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sexta-feira, 12 de julho de 2019

Sondagem: vantagem do PS para o PSD já é de 15 pontos

Sondagem: vantagem do PS para o PSD já é de 15 pontos

por estatuadesal

(David Dinis, in Expresso Diário, 12/07/2019)

Socialistas voltam a subir, sociais-democratas a descer, na sondagem Expresso/SIC. A três meses das legislativas, CDS é quem mais perde e Bloco quem mais ganha.


A vantagem do PS para o PSD acentua-se: são já 15 pontos de diferença, apenas a três meses das eleições legislativas, mostra a sondagem Expresso/SIC, realizada pelo ICS/ISCTE. Fossem estes os resultados das legislativas, era improvável António Costa conseguir uma maioria absoluta, mas a diferença de intenções de voto para o segundo partido, sendo tão larga, poderia deixar os socialistas perto dela. Ou dependentes de apenas um partido para conseguir segurar a legislatura.

Eis os dados: face à última sondagem de legislativas, realizada em fevereiro, o PS sobe de 37% para 38% e o PSD desce dois pontos, de 25% para 23%. As alterações não são de monta, mas a vantagem dos socialistas é já “estatisticamente significativa”, garantem os autores do estudo, no relatório final. Mais: os 23% dos sociais-democratas parecem confirmar uma tendência de descida, que teve efeito visível nas eleições europeias de maio, quando os 22% do partido liderado por Rui Rio se tornaram o novo mínimo da sua história.

A queda da direita, de resto, alarga-se ao CDS. O partido de Assunção Cristas passa de 8% para 5% neste inquérito. O que significa que, somadas as intenções de voto nos dois partidos, eles não conseguem chegar aos 30% do eleitorado (ficam nos 27%, mais precisamente). A queda do CDS é a mais acentuada desta sondagem e coloca os centristas perto da intenção de voto registada pelo PAN, 4%, o que seria suficiente para alargar a sua representação parlamentar, hoje limitada ao deputado André Silva.

Em sentido inverso ao dos centristas está o Bloco de Esquerda, que tem uma subida na mesma medida: passa de 8% para 11%, um pequeno pulo que chegaria para ter mais força no Parlamento. E para se distanciar da CDU, que aqui se mantém nos 8% registados em fevereiro.

Com trabalho de campo realizado entre 15 e 27 de junho, esta sondagem identificou ainda 5% de potenciais votantes em outros partidos — mas sempre com margens curtas, que não permitem identificar um outro partido com representação parlamentar que seja estatisticamente relevante. Há também 5% de inquiridos que, na simulação de voto em urna, preferiram um voto em branco ou nulo.

Estamos a pagar para destruir a Natureza

por Autor Convidado

João Vasco Gama

O património natural tem um valor instrumental estimável (cuja destruição causa danos materiais e humanos quantificáveis) e um valor intrínseco inestimável (quanto é que a extinção dos Koalas vai custar? O impacto na actividade económica pode ser reduzido, mas isso não quer dizer que não seja uma perda relevante...).

O debate racional sobre os impactos ambientais da actividade económica deveria encontrar-se entre dois extremos. Um extremo daria um valor infinito ao valor intrínseco e consideraria qualquer impacto ambiental da actividade económica inaceitável - seria voltar para as cavernas, por assim dizer. O outro extremo daria um valor nulo ao valor intrínseco e consideraria que apenas nos importa maximizar o lucro no longo prazo, considerando aceitável toda a transacção económica que produzisse uma mais valia superior ao dano ambiental na componente "instrumental". Seria só ver cifrões à frente, e só querer saber do consumo (no longo prazo). As posições não extremistas mas racionais estariam algures entre estes dois extremos. Ler mais deste artigo

