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sexta-feira, 17 de novembro de 2017

O Maior Incêndio de sempre em Portugal não Interessa à Justiça

(Por Dieter Dillinger, in Facebook, 16/11/2017)
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A TVI mostrou o incêndio de Pedrogão Grande filmado desde o posto de observação do quartel de bombeiros da terra, equipado com muitos monitores de câmaras de televisão apontadas para todas as direções.
Vê-se o começo com um longínquo e pequeno fumo na imensa verdura do bosque gigantesco que abrangia toda a paisagem por dezenas de quilómetros observados.
O comandante dos bombeiros disse que a Polícia Judiciária tirou uma conclusão errada quando afirmou que foi uma trovoada seca que causou aquele fogacho, pois não houve esse tipo de trovoada nesse dia.
O especialista da Comissão Independente deu a entender que a ignição foi causada por cabos da EDP que roçavam as copas das árvores, mas parece que não desapareceram com o fogo, pois continuavam ali, se bem que a TVI filmou árvores recentemente cortadas debaixo dos cabos, enquanto o homem da EDP dizia que os cabos não estavam em contato com as árvores, mas viam-se quilómetros de cabos quase dentro das copas das árvores.
Perguntado se podia ser fogo posto, o comandante dos bombeiros afirmou que podia bem ter sido e depois mostraram a evolução do fogo.
Em cerca de dez minutos aquilo como que rebentou para cima e formaram duas gigantescas frentes de fogo fustigadas por ventos a 300 km à hora. Segundo o comandante, em menos de meia hora o fogo atingiu proporções impossíveis de serem apagadas. Os bombeiros não se podiam aproximar da cabeça do fogo.
Na verdade, acrescento eu, as viaturas de bombeiros aproximam-se da zona daquelas labaredas enormes e em poucos minutos, as suas mangueiras esgotam a água que os carros trazem e vieram depois 9 meios aéreos que se limitaram a salpicar o fogo e provavelmente nenhum água chegou ao contacto com o incêndio.
Enfim, tudo indica que foi fogo posto por muitas mãos criminosas porque a dada altura havia fogo em todas as direções.
Só para o Ministério Público e Polícia Judiciária é que aquela coisa gigantesca a arder foi "natural". Será conivência? Parece que não há uma investigação criminal. Ninguém terá perguntado algo aos membros das estruturas do PSD que mudaram de candidato à presidência da Câmara? Acredito que sim, pois já vimos PJs cometerem os mais diversos crimes, incluindo o assassinato de uma avó do marido de uma inspetora morta com 14 tiros.
O crime compensou à oposição e ao próprio PR que fez muita "relação pública" com o mesmo, quase que chorando com familiares das vítimas e a exigir a pronta indemnização de toda a gente que sofreu. O objetivo do fogo foi, sem dúvida, tentar evitar a saída da crise financeira e obrigar que nós, os contribuintes, paguemos muitos milhões pelos estragos para que a velha Teodora possa "avisar" que as finanças públicas não estão bem.
Fogos postos, greves de professores, médicos, enfermeiros, etc. Tudo junto com o objetivo de ver se a PÁTRIA volta à falência, enquanto a Joana Marques Vidal e os pasquins mantêm-se mudos quanto à origem das ignições. É preciso dizer a essa senhora que não há fogo sem ignição.
Curiosamente, vimos um dos jovens do observatório dos bombeiros dizer que viu fumo que ainda não era fogo. Rapaz! Não há fumo sem fogo.









terça-feira, 14 de novembro de 2017

Da geringonça à passarola

Posted: 13 Nov 2017 02:57 AM PST

«A temível geringonça fez agora dois anos. A designação, usada para definir aquilo que parecia ser uma disforme máquina voadora, e que, na opinião dos seus detractores, acabaria por se desintegrar no pó, continua a voar.
Não tão elegantemente como no passado recente, mas de forma inesperada. Voa com propulsão da economia, combustível julgado impossível de alimentar uma invenção de uma maquineta de esquerda. Talvez por isso se tenha transformado numa passarola, aquela invenção de Bartolomeu de Gusmão, que hipnotizou a corte de D. João V em 1709, quando o balão aquecido a ar subiu até ao tecto da sala e só foi destruído com varas porque havia o medo de poder incendiar o recinto. É esse o receio: que este modelo possa frutificar numa Europa desorientada. Cercada por todos os lados, a solução governativa liderada por António Costa conseguiu um equilíbrio digno de um aprendiz do Chapitô: contenção orçamental para lograr um défice sustentado, com uma política de mãos largas para alimentar as clientelas políticas do BE e do PCP. Sabe-se que esta passarola não voará para sempre. O PCP, depois da derrota autárquica, viu ressurgir o lado sindical, que sempre foi contra o acordo governativo. E este só conhece a guerra.
É por isso que todos olham para 2019. Para ver qual será o futuro do PS e qual será a reacção do PSD. Porque, por enquanto, uma das forças do Governo é a inabilidade do PSD. Olhe-se, nos últimos dias, a forma como o PSD se auto-imola. Não bastava a frase do especialista em fazer contas de somar e subtrair, António Leitão Amaro, transfigurado em humorista ("Foi pela lei anterior que a legionela passou a ser totalmente proibida, passou a ser zero"). Basta ler a entrevista de Maria Luís Albuquerque ao Público: "Afectos? Acho que os portugueses precisam, sobretudo, é de ter uma alternativa." A galinhola do PSD poderá voar? Não. O PSD ainda não aprendeu: foi o discurso da insensibilidade que o perdeu. E isso é a proteína deste Governo, que percebeu, tal como Marcelo, o valor do afecto.»




terça-feira, 7 de novembro de 2017

O vazio

Estátua de Sal

por estatuadesal
(In Blog O Jumento,  07/11/2017)
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(Diz a Marilu pro Santana e pro Rio: Eu sei que vão seguir as minhas políticas, mas não digam a ninguém...)

