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sexta-feira, 21 de setembro de 2018

O Expresso e as fake news

  por estatuadesal

(Estátua de Sal, 20/09/2018)

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No último fim-de-semana a caixa alta da primeira página do semanário dito "de referência", era sobre a recondução da Procuradora Geral da República, Joana Marques Vidal, como se pode ver na imagem acima.

O corpo do texto, nas páginas interiores, dava conta de Marcelo querer a toda a força renovar o mandato de Joana, enquanto que António Costa, não sendo defensor da recondução, não se iria opor à solução porque, segundo a notícia, "não quereria comprar uma guerra com Marcelo".

E assim, durante vários dias, a comunicação social em geral, sempre enviesada à direita, foi dando a recondução como facto garantido, e exultando na onda do seu furor justicialista, apesar de Marcelo ter vindo a negar, em intervenções várias, que já houvesse da sua parte, uma decisão final sobre o assunto, pois aguardava a proposta do Governo, como está previsto na legislação sobre o tema.

Ora, acabámos de saber há minutos quem irá ser a nova Procuradora-Geral da República que tomará posse no próximo dia 12 de Outubro, Lucília Gago de seu nome (Ver notícia aqui).

Perante isto, o que dirá agora o director do Expresso, Ricardo Costa, sempre tão bem informado dos ventos que sopram de Belém? Que o Expresso é um reiterado fautor de fake news? Ou que era tudo verdade mas que, há última da hora, Marcelo deu o dito por não dito e lhes tirou o tapete, por não querer, ele sim, "comprar uma guerra" com António Costa?

O melhor, ó Ricardo, é dizeres a verdade (fico a aguardar explicações, pois os réus tem sempre direito a defesa). Foi um balão de ensaio tendente a pressionar o Governo para que não insistisse em afastar a Vidal, pois tal teria um impacto negativo na opinião pública pois passaria a ideia de que se estaria a afastar a campeã e paladina da luta contra a corrupção e contra os poderosos.  A ser assim, tal manobra só pode ser tida como uma despudorada acção de fake news, e como tal desmontada e verberada. Não é esta a postura que se espera de um orgão de comunicação social que critica e pretende não se confundir com um qualquer tablóide. Mas enfim, no melhor pano cai a nódoa, ainda que, nos últimos tempos, as nódoas comecem a alastrar com demasiada frequência.

Mas retomemos o cerne da questão. A notícia de que haverá uma nova personagem na Procuradoria-Geral da República, só pode ser bem recebida. Já nem discuto os méritos da acção de Joana Marques Vidal - que alguns terá tido -, ou os deméritos - que muitos também teve. A rotatividade nos cargos é o cerne da democracia e, se tivesse havido recondução com base nos méritos, estaríamos talvez daqui a seis anos a discutir se não lhe deveríamos creditar mais seis anos de permanência, tornando o cargo eventualmente, vitalício e Joana Marques Vidal uma espécie busto da República plasmado na pedra até à eternidade.

Acresce que, a fulanização das instituições contém sempre, lá no fundo, um germe de urdidura pouco democrática e pouco republicana. A nova Procuradora não poderá - nem deverá -, ignorar o trabalho da sua antecessora, mas imprimirá na condução do seu mandato, seguramente, uma nova marca. Esperemos que, para melhor, sobretudo nos itens em que Joana falhou redondamente.

A imagem da Justiça, aos olhos dos portugueses, arrasta-se penosamente pelas ruas da amargura, segundo revelam variados estudos de opinião. Os julgamentos na praça pública, com peças processuais transcritas nos jornais, com filmagens de diligências e inquirições a passar nas televisões, só descredibilizam a Justiça. Perante estes acontecimentos, Joana Marques Vidal, foi incapaz de se opor ou de, pelo menos, descobrir os culpados e de os penalizar em conformidade.

A ligeireza - ou pelo menos a falta de explicações cabais -, com que diversos processos mediáticos, envolvendo figuras da direita, foram arquivados - tendo alguns deles suscitado condenações em jurisdições estrangeiras -, também não é abonatória de uma Justiça isenta e imparcial. Leva a opinião pública a suspeitar da existência de uma cartilha política oculta por detrás de muitas das decisões de juízes e de procuradores.

