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terça-feira, 19 de novembro de 2019

Corrupção contribuiu para as cheias em Veneza

De  Giorgia Orlandi  & João Duarte Ferreira • Últimas notícias: 19/11/2019 - 13:42

Corrupção contribuiu para as cheias em Veneza

As alterações climáticas estão a ser responsabilizadas pelas cheias em Veneza.

No espaço de uma semana tiveram lugar três das maiores marés registadas na cidade italiana.

Mas será que a culpa é mesmo da natureza? Muitos acreditam que erro humano, em particular a corrupção, teria contribuído para a escala do desastre.

A corrupção estaria na origem dos atrasos na construção da barreira em 2016 que deveria ter protegido a histórica cidade italiana.

Mais de 30 pessoas foram detidas em 2014 na sequência de um escândalo sobre o uso indevido de fundos públicos.

"Estamos a falar de uma companhia que oferecia o que se pode descrever como presentes, pequenos ou grandes, a todos aqueles a que tinha acesso. Se pagam a todos ninguém interfere com o que fazem" afirma Gian Antonio Stella, editor do jornal Corriere della Sera.

Quarenta milhões de fundos públicos foram utilizados pela companhia encarregada dos trabalhos de construção para a compra de favores a funcionários influentes.

Um sistema único de corrupção que persiste há vários anos e que, segundo os procuradores, garante rendimentos regulares e não apenas pagamentos únicos a quem faz parte do esquema, simplesmente pelo lugar que ocupa.

A escolha dos materiais foi igualmente baseada em favores e não em critérios de qualidade, segundo Gian Antonio Stella.

"Dada a escala de despesa deste projeto, seria de esperar que escolhessem o melhor aço do mundo. Como é que o melhor aço é fabricado a poucos quilómetros de casa? Os peritos que questionaram a falta de qualidade de alguns materiais eram rapidamente isolados e afastados do projeto", afirma.

EM 2014, Raffaelle Cantone, que na altura dirigia a autoridade anti-corrupção, afirmou que se tratava de uma situação preocupante.

Cantone descreveu o caso como um problema cultural que expunha a ética vigente no país. Escândalos como este não são únicos em Itália mas tudo sugere que os acontecimentos da última semana teriam ultrapassado os limites.

Numa altura em que o governo tenta salvar a maior metalurgia europeia, a imagem de uma Veneza a afundar-se, o símbolo da herança cultural italiana, reflete com ironia o que se passa no seio da classe política.

Funerais de apoiantes de Evo Morales

De  Luis Guita  • Últimas notícias: 18/11/2019 - 10:46

Funerais de apoiantes de Evo Morales

Direitos de autor

REUTERS/Marco Bello

Bolivianos começaram a realizar os funerais das vítimas mortais dos distúrbios de sexta-feira, após a renuncia do ex-Presidente Evo Morales.

O Provedor de Justiça disse que, pelo menos, cinco pessoas foram mortas na cidade de Sacaba e mais de 30 ficaram feridas, e pediu uma investigação urgente do Governo sobre o uso da força pela polícia e militares.

Através do twitter, Evo Morales denuncia que 24 pessoas morreram em consequência da repressão policial e militar. Diz que se está perante um "crime contra a humanidade" e exige que sejam encontrados os responsáveis.

Evo Morales renunciou denunciando um golpe de Estado. Os fiéis do ex-Presidente avançaram com o bloqueio das estradas de acesso à capital boliviana, La Paz.

A população enfrenta, agora, a falta de carne, ovos, laticínios e pão, também faltam gás de cozinha e combustíveis para os transportes. Os preços dispararam nos últimos dias.

A principal área dos bloqueios é a cidade de El Alto, a segunda mais povoada do país, reduto de Evo Morales. Os camiões com alimentos e combustíveis precisam de passar pela cidade para chegarem à capital da Bolívia. Outra via alternativa seria a aérea, mas também o aeroporto principal fica em El Alto.

"A totalidade dos setores de El Alto e Beni já estão mobilizados. Ninguém pode passar. As estradas foram fechadas. Os nossos colegas estão mobilizados. Enquanto Jeanine Anez (autoproclamada Presidente interina da Bolívia) não renunciar, vamos continuar a bloquear. Os do sul continuarão a morrer de fome, mais do que qualquer outra pessoa," afirma uma apoiante de Evo Morales.

A falta de produtos básicos obriga a população a suportar grandes filas.

