Translate

domingo, 22 de julho de 2018

Alterações climáticas poderão obrigar a mudanças na agropecuária nos Açores

22/7/2018, 8:58

As alterações climáticas poderão obrigar os produtores de bovinos dos Açores a adotar outras práticas agrícolas para garantir a alimentação dos animais. Já se defende a necessidade de estudar o tema.

Inacio Rosa/LUSA

Autor
  • Agência Lusa
Mais sobre

As alterações climáticas poderão obrigar os produtores de bovinos dos Açores a adotar outras práticas agrícolas para garantir a alimentação dos animais e na academia açoriana já se defende a necessidade de estudar o tema.

“Se os cenários que se preveem se confirmarem, isto é, havendo maiores períodos de seca, vai ter de haver uma alteração das práticas culturais. Não se pode semear milhos tão tarde, vamos ter de fazer, se calhar, menos cortes de erva para silagem e isso vai alterar todo o maneio das explorações”, adiantou, em declarações à Lusa, Alfredo Borba, docente da Faculdade de Ciências Agrárias e do Ambiente da Universidade dos Açores, especialista em nutrição animal.

Este ano, a falta de chuva nos meses de primavera, em que habitualmente se produzia erva e milho forrageiro para as vacas, deixou produtores de várias ilhas com avultados prejuízos.

Os investigadores da área do clima da academia açoriana já detetaram uma quebra na precipitação no arquipélago, sobretudo nas zonas baixas, mas ainda não foi feito um estudo sobre o impacto que essas alterações poderão ter na agricultura e na agropecuária.

Segundo Alfredo Borba, em França, por exemplo, antes de 2000 já se estudava este impacto e os Açores devem seguir o exemplo, porque este ano poderá ter sido apenas a “primeira evidência” de que o clima está a mudar.

“Talvez seja altura de nós começarmos a pensar, porque já há estudos em várias áreas das alterações climáticas na universidade”, salientou.

O aumento das temperaturas até é favorável à produção de erva, mas as culturas necessitam de água e a chuva é cada vez mais reduzida nas zonas baixas.

“O milho vai ter de ser semeado mais cedo para apanhar chuvas e vai ter de haver um redimensionamento das explorações. As previsões são de que nas zonas altas não vai haver uma diminuição tão drástica, portanto, vamos continuar a ter pastagens nas zonas altas e vamos ter de repensar a forma de maneio”, frisou o docente da Universidade dos Açores.

Segundo Diamantino Henriques, delegado regional do Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA), este ano, nos Açores, registou-se uma quebra de precipitação de cerca de 50%, em comparação com o valor médio, nos meses de “abril, maio e junho”.

“Temos detetado em geral nos Açores uma diminuição da precipitação, relativamente àquilo que é normal, que é médio, para esta altura do ano, principalmente no grupo oriental”, salientou.

Ainda sem estarem contabilizados os dados de todas as ilhas, o delegado do IPMA adiantou que no grupo oriental (São Miguel e Santa Maria) a seca é considerada “severa”, nas ilhas Terceira e Flores “moderada” e na ilha do Faial “fraca”.

“É difícil de atribuir quantitativamente neste momento a contribuição das alterações climáticas para este caso em particular. No entanto, aquilo que nós temos estado a verificar é que, de uma maneira geral, o número de meses com precipitação abaixo do valor médio é superior ao número de meses com valor acima da média”, apontou.

Embora este ano se tenham registado mais queixas dos lavradores, Diamantino Henriques lembrou que nos meses de janeiro, fevereiro e março de 2015 “houve uma situação mais grave do que esta em termos relativos”.

O delegado do IPMA admitiu existir uma “mudança climática”, que tem provocado alterações na temperatura do ar — “tem estado sistematicamente mais quente do que há 50 anos” — o que poderá despoletar a ocorrência de períodos longos sem precipitação, mas também de fenómenos de precipitação intensa.

“Quando é que ocorrem esses fenómenos extremos de seca ou de precipitação intensa não podemos dizer, o que nós sabemos é que eles poderão acontecer com maior frequência”, salientou.

sábado, 21 de julho de 2018

Pablo Casado sucede a Rajoy na liderança do Partido Popular espanhol

Leonor Mateus Ferreira e António Freitas de Sousa

12:59

O político derrotou Soraya Sáenz de Santamaría nas eleições primárias do partido e irá substituir o demissionário Mariano Rajoy.

Pablo Casado foi eleito este sábado o novo presidente do Partido Popular (PP) em Espanha. O político derrotou  Soraya Sáenz de Santamaría nas eleições primárias do partido e irá substituir o demissionário Mariano Rajoy, segundo noticia o El País.

