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quinta-feira, 17 de janeiro de 2019

SIC reúne os seus dois melhores crânios para lidar com Vara

  por estatuadesal

(Por Valupi, in Aspirina B, 17/01/2019)

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O crânio da esquerda disse que o “tráfico de influências” é um “tipo de criminalidade actual, contemporânea” – ou seja, que não havia no passado, dita a lógica que o levou à escolha da adjectivação. Será verdade? Será que, e vamos esquecer toda a ordem dos primatas, existe algum mamífero em algum recanto do Planeta que ignore ser o tráfico de influências a mais antiga das práticas sociais, inerente aos laços familiares e à socialização em qualquer tempo e lugar? O que o mano Costa quis fazer foi o branqueamento da violência de Estado exercida sobre Vara através de alegadas “provas indirectas” para um suposto novíssimo tipo de crime que só assim, sem provas, daria para condenar. Mais acrescentou que “Em Portugal, seguramente que há muito tráfico de influências” – ou seja, assumiu conhecer por testemunho directo e/ou indirecto muito criminoso desta laia, dita a lógica que o levou à escolha do advérbio, do verbo e do substantivo. Porém, não consta que ele os tenha denunciado, servem apenas para se exibir na TV como um craque deste tipo de pseudo-jornalismo onde se defende a excepcionalidade de uma condenação só porque o alvo é tomado como inimigo político.

O crânio da direita disse que “poderia haver um outro julgamento, que envolveria José Sócrates” se certas escutas de Vara para o Diabo não tivessem sido apagadas. Ao seu lado, o director-geral de informação do Grupo Impresa consentiu calando e agitando a cachimónia. Isto é, validou institucionalmente o que ouviu e ouvimos. Afinal, tratava-se de uma declaração saída da mesma boca que semanas antes tinha usado a mesma SIC para defender a “pena máxima” para o tal bandido que já tinha levado com a pena máxima para o crime em causa, o que nos faz soltar a imaginação a respeito do castigo em que a senhora estava a pensar. Pista: talvez 25 anos de choça não chegassem para o seu palato.

O mano Costa foi sábio em anuir e despachar. Só quando inventarem computadores quânticos plenamente operacionais vamos conseguir contabilizar quantas vezes os decadentes já nos despejaram em cima a mesma denúncia nos últimos 10 anos. Até lá chegarmos, podemos ficar entretidos a descobrir o que nos estão a dizer estas inteligências.

É uma de duas coisas, terceira opção excluída. Ou que existem provas nessas tais escutas referidas que eram válidas para condenar Sócrates em tribunal, no mínimo fazer uma acusação minimamente séria; ou que não existem provas válidas nas escutas apagadas, mas que mesmo assim daria para fazer uma acusação fajuta cujo objectivo seria o de meter Sócrates em tribunal, o desfecho sendo indiferente porque já se teria ferido de morte o animal. Para a primeira hipótese ser aceite como verosímil, os cérebros desses infelizes têm de consumir toneladas de açúcar pois as tais escutas apagadas nunca foram realmente destruídas e existem por aí à disposição até ao final dos tempos. Isso significa que os magistrados de Aveiro, procuradores e juiz de instrução, conhecem por inerência o seu conteúdo. Se eles o conhecem, os jornalistas a quem passaram as informações que invadiram caudalosamente a indústria da calúnia a respeito do “Face Oculta” idem e aspas. Se esta maralha leu essas transcrições, assim os políticos do PSD e do CDS, pelo menos. Pergunta: com tanta, tão zeloza e tão valente gente a tomar conhecimento desses indícios inequívocos de um “atentado contra o Estado de direito”, por que razão nunca se lançaram no espaço público essas “provas”? Foi a pergunta que Noronha do Nascimento fez nas várias ocasiões em que os jornalistas lhe rosnaram e morderam nas canelas com essa calúnia. Pinto Monteiro repetiu a evidência de outra forma, criticando Sócrates por não ter permitido a sua divulgação dado nada lá estar de incriminatório (embora estivesse de privado, e daí a exploração tentada e alcançada). Podemos ainda chegar a outra inferência. Se em Aveiro os seríssimos e impolutos magistrados descobriram que um primeiro-ministro em funções cometeu um crime, e que esse crime foi apagado pelo Procurador-Geral da República e pelo Presidente do Supremo, por que razão essa inaudita e colossal sequência criminosa que atingiu os pilares do regime não recebeu do Conselho Superior do Ministério Público, do Conselho da Magistratura, do Presidente da República e da Assembleia da República a devida resposta, ou sequer uma qualquer resposta? Porque são todos corruptos e todos às ordens de Sócrates; é isso, Manela? Quanto à segunda hipótese, dois neurónios dão para o gasto. Poder espiar um primeiro-ministro socialista que parece invencível nas urnas é o sonho mais húmido do direitola decadente, e isso foi alcançado simulando uma captação fortuita entre o alvo e uma pessoa da sua intimidade, Vara. Simples de pensar e de montar, desde que não haja escrúpulos e se usufrua de uma blindagem garantida pelo próprio regime. A ilegalidade que permitiu captar conversas de merda entre dois amigos e parceiros políticos ofereceu trunfos potencialmente devastadores contra Sócrates e contra o PS mesmo em cima das eleições legislativas e autárquicas de 2009. 10 anos depois, os mesmos continuam a usar essa golpada como arma de arremesso ao mais alto nível informativo, não havendo ninguém no PS, ou fora dele, que desmonte o obsceno sofisma. Sequer perdem tempo a explicar como é que Mário Lino nem arguido foi no “Face Oculta”, e isto apesar de se garantir ter sido Ana Paula Vitorino quem permitiu apanhar Vara – a tal testemunha cujo depoimento “decisivo” consistiu na reprodução de uma conversa que teve com… [introduzir aqui sons de tambores a rufar]… Mário Lino, o ministro de quem era secretária de Estado. Faz isto algum sentido jurídico? Faz, quando o objectivo é fazer uma vingança e obter um troféu.

