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quinta-feira, 19 de setembro de 2019

A derrota da Huawei

por j. manuel cordeiro

Huwaei Mate 30 Pro

Tal como se antecipava, as dificuldades da Huawei face ao bloqueio americano iriam fazer-se sentir mais ao nível dos serviços (Google Play e Google Apps) do que quanto ao acesso a materiais (processadores, sistema operativo, etc.). Chegou o momento da prova de fogo, com a Huawei a apresentar hoje o seu primeiro modelo (Mate 30 Pro) sem que, até agora, se tivesse sabido se este telemóvel terá acesso a aplicações como Gmail, Maps, demais software e serviços da Google. Ler mais deste artigo

Direito a ser ouvida

Posted: 18 Sep 2019 03:44 AM PDT

«O “Brexit” pode estar a fazer com que se perceba que a discriminação e a hostilidade que sofrem os migrantes por toda a Europa pode também afetar os próprios europeus. A repulsa que se tem manifestado um pouco por toda a Europa contra a discriminação que podem vir a sofrer dentro do Reino Unido cidadãos de Estados-membros da UE faz-me lembrar o escândalo que se fazia sentir nos media quando a miséria atingiu milhões de argentinos de classe média nos anos seguintes à crise de 2001-02: parecia que ela só era chocante porque passara a atingir profissionais, licenciados, funcionários intermédios, depois de a vida toda ter atingido os pobres da cidade e do campo, os migrantes, os precários que nunca tiveram um contrato. Para aquela parte da sociedade convencida de que “sempre haverá ricos e pobres”, a perceção social da miséria, como agora da discriminação, parece despertar apenas quando afeta aqueles que se imagina que a não a merecem, como se ela fosse intrínseca a quem nasce para ser miserável...

Ana Telma Rocha, 42 anos, imigrante portuguesa no Reino Unido há 20 anos, perdeu há dias a paciência quando se apercebeu que se aproxima o prazo final do “Brexit” sem ter visto a sua situação legal resolvida enquanto cidadã de um Estado-membro da UE. Interrompeu um direto que um canal britânico fazia da manifestação contra a suspensão do Parlamento pedida pelo Governo para denunciar sentir-se discriminada no processo de tomada de decisão sobre o “Brexit”. Quando ela se pergunta se este “é um processo interno inglês?” e responde que “Não é! É um processo em que nós temos que estar todos envolvidos, porque todos trabalhamos para Inglaterra” (DN, 30.8.2019), o que ela reivindica é que os imigrantes possam participar nas decisões políticas do país em que trabalham, pagam impostos, obedecem à lei, contribuem para a vida da comunidade. É uma questão de democracia: são democráticas as sociedades em que se não reconhecem direitos políticos aos residentes estrangeiros, que, por o serem, não têm direito a participar nos processos de decisão mas estão obrigados a submeter-se a tudo quanto decidem os que o têm?

Para Ana Rocha, “porque trabalhei imenso neste país (...) não devia ser posta nesta situação” depois de “lhes [ter dado] a minha juventude!” Tem razão: trabalhar e contribuir para o bem estar de uma comunidade deveria ser sempre o critério básico para poder participar nos processos de decisão que a afetam. O que me dececiona é que ela, que definiu muito bem o critério de legitimidade de representação – “porque trabalh[o] neste país” –, estabeleça também critérios restritivos: “já chega [de] as pessoas europeias não terem voz.” Só as europeias? Mas não deveriam ter voz todos os demais imigrantes, identicamente afetados pelo “Brexit"? Além dos 2,2 milhões de imigrantes oriundos da UE (400 mil portugueses), há cinco milhões de outros que dedicaram também vidas, juventudes, sacrifícios, a um país onde não nasceram, e deveriam ter o direito a “não serem colocados nesta situação” de ilegalidade a que um imigrante pode estar sujeito. Ana Rocha, como milhões de portugueses por esse mundo fora, sabe bem o que também eles passam: em vinte anos teve “32 empregos diferentes” e sabe que muitos imigrantes “nunca descontaram” porque têm “contratos irregulares de trabalho”, mas que “sempre enviaram dinheiro para a família” (PÚBLICO, 30.8.2019).