A paixão xenófoba de Bonifácio, a questão cigana e o racismo de Estado

«A luta derrotada para a introdução no Censos de uma pergunta sobre as ‘origens étnico-raciais’ dos Portugueses veio trazer a lume uma confusão categorial com potencial racista, aproveitada por Fátima Bonifácio, no PÚBLICO, a 6 de Julho. O escândalo foi tal que, no dia seguinte, o diretor Manuel Carvalho vem explicar porque deixou publicar um texto que “está, no mínimo, nos limites do discurso de ódio, faz generalizações que põem em causa o combate à discriminação racial (…), usa uma linguagem insultuosa para diferentes minorias e coloca ênfase numa radical oposição civilizacional entre os ‘nós’ europeus e os ‘outros’, africanos ou ‘nómadas’. Algo que Rui Tavares analisa como produto de um “neo-reacionarismo que seduz desde criaturas que vicejam nas catacumbas dos comentários da Internet até colunistas de títulos sérios”.

Uma amálgama caótica de ideologias variadas que, todas elas, como é próprio das ideologias, prescindem do rigor científico, falham a realidade vivida no terreno e refugiam-se no discurso, inventando ‘categorias’ que vivem exatamente da falta de rigor e da propositura de níveis de análise que escamoteiam os graves dramas e danos exercidos historicamente na realidade social. O racismo é também isso, a omnipotência do discurso ideológico, que não é um exclusivo do ‘neo-reaccionarismo’ de direita.

Poderíamos supor que a Catedrática Bonifácio delira, mas esse é o discurso ideológico típico nacional, que incensa a ‘civilização ocidental’. Diz a ideóloga que existe uma “entidade civilizacional e cultural milenária que dá pelo nome de Cristandade”, uma ‘entidade’ que obviamente só existe no nível do discurso académico. E acrescenta: “isto não se aplica a africanos nem a ciganos”. A argumentação que aduz é larvar e não merece reprodução. Acontece que a frase tem um efeito performativo. Se ela, que é Professora catedrática de História e escreve regularmente nos jornais, assim o diz, é porque ‘tem autoridade’ para os excluir da ‘Cristandade’ e da Portugalidade.

Vamos então aos factos: a historiadora não fornece quaisquer dados da sua área de competência e envolve-se na área da antropologia cultural, onde chumbaria na respectiva licenciatura, por incompetência movida pela paixão xenófoba. Eu diria que chumbaria também em História, como colegas seus farão o favor de evidenciar.

Em Portugal, não há qualquer relação entre a história dos ‘africanos’ (entenda-se, negros e não africanos brancos, indianos ou chineses), trazidos pelas caravelas e pela descolonização, e a história dos Ciganos, raptados da Índia por um sheik muçulmano no ano de 1018, escravizados no Médio Oriente e no leste europeu ortodoxo e fugidos para o Ocidente católico no século XIV.

Nessa época, D. Manuel tratava o Rei do Congo por “caro primo”, convidava os filhos daquele a virem para a sua Corte e transformava-os nos primeiros Bispos negros da Cristandade. Entenda-se que esta ‘Cristandade’ é polissémica e nada tem a ver com a ‘cristandade’ de Bonifácio que, em vez de produzir familialismo cristão, produz Suprematismo infernal, Orgulho Branco e exclusão social e mediática dos ‘outros’. A Direita de Bonifácio, desorientada e em pânico, dá a si mesma e dela própria este estrondoso espectáculo ‘civilizacional’ e ‘cristão’.

No século XVI, os Ciganos vindos de Espanha eram alvo de éditos de expulsão (1526), “degredados para sempre para as galés” (1579), com pena de morte, “sem apelação nem agravo” (1592), proibidos de falar ‘geringonça’, usar trajes ciganos e ler a sina (1647), dando início a um projecto de genocídio cultural (galés para os homens; degredo em Angola para as mulheres, sem os filhos; retirada dos filhos antes dos 9 anos para serem postos a servir como órfãos (1647). Esse projecto político assume o discurso manifesto poucos anos depois, propondo-se “extinguir este nome e modo de gente vadia de ciganos, (…) com pena de morte (…) se não tomarem géneros de vida de que possam sustentar-se” (1694), um genocídio cultural retomado em 1800 com a instrução de que se “prendam os que andam vagos pelo reino (…) e os filhos de um e de outro sexo sejam transportados para a Casa Pia e instruídos.”