Se a acção da nova Procuradora contribuir para melhorar a imagem que os portugueses tem do seu sistema de Justiça, ajudando a limar muitas das suas pechas e vícios, a democracia terá saído reforçada de toda esta farsa político-mediática com que a comunicação social, com o Expresso à cabeça, nos presenteou nos últimos dias.

É esse contributo que esperamos si, Dra. Lucília Gago, pelo que só posso endereçar-lhe os meus parabéns pelo seu novo cargo. E para ti, Ricardo Costa, os meus pêsames. Pregaste mais um prego na credibilidade de um jornal que já a teve, e muita. Se calhar, tal como a Joana, também estás a precisar de ser substituído.

Ladrões de Bicicletas


Os jovens NEET, o «ajustamento estrutural» e o mercado de trabalho

Posted: 20 Sep 2018 07:29 AM PDT

Os jovens NEET (que não estudam nem se encontram empregados ou em formação) são frequentemente associados à ideia de desmotivação e falta de «objetivos de vida». O que os dados indiciam, porém - e de forma notória no caso português - é que os NEET («jovens nem-nem»), têm uma relação muito mais estreita com as dinâmicas do mercado de trabalho (e em menor grau com o insucesso e abandono escolar), que com uma espécie de «nihilismo geracional».
De facto, a percentagem de jovens com idades entre os 15 e os 24 que não trabalha nem estuda tende a acompanhar a evolução do emprego e do desemprego: aumenta quando este aumenta (como sucedeu entre 2008 e 2013, tanto à escala europeia como nacional) e diminui quando quando o mercado de trabalho recupera (como se verificou após 2013, na sequência do travão à «austeridade expansionista»).

A diferença essencial, entre Portugal e a União Europeia, é portanto de ritmo: em períodos de crise, os jovens em idade de frequência escolar ou académica, mas que não estudam nem trabalham, aumenta de forma mais significativa em Portugal que na UE. Do mesmo modo que, quando o emprego recupera, é em Portugal que a percentagem de jovens NEET cai de modo mais expressivo, sugerindo uma maior interdependência - no caso português - entre o fenómeno NEET e o emprego e desemprego.
Aliás, um dos dados mais esclarecedores quanto ao nível de interdependência com o emprego diz respeito à percentagem de jovens NEET que não pretende ingressar no mercado de trabalho. Se até 2008 tínhamos valores muito próximos da UE (a oscilar entre 3 e 4%), desde então decresce o peso relativo desses NEET (1,8% em Portugal contra 3,6% na UE, em 2017). Ao contrário da União Europeia, a inatividade não é de facto, em Portugal, uma das principais caraterísticas dos jovens NEET. O que, por seu turno, revela também - a par da maior vinculação às dinâmicas do mercado de trabalho - a menor valorização da escola e da frequência de percursos escolares e académicos.

Entre as brumas da memória


Para ver e ler – devagar, do princípio ao fim

Posted: 20 Sep 2018 12:30 PM PDT

Leave no dark corner


«China is building a digital dictatorship to exert control over its 1.4 billion citizens. For some, “social credit” will bring privileges — for others, punishment.»

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Super UBER?

Posted: 20 Sep 2018 09:03 AM PDT

Já contei isto em tempos, mas é impossível não recordar nos dias que passam.

Quando andei pelo Turquemenistão e Cazaquistão, disseram-me logo que havia táxis oficiais mas muito poucos. Mas que, em contrapartida, qualquer cidadão pode ganhar uns extras e transportar quem esticar o braço à beira do passeio. Fi-lo várias vezes, paga-se menos de metade do que nos táxis e funciona.

«Não é perigoso?», perguntei quando me explicaram o esquema. «Não, as prisões são tão más que ninguém quer ir lá parar». Outros mundos…

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Portugueses na Guerra Civil de Espanha

Posted: 20 Sep 2018 06:54 AM PDT

A Guerra também foi nossa - Portugueses na Guerra Civil de Espanha.

«Na reportagem "A guerra também foi nossa", a RTP conta histórias inéditas de portugueses que, apesar de não terem ido para a frente de batalha, foram fuzilados ou desapareceram às mãos das forças franquistas.

Oitenta anos depois percorremos a raia luso-espanhola, da Galiza ao Alentejo, do Minho à Andaluzia e resgatámos as histórias destes portugueses. Encontrámos ainda os seus descendentes, filhos, netos, famílias destroçadas pelo horror da guerra.»

(Com vídeo e várias imagens.)