Ver Ricardo Costa ao lado de Manuela Moura Guedes, ambos a debitar o seu sectarismo cínico e empáfia odiosa contra Vara (ou seja, contra Sócrates) é uma daquelas cenas em que o Universo nos parece o tal relógio divinamente afinado. Nasceram para ficar assim juntinhos, fazem o mais tétrico dos casais. Dois crânios que definem o que é a imprensa ao gosto do militante nº 1 do PSD.

Luís Montenegro é suspeito de falsificação de documentos no caso GalpGate

ECO

  • 9:27

Além de Montenegro, também o antigo líder parlamentar do PSD Hugo Soares e o ex-deputado Luís Campos Ferreira são suspeitos do crime de falsificação de documentos.

O Ministério Público imputou um “novo” crime aos antigos líderes parlamentares do Partido Social Democrata (PSD), Luís Montenegro e Hugo Soares, e ao ex-deputado Luís Campos Ferreira. O crime de falsificação de documentos vem, assim, juntar-se ao crime de recebimento indevido de vantagem.

Mota Pinto critica conduta de Montenegro no PSD

No dia em que a direção de Rui Rio vai a votos, a revista Sábado (acesso pago) escreve que Luís Montenegro — que agora desafia a liderança do PSD — é suspeito de ter falsificado documentos que serviam de prova à forma como pagou e à data de pagamento das viagens que fez a França. Tudo para assistir a jogos do europeu de Futebol de 2016, no qual Portugal se sagrou campeão.

O crime de falsificação de documentos consta de um despacho da juíza Cláudia Pina enviado à Assembleia da República (AR) no passado mês de junho. Nessa altura, Luís Montenegro já tinha abdicado do seu lugar no Parlamento, mas Hugo Soares e Campos Ferreira — também suspeitos do mesmo crime — mantinham funções, respetivamente, como líder da bancada parlamentar e deputado.

Problema de Rio são as sondagens e não Montenegro

Questionados pelo Observador (acesso livre), nenhum dos três visados quis fazer comentários sobre o assunto. “Não vou fazer comentários sobre isso”, disse Montenegro, justificando-o com o facto de não conhecer o texto em causa. Já Hugo Soares disse que faria um comentário mais tarde e Luís Campos Ferreira disse: “Não falo sobre isso”.

A notícia surge precisamente no dia em que o Conselho Nacional se reúne, no Porto, para submeter a votação a moção de confiança apresentada por Rui Rio no passado sábado à noite. Luís Montenegro já deu a sua opinião, preferia que tivessem sido marcadas eleições diretas. “Lamento que Rui Rio não tenha tido a coragem de convocar eleições diretas e que tenha medo de ouvir a voz dos militantes, que foi o repto que lancei”, disse Montenegro.

