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quinta-feira, 21 de março de 2019

Uma gigantesca prova de corta-mato nacional

Novo artigo em Aventar


por Autor Convidado

[Pata Negra]

Bush filho, quase tão inteligente como Trump, apresentou um dia como solução para os incêndios na terra dos índios o corte das árvores da floresta. É assim a América do nosso contentamento: se aumenta a insegurança, há que munir os cidadãos de mais armas; se há fogo, corte-se o mal pela raiz, faça-se da floresta deserto.

No Portugal do nosso entretenimento, do fazer de conta que se faz, os fogos seguem o modo de pensar inteligente do amigo americano. Não chegam os carros de bombeiros, compram-se mais carros de bombeiros, não chegam mais carros de bombeiros, chamam-se helicópteros e aviões, não chegam os meios? ah! então vamos pensar...

Não pensando na destruição da agricultura e da pastorícia, não pensando nos fatores económicos que ditaram o abandono da floresta, não pensando nas medidas de encerramentos de serviços e na inevitabilidade de concentração da atividade económica e do emprego nos grandes centros, os corredores do Grande Centro pensaram então:
- Fazer pagar, aos que por lá resistem, os males das políticas que lhes têm sido infligidas. Punam-se esses malandros! Multas pesadas para cima deles! Não têm dinheiro? Então o que é que fazem às reformas que lhes damos?
Conclusão, pensam que podem acabar com os incêndios com a desertificação humana total. Não pensam, os imbecis, que o valor das propriedades, ou do rendimento que delas se tira, não chega para a despesa duma única limpeza anual, nem tão pouco para os custos cobrados pela sua eventual venda.

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Terrorismo fascista

Novo artigo em Aventar


por João Mendes

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A Nova Zelândia, um país pacífico que ocupa o topo da cadeia alimentar das nações mais desenvolvidas e com maior qualidade de vida do planeta, foi na Sexta-feira palco de um atentado terrorista, o mais grave da sua história (se é que houve outro), que resultou em dezenas mortos e feridos.

O autor do atentado é um terrorista de extrema-direita, que afirma inspirar-se em personagens sinistras como Anders Breivik, e que elogia Marine Le Pen e Donald Trump como "símbolo de identidade branca renovada". A agenda da violência, da intolerância, do racismo e da islamofobia começa a colher os seus frutos. Ler mais deste artigo

Revoluções inevitáveis

Novo artigo em Aventar


por Autor Convidado

Raquel Varela*

Este ano celebram-se os 100 anos da revolução alemã, os 100 anos da revolução húngara, os 70 da revolução chinesa, os 60 da revolução cubana, os 40 da revolução iraniana, os 40 da revolução na Nicarágua, e para quem, como eu, considera a queda do Muro e Tiananmen dois movimentos revolucionários (porque em história não se confundem processos com resultados), celebram-se os 30 anos do começo do fim da URSS e das esperanças numa China com menos opressão política. Todas estas datas têm vários factos em comum, mas dois deles são fulcrais: a força das massas contra o Estado, criando uma esperança única ao nível das mudanças no século XX, e a derrota destas forças em regimes políticos que se consolidaram contra elas. Negar o papel das revoluções no século XX é negar que a par do lucro, força motriz das nossas sociedades capitalistas, há uma outra força que determinou os nossos destinos como a lei da gravidade: a ideia de que podemos viver num mundo mais livre e igualitário.

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Por trás das palavras – Huawei, Cisco, 5G, NSA e os EUA (2)

Novo artigo em Aventar


por j. manuel cordeiro

Há muito mais do que tecnologia por trás do que se tem dito sobre a nova silver bullet das comunicações móveis.

A tecnologia 5G está a chegar ao mercado de consumo. O 3G trouxe velocidade à rede GSM, que até aí, pouco mais era do que telefonia móvel. O 4G banalizou o acesso a grandes volumes de dados. E o 5G irá trazer tempos de resposta que irão parecer instantâneos.

Se ver um filme no telemóvel ou descarregar grandes ficheiros com os dados móveis já não é um problema, o tempo de resposta aos pedidos continuou a ser longo no 4G. Todas as actividades que dependam da velocidade de reacção não poderão contar com esta tecnologia. Imagine-se, por exemplo, um cirurgião a controlar remotamente um bisturi em que seja necessário meio segundo para visualizar cada movimento."Ups! Era só para cortar o prepúcio?..."
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quarta-feira, 20 de março de 2019

TAP boa, TAP má

por estatuadesal

(Marco Capitão Ferreira, in Expresso Diário, 20/03/2019)

Parece quase certo que a TAP se prepara para declarar que o ano de 2019 correu tão mal quanto poderia ter corrido: prejuízos muito acima dos 100 milhões de euros. Públicos ou privados? Mais públicos que privados.

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O Estado não manda na TAP, mas é o maior acionista. Como o Tribunal de Contas em tempos veio dizer, e já o temíamos: o Estado recuperou algum controlo estratégico, mas perdeu direitos económicos, além de assumir maiores responsabilidades na capitalização e no financiamento da empresa.

É a terceira vez que aqui escrevo isto, mas tenham lá paciência, isto tem de ser entendido: “uma empresa não pode andar ao sabor das conveniências políticas, ora sendo tratada como uma empresa privada ora como empresa pública. Um e outro modelo de gestão têm vantagens e inconvenientes. Este não modelo de gestão tem os inconvenientes de ambos e, ao que parece, nenhuma das vantagens.

A TAP é demasiado importante para viver nesta ambivalência. O Governo que se decida, ou a empresa é pública ou não é. Mas de uma vez por todas. Escolham lá um modelo de governação. Este não serve a empresa. Não serve o País. Não serve os clientes. E não serve os trabalhadores. Serve, e mal, para o combate político sectário”.

Nada foi feito e a soma de uma péssima privatização – onde, descansem, também respondíamos por mais de 600 milhões de dívida da TAP - com uma má renacionalização parcial - onde o Estado tem uma influência limitada mas responde pelos montantes necessários para recapitalizar a TAP sempre que os capitais próprios atinjam valores inferiores a 571,3 milhões de euros negativos – é sinal de permanentes má notícias.

Ou há lucros e o Estado passa de ter 50% para receber apenas 5% dos mesmos, ou há prejuízos e de repente é como se a empresa fosse pública. Isto é um pesadelo para o contribuinte. E o Governo deve-nos uma explicação.

E sim, este é o mesmo Governo que aprovou esta semana a medida mais importante e consequente dos últimos anos: com a revisão dos passes em 2 grandes áreas metropolitanas (Lisboa e Porto) e 11 Comunidades Intermunicipais espalhadas pelo País, de uma penada: revoluciona-se a mobilidade urbana, repõem-se rendimentos nas mãos de quem mais deles precisa e ainda se contribui para a sustentabilidade ambiental do País. É obra, e nenhuma quantidade de comentários indigentes sobre quem paga o quê a quem no País (que servem só para dividir e reinar) oculta isto: para muito mais de meio milhão de pessoas a vida mudou, e mudou para melhor.

E, afinal, a medida não é assim tão cara. Custa mais coisa menos coisa um ano de prejuízo da gestão privada da TAP, ou menos de um quarto dos “sucessos” do Novo Banco em 2018. Posto assim, talvez se perceba melhor.