06/09/2017 por Autor Convidado
[Rui Naldinho]
Podemos sempre questionar a qualidade das sondagens da AXIMAGE, mas nem vou por aí. Até podemos ironizar com o EXPRESSO, na medida em que este parece recorrer a informação alheia para promover uma ensaboadela às nossas mentes tão puritanas, as mesmas que se recusam a dizer em voz alta, aquilo que pensam em voz baixa.
Imaginemos uma sondagem da AXMAGE sobre a fidelidade conjugal dos casais portugueses. Teríamos com certeza algumas belas surpresas, com a referida amostra, a expor as nossas leviandades. Porém, duvido que algum dos conjugues participantes no estudo, assumisse em público uma relação extra conjugal, casuística ou não.
Imaginemos que até é verdade a ideia por aí disseminada nos últimos tempos, de que em Portugal há cerca de 10% de homossexuais, na sua população. Nem sequer vou discutir o número. Isso é irrelevante. De uma coisa eu tenho a certeza. Estejamos perante um exagero ou não, se tivermos 0,1% de homossexuais assumidos no país, já será muito. Ainda há muita gente escondida no armário, porque a homofobia continua a fazer mossa, em Portugal.
Poderíamos até fazer uma sondagem sobre os inúmeros calotes que por aí vão proliferando na banca, nas empresas, ou no círculo restrito das famílias e amigos, com gente a marimbar-se para os seus compromissos, e para a generosidade de quem lhes deu a mão, deixando outros, que na boa fé acreditaram na sua honestidade, a arder.
A sondagem daria um resultado que nos envergonharia, e nos levaria a meditar se não somos um povo com propensão para acumular dívidas de forma irresponsável, mas, na praça pública, ninguém se assumiria como caloteiro.
Dito isto, para mim esta sondagem da AXIMAGE não tem como fim único, esclarecer as tendências de voto do eleitorado, em Loures. É antes, uma forma encapotada de tentar desencardir a má imagem deixada pelo candidato André Ventura, e de quem lhe dá guarida, o PSD, banalizando o discurso anti cigano. E a jornaleira do costume tomou de assalto os resultados da sondagem, “perante tão preciosa amostra”, como se vivêssemos todos na ignorância e nada soubéssemos sobre a forma como os portugueses escondem os seus preconceitos. Como quem diz, o rapaz nem é diferente dos outros, apenas disse a verdade!
E óbvio que o racismo não é uma exclusividade do Senhor Ventura. O que não falta em Portugal são racistas, xenófobos e homofóbicos. O problema é quando se tenta fazer de algumas minorias e seus estereótipos, o mote para uma campanha eleitoral autárquica, onde os principais problemas do concelho são deixados para segundo plano, como por exemplo, a mobilidade e as acessibilidades.
A mim também me incomoda que os ciganos estejam quase sempre a tentar passar a perna às Instituições públicas e privadas, que têm por dever garantir o mínimo de dignidade a quem na verdade necessita de apoio, em especial quando estamos perante dramas humanos. E isso tem de ser combatido pelos órgãos de soberania, doa a quem doer, sem complexos, mas na surdina dos dias, em cada local onde essas ocorrências se derem. Contudo, jamais será um presidente de câmara a substituir-se às polícias e aos tribunais.
O que me choca é ver um candidato autárquico promover o racismo de forma deliberada, respaldado na liderança do um partido, cuja história de vida está associada à corrupção, tráfico de influências e fraudes, em Portugal, como nenhum outro.
Por muito que os ciganos tenham levado do erário publico, em falcatruas várias, e imagino as histórias rocambolescas que por aí devem existir, eu até conheço algumas, nunca atingirão uma pequena parte daquilo que os nossos políticos já fizeram em matéria de trafulhices.
Fonte: Aventar
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