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sábado, 25 de novembro de 2017

“Entre o PCP e o PS há um pedregulho difícil de remover”

por estatuadesal

(Entrevista a Jerónimo de Sousa, in Expresso, 25/11/2017)

jerónimo

(Apesar de muitos o detestarem, e alguns acharem mesmo ainda que os comunistas "comem criancinhas", o PCP é um partido cuja influência não pode ser ignorada na sociedade e na política portuguesa, mais ainda agora que suporta no parlamento a actual solução governativa. Por isso esta entrevista é importante. Para perceber o presente da Geringonça e se no futuro se poderá - ou não -, prefigurar uma Geringonça 2.0, eventualmente com outros contornos formais, mas navegando dentro do quadro idêntico - ou até mais amplo, de objectivos. Uma coisa fica clara: para o PCP a legislatura é para durar quatro anos. Depois, como diz Jerónimo, "perante o pano é que se talha a obra".

Estátua de Sal, 25/11/2017)


No final do debate orçamental, Jerónimo de Sousa falou com o Expresso. A atual legislatura é para levar até ao fim mas, quanto à próxima, os comunistas não se comprometem. O líder do PCP recusa uma nova “posição conjunta” ou acordos pré-eleitorais com os socialistas. Jerónimo não disfarça que “há um pedregulho difícil de remover” entre os dois partidos. São diferenças insanáveis e que obrigam os comunistas, não só a marcar terreno, mas também as devidas distâncias.

Diz que se acentuaram as contradições com o PS. O PCP acha que a atual solução política se esgotou?

É uma solução que não é repetível. Num quadro de eleições e trabalhando nós para uma perspetiva de legislatura...

... o fim desta legislatura não está em causa? Não é um recado para dizer que para o ano não aprovam o OE?

A nossa perspetiva é de uma legislatura. Mas, nas próximas eleições para a AR e mantendo-se a relação de forças atual, continuo a considerar que não é preciso uma posição conjunta. Obviamente, muita coisa acontecerá entretanto e isso é fazer futurologia, mas pode não ser necessária uma posição conjunta. É preciso que o futuro Executivo afirme, neste caso concreto o PS, que vai prosseguir esta linha de avanços e de justiça social.

O PS forma Governo com maioria relativa e sem acordos conjuntos como Guterres?

Na posição conjunta ficou claro que o PCP não abdica da sua independência e autonomia de decisão, afirmando perante o PS que votaríamos a favor de medidas positivas e votando contra o que não consideramos positivo. Aliás, isso aconteceu em muitas votações e foi evidente no caso Banif. Sem drama nenhum.

O impacto nas autárquicas fez o PCP rever sua posição? O modelo já vos prejudicou o suficiente para se voltar a repetir?

Não. Foi decisivo o papel do PCP para ver PSD e CDS saírem do Governo. O objetivo político era interromper a política de terra queimada e, perante uma calamidade, a primeira resposta foi repor alguma justiça, ainda que de forma insuficiente. No futuro próximo não abdicamos deste princípio: há necessidade de uma política alternativa patriótica e de esquerda.

O resultado das autárquicas pesou sobre como lidar com o PS na próxima legislatura?

Não pesou. Nem alterou o nosso comportamento e perspetiva.

Mudou, pelo menos, a estratégia de comunicação do PCP sobre os seus ganhos. Dizia que o BE era mais expedito.

Percebo o BE, a tentar meter a bandeirinha. Nós empenhámo-nos a fundo na discussão do OE e conseguimos muitas coisas. Depois, vemos outros fazer anúncios desses mesmos avanços. Fomos agora mais expeditos mas numa expressão honesta, nunca tentando pôr ovos em ninho alheio. O nosso problema não é que o BE nos acompanhe, mas que as pessoas percebam o que é a marca do PCP.

Este é o melhor dos três orçamentos da geringonça?

Este OE do Governo PS consolida os avanços alcançados em 2016 e 2017 e portanto tem um ponto de partida diferente. Ainda assim, apesar das limitações e insuficiências, é um Orçamento que vai mais longe nos avanços.

