Translate

terça-feira, 24 de setembro de 2019

Debates: a grande corrida das personalidades

Posted: 23 Sep 2019 02:57 AM PDT

«Já só faltam 15 dias para o primeiro acto eleitoral desde o último acto eleitoral, confirmando a percepção generalizada de que qualquer ritual periódico torna as cronologias maleáveis, fazendo que os intervalos entre estas coisas sejam cada vez mais curtos. Parece que ainda ontem celebrámos a última eleição e já as montras estão novamente cheias de luzes festivas e decorações eleitorais. Quando menos esperarmos, chegou a hora de as famílias se reunirem e trincharem a democracia na forma de um "x" cuidadosamente desenhado à frente da opção menos transtornante.

A maneira como esta escolha é feita é a mesma de sempre: com a ajuda inestimável da televisão. Neste ano, a RTP1 deu-nos generosamente um auxiliar novo. O programa em duas partes Eu, Cidadão prometia "analisar os traços de personalidade dos candidatos a primeiro-ministro", com uma bateria de "questões que escapam ao debate político".

Menção honrosa para a questão "Qual foi a pessoa com mais impacto na sua vida?" (sugerida por dois prémios Nobel da Física e pelo actual campeão mundial de xadrez), que entre o cardápio de banalidades esperadas (os pais: estruturantes; as mães: corajosas; os filhos: mudam a nossa visão do mundo; Álvaro Cunhal: um exemplo que marcou para toda a vida; etc.) devolveu uma resposta genuinamente intrigante. O líder do PAN mencionou a sua avó, com esta justificação inatacável: "Quando eu tinha 3 anos, ela salvou-me de um incêndio num parque de campismo."

Por mais inovações que surjam, o instrumento mais eficaz para descortinar personalidades continua a ser o debate televisivo. Foi essa pelo menos a garantia de Miguel Sousa Tavares, no prólogo ao último "frente a frente": "É costume os analistas políticos e a imprensa escrita desvalorizarem os debates... mas os debates televisivos, mesmo que não esclareçam, são importantes para conhecer os candidatos pessoalmente. Como é que é o comportamento deles pessoalmente. E o factor humano é cada vez mais importante em eleições."

O prólogo consistiu também em directos de viaturas a chegar a sítios. "Rui Rio... chega aqui ao Pavilhão do Conhecimento... vem no carro da frente... e no banco de trás." Emergindo do banco de trás do carro da frente, Rio foi confrontado com um enxame de microfones. "Doutor, sente-se preparado para este debate decisivo?" "Decisivo?", protestou, afagando o crânio de Yorick que trazia debaixo do braço. "Decisivo para mim é um dia quando eu morrer, isso é que é decisivo!" António Costa chegou poucos minutos depois, numa charrete ambientalmente neutra, transportada por oito assessores que usavam os braços livres para abanar caudas de faisão.

Já no estúdio, decorado com runas, triângulos e outros símbolos secretos dos Illuminati, os três moderadores elencaram sistematicamente os temas essenciais ("é um tema essencial, a questão da educação") e os motivos pelos quais esses temas essenciais não seriam de todo aprofundados ("não podemos abordar aqui todos os tópicos").

"Considera estes quatro anos uma oportunidade perdida?", perguntaram a Rio, que respondeu com uma sucessão de perguntas retóricas: "Julgas tu, Horácio, que o grande Alexandre, depois de enterrado, se parecesse com Yorick? O imperial César morto e em pó tornado, pode a fenda vedar ao vento irado?"

Costa explicou de seguida as linhas mestras do seu programa, que consiste em reduzir o défice de consoantes e exterminar todas as vogais. "Um novo prdigma de mblidade", prometeu, "na utlzção dos espçs mtrpoltanos". Rio aproveitou a alusão tangencial ao ambiente para passar ao ataque: "Imaginem o Porto e Viana do Castelo desertos. Sem pessoas! Uma vastidão pestilenta onde só a morte caminha."