Já neste século, encontrei em Bragança uma Fundação Oliveira Salazar com o mesmo objectivo: tirar filhos de ambos os sexos a famílias ciganas e reeducá-los num internato ‘cristão’ para que, chegados a adultos, reeducassem os outros ciganos. Para espanto do director, a ‘experiência’ falhou: tinham deixado de ser ciganos e, desenraizados culturalmente, nada queriam com eles.

O projecto racista é paradoxal: os ciganos, escravizados e forçados ao nomadismo, da Índia à Ibéria, são condenados por terem fugido à escravatura que os sedentarizava no leste europeu e agora ’serem nómadas’, dado que são impedidos de se sedentarizarem na malha urbana (ninguém lhes aluga casas ou vende terrenos, ou lhes dá trabalho, de acordo com a Audição feita na Assembleia da República), sendo de novo forçados ao nomadismo em Portugal pela GNR e pelas autoridades, de Viana do Castelo (1993) a Faro (2003). O édito da CM de Ponte de Lima é claro quando pretendeu impor “aos indivíduos de etnia cigana (…) que abandonassem o Concelho no prazo de oito dias e que de futuro apenas permanecessem 48 horas”. Poderiam, como é óbvio, ser retirados dos inúmeros acampamentos dispersos do Minho ao Algarve e realojados em habitação social mas é exatamente contra isso que a populaça se levanta, ameaçando desertar autarcas na eleição seguinte. “Eles não são portugueses”, diz o povo e a catedrática, “eles são ciganos, tribais e inassimiláveis”.

Não há como negar o racismo contra os ‘negros’ mas tal como escrevi em 1997 num Relatório solicitado pelo Governo de então, com base em dados estatísticos comparativos de uma dezena de minorias, os ciganos são, a muito grande distância, “a mais grave e escandalosa de todas as situações de racismo e xenofobia registadas em Portugal”. Leia-se, mais de vinte anos depois: de continuado e escamoteado racismo institucional, popular e, com Fátima Bonifácio, académico, produzindo ao longo das gerações condições habitacionais profundamente negativas para muitos e de exclusão do mercado de trabalho para quase todos; e de fechamento e atraso educacional, uma vez que o nomadismo forçado e a vida em acampamentos nunca foi compatível com a frequência escolar.

Na sua ignorância, a historiadora confunde assimilação cultural com integração culturalmente diferenciada e recusa a realidade do Multiculturalismo, o respeito pela diversidade de um mundo com mais de cinco mil línguas e culturas. A natureza histórica é multicultural, e acentua a diversificação através das migrações voluntárias e forçadas para contextos múltiplos; o Despotismo Imperial é assassino, física, económica e culturalmente – seja ele nazi, soviético ou americano (como os japoneses de Hiroxima e Nagasaki recordarão, para não falar em vietnamitas e, mais recentemente, iraquianos, líbios ou sírios invadidos no seu território, em nome do ‘Século Americano’, da ‘democracia’ e do petróleo).

Não podemos integrar por decreto, como é óbvio, mas podemos integrar por boa governação pós-racista, que promova a discriminação positiva e o combate à ciganofobia institucional com resultados palpáveis no terreno e na vida das famílias - e não apenas no discurso, na ‘educação’ ou na “apresentação pública”. Dados sobre os efeitos da discriminação negativa secular sobre as comunidades ciganas em Portugal, até à actualidade, não faltam. O que falta é decisão e acção política coerentes.»

José Gabriel Pereira Bastos

quinta-feira, 11 de julho de 2019

No estado da campanha, foi dia de polícia bom

por estatuadesal

(Daniel Oliveira, in Expresso Diário. 11/07/2019)

Daniel Oliveira

Em vésperas de eleições, os debates sobre o estado da nação só podem ser ouvidos tendo em conta os objetivos eleitorais de cada interveniente. Lamentá-lo não é apenas ingenuidade, é sonsice. Com a margem de dúvida a que a democracia nos obriga e a possibilidade de haver incêndios durante a campanha, há uma coisa que sabemos: que António Costa vai ser o próximo primeiro-ministro. O que quer dizer que o debate desta quarta-feira não era, para quase nenhum dos intervenientes, uma guerra por tudo ou nada. Era uma escaramuça para saber quanto fica do pouco ou do muito que há para cada um.