Nos últimos tempos do governo do PSD/CDS foram várias as personalidades qualificadas que abandonaram o governo em busca de zonas de conforto; sucedeu, por exemplo, com Carlos Moedas que passou a perna a Maria Luís Albuquerque e instalou-se em Bruxelas, Álvaro Santos Pereira escapou-se para a OCDE e, ainda antes dele, Vítor Gaspar fugiu para depois aparecer no FMI. Já depois das eleições Passos Coelho viu esta fuga continuar e até Paulo Portas o deixou sozinho a tomar conta da direita.
António Borges faleceu, Miguel Relvas deixou o governo, Poiares Maduro regressou para a universidade, muitos do que compensavam a debilidade inteletual de Passos Coelho partiram. Até Montenegro já se calou e o PSD é hoje pouco mais do que Passos Coelho, a sua ex-ministra das Finanças, o Amorim e o Hugo Soares. Nunca em toda a sua história o PSD esteve tão pobre, a nata dos economistas do passado deu lugar à Maria Luís, as cartas da bancada parlamentar do PSD são agora o Amorim e o Hugo Soares.
Poder-se-ia dizer que é uma fase, que com um líder a aguardar ser substituído e sem se saber quem o vai substituir muitos preferem o silêncio. Mas se assim fosse os candidatos a líder do partido estariam mobilizando apoios nos mais diversos setores da sociedade. Mas não é isso que está suceder, em vez de se afirmarem mobilizando gente credível e qualificada, os candidatos à liderança do PSD disputam o apoio da tralha de Passos Coelho, nem sequer se interessam pela tralha do cavaquismo.
Com um projeto que se baseava apenas em cortes de rendimentos do trabalho e dos pensionistas, Passos passou dois anos a exibir a pantomina do primeiro-ministro no exílio, em vez de propostas esperou que uma desgraça impedisse que António Costa desmontasse os pilares da reformatação económica do país que lançou a coberto da Troika, o corte brutal em todos os rendimentos do trabalho e nas pensões. Há dois anos que o PSD é um vazio de ideias e de projetos, vive das memórias do seu ainda líder.
Sucede que os candidatos a líder do PSD são tão ocos como é Passos Coelho, Santana Lopes não tem uma única ideia, Marques Mendes compara-o a uma televisão a cores, por oposição de um Rui Rio que seria uma televisão a preto e branco, mas esquece-se que a televisão a cores de Santana tem um único canal, parece a TV de um circo.
Até Rui Rio preferiu aderir Às ideias de Maria Luís e Passos Coelho, se dantes tinha poucas ideias, agora parece um deserto,  chega a ser ridículo vê-lo encostar-se à imagem da ex-ministra das Finanças.

segunda-feira, 6 de novembro de 2017

A direita não sai do seu velho ciclo

Estátua de Sal

por estatuadesal

(In Blog Aspirina B, 06/11/2017)

Mumia Cavaco SLopes

Para desespero da direita, ainda não foi desta que Bloco e PCP roeram a corda do Orçamento. O resultado das Autárquicas alimentou-lhes a esperança da vinda do tão esperado novo ciclo, como não aconteceu, alguns atacam o documento agora aprovado, enquanto outros usam como única arma de arremesso político a tragédia dos incêndios.

E há ainda os que misturam tudo como faz o Pedro Marques Lopes, esta semana, na sua crónica no DN.

Diz ele que “o Orçamento do Estado para 2018 é uma espécie de documento de “depois logo se vê”.” Confesso que demorei um bocadinho, mas acabei por concordar. Afinal, há aqui uma diferença, os orçamentos da direita eram mais do tipo “vê-se logo”. Via-se logo que eram inconstitucionais, via-se logo que as contas estavam aldrabadas e que seriam necessários vários orçamentos rectificativos e, sobretudo, via-se logo que o País continuaria a marcar passo. Mas fiquei a pensar e o “depois logo se vê” deve ter sido inspirado na campanha dos candidatos à liderança do PSD. É que, tirando o campeonato dos afectos, não se lhes conhece ideia alguma para o futuro do País. Aliás, “depois logo se vê” podia ser o lema do velho ciclo da direita. Adiante.

Mais abaixo, o Pedro Marques Lopes, informa-nos que “a grande questão é que este Orçamento revela o labirinto sem saída desta solução governativa”, e que “o Orçamento grita isso, está bem à vista que os entendimentos em aspectos fulcrais para o país são impossíveis com esta solução governativa”. Até aqui, os aspectos fulcrais para o País têm sido o défice, a dívida, o crescimento da economia, o desemprego, etc.. Como esses aspectos estão bem encaminhados, e o Orçamento assim o prova, no entender de PML, e se calhar bem, os aspectos fulcrais passaram a ser “as mudanças na Segurança Social, prioridades para o investimento público, reformas no ordenamento do território, acordos para reformar a Justiça, entre outros.” E que os mesmos “são impossíveis de obter no quadro da geringonça.” Não sei se é impossível o Governo realizar essas reformas com o apoio do BE e do PCP, mas sei, e o PML também, que sem o acordo do PSD, pelo menos, são reformas com muito pouco alcance. Ou seja, não são reformas, são apenas umas medidas que o governo seguinte revogará assim que tiver oportunidade.

O que me leva ao tal labirinto. Ao contrário do que diz o PML, os labirintos normalmente têm uma saída e o PS, o BE e o PCP têm conseguido encontrá-la. Já no PSD não se movem num labirinto, isso implica percorrer caminhos, sendo que alguns até os poderiam levar ao entendimento com a esquerda para os tais aspectos fulcrais. Movem-se em campo aberto, mas, tendo em conta as coisas sem nexo que gritam, devem andar todos de olhos vendados.

Hugo Soares acautela o futuro

Aventar

por João Mendes

Fotografia: Lusa@Sapo24

Foi à coisa de ano e meio que o António Fernando Nabais trouxe a este espaço o epidémico flagelo dos resíduos de botas na língua dos jotas, sobre o qual não me alongarei em face do diagnóstico cabal apresentado pelo meu amigo e colega blogosférico. Sugiro a todos os frequentadores do Aventar a sua leitura, a meu ver essencial para compreender a evolução do homo politicus neste início de século, não só pela minúcia do relato, mas porque nos permite compreender, de forma mais objectiva, uma ocorrência que teve ontem lugar no encerramento das jornadas parlamentares do PSD.  Ler mais deste artigo

sábado, 4 de novembro de 2017

Rio Santana

Estátua de Sal

por estatuadesal

(João Quadros, in Jornal de Negócios, 03/11/2017)

João Quadros

João Quadros

Rio é o filho que enforca periquitos, Santana é o que toca à campainha das vizinhas. Se Santana acaba por dar mais sarilhos porque todos sabem o que faz, Rio não faz barulho, mas faz mais mal.

Hoje vou tentar expor aos esbeltos leitores o meu ponto de vista sobre as eleições no PSD. Eu não gosto muito de me meter na política porque construí a minha carreira à base de subsídios para a agro-pecuária, mas começou a batalha pela liderança do PSD e eu adoro filmes de terror.

O tiro de partida já foi dado, e Rui Rio e Santana Lopes já começaram a contar espingardas, esperemos que sem a ajuda do ministro da Defesa.

Este combate Rio X Santana tem qualquer coisa de canal RTP Memória. Soa a anos 90. Ambos andam nisto há tantos anos como o Preço Certo. Estamos fartos de os ver a andar por aí. Santana Lopes tem uma desvantagem em relação a Rui Rio. É que, de Rui Rio, apenas suspeitamos de que não dá um bom primeiro-ministro.