“Os portugueses são um povo de emigrantes, que trabalham muito e devem estar orgulhosos do seu trabalho. São um povo nobre, que não merece ser tratado assim”, diz Ana Rocha (SIC Notícias, 29.8.2019). Mas o mesmo acontece com todas as comunidades de migrantes. Nobres todos. Indignados muito justamente com a possível perda de direitos, os imigrantes europeus no Reino Unido perceberam que poderão passar por um pouco daquilo que passam os imigrantes não-UE no Reino Unido – e centenas de milhões de migrantes por todo o mundo. Com umas quantas desvantagens menos: branca, com uma nacionalidade europeia, é muito mais improvável (mas não impossível) que Ana Rocha seja insultada na rua ou no autocarro, como ela receia, como seria se fosse negra e/ou usasse um véu e dessa forma pudesse ser identificada como muçulmana, por exemplo.

Até na discriminação há hierarquias. Uma vez considerada socialmente legítima, é inevitável que ela faça sempre cada vez mais vítimas.»

Manuel Loff

quarta-feira, 18 de setembro de 2019

Porque apoiei este Governo apesar de ter saído do PS, e porque não quero que o PS tenha maioria absoluta

por estatuadesal

(Alfredo Barroso, in Facebook, 16/09/2019)

Alfredo Barroso

(Uma explicação, outras se seguirão)

Não tenho qualquer animosidade especial em relação ao PS, partido de que fui um dos fundadores, em 1973, no qual militei, até à marginalização absoluta, durante 42 anos, e do qual me desfiliei em 2015. As minhas divergências começaram com António Guterres, decidido a copiar o estilo "Terceira Via" - na realidade o estilo neoliberal - de Tony Blair, aliado do perigoso idiota Bush filho, presidente dos EUA, na criminosa invasão do Iraque que pôs o Médio Oriente em polvorosa, como hoje bem podemos constatar.

A "neoliberalização ideológica" do PS e da maioria dos partidos da Internacional Socialista foi assim como que uma espécie de suicídio colectivo que deu cabo das melhores intenções de alguns líderes políticos aparentemente de esquerda, que acabaram por pôr em prática políticas contrárias aos interesses das classes populares e de boa parte das classes médias, "proletarizando-as".

E foi então que comecei a bater-me pela necessidade dos partidos de esquerda - PS, BE e PCP-PEV - manifestarem a vontade de estabelecer uma plataforma mínima comum capaz de viabilizar Governos sustentados à esquerda, rompendo com a tradição, nefasta para o PS e para o País, deste partido governar ao centro, em alternância ou em conivência com o PPD-PSD e, inclusive, com o CDS-PP, integrando assim o famoso "arco de governação" tão caro a Paulo Portas.

Ora bem, António Costa teve a coragem de romper com esse ridículo "arco", afastando-se do PPD-PSD e estabelecendo com o BE e o PCP-PEV a tal "plataforma mínima comum" capaz de viabilizar um Governo que durou uma Legislatura.

É por estas e outras razões que me preocupa a possibilidade do PS vir a obter uma maioria absoluta e derivar para a direita. Sobretudo depois de ouvir o ministro das Finanças, Mário Centeno, defender a maioria absoluta, dizendo que com ela seria muito mais fácil "governar" - ou seja, presumo eu, seria muito mais fácil fazer "cativações" que distorcem e retorcem os Orçamentos de Estado em prejuízo da qualidade dos serviços públicos e do investimento público, tão necessários ao País.

Passei tantos anos da minha vida política - sem quaisquer ambições pessoais e sendo até prejudicado por isso - a defender a constituição e viabilização de Governos sustentados à esquerda, que não há-de ser agora que desistirei de os defender. Creio que terão sido muito poucos os comentadores e cronistas políticos que defenderam tão aberta e afincadamente este Governo do PS e o seu primeiro-ministro, António Costa.

Todavia, preocupa-me a perspectiva de o PS alcançar maioria absoluta e, por isso mesmo, vou votar no sentido de tentar evita-la. Há pessoas que andam na vida política, não para conquistar cargos políticos e garantir carreiras auspiciosas, mas sim para serem fiéis às suas ideias e ideais políticos e sociais. É esse o meu caso.

E sei de gente vária, até de amigos meus, que não conseguem compreender tal atitude. Paciência. Estou de bem comigo próprio, e posso dizer, sem jactância, que saí da vida política activa mais pobre do que para lá entrei, logo após o 25 de Abril de 1974. Em todo o caso, acho que chegou o tempo de deixar a minha actividade de cronista político - desde há vários anos a escrever quase sempre "de borla" - para me dedicar um pouco mais a mim próprio, nos poucos anos que ainda me restam. Estou algo pessimista em relação ao futuro, mas espero que o futuro me desminta e que tudo corra pelo melhor no melhor dos mundos possíveis, como diria o professor Pangloss...

