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terça-feira, 15 de janeiro de 2019

Entre as brumas da memória


PSD: época de saldos

Posted: 14 Jan 2019 01:00 PM PST

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Vão «parar Portugal»?

Posted: 14 Jan 2019 11:15 AM PST

Movimento «Vamos parar Portugal»
Porto 13.01.2019
Via Ephemera no Facebook
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«As Voltas do Passado: a guerra colonial e as lutas de libertação» (3)

Posted: 14 Jan 2019 07:30 AM PST

Terceira parte da conversa de Fernando Rosas com Miguel Cardina e Bruno Sena Martins, co-organizadores do livro «As Voltas do Passado: a guerra colonial e as lutas de libertação» no Socialismo 2018.

(Daqui)
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“Coletes amarelos” e nouveau regime: mais um sinal para as democracias do mundo

Posted: 14 Jan 2019 03:05 AM PST

«Na capa da edição online do jornal francês Le Monde está escrito: “Ato IX: 84.000 ‘coletes amarelos’ em toda a França, maior mobilização”. A reportagem continua dizendo que “O ato IX da mobilização de ‘coletes amarelos’ continuou no sábado, 12 de janeiro, dois meses depois do primeiro dia de ação, em 17 de novembro, e três dias antes do lançamento do ‘grande debate nacional’ desejado por Emmanuel Macron. No início da noite, o Ministério do Interior contava 84.000 manifestantes em toda a França (incluindo 8000 em Paris) e quase 35.000 a mais do que na semana anterior. Após uma diminuição na mobilização durante as férias, o protesto já havia se recuperado em 5 de janeiro, com 50.000 manifestantes (incluindo 3500 na capital). Para este nono sábado, várias chamadas foram lançadas por figuras do movimento: Paris, Bourges e várias outras grandes cidades. Alguns atos foram apimentados com violência no final do dia, mas nenhum grande estouro deve ser lamentado”.

Ao acompanhar a manifestação em Paris pude notar a estratégia inicial dos manifestantes divulgando mais de um lugar para a concentração a fim de confundir o serviço policial e o governo: a dúvida estava entre iniciar a caminhada do Arco do Triunfo ou da Praça da Bastilha (a distância entre os dois pontos é de aproximadamente seis km).

Fui para o Arco do Triunfo por volta das 10h da manhã e quase não havia manifestantes no local, poucos “coletes amarelos” se reuniram próximo a esquina da Avenue des Champs-Élysées. O aparato policial era poderoso, muitas viaturas e policiais bem armados já indicavam que a manifestação realmente seria de grandes dimensões.

Após conversar com alguns manifestantes e entender que, na verdade, o ponto de encontro seria na Bastilha, apanhei um desses patinetes elétricos para me deslocar mais rapidamente até ao local (os metrôs na região central estavam bloqueados devido aos protestos). A Bastilha era uma antiga prisão e ficou conhecida devido à sua tomada ter sido considerada o marco inicial da Revolução Francesa ocorrida a 14 de julho de 1789.

O chamado movimento dos “coletes amarelos” (Mouvement des gilets jaunes em francês) é um movimento de protesto que começou com manifestações na França em 17 de novembro de 2018. Suas principais reivindicações são inicialmente relacionadas contra o aumento dos combustíveis e posteriormente ampliadas contra as injustiças sociais de uma forma geral. O colete de alta visibilidade é item obrigatório em todos os carros na França, daí provém o nome do movimento.

Caminhar junto com os Gilets Jaunes durante cinco horas foi uma experiência interessante, pois foi possível notar a heterogeneidade do imenso grupo de manifestantes. As diferenças eram de natureza etária: jovens, crianças e idosos compunham o grupo. A diversidade ideológica também emergia das mensagens escritas nos coletes: uns contra o capitalismo, outros contra políticas ecológicas. Mas um tema parecia ser unanimidade nos gritos de guerra dos manifestantes e nas inscrições que carregavam nos coletes: a renúncia do Presidente francês Emmanuel Macron.

O alvo dos protestos é o establishment na sua face política, econômica e fiscal. Democracias tradicionais entram em colapso? É com essa pergunta que se inicia o livro de Steven Levinsk chamado Como as Democracias Morrem?, lançado logo após a posse do Presidente Donald Trump.