Não vou votar porque estou longe de ser simpatizante do PSD, tenho até alguma embirração, mas se tivesse uma pistola apontada à cabeça, e me obrigassem a optar, escolhia Santana. Eu explico. Ambos me causam um certo receio, mas é um receio diferente. É como ter dois filhos, e um faz maldades e outro partidas. Rio é o filho que enforca periquitos, Santana é o que toca à campainha das vizinhas. Se Santana acaba por dar mais sarilhos porque todos sabem o que faz, Rio não faz barulho, mas faz mais mal.

Esta semana, Rui Rio disse que Maria Luís "esteve muito bem e que ele faria o mesmo". Hum... Não acredito, aposto que Rio não casava com aquele marido que ameaça jornalistas, mas pelo menos já sabemos quem é que Rio vai convidar para ministra das Finanças. A 30 de Julho de 2013, dizia Rio numa entrevista que: "A ministra das Finanças é 'pedra no sapato' e 'elo mais fraco' do Governo." Ou seja, Rui Rio gosta de automóveis antigos, mas tem uma memória curta.

Santana Lopes é muito diferente de Rio, tirando o penteado, e acredito que, com Santana, os debates com Costa fossem renhidos. Costa vencia o debate sobre os indicadores do sistema de Segurança Social, o debate da despesa pública e a discussão sobre o investimento público e Santana Lopes vencia a prova de dança de salão, o concurso de "shots" e o debate sobre preliminares.

Seja como for, eles que se entendam, que façam muitos debates, mas que Santana não seja interrompido por uma notícia sobre José Mourinho, ou ainda é capaz de abandonar a candidatura a meio.

TOP-5

Vou andar por aí

1. House of Cards cancelada depois das denúncias de assédio de Kevin Spacey - House of Cards acaba e começa House of Lego.

2. Nuno Carvalho, sócio-gerente da Padaria Portuguesa, diz que todos os meses fazem "um piquenique no Jardim da Estrela com os funcionários, onde ouvimos 'inputs' sobre o negócio" - Fazer piqueniques no Jardim da Estrela é quase tão deprimente como ir dar pão a ratazanas no convento de Mafra.

3. O Presidente Marcelo Rebelo de Sousa terá ligado ao rei de Espanha a garantir que Portugal não reconhece a independência da Catalunha - Mas não aproveitou para meter uma cunha para nos devolverem Olivença.

4. O material roubado em Tancos foi devolvido com uma caixa de petardos a mais- E ainda há gente chateada. Imagina se fosse assim com o BES. Assaltantes de caixa multibanco devolvem caixa com mais cem euros.

5. Kevin Spacey pede desculpa pelas acusações - Esta semana, a FNAC vai pôr em destaque os filmes onde entrou o Kevin Spacey.

A “GERINGONÇA” TEM FUTURO? TEM QUE TER!

Estátua de Sal

por estatuadesal

(Joaquim Vassalo Abreu, 04/11/2017)

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O Daniel Oliveira publicou por estes dias um texto, que quase na íntegra corroboro, que se intitula: “O Orçamento é de Esquerda. Mas deixa Esquerda para o futuro?”.

Enumera, embora não exaustivamente, o que de bom já se fez mas, recordando o ainda não realizado, preocupa-o que deixando tudo isso para o futuro, tal fique como uma “marca” negativa desta governação. O que quer dizer, para o Daniel, não ter este Governo feito tudo o que os Partidos à sua esquerda reclamaram e reclamam, como a Contratação Colectiva e a sua caducidade, por exemplo.

É inquestionável ser substancialmente correcto e factual que ainda há muito por fazer, mas como comentador e analista político que é, o Daniel esbarra na dúvida sistemática que o assalta, a ele e a outros, que se manifesta na tendência para o politicamente correcto (deixar sempre pontas soltas na sua abrangente linguagem) e no receio de assumir o papel de antecipador, utilizando para isso a dúbia interrogação.

Mas eu, como não sou analista nem comentador de serviço, não convivo com essa tal dúvida sistemática e procuro sempre simplificar. E não concordo que essas importantes medidas ainda não tomadas ou mesmo adiadas, fiquem como uma “marca” negativa para as Esquerdas. Não penso mesmo isso!

Penso, antes pelo contrário, que o que já foi feito e conseguido é que fica como uma “marca”! E fica por várias razões. A saber:

· Porque nem o mais iluminado optimista imaginaria ser possível que, em pouco mais de dois anos, esta solução governativa tivesse tanto sucesso.

· Porque nem o mais empedernido optimista a sonharia há pouco mais de dois anos.

· Porque o que também fica como uma indelével “marca” é o fim do mito de que as Esquerdas não sabem governar. As Esquerdas mostraram e têm mostrado que são competentes e que sabem conjugar uma certa austeridade (cativações, por exemplo) com reposição de direitos e rendimentos, com crescimento económico e controlo das Finanças Públicas. Coisas que as Direitas nunca saberão.

· Porque com tudo isto as Esquerdas ganharam crédito e respeito insuspeitáveis. Até lá fora!

· Pelo que esta “marca” tem que ser ainda mais fortemente sedimentada. Porque se ajusta às vontades da grande maioria da sua base de apoio e, ia apostar, da grande fatia da população e desperdiçá-la, para além de um grosseiro erro, seria um crime de lesa pátria.

E isso mesmo ficou bem visível ainda hoje na discussão e aprovação do Orçamento de Estado para 2018 e em que à irritação de toda uma quezilenta Direita, perdida e incapaz de apresentar alguma alternativa, correspondia um acerto cada vez maior e mais pacífico das Esquerdas.

Por tudo o exposto e também porque entendo que não pode ser tudo feito de uma vez só, há coisas mesmo que requerem o seu tempo, é imprescindível que o que ainda não foi realizado e é forçoso que se realize, continue a constar da agenda como um essencial objectivo conducente ao combate efectivo à precariedade, à estabilização das leis do trabalho e à segurança no emprego.

Mas, ainda assim, é minha convicção que tem aumentado paulatinamente o número daqueles que já compreendem que, tal como Roma e Pavia não se fizeram num dia, quer queiramos quer não, só poderemos todos esses desideratos alcançar se tivermos as contas públicas controladas, o défice a descer, o saldo primário excedentário e a dívida pública a diminuir.

E isso não só é importante para que o financiamento do Estado e da economia estejam assegurados e a taxas cada vez mais baixas, mas também para que a nossa credibilidade e afirmação fiquem, elas igualmente, como uma “marca”! Mas essa “marca” cada vez mais vincada, necessita de cada vez maior sustentabilidade, que só pode ser alcançada através do cumprimento dos pressupostos acima enunciados.

A Esquerda, toda a Esquerda, ou Esquerdas, tem que estar bem ciente disso e quando digo que a grande maioria do Povo das Esquerdas está cada vez mais elucidado a esse respeito, é para dizer claramente que quem isto subestimar será fortemente penalizado por todo esse eleitorado.