Qual foi a medida do PCP de alteração ao OE mais arrancada a ferros ao PS?

Desbloqueamento dos investimentos, na Educação, Saúde e Transportes (fim das cativações) e a proposta que prevê a possibilidade de contratação na Administração Pública.

Depois das autárquicas, ouviu camaradas seus dizerem que a ‘geringonça’ não foi uma boa ideia?

Continuo a ter como referência a resolução política do XX congresso aprovada por unanimidade. Eu ando pelo país e há alguma tristeza em relação ao resultado das autárquicas, daí a haver arrependimentos... isso não tem expressão.

No Comité Central não foi motivo de crítica?

Não, aliás as últimas reuniões do CC têm sido praticamente todas por unanimidade. Nos contactos que temos no terreno há muita confusão. Muitos consideram que há uma maioria de esquerda, outros que há um acordo das esquerdas. E nós dizemos que é um governo minoritário do PS e que não há um acordo parlamentar.

Mas depois de 2019, não querem continuar a dar a mão ao PS?

Daremos a mão ao povo e faremos tudo para conseguir novos avanços.

Se o PS ganhar sem maioria absoluta e o PCP não estiver disponível, empurra-o para um bloco central. Prefere isso?

Este processo tem valido a pena. Não temos nenhum arrependimento das posições que tomámos e pelo que conseguimos avançar. Quanto às próximas eleições deixemos o povo decidir. Diálogo haverá sempre. Mas com que programa se vai apresentar o PS?

Fazer parte do Governo está fora de questão?

Participar no Governo para quê? Para uma política que não resolve os problemas centrais ou para realizar uma política de crescimento económico e de justiça social? O meu partido sente-se orgulhoso, até aqui, pelo trabalho muito exigente que foi feito, num quadro de contradições. Depois, perante o pano é que se talha a obra...

Pode haver um entendimento pré-eleitoral com o PS? Já foi falado?

Não. Há aqui um pedregulho difícil de remover. Em matérias estruturantes, o PS não abdicou de uma política de direita.

A possibilidade do ministro das Finanças presidir ao Eurogrupo aumenta o ‘pedregulho’ ou pode mudar alguma coisa? 

A experiência com responsáveis portugueses nas instituições europeias não é, propriamente, para entusiasmar. Demonstrou-se que não é condição suficiente para que os interesses de Portugal sejam defendidos. O diretório de potências da UE é quem determina.

O Governo às vezes esquece-se que não tem a maioria absoluta?

Não é uma orientação geral, mas tem acontecido. Obviamente não queremos ser juízes-conselheiros nem a voz da consciência do Governo do PS. Não queremos favores nem lugares. Queremos ajudar a resolver problemas.

“Não sou o suprassumo da batata”

Tancos, incêndios, INFARMED. Costa é um primeiro-ministro para as boas notícias e tem dificuldade em lidar com as más?

Não sou capaz de fazer uma análise a perfis, mas em relação aos incêndios não houve a resposta que se justificava. Era preciso uma resposta imediata, aparecer com um sentido de esperança, de reposição das condições de vida de muitas pessoas e empresas.

Isso deve-se a alguma falta de humildade?

Não, acho que foi mais subestimação do que propriamente indiferença.

... ou falta de conhecimento do mundo real que o Jerónimo conhece bem?

Na sua responsabilidade governativa, acho que tem conhecimentos. Mas essa realidade foi capaz de o surpreender. O primeiro-ministro não percebeu o sentido exato do drama que aconteceu.

É um problema dos chamados ‘políticos de gabinete’?

Há muitos. Não me considero o suprassumo da batata no contacto direto. Mas é evidente que tenho a vantagem de viver no meio em que nasci e fui criado, de muita iniciativa, de calcorrear milhares de quilómetros. Depois, há características próprias que permitem a aproximação das pessoas.

Acha que o primeiro-ministro demorou a pedir desculpa?

Para mim, o mais importante era ter tido uma resposta eficaz.

Já pediu desculpa por atitudes que tomou, nomeadamente, no seu partido?

No meu partido nunca ninguém me exigiu um pedido de desculpa. Às vezes peço, mas não por razões políticas. Obviamente.