O Deputado de Aveiro

  por estatuadesal

(Virgínia da Silva Veiga, 17/01/2019)

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Há um pormenor que me não canso de lembrar: Luís Montenegro, esse todo, é o nosso deputado por Aveiro. O PSD foi o partido mais votado nas últimas legislativas neste distrito e o cabeça de lista foi exactamente este mesmo indivíduo.

Daqui se deveriam tirar duas simples conclusões. A primeira delas é que nada tendo feito por Aveiro nada se esperava fizesse pelo País. Mas. é conclusão demasiado simplista, porque pelo país fez: ajudou a vender a pataco os nossos sectores estratégicos enquanto aumentava a dívida pública e permanecíamos devedores ao FMI. Lá se foi a nossa esperança de independência energética, os nossos lucrativos CTT, o nosso emblemático, e igualmente lucrativo, Oceanário, concessionado, e até a desgraçada TAP ia indo pelo cano da falta de visão estratégica, para não lhe chamar outros nomes.

A segunda conclusão, mais fácil, tira-se das afirmações que então fez, quando assumiu esse papel de liderar Aveiro: a nova direcção do PSD de então varreu 40% dos antigos militantes das listas para deputados e instalou os que se viram de que ele próprio é exemplo. Gabou-se então disso. Pode ouvir-se ainda, numa simples pesquisa na net.

Aí têm o retrato do nosso deputado que hoje se apresenta a instalar a confusão na política nacional e, logo, na estabilidade que nos tem feito ser emblema internacional.

Montenegro, o nosso deputado, o que os aveirenses escolheram como melhor de todos, tem o comportamento das aves de rapina que sobrevoam os céus em voo onde os distraídos não notam a postura de ataque. A qualquer momento, descem em voo picado e cravam garras em presa a abater. Alimentam-se dos incautos que quando se apercebem já estão esventrados.

O deputado aveirense teve ocasião de se candidatar a líder do PSD. Não se candidatou. Nas conjecturas possíveis de quem assiste ao que vê, tudo aponta para um cenário com tanto de plausível como de conjectura: sabedor de que a geringonça pusera a nu a espoliação feita aos portugueses e a Portugal, sem disso haver necessidade, como a prática demonstrou, do alto do tal voo planado, caladas as gargalhadas sobre Centeno, percebeu que talvez pudesse concorrer contra Rio mas nunca ganharia eleições nacionais.

Seria um líder a prazo. Foi então que surgiu Santana, vindo do que, a léguas, cheirou a acordo entre ambos. Santana ganharia a Rio, protagonizava os desastres eleitorais que as sondagens apontavam, Montenegro viria depois como salvador. Combinação perfeita.

Deram com presa velha. Apesar do sotaque e o estilo pouco dado a favorecer os media, Rio venceu. Caldo entornado.

Montenegro tinha agora que esperar as derrotas eleitorais que as sondagens fazem crer. E foi aí que entrou um factor com o qual não contava: Santana, ao tempo que cerrava as fileiras contra Rio, foi-se apercebendo de não precisar de Montenegro para nada. Formou um partido.

E agora, Luís? Agora o mal até nem seria por aí além. Santana ajudaria a diminuir ainda mais os resultados de Rio, do PSD. Nem era pior. E eis que os estudos revelam outra surpresa: apesar do homem do Norte não enfileirar por estilos liberais, o PSD resulta na última sondagem, isolado do CDS, com um número que, somado ao atribuído ao partido de Santana, num cenário em todo favorável ao PS, resultava, afinal em qualquer coisa entre os 28 e os 30%. Porque é esse o resultado da última sondagem, se bem lido e melhor analisado.

Afinal, fala-se tanto em saber quem são os deputados da nossa terra, aí têm um. Rio, ainda sem ir a debates eleitorais nem mostrar os candidatos, afinal não estava a deixar o PSD moribundo. Era, portanto, necessário sair rapidamente à ribalta com um discurso que minimizasse o líder.

Estávamos nesta parte do filme quando surge no horizonte outra ave de arribação com a qual Montenegro já não contava: Pedro Passos Coelho disposto a recandidatar-se. Montenegro vê esvairem-se todas as tão bem pensadas estratégias, não tem outro remédio senão avançar imediatamente, ainda que em plena pré-campanha para as europeias. Um aborrecimento.