Esticar a corda, seja de um lado, ou seja do outro, mais à esquerda ou menos à esquerda, será sempre contraproducente, tanto mais que o que se notam são substantivos avanços e não recuos. Do mesmo modo que o precipitado aproveitamento de algum sinal que as sondagens possam fornecer o será inevitavelmente. A “marca”, a tal “marca” é já indissociável dos Partidos que sustentam este Governo e, estou convencido, esse mesmo Povo não perdoaria ao PS nem a arrogância nem o distanciamento.

O que esta solução governativa teve e tem de grande mérito é mesmo isso: é, na sua diversidade, os Partidos que a compõem terem conseguido estar juntos e coesos no essencial. No possível, ou no imediatamente possível melhor dito, em detrimento precisamente daquilo que ainda está fora do seu tempo e se mostra, neste momento, mais separador que agregador.

Devemos a este Governo os louros pelos resultados alcançados, mas devemos aos restantes Partidos da “coligação” (a que agora o PSD resolveu chamar de “Social Comunista”!) a justeza, firmeza e resiliência na exigência de medidas que pareciam impossíveis, mas que, como disse, se mostraram salutares e, igualmente de suprema importância, no desabar de um vetusto “tabu”: o de que os tais Partidos, a que as Direitas chamam de “Radicais”, estavam impossibilitados de pertencerem ao arco da governação.

E a quebra deste “tabu”, ao mesmo tempo que abriu importantes janelas para o futuro, abriu também a porta a cada vez maiores responsabilidades.

E hoje virei “analista”! Como diz um Irmão meu: dizes que não és, mas afinal…



sexta-feira, 3 de novembro de 2017

RIO, UM POLÍTICO DIFERENTE?

Estátua de Sal

por estatuadesal

(Joaquim Vassalo Abreu, 02/11/2017)

Rio_Passos

Pois é assim que ele se auto intitula. “Eu sou um político diferente dos outros”, declara ele desde os Himalaias do seu imenso e pretensioso ego, pretendendo assim, também dos Everestes do seu auto convencimento, diferenciar-se não só do seu actual opositor, Pedro Santana Lopes, mas também de António Costa, pois corre para tentar ocupar o seu lugar. Coisas que, para si, decorrem da mais elementar lógica…

Será este texto, portanto, uma tentativa de reflexão sobre a Lógica, mas não na óptica da lógica da batata! Sobre a batata também poderia falar ( e há por aí tantos que fariam um batatal imenso…), mas não vou por aí…

Mas, continuando, mesmo assim a frase mostra-se muito mais abrangente pois ela começa por um taxativo “ Eu Sou”, assim de um modo tão inequívoco e definitivo, a roçar mesmo a arrogância, que nem admite sequer um mais lógico, correcto e aceitável “Eu penso que sou” , ou então um  “Eu estou convencido que sou”. É que, além de mais lógico, seria também menos pesporrente e mais educado.

É claro que quando atrás disse que tal roçava a arrogância, disse-o, utilizando o cauteloso roçar, porque o mais natural e lógico também seria acrescentar um “como o meu passado à saciedade pode provar”

E é aqui que o gato vai às filhoses, aqui é que está o busílis, aqui é que a porca torce o rabo e coisas assim, porque que raio de tão transcendente percurso poderia ele mostrar? O ter sido Presidente da Câmara do Porto? Bem, poderá ser uma mais valia em relação ao anterior (Passos) que nunca foi nada, mas não o será em relação ao Santana que também o foi e de Lisboa! Então em relação ao Costa, nem vale a pena falar: foi ministro várias vezes, Presidente de uma Câmara, de Lisboa também e sei lá que mais!

O ter sido Presidente da Câmara do Porto é já qualquer coisa em qualquer curriculum, mas muito curto, curtíssimo mesmo. E, já agora, e pensamento politico? E obra publicada? E outros serviços públicos? E ideias sobre o Estado, sobre as suas funções, sobre a sua reforma, sobre a sua importância na gestão da coisa Social…enfim, todas essas questões que diferenciam um Liberal de um Social Democrata? E pensamento económico também?

Sim, porque dizer que é Social Democrata não basta, nem pertencer a um Partido de assim se apelida tão pouco pois, como temos verificado ao longo dos últimos anos, a cara não diz com a careta, nem a bota com a perdigota, vá lá, e o que a lógica diz é que tem sido sempre e sempre um Partido Liberal e mesmo Ultra Liberal. Social Democrata? Era o que faltava!

Por isso eu vou seguir com alguma atenção essa dura “batalha” entre ele, um austero contabilista licenciado em economia e formado no Colégio Alemão, oriundo da Foz do Porto, um menino da Foz portanto e um snob e displicente Santana Lopes, homem de palavra fácil mas de pensamento etéreo e frívolo. Não poderiam ser mais diferentes. Mas sobre isso já escrevi e o Santana nem é para aqui chamado. Perdoem…

É do Rui Rio que falo e da sua, para si, marcada diferença entre ele, decididamente um bom político e todos os outros que, sendo ele o diferente e o bom, serão fatalmente maus. Mais uma vez da elementar lógica. E lógico penso ser este meu raciocínio pois jamais me passaria pela cabeça que ele dizendo “Eu sou diferente”, pretendesse dizer que o era para pior! Não acham?

Portanto, seguindo sempre a lógica, mas sem batatas, o que ele finalmente queria dizer era, muito simplesmente “Eu Sou o Melhor”!

O Ronaldo também diz que é o melhor, só que acrescenta que para isso trabalha muito, trabalha mais que todos os outros, fixa-se em objectivos e não tergiversa, nunca vira a cara à luta e apresenta um curriculum, meu Deus…É lógica a diferença, não é?

E o Rio, que fez ele na vida para se considerar “o melhor”? O Rio passou meia vida a fazer que estava a ponderar se ia ou não ia, acabando quase sempre por não ir, coisa própria de pessoas que na sua frieza não reagem a impulsos, vivem eternamente atormentados pela dúvida, embora às vezes pretendam demonstrar o contrário, um calculista portanto, mas que quando na frente verifica um caminho sem grandes engulhos, como no caso vertente, avança porque sabe que, perante o embrulho em que o anterior deixou o Partido, não será difícil fazer melhor!

Concluindo a minha apreciação do dito baseada na Lógica ele, dizendo que é diferente, sente-se também O Melhor, embora o oculte. Mas a lógica não…

E, pronto, já me perdi! Mas também já não dá para falar muito mais, pois não? Seria até ilógico! Ele é o melhor de todos, está mais que dito!

Ele há realmente gente que se acha muito, que se acha o melhor de todos, que nunca tem dúvidas e raramente se engana, ou o contrário, como a cavacal figura e que se acha diferente dos outros. Os outros que, para serem iguais a si, teriam que nascer duas vezes…

Deus lhes perdoe, que eu não sei se consigo…

E pronto, já disse!