"Ntrldade crbónica", ripostou o primeiro-ministro.

"Ninguém vai para a Lua, ninguém vai para Marte!", acrescentou Rio. "Vamos todos morrer juntos, neste planeta, com os nossos globos oculares a derreterem dentro das órbitas e a escorrerem-nos pelas faces queimadas em regatos viscosos."

"Vamos ser rgrosos", exigiu Costa.

De quantas vogais precisa um país? Na resposta a essa pergunta estará provavelmente a diferença entre a mria abslta e uma nova geringnça.»

Rogério Casanova

segunda-feira, 23 de setembro de 2019

Thomas Cook: Milhares de turistas retidos nas Ilhas Canárias

De  Sergio De Almeida  • Últimas notícias: 23/09/2019 - 15:49

Thomas Cook: Milhares de turistas retidos nas Ilhas Canárias

Direitos de autor

REUTERS/Enrique Calvo

Nas Ilhas Canárias, 25 mil turistas britânicos ficaram retidos após a falência de Thomas Cook e aguardam o anunciado repatriamento urgente. As mensagens de angústia estão se multiplicando nas redes sociais. Os clientes querem perceber como e quando voltam para casa...depois de umas férias que estão estragadas.

No aeroporto de Palma de Maiorca, desde as primeiras horas desta segunda-feira, havia mais dúvidas que certezas entre os clientes de Thomas Cook. "Disseram-nos para ir ao balcão da Iberia para obter mais informações. Não temos certeza de nada neste momento. Não sabemos nada", garantiu uma turista britânica. "O nosso voo atrasou uma hora", afirmou um turista alemão.

A preocupação de milhares de pessoas retidas nos destinos de férias, é também partilhada pelo setor de turismo espanhol, sobretudo nas Ilhas Canárias e Baleares, que todos os anos recebem milhões de visitantes que chegam com a Thomas Cook.

Entre janeiro e agosto, só as Ilhas Canárias receberam 2,6 milhões de turistas com reservas feitas através da operadora britânica, vindos não só do Reino Unido mas também da Alemanha e países nórdicos.

Os hotéis, a quem a Thomas Cook paga até 90 dias após a saída dos clientes, e as outras empresas ligadas ao negócio, temem agora ficar sem pagamento e sem turistas.

Bruxelas sem carros envia alertas para a ONU e para Von der Leyen

De  Euronews • Últimas notícias: 23/09/2019 - 11:19

Fim de semana de manifestações pelo clima termina com Domingo sem carros em Bruxelas

Fim de semana de manifestações pelo clima termina com Domingo sem carros em Bruxelas -

Direitos de autor

REUTERS/Yves Herman

Bruxelas voltou este domingo a ser uma cidade livre de motores e a qualidade do ar melhorou em 70% durante este último dia de mais uma semana da mobilidade na capital belga.

EUROPEANMOBILITYWEEK@mobilityweek

Fun Fact
Air quality in #Brussels improved by
7⃣0⃣% on Car-Free Day (22 September)! #MobilityWeek #Walkwithus! https://www.thebulletin.be/70-air-quality-improvement-car-free-sunday …

70% air quality improvement on Car-Free Sunday

Air quality in Brussels was 70% better because of Car-Free Sunday - but soon returned to normal when traffic resumed on Sunday evening. Motor vehicles were banned in the capital on Sunday. Buses and...

thebulletin.be

21

9:51 AM - Sep 23, 2019

Twitter Ads info and privacy

See EUROPEANMOBILITYWEEK's other Tweets

Descrito pelos organizadores como o maior evento sem carros da Europa, a edição deste ano do "Domingo Sem Carros" na capital em Bruxelas aproveitou a oportunidade para enviar uma mensagem ecológica para o outro lado do Atlântico, onde esta segunda-feira o Secretário-geral António Guterres é o anfitrião da Cimeira da Ação pelo Clima das Nações Unidas (ONU).