"Neste momento, estamos com falta de comida. Mesmo que se tenha dinheiro, não se pode comprar nada. Os preços subiram bastante, o que não é bom para muitas famílias. Lamentavelmente, quando chega a fome, não existem palavras para dizer a uma criança que não há comida," revela uma popular.

As autoridades tentam evitar o colapso total, que pode acontecer dentro de dois ou três dias. O ministro da Presidência, Jerjes Justiniano, anunciou que o Governo vai trazer alimentos através de aeroportos militares.

O comandante geral da Polícia, Rodolfo Montero, informou que tenta estabelecer o diálogo com os militantes que bloqueiam a refinaria de Senkata.

"Foi uma péssima ideia", diz Joseph Stiglitz sobre a guerra comercial EUA-China

De  Efi Koutsokosta  & Ana Serapicos • Últimas notícias: 18/11/2019 - 18:00

"Foi uma péssima ideia", diz Joseph Stiglitz sobre a guerra comercial EUA-China

Recentemente, os dados da economia global motram o mesmo: Uma economia na Europa e no mundo a abrandar e um sistema político tradicional a tentar encontrar maneiras de manter-se em pé.

O economista Joseph Stiglitz, vencedor do Nobel da Economia em 2001, argumenta há anos isto resulta de uma diferença crescente entre quem cria riqueza e quem beneficia dela. Encontramo-nos aqui com o próprio em amesterdão, onde veio lançar o seu último livro. Professor, obrigada por estar connosco.

"O chile (...) é um dos países com maior desigualdade. E a parte surpreendente é que eles pareciam aceitar isso. Até que deixaram de aceitar."

Joseph Stiglitz

Economista e Nobel da Economia em 2001

Euronews: O título do seu novo livro é "Um pouco de tudo". Poder, pessoas, lucros e capitalismo progressivo para uma era de descontentamento. E vemos esse descontentamente em todo o mundo. Vemos na França, com os coletes amarelos, vemos em Hong Kong, no Líbano, no Chile e em todos os lugares. Mas todo este descontentamento não significa que o capitalismo atingiu o limite?

Joseph Stiglitz: Sim. O Chile é um dos países que, embora o desempenho macro tenha sido muito bom, se virmos os números da desigualdade, vemos que foi um dos países com maior desigualdade. E a parte surpreendente é que eles pareciam aceitar isso. Até que deixaram de aceitar. O que estou a dizer aqui é: Precisamos de um novo contrato social entre o mercado, o estado e a sociedade civil. O capitalismo fará parte da história, mas não pode ser o tipo de capitalismo que tivemos nos últimos 40 anos. Não podemos ter o tipo de capitalismo egoísta, restrito, onde as empresas apenas maximizam o valor para os acionistas, independentemente das consequências sociais. Quando se faz isso, acaba por ver acontecer o que acontece nos EUA, não apenas com a desigualdade, mas com a crise dos opióides. A esperança média de vida está em declínio, há crises alimentares, diabetes infantil... As empresas de alimentos estão a explorar os nossos jovens; há empresas como a Exxon que negam a mudança climática, há empresas de cigarros a negar a existência de evidências convincentes de que os cigarros são prejudiciais à saúde. Sabe...há exemplo atrás de exemplo daquilo que só pode ser chamado de "comportamento repreensível e imoral".

"Foi uma péssima ideia. Trump começou por dizer que as guerras comerciais são fáceis de vencer. Não são. Ainda não temos nenhum acordo depois de mais de três anos de negociações."

Joseph Stiglitz

Economista e Nobel da Economia em 2001

Euronews: Está na mesma página do presidente francês Emmanuel Macron? Ele também é a favor de novas regras para a União Europeia e para a zona euro...

Joseph Stiglitz: Muito, mesmo. O problema na Europa é o emprego. A promessa era que, se a inflação fosse inferior a 2%, o défice fosse inferior a 3%, a dívida chegaria a 60% do PIB e haveria crescimento económico. Tivemos décadas com essa política. E o que temos é estagnação na Europa. Portanto, que fique claro que essa estrutura de políticas não funciona.

Euronews: Vê uma recessão próxima? Uma nova crise próxima?