PS- Reparei agora, depois de ter escrito, que este é o 400º (quadrigentésimo) texto que publico no meu Blog. Não era suposto ser sobre isto, mas agora já está! Fica prometido um especial para o 500º (quingentésimo)!

terça-feira, 31 de outubro de 2017

Rui Rio: para que não restem dúvidas sobre o que aí vem



Aventar

por João Mendes
Rio-Passos
Fotografia: Luís Barra@Expresso


Nas jornadas parlamentares, na segunda-feira, Rui Rio e Santana Lopes falaram aos deputados à porta fechada. No final da intervenção do antigo autarca do Porto, alguns deputados relataram que Rio disse que teria “feito igual ou pior” no lugar de Maria Luís Albuquerque para manter as contas públicas em ordem.
Questionado pela Lusa, o candidato à liderança do PSD esclareceu o contexto da afirmação, que partiu de uma pergunta do deputado Paulo Rios – que apoia Rui Rio -, que o questionou se iria haver uma rutura e como é que um grupo parlamentar alinhado numa determinada política – desenhada por Passos Coelho – poderia defender outra completamente contrária.
“Na resposta, expliquei que não há mudança de rumo, estamos no mesmo partido”, disse, salientando que desde sempre, até enquanto deputado na Assembleia da República, defendeu o rigor das contas públicas.
Tendo Maria Luís Albuquerque à sua frente na sala das jornadas, Rui Rio dirigiu-se depois à deputada e vice-presidente, dizendo que, apesar de terem tido muitas divergências no passado, “nunca contestou o rumo seguido”.
“Comigo se estivesse nesse lugar o rumo seria inalterável. Não sei se disse ‘pior’, eventualmente mais inflexível no rigor”, afirmou, acrescentando que sempre foi o que defendeu toda a sua vida.
[via Expresso]









Ó HUGUINHO, CRESCE E APARECE!


Estátua de Sal

por estatuadesal
(Joaquim Vassalo Abreu, 31/10/2017)
Hugo Soares
Mas ele até que é altito, poderão dizer-me, mas há algo tão desconchavado naquela figura que eu sou levado a supor que o tamanho do seu cérebro é inversamente proporcional ao do seu corpo.
Do mesmo modo que o meu respeito pela direita, que ele tão bem representa, também é inversamente proporcional ao que tenho pelos meus amigos nessa área situados, mas com quem tenho o à vontade de, com modos benevolentes, lhes dizer que só pode ter sido defeito de fabrico, mas com garantia já caducada!
Eu não tenho nele qualquer confiança, como não tenho nos seus dirigentes e muito menos nos seus “pontas de lança”. Aqueles que eles enviam para o terreno de jogo sem outro intuito que não o de me tirarem do sério! O Huguinho, por exemplo, apresenta padrões de defesa central, mas decidiu ser atacante! Não acerta uma!
Mas no jogo sujo são especialistas. São lobos vestidos de cordeiro que não medem os meios para atingir um fim. E não hesitam sequer em ultrajar e ameaçar com a violência.
Reparem no que disse o Huguinho acerca do Costa, para além de ser um irresponsável, porque não assume a responsabilidade total dos incêndios e das mortes provocadas e de ter perdido a confiança do povo e do Presidente da República: Que era o supra-sumo da incompetência! O experiente e maduro Huguinho a mandar “bitaites”!
Mas, “azar da jibóia”, vem cá ao Conselho de Estado, a convite do padrinho, o padrinho dos padrinhos, o Juncker que, certamente mal informado ou mesmo não suficientemente avisado, desata a, diante de todos, confessar o seu amor a Portugal e a sua assolapada paixão pelo Costa e pelo Centeno! Era de ver as caras do padrinho em funções e do reformado!
Para ele o Costa é o melhor treinador à zona e da zona e Centeno, o Cristiano Ronaldo da Europa, até é candidato à bota de ouro: a presidência do eurogrupo! Como é Huguinho, não dizes nada?
Ficção, diz o Huguinho. Tudo ficção e má informação, com a TV pública a prestar um mau serviço, acrescenta ele. O Juncker só podia estar mal informado, uma evidência, e andou a “emprenhar” pelos ouvidos, foi o que foi. E mais: andou a ler o Finantial Times em vez de ler os relatórios do Commerzbank que, ao contrário desse FT que só tece elogios a portugal, colocando-o como um exemplo a seguir, um outsider contra a TINA etc, etc, diz que ainda há muitos perigos em Portugal, como a dívida, por exemplo. Era isto que ele devia ter dito e não disse, lamenta o Huguinho, lá do alto das suas sobrancelhas…
Mas, ó Huguinho, ainda acerca da falta de confiança e de competência do nosso primeiro, o Costa não o teu, ainda o teu, será que deste uma piscadela de olhos aos números apresentados pelo INE ou mesmo ao relatório da tua querida Teodora? Deste? E que viste então? Não queres dizer? Descansa que eu digo: a taxa de desemprego mais baixa dos últimos nove anos!
A confiança (a tal) dos consumidores mais alta dos para aí últimos quinze!Os juros da dívida mais baixos sei lá de quando!O défice? É melhor nem lembrar! E o crescimento? O maior dos últimos quarenta anos…
E a Segurança Social, Huguinho? Parece que renasceu! Já nem dinheiro vai buscar ao Orçamento, que coisa. E parece que já dá para trinta anos! Eu tenho 64, portanto Huguinho, já fizeste a conta de cabeça? É pá, agora lembrei-me dos 600 milhões que o teu chefe (ainda) nos queria cortar. Aí é que ela ficava nos “trinques”, dizes tu de imediato e não o terem feito foi uma enorme irresponsabilidade…Já me pareces o Assis, chiça…
Pois é Huguinho, meu menino: tu até que cresceste, mas foi só em tamanho. Com que então o Costa é um incompetente, não é? E não merece outra oportunidade, como sentenciou o teu (ainda) chefe.
Mas olha meu querido Huguinho: eu até nem te vou falar da tua pequenez, apesar de seres um daqueles que apresentam altura, mas altura sem dimensão, estás ver? Daqueles que apresentam centímetros verticalmente, mas não têm pêlos; dos que até têm pernas grandes mas rapam os pêlos, quando os têm; dos de de cabeça pequena e cabelo escovadinho, de olhos pequenos e cara lisinha, imberbe, leve, sem qualquer sulco…vou-te dar um conselho apenas:
Ó Huguinho, pá: Cresce e aparece!