Declarações de António Costa geram “preocupação”

O líder do PCP confia na palavra de António Costa e “ainda” não considera que o Governo esteja a dar o dito pelo não dito no caso da contagem integral do tempo de serviço dos professores para efeitos de descongelamento de carreira. Mas há necessidade de esclarecimento. “Um retrocesso teria leituras e consequências políticas”, avisa.

O Governo assinou um acordo com os professores e já diz que é uma ilusão pensarem que vai ser contado o tempo de serviço. Está a incumprir o que acabou de acordar?

Independentemente desta declaração, o importante é tomar como adquirido que na questão da progressão das carreiras o tempo deve contar para todos. Sejam professores, enfermeiros, médicos, forças de segurança, trabalhadores da Justiça. Esta consideração teve acolhimento. Outra coisa é discutir o modo e o calendário em que será concretizado. Propomos que o Governo discuta isso com os sindicatos.

Essa é a proposta do PCP. Mas o Governo vem dizer que é uma ilusão que os professores pensem que o tempo conta todo...

Não acompanhamos essa afirmação. A proposta que fizemos em sede de orçamento salvaguarda que o tempo conta. Até porque ninguém entenderia que o tempo de trabalho efetuado não viesse a ser contado!

Então, como entende as declarações do primeiro-ministro?

É uma declaração sem expressão concreta naquilo que estamos a aprovar no OE. Fica a preocupação, obviamente.

O Governo pode estar a dar o dito pelo não dito?

Ainda não considero isso. Seria profundamente negativo um retrocesso em relação aos passos que foram dados.

O que foi acordado entre o PCP e o PS? Falou-se concretamente que seria tido em conta o tempo todo de serviço?

O mais importante, numa fase preliminar de exame comum, foi a consideração que a progressão das carreiras deveria ser concretizada até ao final da legislatura. Ouvimos opiniões diferentes, nomeadamente do ministro das Finanças que admitiu ir além de 2019. Batêmo-nos para que fosse concretizado na legislatura. Houve um entendimento que nós consideramos que continua a valer.

Mas aí não está o tempo de serviço... O PCP presume que está incluído?

Presumimos que sim! Não se justificaria uma concordância se não houvesse essa salvaguarda em relação à contagem do tempo!

Quando se ouve o primeiro-ministro falar, nota-se um entendimento diferente...

Para nós o entendimento é claro em relação aos limites da legislatura e à contagem do tempo. A proposta que fizemos partia dessa consideração e dessa possibilidade. A única coisa que se compreenderá, tendo em conta os montantes, é o faseamento no tempo e o modo de consideração. Não questionamos o direito adquirido pela contagem do tempo de serviço.

Se o Governo não fizer a contagem do tempo de serviço dos professores nesta legislatura está a incumprir o acordo?

Digamos que ninguém esperaria, muito menos os trabalhadores, que isso não fosse considerado na progressão das suas carreiras.

É uma surpresa a forma como a questão está a ser colocada pelo Governo?

Entendo-a como uma afirmação que precisa de ser clarificada.

Confia na palavra de António Costa?

Continuo a confiar, sim.

O silêncio do ministro das Finanças sobre este dossiê é motivo de preocupação?

O primeiro e principal responsável é o primeiro-ministro. É ele quem tem a responsabilidade das escolhas. Lembro-me de, há uns tempos, o ministro das Finanças colocar esta questão além da legislatura. Mas houve evoluções na fase de exame comum que consideramos positivas. Vamos ver o desfecho.

Marcelo disse que as pessoas podiam ter ilusões e que nada voltaria a ser como dantes, referindo-se em concreto ao tempo de serviço dos professores.

A tese que a destruição de direitos não pode ser reposta é preocupante. Lembra a afirmação de um dirigente do PSD de que o país estava melhor, mas o povo estava pior. Não há desenvolvimento sem que o povo se sinta bem. Não estamos a reivindicar direitos novos, mas a restituição do que foi extorquido. Um retrocesso desta natureza teria leituras e consequências políticas.