Os autores tratam da insatisfação com o estado atual de coisas que tem levado a escalada de movimentos radicais no mundo inteiro. A chamada extrema direita está ganhando cada vez mais espaço na Europa e nos EUA. No entanto, é importante notar que o movimento francês contra as medidas do governo Macron conseguiu reunir o cidadão médio (que se vê cada vez mais refém de tributos e taxas e com salários reduzidos), a extrema esquerda (anticapitalista), a extrema direita (anti-imigração).

Apesar da heterogeneidade mencionada, durante todo o percurso da Bastilha até o Arco do Triunfo houve cooperação e harmonia entre os manifestantes. Durante a passagem do imenso grupo por um cruzamento, os organizadores orientaram os demais manifestantes a fim de que abrissem passagem para uma ambulância que passava na rua perpendicular.

Na chegada ao Arco do Triunfo iniciou-se o confronto entre os manifestantes e o grupo de policiais que tentou conter a passagem do grupo utilizando bombas de efeito moral e gás lacrimogênio. A tensão tomou conta da Praça Charles de Gaulle e a dispersão de idosos e crianças foi necessária dado o nível de violência entre manifestantes e policiais.

As democracias e os direitos sociais estão sofrendo um processo de desgaste ao redor do mundo: escândalos de corrupção, mal-uso do dinheiro público, injustiças sociais e deficiência na prestação dos serviços públicos como saúde, educação e segurança que reforçam desigualdades têm afetado negativamente a percepção da humanidade sobre a eficiência da democracia como regime de governo “menos pior”.

Nenhum regime político foi, é ou será perfeito. As lideranças do mundo devem ficar atentas ao recado dos “coletes amarelos”, pois estamos vivendo um tempo em que a cidadania exige mais transparência, prestação de contas e redução de privilégios para grandes bancos, multinacionais, magnatas e poderosos.

Há pouco mais de 200 anos, bem aqui na França, foi derrubado o chamado ancien régime feudal. Se as democracias não respeitarem tais reivindicações e se adequarem aos novos tempos, podemos estar presenciando o início de uma nova era. Uma era ainda desconhecida.»

João Pedro Paro

segunda-feira, 14 de janeiro de 2019

Vinte anos de engenharia monetária

  por estatuadesal

(Viriato Soromenho Marques, in Diário de Notícias, 14/01/2019)

soromenho

Parece ter sido Mirabeau (1754-1792) o autor da célebre frase sobre o militarismo prussiano: "A Prússia não é um Estado com um exército, mas um exército que tem um Estado." Por analogia, poderemos dizer, vinte anos depois da entrada em cena do euro: "A zona euro (ZE) não é uma união de Estados que tem uma moeda, mas uma moeda que tem uma união de Estados." Na verdade, todos os anos, os Estados da ZE, através do semestre europeu e da disciplina orçamental, têm de obter uma espécie de nova autorização de residência da Comissão Europeia, para continuarem a habitar na ZE. E o mais extraordinário é que o euro, que tantas justas queixas merece, funciona como aqueles imperativos materiais perversos que mantêm os casais desavindos unidos, por razões de simples análise custo-benefício. Antes dormir com o inimigo do que ficar ao relento na rua. De facto, os líderes políticos europeus, distraídos na gestão das suas carreiras, não perceberam a tempo que as sumidades que inventaram o euro não deixaram nenhum plano B de saída de emergência. Estamos como aqueles pilotos do início da I Guerra Mundial, que iam para o combate sem paraquedas. Para o euro não existe artigo 50.º nem saída ordenada. Se e quando a hora do fim chegar, será uma trapalhada monumental...

Quando a pobreza deixa de ter um horizonte de saída, como ocorre demasiado na Europa do monetarismo do euro, sobra em raiva o que falta de razão.

Contudo, se é verdade que o euro não permite voltar atrás, também é verdade que desde o Relatório Delors (1989), e até mesmo no velhinho Plano Werner (1970), sempre existiu a promessa de uma porta para diante: completar o euro, com um orçamento comum, suficiente para permitir transferências financeiras entre regiões mais ricas e mais pobres, para acudir a choques assimétricos sem chamar o FMI, para a partilha da despesa social da União com os Estados, para a cooperação fiscal (impedindo a atual concorrência desleal entre Estados que leva à perpetuação de paraísos e dumping fiscal). Finalmente, a porta levaria ao upgrade da zona euro para uma união política, sem o que tudo o resto assentaria em castelos no ar.

O problema que se arrasta há demasiado tempo é que a Alemanha, que nos anos mais pujantes de Kohl era a campeã da união política, meteu a viola no saco e encostou-se à porta do futuro do euro, bloqueando-o. Transformou um período de transição num estado permanente. O resultado é desolador e ameaçador pela sua insustentabilidade.