Para o PSD, trata-se de segurar a queda. Rui Rio apenas está a lutar pela possibilidade de ficar no seu posto depois das eleições. Uma probabilidade baixa, mas que um resultado honroso poderia permitir. Até porque os candidatos que se perfilam não têm força para serem vistos como saída para a crise do partido. Mas um resultado claramente mau – que é o que as sondagens indicam – tornará a queda inevitável. E, se for mesmo muito mau, abrirá portas para o regresso de Pedro Passos Coelho, o adversário que António Costa mais deseja. Quanto ao CDS, o inchaço de Assunção Cristas com o resultado nas autárquicas já desapareceu. Tem dois meses para aproveitar o vazio de liderança de Rui Rio e refazer-se do desaire nas europeias. Veremos se consegue.

Neste momentos, a direita bate-se por restos, não se bate pela liderança do país. E isso explica porque vemos milhares de cartazes subvencionados pelos nossos impostos a defender a redução dos impostos. Não vou aqui debater a inexequibilidade de baixar impostos, chegar ao défice zero, aumentar o investimento público e recuperar os serviços públicos. Ela é óbvia. Nem voltar a explicar que o debate em torno da “carga fiscal” é um jogo de palavras que ignora que isso resulta da entrada de mais gente no mercado de trabalho, começando a descontar para a segurança social e fisco. Apenas discuto a tática: fazer dos impostos o centro de uma estratégia eleitoral, num país onde metade ganha tão pouco que nem sequer paga IRS, é uma opção arriscada. Diz-nos que a direita está a disputar o seu próprio eleitorado num momento em que é obrigada a reconhecer que o país está “um poucochinho melhor”. No debate do estado da nação, PSD e CDS picaram o ponto da oposição, regressando a casos antigos, ataques antigos, discursos antigos. Com Mário Centeno no leme das finanças e um grupo parlamentar do PSD com as malas aviadas, é pouca a capacidade de oposição. Resta exigir que os contribuintes paguem menos e o Estado gaste mais.

O Bloco e ao PCP estão em situações diferentes. Os bloquistas disputam eleitores ao PS e dosear o ataque é a parte difícil: como avisar para o risco de ter o PS sozinho, sublinhando os seus defeitos, sem fechar as portas a uma nova geringonça, de que depende a utilidade do voto não convicto no BE? Com o PCP as coisas são muito mais complicadas. Os resultados das eleições europeias foram de tal forma trágicos que é provável que, pela primeira vez em muitos anos, a direção comunista esteja perdida quanto à tática que deve seguir. Em tons diferentes, conforme o grau de crispação que resulta da disputa maior ou menor de eleitores com o PS, BE e PCP disseram a mesma coisa: a geringonça só foi boa porque foi geringonça. Se fosse PS seria outra coisa. Explicar que a maioria absoluta é oposto da geringonça não é difícil. É isso, propondo-se pelo menos limitar os movimentos do PS nos próximos quatro anos, que dirão na campanha.

O PS é, de todos, o que está a fazer o jogo mais perigoso. É para mim evidente que António Costa preferia não reeditar a geringonça. Essa decisão ficou clara quando Pedro Nuno Santos foi retirado do lugar de pivô parlamentar; quando o PS fez cair a negociação da Lei de Bases de Saúde para entrar num ziguezague estonteante; quando ameaçou sem aviso dos parceiros uma demissão por causa dos professores; e quando, através de Carlos César, passou a ter um discurso hostil à geringonça.

