes sociais).

Não são meros “casos pontuais”, ocorrem recorrentemente, de norte a sul do país, em qualquer altura do ano, e constantemente. E, acima de tudo, não são corrigidos nem recebem resposta rápida e eficiente dos órgãos responsáveis.

O racismo em Portugal é estrutural e institucional, não se reduzindo a uma questão de “calharmos a ter pessoas racistas ou xenófobas aqui ou ali”. Em Portugal as próprias instituições têm um funcionamento racista: autarquias, forças de segurança, institutos da segurança social, media, levando a um desfavorecimento sistemático de populações racializadas não brancas.

Há toda uma impunidade sistemática ante violações e abusos de poder, chegando a haver mesmo orientações explicitamente racistas. Olhemos para a Justiça e vejamos qual a taxa de condenação para uns e de absolvição para outros. Olhemos para a habitação e vejamos qual a realidade da maioria das diferentes populações.

PUB Em Portugal ainda hoje glorificam-se atos e pessoas racistas e colonialistas, em detrimento de atos e de pessoas que mereciam muito mais a distinção e admiração do país.

O racismo é político, além de “social”.

Negar o Racismo, é ser seu cúmplice. Enquanto Portugal continuar com esta atitude negacionista e a recusa imatura em reconhecer os aspetos brancos e real dimensão do Racismo na sua história e no Presente, não poderá ultrapassar o seu legado histórico. E com isso perde toda a gente.»

Piménio Ferreira

Os Juízes do STJ multam em 2 mil Euros cada habitante da cidade de Lisboa

  por estatuadesal

(Dieter Dellinger, 12/07/2018)

dois-pesos

O Supremo Tribunal de Justiça condenou os Munícipes de Lisboa a pagarem 96 milhões de euros à família de António Pais Arez Romão. (Ver notícia aqui ).

Esta família cedeu um terreno de 45.700 m2 à CML em 1983 para fins sociais. Acontece que o terreno foi incluído na urbanização da Alta de Lisboa para um condomínio porque os bairros sociais para 3.500 famílias ficaram umas centenas de metros acima. A família em causa recebeu um terreno em troca e, mesmo assim, interpôs um processo que deu origem a diversos recursos, tendo chegado agora ao Supremo Tribunal de Justiça.

O problema que originou uma indemnização gigantesca consiste só na localização certa do que foram bairros sociais e não sociais, mas tanto para o social como para a família Arez Romão ficou uma área MUITO superior a 45.700 m2.

A indemnização corresponde a 2.100 euros/m2, valor que é inferior ao de áreas edificadas.

Os juízes condenaram os munícipes através da CML que tem de vender património para pagar tal fortuna por NADA.

Estes juízes têm ma RAIVA LOUCA ao PS.

Entre 1980 e 1990 esteve na presidência da CML o eng. Nuno Kruz Abecassis do CDS que foi quem teve a ideia de construir a Alta de Lisboa e fazer a troca de terrenos onde estavam as barracas das Musgueiras por construções sociais e malhas de construção normal. Os governantes que se seguiram na CML sempre consideraram que estava tudo em ordem e que uma pequena diferença na área ocupada não seria problema, mas não contou com a MALDADE dos Juízes.

Cada habitante da cidade de Lisboa terá de pagar quase 2.000 euros de multa, só porque os juízes têm raiva ao PS. Não merecem qualquer aumento dos seus chorudos ordenados, até porque a maioria dos habitantes da cidade é pobre ou faz parte das classes médias baixas.

O atual presidente da Câmara Dr. Medina e o seu antecessor Dr. António Costa não têm quaisquer culpas porque encontraram já tudo feito e os processos em tribunal.

Nós, os socialistas, temos de salientar bem que não se trata de erro cometido por uma administração socialista.

Não sabemos se os juízes fazem parte de uma "Salamandra" e se desses milhões corre alguma verba de agradecimento paga pela família que ganhou mais que o Euromilhões.