Os coletes amarelos - sintoma social da crise profunda de uma globalização agravada pela engenharia tortuosa do euro - concretizaram o notável prognóstico avançado por um prometedor jornalista, de nome Paulo Portas, em 1994: "(...) a União Económica e Monetária abriria, sobretudo no mundo do trabalho, uma séria crise de fé na ideia europeia." Por essa Europa fora, o eleitorado que antes votava comunista, socialista e estava sindicalizado entrou numa deriva em que o voto na extrema-direita aparece no menu do protesto, como se vê em França, na Itália e mesmo em Espanha. Quando a pobreza deixa de ter um horizonte de saída, como ocorre demasiado na Europa do monetarismo do euro, sobra em raiva o que falta de razão.


Professor universitário

A direita no seu labirinto

  por estatuadesal

(Carlos Esperança, 14/01/2019)

coelho_cristas

O PSD está em polvorosa, como é da tradição, quando está fora do poder e minguam os lugares para quem se julga ungido para os ocupar. Luís Montenegro cometeu um erro que dificilmente lhe será perdoado, desafiando o líder num dos piores momentos que o partido atravessa e quando o seu desespero pode acelerar a implosão, com benefício dos partidos à sua direita (do PSD, não de Montenegro, Passos Coelho ou Maria Luís).

Não é fácil ser homem de mão de Passos Coelho e tentar um golpe para fazer regressar à AR a tralha que vendeu as principais empresas do Estado ao preço da uva mijona.

A Dr.ª Cristas é a mais perseverante adversária do PSD, embora sem tropas e qualidades de comando, mas Santana Lopes, cujo passado autárquico, governamental e de gestor da Misericórdia de Lisboa devia ter vacinado os eleitores, pode ser o grande beneficiário da derrocada eleitoral do PSD, que Montenegro acelerou de forma canhestra.

Há na esquerda quem se sinta feliz com esta dissolução da direita, sem pensar que a pior direita ainda não apareceu. O Menino Guerreiro, num país de memória curta, pode vir a ser o fiel da balança, a roçar os extremismos que grassam na Europa. E até já se permite ser arauto da luta contra a corrupção. Quem diria!

O PR, com a enorme popularidade de que ainda dispõe, tem força e vontade suficientes para impedir a esquerda de crescer de forma consistente, mas mingua-lhe a capacidade para travar uma onda populista de extrema-direita.

A direita representa um terço das intenções de voto, mas tem enorme poder nos sectores económicos e financeiros, na comunicação social e aparelho de Estado, nos bombeiros e IPSSs, nas fundações e Ordens profissionais e, pasme-se, nos sindicatos selvagens que emergem através das Ordens.

A direita dissolve-se, sem ideologia nem projetos, e unir-se-á em torno dos interesses, enquanto a esquerda se digladia, com forte ideologia e projetos que tendem a dividem.

A agitação social, onde coexistem reivindicações justas, difíceis de atender, e exigências obscenas, indignas de acolhimento, têm constituído o caldo de cultura de que a direita precisa para eleger a ordem e a segurança como trunfos para eliminar direitos e incitar a rivalidade entre trabalhadores do sector público e do privado.

Em França já é claro que a grande beneficiada das manifestações dos coletes amarelos é a extrema-direita de Marine Le Pen. Espero que o exemplo seja vacina em Portugal.

Dia 21, em Lisboa: A Lei de Bases e o futuro do SNS

Ladrões de Bicicletas


Posted: 13 Jan 2019 05:38 PM PST

No âmbito do debate em torno da revisão da Lei de Bases da Saúde, realiza-se no próximo dia 21 de janeiro, em Lisboa, na Sala 1 da Fundação Calouste Gulbekian, a partir das 18h00, uma conferência sobre «O Futuro do SNS - Lei de Bases».
Na sessão de abertura estará presente a ministra da Saúde, Marta Temido, seguindo-se intervenções sobre a questão do «Financiamento em saúde» (por Ana Sofia Ferreira), «O papel do Estado na capacitação dos cidadãos e dos serviços de saúde» (por Isabel Loureiro), «O Hospital Público entre a complexidade e a pós-verdade» (por João Oliveira) e a «Lei de Bases da Saúde - alçapões e lucernas» (por Teresa Gago). A iniciativa encerra com um período de debate, moderado por Jaime Mendes.
Promovem esta conferência, entre outras organizações, a Plataforma Cascais - Movimento Cívico, o Projeto SOS Amianto, a Fundação Francisco Pulido Valente, o Projeto Mais Participação Melhor Saúde, a Associação de Técnicos de Engenharia Hospitalar Portugueses e a Associação de Médicos pelo Direito à Saúde. Estão todos convidados, apareçam.