Campo d' Ourique, 16 de Setembro de 2019

Tribos indígenas recorrem à tecnologia contra a desflorestação

De  Euronews • Últimas notícias: 18/09/2019 - 10:23

Tribos indígenas recorrem à tecnologia contra a desflorestação

A tecnologia de ponta chegou à floresta tropical e os indígenas peruanos Tikuna recorrem a ela para combater a desflorestação. Rumámos com eles à Amazónia profunda. Chegámos à comunidade local e partimos em patrulha.

Os guardiões da floresta tropical têm novas armas ao serviço. São pequenos drones que ajudam a descobrir áreas invadidas por madeireiros, camponeses e traficantes de droga que querem plantar coca. Atividades que colocam em perigo o futuro da próxima geração.

"Temos de ter em conta que os nossos filhos estão a crescer e dentro de dez a vinte anos o que é que vão respirar?", questiona o camponês Miguel Rivera, da tribo indígena Tikuna.

Com mais de 40 mil espécies de plantas, a Amazónia alberga 40% da floresta tropical remanescente no planeta. A desflorestação está a afetar o clima na região, perdendo-se a sombra essencial para os dias de sol.

"Está muito calor. Antes não se sentia o calor. Agora, a partir das 11h00 há um sol que rebenta o cérebro, que não se aguenta", sublinha Pablo García Akawas, da tribo Tikuna.

Os indígenas Tikuna também enfrentam fogos florestais. Alguns têm mão criminosa, mas defender a floresta tropical das invasões ilegais provoca ódios de morte.

"No princípio chegámos a ser ameaçados de morte. Mas como somos os monitores da comunidade temos de procurar aliados. Aliados para falar, para dialogar e nos entendermos mutuamente", acrescenta Pablo García Akawas.

De volta à comunidade indígena, um técnico da organização não-governamental Rainforest Foundation regista a informação. Se encontrarem uma ameaça pedirão ajuda às autoridades.

Os Tikuna acreditam que o esforço deles será em vão a não ser que outras comunidades se envolvam.

Héctor Estepa, Euronews - A tecnologia drone chegou à Amazónia para ficar. Um pequeno aparelho está a ajudar a preservar um território que representa pelo menos 25% da superfície da América e que alberga pelo menos um quarto das espécies do planeta. Um território ameaçado por múltiplos atores que os Tikuna juraram defender.

Brexit: Juncker quer "propostas concretas" de Johnson

De  Luis Guita  • Últimas notícias: 18/09/2019 - 15:09

Brexit: Juncker quer "propostas concretas" de Johnson

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© European Union 2019 - Source : EP-Mathieu CUGNOT

Os líderes da União Europeia (UE) apresentaram uma avaliação sombria do estado das negociações do Brexit aos eurodeputados reunidos em Estrasburgo.

A probabilidade do Reino Unido deixar a UE sem acordo aumenta à medida que o prazo de 31 de outubro se aproxima.

Londres quer que o elemento "backstop" seja removido. Mas o presidente cessante da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, considera que o primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, ainda não forneceu alternativas credíveis.

"Disse ao primeiro-ministro Johnson que não tenho nenhum apego emocional à questão de segurança. Por isso, convidei o primeiro-ministro britânico a apresentar propostas concretas e operacionais, por escrito, sobre as vias alternativas (ao back stop) que nos permitam alcançar os objectivos," afirmou Jean-Claude Juncker .

O negociador chefe da UE para o Brexit, Michel Barnier, alertou que as consequências da inexistência de um acordo de saída não devem ser subestimadas. Disse que um acordo abriria o caminho para uma futura parceria e até levantou a perspectiva de uma união aduaneira.

01:05 SOT BARNIER

"A parceria tem como ponto de partida um acordo de livre troca "acordo de livre comércio ". Mas, no texto atual, deixa a porta aberta a algo mais ambicioso se existir uma vontade comum. Nós temos essa vontade de sermos o mais ambiciosos possível com o Reino Unido na nossa futura relação económica; por exemplo, através de uma união aduaneira," declarou Michel Barnier.

Barnier e Junker encontraram-se com Johnson no Luxemburgo, no início desta semana, mas as conversas não produziram grandes resultados, apenas o compromisso de intensificar os contatos. Ambos os lados continuam comprometidos em encontrar um acordo mas os problemas políticos internos do Reino Unido tornam a missão muito difícil.