Internas PSD: uma ode à não-renovação



Aventar

por João Mendes
Rio-Santana
Fotografia: Lucília Monteiro@Expresso
Se há coisa que não podemos imputar a Passos Coelho, apesar da valente treta que é afirmar que o passismo era à prova de barões, é que tenha ido a jogo com os dinossauros do costume. Não falo dos autárquicos, que esses são eternos e facilmente renováveis no concelho vizinho, mas das equipas governamentais. O passismo trouxe gente nova, mais à direita, nas tintas para a social-democracia e com uma queda para liberalismos extremistas. O resultado, esse, foi o que se viu.
Porém, com o passismo nos cuidados paliativos, o que se segue assemelha-se a um combate geriátrico entre velhas raposas. No canto esquerdo do ringue, com 61 anos, dois mandatos à frente da CM da Figueira da Foz, meio mandato na autarquia de Lisboa, 10 meses na presidência do Sporting, 8 como primeiro-ministro, várias tentativas falhadas de chegar à liderança do PSD e uma presença no Bilderberg, juntamente com o Sócrates a quem gentilmente cedeu o lugar, temos Pedro Santana Lopes, icone maior da secção política da imprensa cor-de-rosa portuguesa. Ler mais deste artigo



sábado, 28 de outubro de 2017

Pedro Santana Lopes, a Teresa Leal Coelho das directas do PSD




por João Mendes
teresa_leal_coelho
Fotografia: José Carlos Carvalho@Expresso
Segundo Rui Rio, Pedro Santana Lopes foi a quarta escolha do passismo para o defrontar nas internas. Uma espécie de Teresa Leal Coelho das directas do PSD. E tem a sua razão. Passos atirou a toalha ao chão, Luís Montenegro, inteligente, preferiu não queimar a sua carreira política a longo prazo - lá chegará a sua vez - e Rangel, que até foi triturado pela máquina passista no passado, leva uma vida confortável em Bruxelas, pelo que se entende que não tenha grande interesse em liderar um PSD à deriva, pelas ruas da amargura.
Trio Passista
Fotografia: Adriano Miranda@Público
Santana Lopes foi o senhor que se seguiu, conta com décadas de experiência em derrotas internas, pelo que, mais uma, menos uma, não fará assim tanta diferença, e vai a jogo com um conjunto de altos oficiais da direcção cessante na rectaguarda. Se ganhar, o regime perpetua-se. Se perder, os ratos abandonam o barco e, a seu tempo, dobrarão o joelho e prestarão juras de fidelidade eterna ao homem do Norte. Pena que se perca mais uma oportunidade de renovação, no seio do maior e mais poderoso partido político português.





terça-feira, 24 de outubro de 2017

O Estado falhou, Cristas chumbou



por estatuadesal

(Por Estátua de Sal, 24/10/2017)

Assunção Cristas

Estive a ver o debate da moção de censura apresentado na Assembleia da República pelo CDS.

Cristas abriu o baile, mesmo sem lhe se vislumbrar consorte apaixonado. Veio o fogo? A culpa foi do Primeiro-Ministro. Morreu gente? Também dele foi a culpa. Que venham tufões, maremotos, incêndios e terramotos, que a culpa será sempre do Governo. E quando não se conseguem evitar as catástrofes naturais, ou mesmo as catástrofes provocadas pelo desleixo humano ou pela sanha criminosa de alguns, é sempre o Estado que falha. É por isso que Cristas censura - diz ela -, é por isso que Cristas aponta o dedo ao coração de António Costa, qual arco pronto a disparar flecha mortífera e letal.

Mas Costa não se deu por achado. Respondeu em tom humilde mas construtivo. Não se deu sequer ao trabalho de rebater as acusações de Cristas, e discutir se o Estado terá falhado muito, pouco, ou assim assim. E fez bem. Limitou-se a enumerar as medidas que o Governo já tomou, vai tomar, e a forma de as implementar no futuro próximo. De certa forma, deixou Cristas a falar sozinha.

O Partido Socialista centrou a sua intervenção sobre a legitimidade do CDS apresentar uma moção de censura, tendo em conta os cortes nas políticas florestais empreendidos pelo governo anterior, com Cristas ao leme do Ministério da Agricultura a comandar as operações de devastação do mundo rural. Sim, legitimidade não tem, e memória também não tem porque fala como se esse passado não lhe pesasse e não tivesse existido.

E veio o rapazola do PSD, o Hugo Soares. Secundou Cristas e mais uma vez trouxe à baila a moção de confiança que o PS não teria coragem para apresentar por, segundo ele, não ter a garantia de ser aprovada pelo PCP e pelo BE. E por isso o Governo já não teria legitimidade para governar, afirmação em jeito de pergunta enfática que deixou a Cristas para ela poder brilhar e corroborar.  E ela assim fez. Tornou a desfilar a ladainha das falhas sob a forma de uma lista de perguntas sobre o que o Governo fez, deixou de fazer ou vai fazer, e concluiu que António Costa é apenas um político hábil quando o país precisaria de um estadista. É grande o desplante da madame eucaplipto, digo eu: como se a direita tivesse nas suas hostes políticos de grande vulto e de grande dimensão ética e política.

Mas, mais uma vez, Costa deixou-a a falar sozinha. Passou ao lado daquilo que designou por slogans e ataques pessoais. Limitou-se a falar do futuro, medidas, soluções, indemnizações, investimentos, reconstrução e mais reconstrução.

Mas o grande ataque a Cristas veio de Catarina Martins, que adjectivou de obscena a moção de censura por não pretender resolver problemas nem sequer honrar a memória das vítimas, mas sim aproveitar-se dessa memória. E isto sem deixar de pedir explicações ao Governo sobre as razões de tanta falha do Estado, e sobre o desenho de algumas das medidas que estão já apresentadas, como por exemplo o Siresp, os meios aéreos, e as Forças Armadas no terreno a defender a floresta.

O PCP trouxe ao de cima o seu pragmatismo. Pediu agilidade na implementação das medidas já aprovadas. E pediu que Costa esclarecesse se o financiamento de tais medidas não irá ser um pretexto para cortar na política em curso de reposição de rendimentos, em nome da sacrossanta austeridade que as regras do cumprimento do déficit, emanadas da Comissão Europeia, impõem. E António Costa respondeu. Não, não irá haver qualquer corte nas opções do Orçamento de Estado para 2017 já apresentado, de forma a compensar o financiamento necessário na implementação das medidas de política florestal e de protecção civil.

E depois de várias outras intervenções veio o trauliteiro deputado Montenegro, a voz do dono do defunto Passos. Sim, disse ele, o governo merece censura política, e Costa é apenas um tecnocrata de mediana categoria. Que desplante de novo. Como se tu, ó Montenegro, fosses um personagem de alta craveira.

E surgiu Carlos César e de novo o PS. Arrasou a direita, a moção de censura e os pedidos insistentes de uma moção de confiança pelo PSD. A confiança no Governo, disse, será comprovada brevemente com a aprovação do Orçamento de Estado de 2017.