O primeiro-ministro disse que o Estado só vai pagar aquilo que consegue.

E nós consideramos que o Estado tem condições de pagar aquilo que é devido aos trabalhadores.

De outra maneira: gostou de ouvir Costa a repetir as palavras de Marcelo?

Não fico triste nem alegre, faço uma avaliação política.

O Presidente da República mudou de atitude? Teme que haja dificuldade de promulgação do OE?

Não tenho nenhum indicador que me leve a ter essa preocupação. É evidente que hoje temos um quadro muito complexo. A CIP aumentou de galão em termos de pressão. Lá veio, mais uma vez, a ameaça de Bruxelas. Mas a essas ameaças e avisos a resposta deve ser de firmeza e não de cedência.

O PM e o PR estão a acusar essa pressão dos patrões e de Bruxelas?

Não faço juízos de intenção. Constato um facto que não é novo: sempre que há um encaminhamento positivo das coisas, lá vêm as imposições como se fossem os mandões do meu país. Acho inadmissível essa pressão! Há umas semanas, o Conselho Europeu defendeu a valorização dos salários mas depois, quando há uma proposta concreta...

... 600 euros, que o PCP pede desde 2015. É uma batalha que perdeu?

A nossa batalha tem sido por este valor. O Governo vai invocando a concertação social mas é bom lembrar que a responsabilidade do aumento do salário mínimo não é do CES. O Governo não pode encontrar ali o biombo. Fico chocado que um trabalhador que trabalhe a vida inteira recebendo na casa dos 500 euros vá empobrecendo. É uma contradição insanável: trabalhar e ir empobrecendo!

É um dos amargos de boca desta solução governativa?

Isso não constava da posição conjunta.

Porque foi fechado um acordo entre o BE e o PS...

O BE partiu do pressuposto que aquilo era um mínimo. Quem tem alguma experiência de negociação sabe bem que quando se apresenta uma proposta ela é sempre o máximo. O BE também está de acordo com a nossa proposta. O problema continua a ser a falta de determinação do Governo. Apresentámos a proposta, ela foi recusada. Podemos usar aqui o nosso chavão — a luta continua.

segunda-feira, 6 de novembro de 2017

Marques Mendes sai em defesa da ditadura


por João Mendes

Já aqui contei o episódio em que vivi o meu primeiro contacto directo com o regime totalitário da Geringonça. Já tinha ouvido falar nele, achei que fosse truque da imprensa portuguesa, até que finalmente me cruzei com eles no supermercado. Ainda não recuperei.

Os tentáculos esquerdalho-feminista-venezuelanos continuam a expandir-se a uma velocidade impressionante, comendo tudo, perante a apatia e a indiferença generalizadas. Já poucos são aqueles que resistem, e hoje é um dia muito triste para todos eles. Perderam (oficialmente) um dos seus.  Ler mais deste artigo

quinta-feira, 26 de outubro de 2017

As Lições de Português do Professor Expresso

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por Francisco Miguel Valada

Andrew 'Andy' Osnard: No paper trail.

The Tailor of Panama

Domitius Enobarbus: And what they undid did.

Antony and Cleopatra

Avanço por aí
No gelo salgado
O meu hálito derrete
O teu corpo congelado

Rui Reininho

This is the glamorous life there's no time for fooling around.

— Lloyd Cole & The Commotions, "My Bag", Mainstream, October 26 1987 (obrigado, Nuno Miguel Guedes)

***

Por aí, leio o seguinte:

Há um discurso por aí que valoriza demasiado os erros ortográficos.

É verdade. Todavia, há outros discursos, como este (a reproduzir este), que os desvalorizam em demasia. Já agora, erros sintéticos?

De síntese? Ou sintácticos? De sintaxe? Ou *sintáticos? De nada?