Joseph Stiglitz: Não vejo uma crise, pode acontecer, mas não vejo. O que vejo é uma desaceleração significativa. E vemos isso em todo lado do mundo, vemos uma desaceleração na China, que tem sido o motor do crescimento económico desde 2008, vemos uma desaceleração nos EUA de 1,9% - muito melhor do que negativa mas muito longe do que Trump prometeu de 3,4% ou mais - E vemos uma recessão na Alemanha. Para mim, a lista de problemas é a guerra comercial de Trump, o protecionismo, o qual está verdadeiramente a perturbar a economia global.

Joseph Stiglitz e Efi Koutsokosta

Euronews: Quem está a ganhar com estas guerras comerciais? Se Trump não está a ganhar, os EUA não ganham, a China também não, a Europa aparentemente também não. Então, quem está a ganhar com isto?

Joseph Stiglitz: Toda a gente é perdedor. Foi uma péssima ideia. Trump começou por dizer que as guerras comerciais são fáceis de vencer. Não são. Ainda não temos nenhum acordo depois de mais de três anos de negociações. A única coisa que eles têm é o chamado "acordo de Fase 1". Um "acordo da Fase 1" é o que um governo "normal" teria negociado com a China há muitos anos. O mundo perdeu imenso por causa desta incerteza, e a realidade é que, mesmo que exista um acordo que os mercados celebrem, se pensarem por um minuto, todos sabem que, quando for conveniente para Trump, ele rasgará o acordo.

"Acho que qualquer um dos principais candidatos democratas... As sondagens mostram que todos eles derrotam Donald Trump."

Joseph Stiglitz

Economista e Nobel da Economia em 2001

Euronews: Vamos para o clima. Já se vêem as consequências da mudança climática. É bem visível. Toda a gente fala sobre um "acordo verde", mas quem é que vai pagar por essa transição, a transição económica para uma economia mais verde? Especialmente agora que a economia em todo o lado está a desacelerar?

Joseph Stiglitz: Quando entramos na Segunda Guerra Mundial, alguém disse: Podemos pagar? Não me lembro de alguém dizer: Oh, vamo-nos render aos alemães porque nos vai custar muito dinheiro... Estamos a travar uma guerra que está no coração da nossa existência, do nosso padrão de vida. Nos EUA perdemos quase 2% do PIB todos os anos: Os incêndios, as inundações, os furacões, os episódios de frio extremo... É, verdadeiramente, um ataque ao nosso mundo tal como o conhecemos.

Euronews: O que é que sugere?

Joseph Stiglitz: Duas coisas. Liderei a comissão internacional com a lei severa e analisamos o que seria necessário para alcançar as metas de Paris e de Copenhaga, garantindo que o aumento da temperatura não fosse superior a 1,5 a 2 graus centígrados, e estávamos convencidos de que o nosso relatório - de uma comissão inteira - poderia alcançar isso com custos modestos. E que, de facto, seria bom para nossa economia, o que a estimularia - falávamos de uma desaceleração - Os investimentos de que precisaríamos forneceriam o estímulo à economia. Portanto, a ideia de que teríamos de sacrificar algo estava absolutamente errada.

Euronews: Há eleições nos EUA no próximo ano. Quem acha que poderia ganhar a Donald Trump?

Joseph Stiglitz: Acho que qualquer um dos principais candidatos democratas. As sondagens mostram que todos eles derrotam Donald Trump.

Euronews: Voltaria à política se lhe pedissem?

Joseph Stiglitz: Sim, provavelmente voltaria. Penso que este é um momento de crise para os EUA e para o mundo, e acho claro de que precisamos de reformar a maneira como a nossa sociedade e a nossa economia funcionam.

De volta aos salários

Posted: 18 Nov 2019 02:51 AM PST

«Retomo o tema dos salários para refletir sobre dois temas importantes que estiveram em relevo na última semana: o Governo, como lhe compete, fixou o valor do salário mínimo nacional (SMN), a vigorar a partir de 1 de janeiro de 2020, em 635 euros; o primeiro-ministro assumiu como objetivo o aumento dos salários médios e, simultaneamente, "que o peso dos salários no PIB se aproxime daquele que existia antes da crise" acrescentando ainda a necessidade de medidas específicas que valorizem a retribuição dos jovens mais qualificados.

O Governo devia e podia ser mais ambicioso quanto ao SMN, contudo, trata-se de um aumento (5,8%) positivo que vai beneficiar diretamente, segundo os números do Governo, 720 800 trabalhadores. Este aumento será, necessariamente, utilizado pelas pessoas que o receberem, para melhorar tenuemente a sua vida.