"Pretendemos enviar uma mensagem desde Bruxelas, a capital da União Europeia, e esperamos sinceramente que os líderes políticos europeus se apresentem em Nova Iorque com uma mensagem forte e com ambição para sermos um exemplo para o resto do mundo", explicou Larry Moffet, da delegação belga do movimento ecologista "Rise for Climate".

Este dia sem carros, celebrado em mais de três mil cidades, aconteceu também a pouco mais de um mês da tomada de posse da nova comissão europeia liderada por Ursula von der Leyen.

Os promotores desta manifestação por uma mobilidade mais amiga do ambiente em Bruxelas deixaram também um aviso à alemã através do movimento "Dear Ursula".

Larry Moffet disse à Euronews ter visto "algumas promessas vagas de ser feito mais pelo clima" e lembrou as referências de Von der Leyen a "um Acordo Verde para a Europa". "Nós queremos mais que isso. Queremos garantias em pontos especificos", sublinhou o ativista.

Violeta Bulc

@Bulc_EU

This year the #MobilityWeek broke the record with a stunning 3⃣0⃣0⃣3⃣ participating cities in Europe & further beyond! Today many towns are celebrating with a #CarFree day! How are you enjoying your city‍♀️‍♂️ ? #WalkWithus and tag me in your tweets!
➡️http://mobilityweek.eu

View image on Twitter

40

7:54 AM - Sep 22, 2019

Twitter Ads info and privacy

19 people are talking about this

Entre os presentes nesta manifestação ambiental em Bruxelas, Lena, também uma ativista, considerou "um sinal positivo" as palavras de Ursula von der Leyen "sobre o novo Acordo Verde e o que pretende executar". "Das das bases para o topo, enquanto cidadãos, temos de garantir que ela cumpre as promessas que tem vindo a fazer", sublinhou.

Na comunidade científicamais preocupada com as alterações climáticas, há esperança na capacidade de pressão destes movimentos civis.

"Estes movimentos das bases estão a ganhar força, mas os grandes produtores de emissões que alteram o clima estão no topo e nós precisamos mesmo de parar estas empresas e estes governos poluidores o máximo que pudermos. Isso não vai acontecer apenas com estes pequenos movimentos das bases. Tem de vir de cima", defendeu a cientista Noel Baker, em declarações à Euronews.

De Bruxelas para Nova Iorque, os "gases" pairam agora sobre os líderes mundiais reunidos esta semana nas Nações Unidas.

Presidente da Thomas Cook pede desculpa aos trabalhadores e clientes

De  Ricardo Figueira  • Últimas notícias: 23/09/2019 - 14:02

Ao contrário dos ocupantes de um avião da Thomas Cook que aterrou em Manchester, milhares de clientes da agência de turismo britânica ficaram em terra e estão à espera de uma solução, depois da empresa ter aberto falência. A Thomas Cook anunciou, esta segunda-feira, que parava todas as operações.

O presidente Peter Fankhauser era o rosto da derrota, ao anunciar a decisão: "Quero pedir perdão aos meus 21 mil colegas, que sei que vão ficar de coração partido. Lutaram tanto para fazer com que a Thomas Cook fosse um sucesso. Em segundo lugar, quero pedir desculpa aos nossos clientes, àqueles que estão de férias connosco agora", disse.

Este pedido de desculpas de pouco serve a todos os clientes da Thomas Cook à espera de um voo para casa: "A Autoridade para a Aviação Civil está focada em trazer as pessoas de regresso ao Reino Unido, é o nosso papel. Nos outros países da Europa, as autoridades reguladoras e os governos locais são também responsáveis por tomar as medidas necessárias", disse Tim Johnson, diretor da Autoridade Britânica para a Aviação Civil.