E aí está ele no ponto de onde nunca saiu: tentar conquistar o PSD e transformá-lo ao gosto liberal dos seus apoiantes Hugo Soares, Paula Teixeira da Cruz, Maria Luís Albuquerque. Na ribalta da penumbra, Marco António Costa e Miguel Relvas. Montenegro é um estratega, um calculista. Rio – aí é que está - não é um menino de coro. O PS do Porto que o diga.

Não incomodou a Rio a purga de Santana, até agradeceu, porque viu à légua que o PSD tinha um palácio construído e andavam a decorá-lo com janelas de alumínio, nada a condizer com o ancestral tom da casa. Liberais para um lado, sociais-democratas para o outro e siga que o caminho sempre se fez caminhando, foi a estratégia adoptada por um Rui Rio – ele o disse – mais favorável em fazer entrar mais militantes do que incomodar-se com os que saiam por se não reverem na linha fundacional.

E é a isto que os portugueses hoje vão começar a assistir e que se resume a uma simples pergunta: o PSD vai regressar à linha de origem, a que lhe deu vitórias, ou será um dos cinco partidos liberais que se vão candidatar às próximas legislativas?

Aguarda-se para ver. Como o candidato aveirense ajudou a desgraçar a classe média e ameaça voltar a mais do mesmo, escuso de dizer o que penso. É um colega. Não esqueço isso como nada esqueço sobre o ex-presidente da Câmara do Porto.

Lê-se por aí ter sido o escritório do deputado aveirense favorecido por ajustes directos envolvendo milhares de euros de proveitos em casos nunca explicados. Deve ser mentira. Como é meu deputado, gostava de lhe ouvir uma explicação sobre tais boatos. Só para que nesse aspecto também sobre ele não pairasse também esta outra sorte de desconfianças.

Fala-se tanto da necessidade de se saber quem são os nossos deputados, e como pode a nossa terra contribuir para o país, pois aí têm o meu contributo para conhecermos o mais votado dos nossos. Não por mim, isso sabe-se.

Entre as brumas da memória


Querem saber se ganha Rio ou Montenegro

Posted: 16 Jan 2019 12:56 PM PST

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“Salazar injetava-se com frequência” com um opiáceo “primo” da heroína

Posted: 16 Jan 2019 10:22 AM PST

Se ainda não leu este livro, pode ouvir este podcast para abrir o apetite.

(Daqui)
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Marcelo telefona, Cristas cozinha

Posted: 16 Jan 2019 07:36 AM PST

Assunção Cristas foi cozinhar para Cristina. Um arroz de atum para desenrascar.

Já deve haver inscrições de muitos outros políticos, agora que as eleições se aproximam. E como a SIC acabou com a «Quadratura do Círculo», talvez convença os seus membros a discutirem com a Cristina os amanhãs que não cantarão.

Hoje, marido uma filha e o cão de Cristas também estiveram no programa. E falando de Marcelo, ela confessou: «Já me ligou em momentos improváveis». Ui!... Em quais, em quais?

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Dica (843)

Posted: 16 Jan 2019 05:50 AM PST

Rosa Luxemburgo: mujer, marxista, pacifista (Joaquín Oaquín Estefanía)

«Antimilitarista, defensora de la democracia en el seno de la revolución, está considerada como la dirigente marxista más importante de la historia. Se cumple un siglo de su asesinato, pero su vasta producción teórica sigue viva.»

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O PS suspira por Montenegro

Posted: 16 Jan 2019 03:24 AM PST

«É intriga, é autofagia, será o que se quiser, mas é também rotina no PSD. Ora, se o enredo se repete ao longo dos tempos, conceda-se que a importância é escassa, pouco vale como telenovela, trama previsível, afinal só se contavam os dias para saber quando Montenegro “avançaria”, e pouco vale como drama, afinal tudo se encaminha para o resultado que se sabe. Tudo isto é sempre uma encenação sem adereços e sem narrativa, com uma “vaga de fundo” que são duas deputadas a ajustar contas, outros aliados a calcularem as forças para não se queimarem demasiado e só sobra Maria Luís Albuquerque, a anunciar, afoita, que sai do seu mutismo para arrasar Rio mas a ficar-se por um modesto “preferia diretas” e assunto arrumado. É tudo poucochinho, como agora se diz nestes casos de labirintos partidários. Também a coisa não merece mais: Montenegro colecionou trivialidades e apresentou-as como programa político, algum jornalista enfunou o drama pedindo respostas “já hoje” de Rio, até houve o frisson de saber o que teriam conversado Rio e Marcelo, que puseram de imediato a constar que terá sido só descentralização e um vago assunto internacional, tudo uma maçada, e o dia acabou pacato, sem efusões exageradas nem chuvas de telegramas. Qual era a pressa?