Pelos vistos, o "por aí" criticado no texto será auto-referencial, pois o Expresso indica mais erros ortográficos do que "outros erros":

· «A Joana foi há escola» é erro ortográfico;

· «Ele tem uma obcessão por carros» também é erro ortográfico;

· «É um fato que existem alterações climáticas» é um erro ortográfico;

· «Eles vêm a dobrar» é efectivamente erro ortográfico;

· «Derepente a zanga começou» é objectivamente erro ortográfico;

· «É uma casa portuguesa, concerteza!» é de facto erro ortográfico;

· «Hádes conseguir escrever um livro» não é erro ortográfico;

· «Já fizestes os trabalhos de casa?» não é erro ortográfico;

· «Quero duzentas gramas de fiambre!» não é erro ortográfico;

· «A polícia interviu naquela confusão que houve na rua» não é erro ortográfico.

Curiosamente, como vimos, o texto em apreço debruça-se sobre Ler mais deste artigo




quinta-feira, 19 de outubro de 2017

Panama Papers: há terceira será de vez, Expresso?

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por João Mendes

Em menos de uma semana, os famosos papéis do Panamá regressaram ao Expresso. Estranhamente, ainda não foi desta que a igualmente famosa lista de jornalistas avençados pelo saco-azul do GES deu à costa. Ontem foi a vez de José Sócrates, o homem que está em todas, cujo nome, avança o Expresso, foi incluído no relatório da Comissão de Inquérito do Parlamento Europeu sobre os Panama Papers. De estranhar seria se não fosse, ou não tivessem sido eles, os papéis, o momento Eureka da Operação Marquês. Ler mais deste artigo

terça-feira, 17 de outubro de 2017

Depois do silêncio, os Panama Papers estão de volta ao Expresso

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por João Mendes

Como diria o outro, "que passou-se"? Depois do silêncio constrangedor, terão os papéis finalmente saído do armário, para revelar a verdade aos portugueses, um ano e meio após o anúncio bombástico? Será que é desta que vamos saber que jornalistas, e em que jornais, eram corrompidos com dinheiro sujo para servir Ricardo Salgado, ao invés de servir o dever de informar e o rigor jornalístico?
Lamento informá-lo, caro leitor, mas não foi esse o motivo que trouxe os Panama Papers de volta ao Expresso. Ainda não é desta que ficamos a conhecer a lista com mais de uma centena jornalistas avençados pelo saco azul do GES, que o semanário do Sr. Bilderberg prometeu revelar em Abril de 2016, e que continha pagamentos elevados e outros de poucos milhares. Sim, os pagamentos de "poucos milhares" eram os pequenos. Ler mais deste artigo

domingo, 24 de setembro de 2017

O Expresso e o relatório-fantasma de Tancos

por João Mendes


Na edição impressa desta semana, o Expresso lança a polémica que promete marcar a narrativa da máquina de propaganda da direita nos próximos dias, com uma manchete onde se pode ler que “Relatório das secretas sobre Tancos arrasa ministro e militares”.
Tem início um incêndio nas redes sociais. Spin masters da direita a carburar a todo o gás. O Gorjão a ter orgasmos múltiplos. Pedro Passos Coelho, indignado, a cuspir nos pratos onde come desde 2011 e a questionar quem ainda o ouve – e o Expresso até lhe fez o frete de lhe dar destaque durante toda a tarde de ontem na edição online – se é preciso comprar o Expresso para saber o que se passa no país. Ler mais deste artigo

sábado, 23 de setembro de 2017

O Expresso e os “relatórios secretos”



por estatuadesal
(Por Estátua de Sal, 23/09/2017, 18h)
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Mas que grande tiro no pé, dr. Balsemão. Então o seu jornal, dito de referência, cai numa trapalhada deste jaez? Expliquemos o ocorrido.
Na edição de hoje, o Expresso dá conta da existência de um relatório, supostamente elaborado pelo Centro de Informações e Segurança militares (CISMIL), que arrasa o Ministro da Defesa e o Chefe de Estado Maior das Forças Armadas no contexto da investigação ao desaparecimento do armamento dos paióis de Tancos.

sábado, 9 de setembro de 2017

Óptima!

por Francisco Miguel Valada

This sort of soft, sappy, inability to take something that we find offensive, and hurtful, it is pathetic, it is contemptible.
Richard Dawkins
Vous [Alain Juppé] avez quand même des rechutes possibles.
François Hollande
***
Esta recaída do Expresso é efectivamente uma óptima notícia.