Os dados divulgados pelo jornal espanhol, que não são ainda oficiais, apontam para 1.100 votos a favor de Casado, contra 800 para a adversária. Santamaría já reconheceu a derrota, tendo dito aos jornalistas que o mais importante é que haja “partido unido”.

Nascido em 1981, Pablo Casado é gestor de empresas e entrou na política muito jovem – na juventude do partido. Candidato do PP às eleições para a Assembleia de Madrid em 2007, foi eleito deputado regional, onde atuou como porta-voz da Comissão de Justiça e da Administração Pública. Foi também vice-presidente do Comité do Orçamento e Finanças.

Entre 2009 e 2012, foi chefe de gabinete do ex-presidente do governo José María Aznar. Foi nesse papel que se envolveu com ações mais internacionais, nomeadamente participando em lóbis de influência aparentemente patrocinados por Israel.Foi dirigente destacado do partido com Mariano Rajoy, mesmo quando, em abril de 2018, se tornou suspeito de mentir em relação ao seu currículo académico – as investigações estão em curso.

“Proponho a defesa da liberdade individual e económica: impostos baixos, administração eficiente, defensa da unidade da Espanha – mesmo com o desafio da independência na Catalunha, no País Basco e em Navarra – segurança muito centrada na luta contra o terrorismo, defesa da família e da vida e de todas as políticas sectoriais que a determinam: educação, pensões, saúde, com eficácia e honestidade”, afirmou na sua candidatura.

Liderança de continuidade num partido em crise

Santamaría é uma das políticas do PP mais próximas de Mariano Rajoy – e venceu as primárias que antecederam o congresso deste fim-de-semana. Mas Casado, apesar de mais novo, esteve sempre do lado dos que foram minando o partido – desde logo José María Aznar: foi durante o seu consulado que o partido começou a ser suspeito de desviar dinheiro para o seu financiamento ilícito – algo que ficou provado há pouco tempo e de que resultou o fim do governo liderado por Rajoy.

O PP é, por isso, um partido com um passado recente que lhe é extremamente inconveniente. As suas prestações eleitorais são disso prova, mas, para os críticos, os populares parece que não aprenderam nada. O partido, dizem, precisava de ser liderado por alguém que surgisse ‘virgem’ de qualquer contacto com as zonas mais cinzentas do seu aparelho – parte dele acusado de diversos crimes – o que não acontece nem com Santamaria nem com Casado.

E a questão da ‘virgindade’ não tem apenas a ver com os crimes cometidos no interior do PP. Tem também a ver com as profundas alterações sociológicas que se manifestam na política espanhola de há uns anos a esta parte – e de que resultou o aparecimento com muito assinalável sucesso de novas formações (com géneses emanadas de outras lógicas): o Podemos e o Ciudadanos.

Para estes críticos, qualquer um dos dois vai apenas cumprir um programa de continuidade, quando o partido precisava de uma verdadeira refundação. Entretanto, esta sexta-feira, Mariano Rajoy dirigiu-se ao partido pela última vez. Uma frase pode resumir a sua prestação: teria feito tudo igual outra vez.

Fisco penhora contas no Novo Banco e CGD ao Sporting

Revista de Imprensa JE

14:07

A Comissão de Gestão garantiu ao Expresso que "já liquidou as prestações de IRS do mês de abril e também o valor em dívida à Segurança Social, com o objetivo de descongelar as contas".

As contas bancárias do Sporting Clube de Portugal no Novo Banco e na Caixa Geral de Depósitos foram penhoradas devido a dívidas ao Fisco e à Segurança Social, segundo noticia o jornal Expresso, este sábado. Em causa estão dívidas que venceram nos meses passados de abril e maio.

Ao Fisco, o clube deve 2,089 milhões de euros relativos a abril e outros 2,299 milhões de euros referentes a maio. À Segurança Social, o Sporting teria uma dívida de 862 mil euros, referente a maio, de acordo com informações a que o Expresso teve acesso.

A Comissão de Gestão, que entrou em funções no mês passado, garantiu ao Expresso que “já liquidou as prestações de IRS do mês de abril e também o valor em dívida à Segurança Social, com o objetivo de descongelar as contas”.

Guerra comercial de Trump prejudica trabalhadores e empresas dos EUA, avisam analistas

Jornal Económico com Lusa

17:07

A intensificação da guerra comercial de Donald Trump, que ameaça impor mais tarifas aos seus parceiros, não vai beneficiar os trabalhadores nem as empresas norte-americanos. O presidente norte-americano continua a pressionar a China e outros parceiros comerciais com o potencial agravamento de tarifas sobre as importações, mas estes também deverão retaliar.