Entre as brumas da memória


O «Público» esgotou hoje?

Posted: 13 Jan 2019 12:30 PM PST

Dizem-me que sim, em muitos locais onde habitualmente se acumula. Adivinhem porquê. Nobre povo, aos pés de Cristina.

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O Estado Novo era de direita?

Posted: 13 Jan 2019 10:35 AM PST

Não ponho aqui o link, mas o texto é todo ele fantasmagórico.
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«As Voltas do Passado: a guerra colonial e as lutas de libertação» (2)

Posted: 13 Jan 2019 07:00 AM PST

Segunda parte da conversa de Fernando Rosas com Miguel Cardina e Bruno Sena Martins, co-organizadores do livro "As Voltas do Passado: a guerra colonial e as lutas de libertação" no Socialismo 2018.

(Daqui)
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A guerra de audiências é tão feia

Posted: 13 Jan 2019 03:06 AM PST

«Percebe-se bem a zanga que lavra nesta guerra pelas audiências: nas vésperas da estreia do programa da Cristina Ferreira, Goucha convidou um nazi, a coisa parecia ter corrido bem, falou-se do caso, mas acabou por dar bernarda, perdeu logo a liderança das audiências, e daí encontrou um santo remédio, anunciou um fascista para a semana seguinte, Alexandre Frota. É uma galeria de horrores? Que nada, é uma feroz guerra pela audiência e pela publicidade, é dinheirinho. E, se o Presidente telefona à Cristina, a resposta é convocar a coleção dos energúmenos que parece que Goucha quer adotar. Se uma chora de comoção pela honraria, o outro promete o ator porno que se vangloria de uma violação, agora justificada como uma comédia stand up, entre muitas outras aleivosias (e depois o homem não vem no dia aprazado, malcriado). O sujo é mesmo sujo.

O convite de Goucha a Mário Machado foi interpretado como um gesto político e o convite a Frota logo de seguida só reforçou essa ideia. Mas continua a ser errada uma grelha de leitura política ou a teoria sobre a invasão fascista na comunicação social (já nem me refiro à pretensão de que um programa com um delinquente é uma restituição do pluralismo que falta). O único motivo de Goucha é a guerra das audiências, o que não desvaloriza o convite a um delinquente condenado a uma soma de 19 anos de prisão, e nazi declarado, ou vontade de promover o porradismo de Bolsonaro. Aliás, Goucha tentou apresentar Machado como um homem de “ideias” e o convite como uma forma de democracia, ou até de higiene preventiva, mas recuou logo e suspendeu a rubrica. Insistiu depois convidando Frota porque os números foram constrangedores: estava a valer metade do programa concorrente. A bolsa das audiências é que ativa o disparatómetro em que se tornou esta novela. Pode-se por isso temer que o programa passe a incluir, depois das receitas de cozinha, uma secção para ouvir os simpáticos milicianos que depois da emissão tiram a maquilhagem, dizem boa-noite e vão organizar a caça aos negros ou aos homossexuais, ou espancar mulheres pelas ruas fora. Se der audiências, pode estar certo que vai ser proposto.

De tudo, o que verdadeiramente me incomoda é que esta questiúncula, provocada por uma escolha publicitária que mostra como, na luta por umas receitas de bilheteira, um programador até pode utilizar a promoção da indiferença perante as violências racista e fascista e outras barbaridades, oculta o que é verdadeiramente perigoso. É mesmo essa guerra sem freio pelas audiências. Esse é o vale tudo. E esse vale tudo até já está entre nós em modo ambicioso, num canal perto de si, e tem estaminé no sofisticado populismo de gravata, que carimba as opiniões, que exibe a pretensão de falar com o povo, se não mesmo em nome do povo. Essa é a televisão de grande audiência que pode vir a ajudar um futuro partido de extrema-direita ou simplesmente a transformação de alguns dos partidos atuais. Deixemos o Machado na cela que escolheu, há por aí gente mais perigosa e que parece mansa, mas que, como diria o Aleixo, não sendo o que parece, parece o que não é.»

Francisco Louçã