Veterano de guerra do Ultramar (de Ovar) corrige história de Moçambique
Álvaro Teixeira, de Ovar, foi comandante dos Grupos Especiais (GE), em Moçambique, durante a Guerra do Ultramar. Nos últimos anos, tem-se interessado pela história recente de Moçambique, procurando repor a verdade de alguns factos históricos, apontando o dedo a alguns membros da Frelimo pelas atrocidades que cometeram a alguns dos seus camaradas de armas. “As informações que possuo e que têm sido objecto de Posts no meu Blog (http://gruposespeciais.blogs.sapo.pt/11216.html), são-me fornecidas por fontes fidedignas e provenientes de figuras da Frelimo, que, como é óbvio, não querem ser identificadas”, refere Álvaro Teixeira, antigo oficial do exército Português. Este militar esteve em quase todo o território moçambicano, exceptuando Cabo Delgado, de 1972 a 1974. Esta divulgação foi objecto de notícia na TVM (Televisão de Moçambique), em 11 de Março de 2013.
Recordo que a vida militar deste nosso conterrâneo inspirou o penúltimo livro da escritora Clara Pinto Correia "Não Podemos Ver o Vento" e cuja edição se encontra esgotada.
Escreve o ex-combatente do Ultramar no seu blogue, muito lido em Moçambique
“Assassinatos da Frelimo (Esclarecimento à Wikipédia)
Posted: 11 Mar 2013 08:54 AM PDT
Hoje, por curiosidade, fui à Wikipédia, a fim consultar algumas biografias, e a minha curiosidade levou-me às biografias de Eduardo Mondlane, Filipe Magaia e Josina Machel. Verifiquei que as circunstâncias da suas mortes coincidem, em quase tudo, com as versões da Frelimo e que em nada correspondem à realidade.
As informações que possuo e que têm sido objecto de Posts no meu Blog são-me fornecidas por fontes fidedignas e provenientes de figuras da Frelimo que, como é óbvio, não querem ser identificadas.
Quanto às mortes dos dirigentes da Frelimo a que acima me refiro, tenho a esclarecer o seguinte:
Eduardo Mondlane
Assassinado em 1969, na residencial de Betty King, sua amante, em Oyster Bay (Baía das Ostras), pela ala marxista-leninista-maoista, liderada pelo Samora Machel, que, depois de assumir o comando da guerrilha da Frelimo, pretendia o seu poder total, apoiado, entre outros, por Joaquim Chissano e Armando Guebuza, o que, de facto, veio a acontecer no II Congresso da Frelimo.
Eduardo Mondlane foi vítimas das purgas realizadas pelos maoistas da Frelimo, que vieram a dominar este movimento.
A Frelimo, para ilibar qualquer membro da facção maoísta, acusou a polícia política portuguesa (PIDE) pelo atentado. As autoridades tanzanianas fizeram inquéritos, mas que não levaram a qualquer conclusão. A facção do Samora Machel saiu ilibada do assunto e assumiu o poder na Frelimo depois da morte de Mondlane.
Filipe Magaia
Assassinado em 1966 numa emboscada preparada pelo Samora Machel, para lhe retirar o comando da guerrilha, tomar o seu lugar e ficar com a sua namorada, Josina Mutemba. Esta operação teve o beneplácito do Eduardo Mondlane, que nomeou o Samora comandante da guerrilha, tendo este vindo a casar com a Josina Mutemba, que passou a ser conhecida como Josina Machel.
Também este assassinato foi atribuído aos portugueses, que teriam preparado a emboscada. Na realidade, ela foi feita por elementos da Frelimo que foram fuzilados após a operação, que foi conduzida pelo Lourenço Matola, chefe de guerrilha da Frelimo, que acabou por ser , também, liquidado.
Josina Machel
Assassinada no hospital de Dar es Salaam, para onde tinha sido enviada, depois de constatada a sua segunda gravidez. Morreu envenenada, por ordem do Samora Machel, em 1971.
A Wikipedia diz que ela terá sido assassinada por estar grávida de Filipe Magaia, o que não é possível, dado que este tinha sido assassinado em 1966.
No ano de 1969, apresentou-se na Frelimo, Graça Simbine, por quem o Samora Machel se apaixonou, e aqui estará a razão do assassinato da Josina Machel, e a Graça Simbine (Machel) assumiu as funções de chefia do Departamento Feminino da Frelimo.
Claro que isto não é mera coincidência, porque o Samora Machel viu na Graça Simbine (Machel) qualidades que o ainda reforçariam mais como líder da Frelimo.
Espero que estes esclarecimentos tenham sido úteis para que estuda e escreve a história de Moçambique.
Nota: Este artigo foi enviado para a Wikipédia, para a reposição da verdade.
Para consulta, poderão ver o meu post sobre alguns assassinatos da Frelimo em:
http://gruposespeciais.blogs.sapo.pt/11216.html
Ovar, 20 de Outubro de 2016
Álvaro Teixeira
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