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O FMI, a Comissão Europeia e a direita portuguesa

Posted: 20 Sep 2018 03:42 AM PDT

«Os relatórios das instituições internacionais sobre a economia e a política económica em Portugal são desde há vários anos uma presença permanente do debate público nacional. Uma ou duas vezes por ano, o FMI, a Comissão Europeia (CE), a OCDE e o Banco Central Europeu (BCE) - para referir apenas os mais relevantes - pronunciam-se sobre a situação económica do país, sobre as medidas de política que têm vindo a ser adotadas pelas autoridades nacionais, sobre os problemas que persistem e sobre os riscos que se colocam no futuro próximo. As análises que apresentam e as recomendações que emitem ocupam sempre um lugar destacado na comunicação social no momento em que são publicadas e chegam a marcar o debate político durante meses.

Tradicionalmente, os relatórios das instituições internacionais favorecem as abordagens mais conservadoras à política económica. O pressuposto de que partem pode ser resumido assim: a maioria dos países, em particular as pequenas economias abertas como Portugal, dependem fortemente do financiamento externo para investir e dependem da procura internacional para produzir e criar emprego; como tal, a política económica dos governos nacionais deve centrar-se na atração de investidores e em garantir a competitividade do setor exportador. Por outras palavras, o Estado deve ser posto ao serviço da globalização dos capitais e do comércio.

Este pressuposto traduz-se nas habituais recomendações das instituições em causa, a saber: uma política monetária independente, focada na estabilidade dos preços e das taxas de câmbio, para proporcionar aos investidores um horizonte de previsibilidade (no caso dos países da zona euro isso considera-se assegurado pela transferência de soberania monetária para o BCE); uma política orçamental de saldos tendencialmente nulos ou positivos (conforme inscrito nas regras da UE), para minimizar os riscos de perturbações financeiras futuras; uma política fiscal centrada na redução e na estabilidade dos impostos sobre os lucros, assegurando a remuneração dos investidores; uma política laboral que garanta a contenção dos salários e a flexibilidade das relações laborais, para preservar o retorno do investimento e facilitar o ajustamento a choques económicos (especialmente nos países que não controlam a política monetária e cambial, como acontece na zona euro); e uma política social (educação, saúde, proteção social) contida, para não "sobrecarregar" os contribuintes (em particular as empresas) e permitir a redução rápida das responsabilidades do Estado em caso de deterioração da situação económica.

Tais recomendações têm-se traduzido, na prática, na redução do papel do Estado nas economias, na degradação e privatização parcial do Estado social, bem como na desregulamentação das relações laborais, diminuindo assim a capacidade negocial dos trabalhadores.Estes são elementos essenciais da agenda conservadora que se difundiu por grande parte dos países do mundo nas últimas décadas, tendo instituições como o FMI, a CE, a OCDE ou o BCE desempenhado um papel instrumental nessa difusão. No caso português, aquelas orientações foram particularmente visíveis no contexto do "programa de ajustamento" que esteve em vigor entre 2011 e 2014, mas começaram a ser emitidas muitos anos antes.

Ao longo dos anos, os relatórios das instituições internacionais ajudaram, assim, a promover as posições do centro-direita em Portugal, que se habituaram a ter nestes relatórios uma base de legitimação para o seu programa de política económica.

É por isso um pouco surpreendente a leitura dos recentes relatórios da CE e do FMI sobre Portugal. Neles encontramos, é certo, a valorização dos temas habituais: a consolidação orçamental, a flexibilidade laboral, a sustentabilidade da Segurança Social, entre outros. Isto é suficiente para manter a pressão sobre a política nacional. No entanto, não chega para facilitar a vida à oposição de direita no atual contexto.

De acordo com os relatos feitos pelo FMI e pela CE, o governo português pretende prosseguir uma estratégia orçamental baseada: na moderação (e não em cortes) de salários e contratações na função pública; numa maior eficiência do Estado (e não na redução dos serviços coletivos prestados); e na redução dos juros, por via da credibilidade dos objetivos orçamentais (e não da redução da despesa). Afirmam ainda as instituições internacionais que as autoridades nacionais pretendem promover a competitividade da economia através de fatores não custo (qualificações, inovação, orientação exportadora) e não da redução dos custos salariais ou fiscais. E que pretendem assegurar a sustentabilidade da Segurança Social através da diversificação de fontes de financiamento (e não da redução de direitos). Ao contrário de outros tempos, as instituições internacionais não contestam estas orientações centrais da atual política económica do país.