Costa tem tentado fazer a espargata, pondo uns a arriscar o corte com os parceiros para tentar passar a ideia de que a governabilidade futura depende de um PS sem amarras à esquerda e fazendo ele elogios rasgados a esta solução. Em política, dois discursos contrários costumam anular-se. Até às eleições, António Costa terá de decidir qual deles fará. Esta quarta-feira, com um ou outro momento mais agreste, foi dia de polícia bom.

O futuro da geringonça não dependerá dos discursos e promessas de cada um. Dependerá, como aconteceu há quatro anos, da aritmética dos votos. Essa é a grande lição destes quatro anos: as alianças que podem mudar o rumo de um país (ou pelo menos ganhar tempo) dependem mais da correlação de forças do que da boa-vontade dos políticos. Com o resultado das últimas europeias, o sonho de governar só com os comunistas caiu por terra. Nunca o PCP aceitaria manter uma aventura a dois com um Bloco de Esquerda à solta. Com o PSD a preparar uma derrota e o regresso da linha dura ao partido, os acordos com a direita serão improváveis. Sobra o PAN, uma espécie de maioria absoluta com animal de companhia. Só é possível se o PS ficar muito próximo da maioria absoluta. Apostaria mais num Governo de minoria, à espera do momento certo para uma dramatização que leve a uma queda. Uma jogada à Cavaco (correu bem) ou à Sócrates (correu mal). Com Passos Coelho a liderar o PSD, a chantagem sobre os partidos de esquerda seria ainda mais eficaz. Até lá, Costa tenta o plano A: aproveitar os últimos cartuxos para ganhar votos à direita e aproximar-se da maioria absoluta. Não está fácil.

Migrantes, todos nós

«Que se passa num mundo que, devendo percorrer um caminho na defesa dos direitos, liberdades e garantias de todos e cada um de nós, persegue — com excepções — os migrantes ditos “ilegais”?

Dificilmente posso perceber, a este propósito, o conceito de “migrantes ilegais”. Nem nunca perceberei. E mais, nem gosto, nem suporto ouvir o dito cujo conceito.

O chamado “Ocidente” esqueceu que entrou nos territórios que quis, como quis e, de tantos que desfez, cortando-os mesmo a régua e esquadro, potenciou, dessa forma, conflitos que perduram.

Os ditos “impérios” não pediram licença a ninguém para se instalarem. Ocuparam, mataram, traficaram pessoas e bens. Saquearam e saqueiam em nome de uma dita “civilização” que dizem querer levar ao mundo (a deles, claro). Bem sabemos que não foi assim: as matérias-primas que tanto podiam fazer por cada um dos muitos territórios “intervencionados” são objecto permanente da cobiça ocidental (assim dita).

Migrantes ilegais? Migrante ilegal é uma designação infame de quem se recusa hoje a receber quem foge da guerra e da fome.

Mas nada, mesmo nada, parará a fome e o sofrimento, tal como as mãos não param o vento.

Todos fomos migrantes em qualquer tempo, por muito recuado que seja. A história da humanidade é uma história de migrações. Mas quem quer saber disso, nos dias de individualismo e egoísmo que correm?

No mundo ocidental, onde a realidade das redes sociais supera tudo e a indiferença avança, numa solidão não assumida em modo virtual, apesar do apelo de Steve Wozniak, fundador da Apple, para que: “Deixem o Facebook para sempre.”

A humanidade parece estar em retrocesso: é Malta que recusa a entrada de um navio humanitário com migrantes, é Itália que não dá permissão para que dois barcos, com migrantes, atraquem; um barco com migrantes capota ao largo da Tunísia, deixando 82 desaparecidos.

O mar mediterrânico manchado de sangue e indiferença.

Perante tudo isto, são muito infelizes as intrigas deste burgo. Que interessam? Há muito para além das miseráveis discussões de listas partidárias — sejam de que partido forem —, há todo um mundo em convulsão, e quem, de tantos, olha para ele para além de si próprio?

Torna-se insuportável toda esta indiferença!

Felizmente, há quem resista e estenda, num gesto simples, uma mão, arriscando a própria vida.

Não, não é auxílio à imigração ilegal.

É humanidade!»

Paula Teixeira da Cruz