E depois de várias outras intervenções, o denominador comum foi sempre o mesmo: para a oposição o Estado falhou, o Governo falhou e para este último a resposta foi sempre repetir o elenco das medidas que já aprovou e vai implementar para evitar novas tragédias. Em suma, a oposição a chafurdar nos acontecimentos trágicos, mas já passados, o Governo a querer esquecê-los e a olhar o futuro. Nada de novo, e também nada de novo na hora da votação: 122 contra a moção, 105 a favor.

No final, o que mais me surpreendeu? Que nem o Governo nem a oposição, no elenco das medidas que pretendem ver prosseguidas, tenham referido a necessidade de investigar a origem dos fogos. Todos assumiram que os fogos são originados por causas naturais - o que está muito longe de ser verdade -, e de nenhum dos lados surgiu uma palavra a exigir alterações no quadro judicial que pune actos de incendiários criminosos, e na estrutura das polícias e dos serviços de informação destinada a preveni-los.

De facto, o Estado falhou. Mas o Estado falha todos os dias e, a fazer doutrina a estratégia do CDS, pretendendo encontrar aí um motivo para o derrubar, teríamos eleições todos os meses para reconstruir maiorias e eleger novos governos.





O RUI e o PEDRO: o RuiPedro!



O RUI e o PEDRO: o RuiPedro!

por estatuadesal

(Joaquim Vassalo Abreu, 24/10/2017)

Rui Rio

Este texto que agora começo a escrever é a minha primeira incursão nessa nobre arte do comentário político. Pois por ser uma arte tão nobre e superior não está ao alcance de qualquer mortal, apenas de alguns eleitos.

Eleitos, disse eu, e com toda a propriedade, porque eleitos por generoso contrato, que não por qualquer democrática votação. Eleitos assim por nomeação. Assim é que está bem.

De modo que eu, um novato nestas andanças, não querendo de modo algum equiparar-me a esses inatingíveis pensadores seres, ases no conhecimento da estratégia e na adivinhação do futuro, vou fazê-lo de um modo completamente sóbrio, independente e equidistante.

Mas como irei eu manifestar essa minha equidistância? Simples: recorrendo àquela velha frase oriunda da sabedoria popular, e que é o celebérrimo ” tanto se me dá como se me deu”!

De que estou a falar, sinto alguém perguntar? Ora, da batalha do Pedro contra o Rui, ou do Rui contra o Pedro, tanto se me dá, para tomarem para si a designação da organização que pretendem chefiar. Mas, para além dessa tal denominação, para um PPD/PSD e para o outro simplesmente PSD, o que está em causa é muito mais profundo e valioso: é o assalto ao paiol’

Como o paiol? Ora pensem comigo: que é que ambos precisam para esta “batalha” ( aquilo que lá na organização costumam chamar à luta de ideias…)? Espingardas! Espingardas sim e, por isso, a primeira coisa que começaram a fazer foi contá-las, que é aquilo que também usam chamar à cooptação de militantes para o seu lado da barricada! Para os preparar, claro que em maioria, para a tal ” batalha”…

Mas um deles, o Pedro, não confiante na fiabilidade dessa contagem e temeroso quanto à capacidade de antecipação do Rui, reclamou ao seu contentor a realização de vinte e um duelos (21!), que é aquilo que lá chamam aos debates…

Mas o outro, o Rio, não aceitou, com medo de algum jogo sujo do seu contentor, isto é, de em vez de levar espingardas levar basucas pois que, para já, quem tem a chave do paiol é precisamente o Pedro, mas o outro, o desistente.

E neste vou não vou, ambos partiram para o aliciamento dos generais, que são aquilo a que os tais comentadores chamam aos “barões”, essas figuras lendárias e míticas, que fizeram daquelas “batalhas” dos Coliseus e campos de batalha assim, narrativas que, de tão inolvidáveis, passaram a fazer parte do nosso cancioneiro da fabulosa arte circense.

É que por essas ” batalhas” passaram soldados cuja estirpe ficou para sempre na nossa memória, tendo um deles sobressaído pela destreza da sua representação, ao nível de um Popov, no mínimo: o companheiro Marcelo!

Mas houve outros, como aquele que saiu a chorar do campo de batalha, insultando os seus adversários de sulistas e coisas assim, tal como se estivesse na guerra da Secessão e, ainda, um outro que imitando o ” Little Big Man” da batalha de Little Bighorn, mas mais conhecido pelo seu dom de prestigiador, ficou célebre também como o ” regenerador”, por barrar a luta a alguns infiéis e pecadores que, agora, regenerados, voltaram à liça.

Mas há um que, tal “compère”, sempre por elas, ” as batalhas”, passou e até ficou conhecido por ” menino guerreiro”! Mas na verdade ele nunca foi um soldado a sério e se espingardas usava elas eram de plástico! Ele foi, isso sim, um permanente animador das tropas, um eterno “enterteiner” com qualidades várias.

Por isso lá sempre foi e luta alguma ganhou. Foi para lugares sem nunca ter competido. De uns foi destituído e de outros desistiu. Mas vai sempre…e agora?

Qual deles conseguirá arrebatar mais ” espingardas” do tal paiol que, todos sabem, levou um tremendo rombo no consulado do outro Pedro, outro desistente, e até dizem que assaltando mesmo.

O seu contentor, o Rui, em modo desafiante, assim como naquelas apresentações pre-match dos combates de Boxe em que cada um se ergue sobre o outro querendo demonstrar mais pujnça e força, pergunta-lhe: Mas quem és tu? Eu sou e sempre fui o Pedro e não me arrependo de o ser e sempre ter sido…mais ou menos isto!

E tu, quem és tu, pergunta ao Rui o Pedro, com a leve esperança que ele desatento dissesse ” ninguém”? Eu sou o Rui, mas tu nunca serás Pedro porque esse negou Jesus três vezes! Eu nunca reneguei ninguém e fui o único com coisos para fazer a refiliacão, isto é, a remontagem, o inventário, em suma, para extirpar o paiol das espingardas enferrujadas e inoperantes…

Eles são o Pedro mais o Rui, o RuiPedro e vão apresentar ideias. Um as ideias do Pedro, do outro, o desistente, do qual reclama herança, em estilo tipo “stand up”, que ele adora! O outro, o Rui, mesmo não tendo renegado Jesus três vezes, renegou o Pedro, o outro, o tal que abandonou a “batalha”, assegurando ser um sério contabilista, coisa que ele, o Pedro, nunca foi.

Haver duelos parece fora de questão, pelo que ouvi, mas vai ser um verdadeiro “Waterloo” essa batalha do RuiPedro, a do PPD contra o PSD.

E eu vou assistir sentado porque de pé cansa muito…!




quarta-feira, 18 de outubro de 2017

Crónicas do Rochedo XXV – E é isto que o PSD tem para apresentar?