Resta o poder silencioso do primeiro-ministro. O que quer Costa de todo este espetáculo? Pois quer a vitória de Montenegro, já, implacável, suculenta. Por duas razões, cada uma mais importante do que a outra. A primeira é que um PSD mais histriónico é o único que pode voltar a colocar nos carris a ideia da maioria absoluta. A recuperar votos, o PSD não vai longe, mesmo que os passistas se entusiasmassem a deitar abaixo Rio (e ainda seria preciso que conseguissem o golpe palaciano). Há muito que o PSD está em baixo. Nas últimas eleições, em que PSD e CDS somaram os votos, por pior que estivesse o CDS o PSD não passaria de 28%, a marca que já tem desde Santana Lopes, com a exceção do momento de fulgor contra o demitido Sócrates (quando chegou a 38% e, logo depois, perdeu quase um milhão de votos). Nas autárquicas, Passos Coelho (e Montenegro, então seu ajudante) conduziu o partido a uma das suas piores derrotas, incluindo uma humilhação em Lisboa com 11%. Em resumo, os salvadores de hoje já gastaram a sua oportunidade para criar a primeira boa impressão e afundaram o partido. Por isso, o que um Montenegro mais declarativo e passadista pode fazer é simplesmente ajudar Costa a fingir uma bipolarização, de que este precisa como de pão para a boca para se dirigir ao eleitorado de esquerda e pedir a sua condescendência. Perdendo pouco à direita e tendo o patronato a pedir uma maioria absoluta do PS, um apelo ao voto de esquerda contra o “regresso da direita” seria um truque maravilhoso. Montenegro quer oferecer a Costa esse subterfúgio e o PS já o percebeu e reza por ele.

A segunda razão é que a substituição de líder do PSD nas vésperas das eleições, se Montenegro ganhasse, evidenciaria um sentimento de desespero que vulnerabiliza antes de mais o salvador, que depois vai perder todas as eleições nacionais (até a da Madeira pode perder). Então o PSD deitou o homem abaixo, ofereceu o maior que tinha e foi arrasado logo à primeira e à segunda? E vai Montenegro embora, vem outro. Para um Governo que, se voltar a enveredar pelo caminho tradicional do PS, será mais frágil em período mais difícil, este alívio dado por um ano de descalabro do PSD e, depois, pela sua derrota e mais algum tempo de confusão, é o mais saboroso dos presentes. Se o primeiro-ministro pensa a prazo, e pensa mesmo, este cenário Montenegro é a melhor oferta que lhe podiam fazer em 2019.»

Francisco Louçã

A fealdade das feministas

Novo artigo em Aventar


por António Fernando Nabais

O mundo tem tanto de perigoso como de cómico ou é cómico por ser perigoso ou é o perigo que pode ser cómico.

Em 2015, ainda na qualidade de pastora, Damares Alves, actual ministra brasileira dos Direitos Humanos , da Família e da Mulher, explicou que as feministas não gostam de homens e que isso se deve a serem feias e, portanto, incapazes de atrair membros do sexo oposto. Na plateia, dezenas ou centenas de mulheres lindas aplaudiam.

Dou por mim, muitas vezes, a irritar-me com alguns exageros das feministas, mas sinto-me, ainda, obrigado a perceber que o mundo está muito atrasado no que se refere aos direitos das mulheres, bastando lembrar que, na Europa, a luta das sufragistas, por exemplo, foi há coisa de um século, ou seja, ainda ontem.

A piada machista de que as mulheres que defendem os seus direitos são uns coirões que ficaram para tias, no entanto, será uma das opiniões menos relevantes da antiga pastora. Preocupante será a ideia de que a igreja evangélica perdeu espaço nas escolas, acrescentando que não deveria ter permitido que a ciência ficasse entregue aos cientistase muitas outras que a globalização vai espalhando.

O ministério terá afirmado que as opiniões da pastora não servirão de base à actuação da ministra, numa cisão interior eventualmente brutal. Uma pessoa, contudo, pergunta-se: não terão sido as ideias da pastora a causa para ser convidada para ministra?