O presidente norte-americano continua a pressionar a China e outros parceiros comerciais com o potencial agravamento de tarifas sobre as importações, mas estes também deverão retaliar. O resultado poderá ser a subida dos preços para os norte-americanos, diminuição das exportações e uma economia mais débil no próximo ano, alertam vários economistas.

Os analistas estão convencidos de que os ataques de Trump não são uma estratégia negocial de curto prazo, mas que o presidente norte-americano está preparado para esperar o tempo que achar necessário para obrigar os outros países a adotar regras comerciais mais favoráveis aos Estados Unidos, como o antigo conselheiro económico de George W. Bush, Rod Hunter, e Adam Posen, presidente do Peterson Institute for International Economics.

“É preciso levar a sério que [impor tarifas] é o que ele realmente quer fazer”, disse este especialista.

A postura intransigente de Trump face ao comércio internacional já é antiga. O presidente tem denunciado as práticas comerciais de outros países e pedido retaliações desde a década de 1980, quando o Japão era considerado a principal ameaça económica aos EUA.

Numa entrevista à estação de televisão CNBC, na passada sexta-feira, Trump reafirmou que está “pronto” para taxar a totalidade das importações da China num total de mais de 500 mil milhões de dólares, o equivalente ao total de bens que Beijing envia anualmente aos Estados Unidos.

Trump disse também que o Departamento do Comércio vai investigar se as peças de automóveis e automóveis importados ameaçam a segurança nacional — a mesma justificação que deu para impor tarifas sobre o aço e o alumínio. Se a resposta for positiva, a administração diz que pode impor 20 a 25% de tarifas sobre 335 mil milhões de importações de automóveis, o que implicará subidas nos preços dos carros para os consumidores americanos.

A Moody’s Analytics estima que se os outros países retaliarem devido às tarifas impostas sobre as importações de automóveis europeus e a maioria dos produtos chineses, o crescimento da economia americana pode abrandar meio ponto percentual em meados de 2019 e podem perder-se 700.000 postos de trabalho.

Os investidores parecem aceitar os argumentos dos conselheiros económicos de Trump de que as ameaças do presidente irão obrigar a China, a União Europeia, o Canadá e o México a negociar melhores acordos comerciais com os Estados Unidos, mas os analistas não acreditam neste resultado.

Rufus Yerxa, presidente do Conselho Nacional de Comércio Exterior e ex-diretor geral da Organização Mundial do Comércio, duvida que os parceiros comerciais cedam à pressão sem negociar algo em troca e David Dollar sublinhou que o presidente chinês Xi Jingping “não pode perder a face perante o seu povo, cedendo aos Estados Unidos.

A China parece estar confusa depois de várias tentativas de chegar a um acordo, pois Trump intensificou as ameaças, mesmo após os chineses ensaiarem uma aproximação.

“Os chineses não sabem o que querem os Estados Unidos. Receberam mensagens contraditórias dependendo de quem fala”, comentou Scott Kennedy que estuda economia chinesa no Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais.

Na sua entrevista à CNBC, Trump ignorou a perspetiva de que uma guerra comercial com a China possa fazer cair os mercados globais. “Se acontecer, aconteceu”, desvalorizou.

Parlamento de Cuba inicia debate sobre a nova Constituição que elimina o “comunismo”

Jornal Económico com Lusa

18:17

A Assembleia Nacional do Poder Popular (Parlamento) de Cuba começou hoje a debater o texto da nova Constituição do país, que elimina a palavra "comunismo" e inclui o direito à propriedade privada.

O anteprojeto constitucional, submetido ao debate pelos mais de 600 deputados, apenas menciona o “socialismo” como política de Estado, segundo a imprensa cubana oficial. O texto vigente de 1976 consagra no artigo cinco o “avanço para a sociedade comunista”.

“Isto não quer dizer que renunciamos às nossas ideias, apenas que na nossa visão pensamos num país socialista, soberano, independente, próspero e sustentável”, disse esta semana o presidente da Assembleia Nacional, Esteban Lazo, durante as sessões preliminares nas quais os deputados debateram a proposta de reforma constitucional.

Para defender a supressão do comunismo na Constituição, Lazo também argumentou que a situação atual de Cuba e o contexto internacional são muito diferentes em comparação com 1976, de acordo com o diário estatal Granma.

Por outro lado, o artigo 21 do novo texto submetido a debate reconhece “outras formas de propriedade, como a cooperativa, a propriedade mista e a propriedade privada”, e admite o investimento estrangeiro como “uma necessidade e um elemento importante de desenvolvimento”.

A sessão plenária que hoje começou só termina na segunda-feira.