De facto, com 'óptima' ou com 'inspecção', a probabilidade de contatar é extremamente reduzida.

Exactamente, há quem viva no seu próprio Idaho. Como é sabido, nesses Idahos, os estrangulamentos e os constrangimentos não existem.
Desejo-vos um óptimo fim-de-semana.
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quarta-feira, 6 de setembro de 2017

Como desencardir um candidato autárquico

06/09/2017 por Autor Convidado

[Rui Naldinho]


Podemos sempre questionar a qualidade das sondagens da AXIMAGE, mas nem vou por aí. Até podemos ironizar com o EXPRESSO, na medida em que este parece recorrer a informação alheia para promover uma ensaboadela às nossas mentes tão puritanas, as mesmas que se recusam a dizer em voz alta, aquilo que pensam em voz baixa.
Imaginemos uma sondagem da AXMAGE sobre a fidelidade conjugal dos casais portugueses. Teríamos com certeza algumas belas surpresas, com a referida amostra, a expor as nossas leviandades. Porém, duvido que algum dos conjugues participantes no estudo, assumisse em público uma relação extra conjugal, casuística ou não.


Expresso patrocina conteúdos do Correio da Manhã sobre André Ventura

06/09/2017 por João Mendes


O Correio da Manha encomendou uma sondagem à Aximage para sentir o pulso aos portugueses, a propósito das declarações xenófobas de André Ventura sobre os ciganos. Para grande alegria da alt-right tuga, porque já não se aguenta tanta sondagem da Aximage em que o PSD não pára de se enterrar nas intenções de voto, – a última, apresentada no final de Agosto, após o Verão horribilis do governo, mantém Costa como o líder mais popular e Passos no fundo da tabela, paralelamente a uma queda de apenas 1% do PS nas intenções de voto (43%), ao passo que PSD continua em mínimos históricos (22,9%) – a maioria dos eleitores, da esquerda à direita, assina por baixo das polémicas declarações do candidato
do PNRdo PSD. Vale a pena, por inúmeros motivos, olhar de forma atenta para estes resultados.
Curiosamente, ou talvez não, o Expresso decidiu fazer a sua própria notícia sobre um conteúdo que não é seu e patrociná-la no Facebook. O que levará um jornal, que não patrocina todos os conteúdos originais que publica, a patrocinar uma peça que se resume a fazer eco de um estudo encomendado por um concorrente directo? Qual será o critério de uma empresa a braços com uma situação financeira delicada, a mandar fechar revistas e a preparar-se para cortar postos de trabalho, para investir uns quanto euros a promover uma peça destas? Só pode ser obra da furiosa censura orquestrada pela revolução socialista. Deve ser isso.

Fonte: Aventar
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terça-feira, 29 de agosto de 2017

