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quarta-feira, 24 de maio de 2017

Schäuble: "Centeno é o Ronaldo do Ecofin"

A descrição do ministro das Finanças português terá sido deixada ontem pelo germânico, um dia depois de Portugal sair do PDE e numa altura em que o nome de Centeno volta a ser falado para a liderança dos ministros das Finanças do euro.
Schäuble: "Centeno é o Ronaldo do Ecofin"
Reuters
Paulo Zacarias Gomes
Paulo Zacarias Gomes paulozgomes@negocios.pt
24 de maio de 2017 às 10:00
O ministro das Finanças alemão, Wolfgang Schauble, classificou Mário Centeno, como o "Ronaldo do ECOFIN". A revelação é feita pelo Politico, na sua newsletter diária, que cita comentários feitos ontem, dia em que reuniu aquele conselho dos ministros das Finanças da União Europeia.
A fonte do Politico que dá conta da comparação com o craque futebolístico é portuguesa, embora não seja identificada por aquele meio. E a afirmação é comparada pelo site, em termos políticos, com a vitória obtida recentemente na Eurovisão. Isto numa altura em que o nome de Centeno volta a surgir como possível novo presidente do Eurogrupo.
Já ontem, o secretário de Estado adjunto Ricardo Mourinho Félix tinha dado conta das "felicitações de muitos" ao Governo no ECOFIN por a Comissão ter proposto na véspera a saída de Portugal do Procedimento dos Défices Excessivos (PDE). Mas sem fazer referência a este episódio. Além de sair do PDE, Portugal fechou o primeiro trimestre do ano com um crescimento de 2,8% do PIB, numa alutra em que o desemprego cresce e aumenta a criação de emprego.
Estas alegadas palavras de Schäuble são pouco habituais no léxico normalmente utilizado em relação ao actual Governo português. A 26 de Outubro do ano passado, quase um ano volvido sobre as eleições que deram vitória ao PSD mas resultaram na formação de um Governo do PS com apoio à esquerda, Schäuble deixou uma "alfinetada": "Portugal vinha tendo muito sucesso até [à chegada de] um novo Governo".
Antes disso, pelo menos por duas vezes o ministro das Finanças de Angela Merkel se referiu à situação em Portugal: em Fevereiro do ano passado "encorajava fortemente" a equipa de Centeno a não fugir ao "rumo bem-sucedido que vinha sendo seguido"; e em Junho deixou no ar a possibilidade de um segundo resgate caso não cumprisse as regras europeias.
Na resposta às declarações de Outubro, o primeiro-ministro António Costa disse dar "sobretudo atenção aos alemães que conhecem Portugal e, por isso, sabem do que falam",  enquanto o ministro da Economia, Caldeira Cabral, as considerou "irresponsáveis".
E ainda não passaram três meses desde a última vez que, em Março, Schäuble deixou um alerta renovado ao país: "O meu alerta para Portugal é: certifiquem-se que não será necessário um novo programa" de assistência financeira, disse o ministro alemão citado pela Bloomberg.
O nome de Mário Centeno tem sido dado como possível candidato a ocupar o cargo que Jeroen Dijsselbloem desempenha actualmente na liderança do Eurogrupo e cujo mandato termina em Janeiro do ano que vem. O primeiro-ministro esclareceu que Portugal não deverá ter a iniciativa de uma candidatura, mas que não fugirá às responsabilidades dentro do Eurogrupo.
Em entrevista à televisão norte-americana CNBC, Centeno não foi claro quando sondado sobre essa possibilidade. Deixou em aberto a permanência no ministério das Finanças em Portugal (embora a eleição para o cargo esteja actualmente reservada a ministros em funções) e afastou quaisquer saudades da comida portuguesa caso tivesse de assumir responsabilidades em Bruxelas, sugerindo neste caso vinda frequente a Lisboa.

Ovar, 24 de maio de 2017
Álvaro Teixeira

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