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por Fernando Moreira de Sá

rio e santana

Depois do resultado do PSD no Porto e em Lisboa, Pedro Passos Coelho apresentou a demissão e foram marcadas eleições directas para escolher um novo líder. Na lógica própria destas coisas, Rui Rio apresentou-se como candidato. Cumpre a lógica da coisa. Foram vários anos em que uma parte do PSD espreitou através do nevoeiro a ver se vinha Rio, qual D. Sebastião, para resgatar a virtude e os bons costumes. Finalmente, o homem enfrenta os seus medos e avança.

Perante esta candidatura, seria normal que a outra parte do PSD fosse a jogo com um candidato. Ou mais do que um. Seria lógico o avançar de Montenegro cobrindo a ala passista. Seria lógico o avançar de Rangel, cobrindo a parte mais "centro-direita/direita" do PSD, assim como a elite "intelectual". Seria lógico o avanço de Marco António Costa como expoente máximo do aparelho (ler: distritais, principais concelhias e os grandes caciques locais). Seria lógico avançar alguém diferente no papel de renovação do partido (e aqui renovação não significa, necessariamente e apenas, uma questão de idade/geração, mas ideias e projecto). Tudo isto seria lógico. Não fosse o PSD um partido onde, muitas vezes, a lógica é uma batata. Tal como o seu irmão gémeo, o PS.

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segunda-feira, 16 de outubro de 2017

Estarão os passistas a orquestrar uma cabala contra Pedro Santana Lopes?

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por João Mendes

Fotografia: Pedro Correia/Global Imagens@JN

Primeiro foi Miguel Relvas, que em entrevista à SIC Notícias declarou o seu apoio à candidatura do provedor cessante da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, cargo a que chegou por indicação do governo Passos/Portas. De seguida foi a vez de André Ventura, a coqueluche dos dias do fim do passismo, que apesar de se ter mostrado disponível para a corrida, dias antes, vem agora apoiar Pedro Santana Lopes na disputa contra Rui Rio. Quem virá a seguir? Miguel Macedo? Maria Luís Albuquerque? Paula Teixeira da Cruz? Marco António Costa? Hugo Soares? Ler mais deste artigo

domingo, 24 de setembro de 2017

O Expresso e o relatório-fantasma de Tancos

por João Mendes


Na edição impressa desta semana, o Expresso lança a polémica que promete marcar a narrativa da máquina de propaganda da direita nos próximos dias, com uma manchete onde se pode ler que “Relatório das secretas sobre Tancos arrasa ministro e militares”.
Tem início um incêndio nas redes sociais. Spin masters da direita a carburar a todo o gás. O Gorjão a ter orgasmos múltiplos. Pedro Passos Coelho, indignado, a cuspir nos pratos onde come desde 2011 e a questionar quem ainda o ouve – e o Expresso até lhe fez o frete de lhe dar destaque durante toda a tarde de ontem na edição online – se é preciso comprar o Expresso para saber o que se passa no país. Ler mais deste artigo

A poda

por Autor Convidado

António Figueiredo e Silva
(Carta aberta à “PESTE GRISALHA”)
"A nossa pátria está contaminada pela já conhecida peste grisalha."
Carlos Peixoto
Advogado e Deputado do PSD
(In: Jornal I)

É… a tão almejada campanha eleitoral avizinha-se, sendo por isso a época da poda – da poda, disse eu; não subentendam por isso, qualquer tipo de impropério ocasionado por imperfeição interpretativa – às vezes a idade não perdoa – que vos possa aflorar erradamente ao pensamento.
Eu não vos dizia?! Não sei se recordam!? Como eu perdoo mas não esqueço, faço questão de vos lembrar da carga psicológica negativa que a frase acima exposta teve, a somar ao peso da nossa idade afectada pela implacável velhice; do corpo, porque do cérebro, salvo algumas excepções, ainda supera a de muitos miúdos que andam p’raí com a cabeça cheia de brilhantina e nada mais, e keffiyeh enrodilhado ao pescoço de garnizo, a mandar uns manientos bitaites armados em doutos, mas que na realidade não passam de imprestáveis acéfalos.
Pois bem caros compinchas, digníssimos elementos do nosso clube da velhada, a tal época da esfrança está a chegar e não podemos de forma alguma, mercê da nossa experiência, deixar de dar umas tesouradas no nosso pomar, por causa dos ramos que nada produzem, e “desladroá-lo” – o que não presta corta-se ou esgaça-se – uma vez que as árvores não conseguem fazê-lo por si sós. Ler mais deste artigo…



sábado, 23 de setembro de 2017

É isto

Posted: 22 Sep 2017 06:17 AM PDT
(Vídeo de Luís Vargas, no Geringonça)

«Há muito tempo que o PSD não tem discurso. O PSD perdeu o discurso desde o momento em que António Costa inventou esta história da geringonça. O PSD ficou sempre preso a esse passado, a essa "ilegitimidade" deste governo, a esse "direito próprio" de formar governo, embora não tivessem maioria na Assembleia da República. Depois apostou tudo num discurso económico catastrofista. Vinha aí o diabo, íamos parar a um segundo resgate, ia haver sanções, ia haver tudo e mais alguma coisa. Ora isto não resultou e o PSD agora diz: "não, resultou porque eles fizeram o mesmo que nós fizemos". Portanto o PSD tem um discurso perfeitamente contraditório: ora diz que este governo fez tudo mal, e portanto atrasou e com eles teria sido tudo; ora diz que este governo fez tudo bem porque fez tudo o que eles estavam a fazer e não mudou em nada. Os dois discursos não são compatíveis.

Tudo isto poderia passar por um desacordo legítimo de opiniões se não se juntasse aqui um caso, que eu acho que dá outra dimensão ao discurso de Passos Coelho. É o caso de Loures e do apoio do PSD a André Ventura. André Ventura era um candidato apoiado pelo PSD e pelo CDS, que fez declarações nitidamente xenófobas e racistas em relação aos ciganos, que defendeu posições inqualificáveis para quem é do PSD, como a pena de morte, a prisão perpétua, a castração química de pedófilos, tudo matérias que estão a milhas do que é o programa eleitoral do PSD. Assunção Cristas e o CDS decidiram tirar-lhe o apoio e o PSD manteve o apoio. E isto é muito significativo, porque mostra uma coisa: nós já tínhamos tido umas experiências, aqui e ali, deste tipo de discurso, mas eram experiências marginais. E isto é que é importante: é a primeira vez que um partido que é um dos pilares da democracia portuguesa, um dos partidos fundadores da democracia portuguesa, apoia um candidato com este tipo de discurso. Isto tem consequências».
Constança Cunha e Sá (21ª hora, TVI24)

Fonte: Ladrões de Bicicletas