Hay gobierno, há rentrée

Raul Vaz
Raul Vaz | raulvaz@negocios.pt28 de agosto de 2017 às 23:06

E quando é que António Costa pensa e quer abrir um novo ciclo? "Passadas as eleições autárquicas", que previsivelmente vai ganhar e que o parceiro do grande consenso vai perder. Eis o quadro ideal para o político produzir
Reli, com lupa. O Expresso voltou à carga (bem sei que o online tem os seus truques) com a entrevista de António Costa "originalmente publicada a 20 de Agosto", o momento que "marcou a rentrée". Isto com um título de suporte: "A actual solução governativa não depende de haver ou não maioria absoluta." Et voilà, Costa deu uma entrevista. Mais uma.
Se formos benevolentes depois de uma nova leitura, encontramos uma razão para a coisa, dita pelo protagonista: "Não deve haver ninguém em Portugal que há mais anos exerça consecutivamente funções executivas do que eu." Se António Costa fez contas, tem razão. Facto que pode, como este mundo mostra, ter interpretações diferentes. Mas Costa é, em betão, um democrata.
O pouco que fica da entrevista não marca nada. Muito menos uma rentrée. Claro que o politicão estende a pergunta convencional: "O que será prioritário na rentrée?" A deixa para um recomeço de Costa: "(…) Vamos abrir a grande negociação para um grande consenso sobre o que deve ser a estratégia nacional para o pós-2020." Consenso com quem? Seguindo o plano do primeiro-ministro, com quem "permita que o programa de grandes investimentos em obras públicas seja aprovado por dois terços na Assembleia da República".
E quando é que António Costa pensa e quer abrir um novo ciclo? "Passadas as eleições autárquicas", que previsivelmente vai ganhar e que o parceiro do grande consenso vai perder. Eis o quadro ideal para o político produzir política. Costa sabe que a seguir às autárquicas o PSD entra num processo de convulsão interna, com cabeça para tudo menos para um acordo suicidário com quem fez reversões em áreas do universo em que agora pede um consenso nacional alargado. O novo ciclo de Costa pretende apenas apagar, ou amaciar, o ciclo terrível do estio.
Há um outro pormenor que desmonta o circo. No seu número menos conseguido - desde que "há 20 anos tem funções executivas" -, António Costa despe-se e desilude nas vestes do pragmatismo: "Relativamente ao Brasil, como Angola, Moçambique, Guiné ou qualquer país lusófono, temos a regra contrária à do anarquista: hay gobierno, somos amigos."
A entrevista do primeiro-ministro ao Expresso é um acto falhado. Outras se seguirão para corrigir o tiro. O problema de Costa é que, neste Verão, perdeu o controlo da agenda. Claro que vai recuperar nas eleições de Outubro. Será suficiente? Pedrógão foi um murro com espessura e fractura social. Também é verdade que ontem começaram a cair uns pingos de chuva...
política.

sexta-feira, 28 de julho de 2017

Wikileaks, Panama Papers e a lista de mortos de Pedrógão Grande: dois casos de censura e um de excesso de informação no Expresso

Wikileaks,  Panama Papers e a lista de mortos de Pedrógão Grande: dois casos de censura e um de excesso de informação no Expresso

por j. manuel cordeiro
Wikileaks,  Panama Papers e a lista de mortos de Pedrógão Grande

Muito se tem recordado, e bem, o caso Panama Papers. Mas é de lembrar  que há precedente, no Expresso também, nomeadamente quanto à divulgação dos textos WikiLeaks. Onde está a publicação integral dos cables que o Expresso censurou? Não existe, apesar da promessa de Ricardo Costa:
"No site vamos publicar na integra todos os telegramas. Quem quiser pode ler tudo. No jornal, enquadramos, editamos e corrigimos.
Achamos que temos, neste caso, uma dupla obrigação:
– divulgar a informação relevante, apenas e só depois de a termos trabalhado;
– disponibilizar aos leitores os telegramas que utilizámos.
Com este processo estamos a ser transparente e podemos ser facilmente escrutinados" [Ricardo Costa, Expresso, 01/03/2011; A publicação original no Expresso já não existe, mas está disponível no Aventar ]Clique, para ler
Se nestes dois casos a censura de informação foi a marca dominante, já contenção foi coisa que não existiu quando o Expresso resolveu publicar o nome dos 64 mortos no incêndio de Pedrógão Grande. Zero de relevância jornalística, já que a notícia teria o mesmo valor sem esses nomes chapados, sem pudor, nas páginas de um jornal. E o mesmo se poderia dizer da PGR, que acabou por ceder à pressão política por parte do PSD e do CDS, apesar disso ser tema para outras conversas.
Fonte:  Aventar

sábado, 22 de julho de 2017

Que se passa neste País?

Será que a imprensa, os paineleiros das TV’s, os apresentadores dos telejornais, o atual PSD querem mandar os portugueses para hospitais psiquiátricos ou para algum Gulag?
Será que o nosso PR, o Governo, os Órgãos Judiciais, as Entidades Reguladoras, os Provedores dos Leitores e do Cidadão e o Povo Português não têm forma de pôr cobro a isto?
Fico sem palavras. Isto ultrapassa o inconcebível.
Está na hora de nos revoltarmos contra este estado de coisas.

Capa do Expresso

Ovar, 22 de Julho de 2017
Álvaro Teixeira