A Thomas Cook é uma das agências de viagens mais antigas do mundo, com 178 anos de história. Para este Simnon Calder, editor de viagens do jornal "The Independent", ouvido pela euronews, deixar a chave à porta era um destino há muito traçado: "Não perceberam que a maior parte das pessoas, sobretudo os jovens, tinham deixado de usar as agências de rua. Foram lentos na adaptação à Internet e não deram a devida atenção ao aparecimento das grandes companhias low-cost".

É um gigante que tomba: A Thomas Cook foi pioneira do turismo de massas e sobreviveu a duas guerras mundiais, mas parece não ter sobrevivido à revolução digital.

Novo contexto, novas exigências

Posted: 22 Sep 2019 03:13 AM PDT

«Penso que a maioria dos portugueses e portuguesas que votaram nos partidos da Esquerda (ou esquerdas) em 2015, e depois se regozijaram com os acordos parlamentares estabelecidos entre eles, mantêm até hoje uma avaliação globalmente positiva deste ciclo de governação e desejam a renovação de compromissos para novo mandato.

Entretanto, o contexto atual é radicalmente diferente do de 2015.

Em 2015, havia um rolo compressor a esmagar salários, pensões, direitos sociais e emprego que era preciso deter. Exigia-se aos partidos da Esquerda um entendimento mínimo que pudesse evitar a institucionalização do "estado de exceção" como um novo normal.

Em 2015, surgia um ciclo de crescimento económico à escala global e na União Europeia, e um BCE interveniente, fatores que favoreciam a criação de emprego em Portugal e a queda das taxas de juro, facilitando alguma conciliação entre "devolução de rendimentos" e "ajustamento orçamental".

Em 2015, na composição do Parlamento que resultou das eleições, havia uma coligação PSD-CDS capaz de bloquear qualquer iniciativa do PS sozinho.

A batalha agora tem de ser por novas conquistas, o que em regra é mais difícil do que resistir.

Hoje, embora os salários e as pensões se mantenham praticamente estagnadas em termos de poder de compra, e alguns direitos sociais - a começar pela saúde - continuem quase tão comprometidos como estavam em 2015, não há a perceção de uma ameaça eminente, proveniente de iniciativas do Governo, intencionalmente dirigidas contra as "classes populares", os seus meios de existência e direitos básicos.

Agora, muitos dos que desejam renovação do mandato na Esquerda, pretendem que se continue a reparar os estragos do "ajustamento", mas querem também levar adiante um projeto bem mais profundo de progresso, de mudança qualitativa do perfil da nossa economia, de reparação mais estrutural das desigualdades.

Às portas de 2020, existem fundadas preocupações e antevisões de um novo ciclo recessivo, que pode emergir a partir de guerras abertas ou potenciais, sejam elas bélicas, económicas ou financeiras. Quadraturas do círculo, envolvendo reposição dos rendimentos e investimento público a par de amortização da dívida em passo de corrida, são muito mais difíceis no novo contexto global e europeu que se perspetiva.

A acreditar na bissetriz do conjunto das sondagens conhecidas, das eleições de 6 de outubro não resultará uma bancada PSD-CDS capaz de bloquear o PS-sozinho. O PS não será colocado em estado de necessidade de negociações à esquerda. Mesmo sem maioria absoluta - cenário indesejável por múltiplas razões -, a hipótese mais que provável do crescimento do PS combinado com um descalabro da Direita, produzirá um contexto favorável ao forte setor do PS que sente urticária e enjoos com os acordos à esquerda e encorajam uma solução PS-sozinho, agindo em geometria variável e caso a caso, de que resultaria um viés de direita.

Uma maioria desproporcionada do PS tende a dispensar, absoluta ou parcialmente, uma negociação à Esquerda para um tão necessário novo mandato, agora focado na dignidade do emprego, no crescimento dos salários e pensões, no resgate do SNS, nas questões do território e do ambiente, na mudança do perfil da nossa economia. É preciso reforçar as forças à esquerda do PS.»

Manuel Carvalho Da Silva