É justo e traz vantagens para a economia o estabelecimento de um SMN digno. O nosso continua a não conseguir tirar da pobreza muitos dos que o auferem. Mesmo assim, quando se chega ao momento de estabelecer as atualizações, lá vêm as forças políticas da Direita dizerem que é um exagero e as confederações patronais reclamarem "contrapartidas".

Surge, entretanto, face à constatação da desaceleração das exportações, o alerta de que a atualização do SMN pode agravar esse problema. Já vimos, nos anos da troika e do Governo PSD/CDS, quanto injusta e errada foi essa política e quase todas as forças políticas e económicas proclamam que não devemos querer ser competitivos pelos baixos salários. Seria bom que quem pega nessa tese se ocupasse no estudo dos verdadeiros fatores de ordem externa e interna que estão a impedir o necessário aumento das exportações. A atualização do SMN deve ser complementada com medidas dirigidas à redução do número de trabalhadores abrangidos, o que impõe a revitalização da negociação coletiva, com reapreciação de velhas grelhas profissionais, criação de novas, e definição e atualização de carreiras.

Esta semana surgiram informações e notícias que nos vêm confirmar um facto a que já aludi neste espaço: as dinâmicas do mercado, ou seja, a relativa escassez de mão de obra, a continuada emigração de trabalhadores jovens qualificados em dimensão significativa (mesmo que o saldo migratório se tenha alterado positivamente), a existência de projetos de investimento, que conduziram ao aumento do salário médio em quase 3% no período de um ano - variação homóloga entre setembro de 2018 e setembro de 2019, já divulgada pelo INE. Este número não pode deixar de estar presente na discussão das bases para qualquer acordo de política de rendimentos.

Esta constatação encaminha-nos para quatro conclusões com significativo suporte: i) a manter-se esta dinâmica de mercado, as metas anunciadas por António Costa para estas matérias serão cumpridas sem grandes obstáculos; ii) não se pode tolerar uma atuação em cartel por parte das confederações patronais, utilizando a Concertação Social como instrumento de travagem do crescimento dos salários; iii) O Governo tem à mão instrumentos que pode e deve utilizar para, por exemplo, tornar digna a remuneração do trabalho suplementar; iv) tem de ser dinamizada a contratação coletiva, com velhos e novos conteúdos e garantindo melhoria de condições profissionais e de vida.»

Manuel Carvalho da Silva

segunda-feira, 18 de novembro de 2019

A ILHA GRACIOSA ALCANÇA FEITO HISTÓRICO AO SER ALIMENTADA A 100% COM ENERGIAS RENOVÁVEIS

A ilha que foi classificada pela Unesco como Reserva da Biosfera em 2007 funcionou pela primeira vez a 100% com energias renováveis
A Ilha Graciosa foi alimentada a 100 % por energias renováveis, pela primeira vez.
Tratou-se de um teste, em que a Graciosa foi abastecida por energia produzida pelos painéis fotovoltaicos e pelo parque eólico da Serra Branca, ou seja energia verde.

Recorde-se que este projecto pioneiro, representa um investimento de cerca de 24 milhões de euros e prevê que mais de 65% da energia seja proveniente de fontes renováveis, como o sol e o vento.
O projeto Graciosa Energy System representa a construção do primeiro sistema mundial de energia híbrida na Ilha da Graciosa, no arquipélago dos Açores, com até 100% de energia proveniente de fontes renováveis, como o vento e o sol, armazenada em baterias, e que irá definir novos padrões nesta área para as ilhas em todo o mundo.

A estruturação do sistema será feita por um inovador sistema de gestão de energia desenvolvido pela empresa Greensmith, que permitirá prescindir da convencional central térmica para regulação da energia. Trata-se de um projeto inovador a nível global, no controlo e comando de sistemas produtores de energia, com recurso a fontes renováveis, em redes isoladas de distribuição de energia elétrica, com potencial para ser um standard de soluções integradas de produção de energia.
O projeto assenta na integração de produção eólica e solar com uma potência instalada de 4,5 MW e 1 MW, respetivamente, complementada por um sistema de armazenamento de energia composto por um conjunto de baterias de última geração, que permitirão o armazenamento de 3,2 MWh.

O 'Graciólica' é um projeto inovador, com projeção a nível europeu, que tem potencial para colocar a ilha Graciosa na linha da frente no aproveitamento dos recursos naturais renováveis para a produção de energia, em combinação com o armazenamento, enquanto uma prática pioneira em Regiões Ultraperiféricas.