Podemos encontrar diferentes razões para a anuência do FMI e da CE face às opções nacionais, mas uma coisa é evidente: no momento atual, a oposição de direita não pode contar com estes aliados tradicionais. Até que a maré mude, a tradição já não é o que era.»

Ricardo Paes Mamede

Três notícias convenientes

Novo artigo em Aventar


por Autor Convidado

Santana Castilho

No dia 7 de Setembro, o ministro da Educação reuniu-se com um conjunto de organizações sindicais de professores. Depois dessa reunião inútil, o Governo decidiu, unilateralmente, apagar mais de seis anos e meio ao tempo de trabalho efectivamente prestado pelos docentes. À decisão, a que, para cúmulo, chamou “bonificação”, oponho um argumento legal, inscrito na Lei do OE para 2018 (artigo 19º), e dois argumentos, um de natureza ética, mínima, e outro de índole democrática, máxima, a saber: compromisso assumido pelo Governo em 2017 e a resolução da AR, votada por maioria. Que a hipocrisia e a tendência para a traição de António Costa os ignore, não me surpreende, porque é sinal persistente do seu carácter. Que a opinião pública se deixe tão facilmente contaminar pela barragem de falsas notícias, que tão a propósito vieram a público na mesma altura, causa-me uma enorme perplexidade. Será possível que uma sociedade, que confia os seus filhos aos professores durante 12 anos, aceite vê-los serem humilhados de modo tão soez? Poderão pessoas com particular responsabilidade, pelo acesso que têm aos meios de comunicação, deduzir e concluir de modo tão ligeiro e falso sobre a vida profissional daqueles que lhes ensinam os filhos?
Pretendo neste artigo contraditar o colonialismo noticioso, conveniente mas desavisado, de quantos repetem conclusões parciais e superficiais de relatórios que não analisaram criticamente ou sequer leram, tomando por párias sociais os que ousam resistir à tirania política.  Ler mais deste artigo

Sai procuradora , entra procuradora…

  por estatuadesal

(António Gil, 20/09/2018)

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Não vou aqui procurar razões para zurzir a futura ex-procuradora nem dar grandes pinotes de alegria, mas rir-me vou.

Já comecei a rir, aliás, imaginando os esgares de pessoas que defendiam a continuidade de Joana M. Vidal quando receberam esta notícia.

Ver os trejeitos desses rostos todos, o João Miguel Tavares, a Cristas, o António Leitão Amaro, o Duarte Marques, o Hugo Soares, a Margarida Balseiro Lopes, o Miguel Morgado e tantos outros era o que eu gostaria de fazer, posso em vez disso usar a minha imaginação fazer algo que se pareça com essa visão mas não é o mesmo é só um ersatz da coisa.

Mas mesmo assim faço-o. Porque sei o que eles sentem. Tanto tempo e - julgam eles - até taaaanto taaaalento aplicado numa causa que verdadeiramente nunca esteve em seus poderes influenciar.

Auch...é doloroso mas pode ainda ficar pior que isso. Até que ponto estes e outros ilustres não se queimaram numa batalha que bem vistas as coisas nunca esteve sob a alçada de suas atribuições - sejam elas as de jornalistas ou políticos.

Dir-me-ão que isso serviu para esgrimir argumentos mas é mentira, serviu apenas de arma de arremesso de natureza especulativa. Nada foi esgrimido, tudo exigido. O que reunia estes senhores não era um apelo, era uma exigencia.

Ver as fuças da bicharada predadora arreliada dá melhor gosto ao café pela manhã, torna as flores mais coloridas e perfumadas e a própria sombra das árvores parece ainda mais fresca.

Em ocasião alguma a vida pareceu tão bela a uma potencial presa como quando sabe que seus predadores começam a deitar continhas à vida e a ter problemas de sobra para a voltarem a chatear.

Uma coisa assim, é ainda melhor que conseguir uma reforma antecipada sem penalização, acreditem.

Com as preocupações ou maleitas dos predadores as presas convivem bem, é claro :

- Ah os leões apanharam a gripe dos felinos? - perguntar-se-ia um jovem gazelo sarcástico - tadinhos, morrerem assim sem medicamentos. Vacinassem-se...

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Desejo naturalmente - para bem de todos nós - um excelente trabalho da futura procuradora Lúcília Gago.