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sexta-feira, 17 de novembro de 2017

O Maior Incêndio de sempre em Portugal não Interessa à Justiça

(Por Dieter Dillinger, in Facebook, 16/11/2017)
fogo3
A TVI mostrou o incêndio de Pedrogão Grande filmado desde o posto de observação do quartel de bombeiros da terra, equipado com muitos monitores de câmaras de televisão apontadas para todas as direções.
Vê-se o começo com um longínquo e pequeno fumo na imensa verdura do bosque gigantesco que abrangia toda a paisagem por dezenas de quilómetros observados.
O comandante dos bombeiros disse que a Polícia Judiciária tirou uma conclusão errada quando afirmou que foi uma trovoada seca que causou aquele fogacho, pois não houve esse tipo de trovoada nesse dia.
O especialista da Comissão Independente deu a entender que a ignição foi causada por cabos da EDP que roçavam as copas das árvores, mas parece que não desapareceram com o fogo, pois continuavam ali, se bem que a TVI filmou árvores recentemente cortadas debaixo dos cabos, enquanto o homem da EDP dizia que os cabos não estavam em contato com as árvores, mas viam-se quilómetros de cabos quase dentro das copas das árvores.
Perguntado se podia ser fogo posto, o comandante dos bombeiros afirmou que podia bem ter sido e depois mostraram a evolução do fogo.
Em cerca de dez minutos aquilo como que rebentou para cima e formaram duas gigantescas frentes de fogo fustigadas por ventos a 300 km à hora. Segundo o comandante, em menos de meia hora o fogo atingiu proporções impossíveis de serem apagadas. Os bombeiros não se podiam aproximar da cabeça do fogo.
Na verdade, acrescento eu, as viaturas de bombeiros aproximam-se da zona daquelas labaredas enormes e em poucos minutos, as suas mangueiras esgotam a água que os carros trazem e vieram depois 9 meios aéreos que se limitaram a salpicar o fogo e provavelmente nenhum água chegou ao contacto com o incêndio.
Enfim, tudo indica que foi fogo posto por muitas mãos criminosas porque a dada altura havia fogo em todas as direções.
Só para o Ministério Público e Polícia Judiciária é que aquela coisa gigantesca a arder foi "natural". Será conivência? Parece que não há uma investigação criminal. Ninguém terá perguntado algo aos membros das estruturas do PSD que mudaram de candidato à presidência da Câmara? Acredito que sim, pois já vimos PJs cometerem os mais diversos crimes, incluindo o assassinato de uma avó do marido de uma inspetora morta com 14 tiros.
O crime compensou à oposição e ao próprio PR que fez muita "relação pública" com o mesmo, quase que chorando com familiares das vítimas e a exigir a pronta indemnização de toda a gente que sofreu. O objetivo do fogo foi, sem dúvida, tentar evitar a saída da crise financeira e obrigar que nós, os contribuintes, paguemos muitos milhões pelos estragos para que a velha Teodora possa "avisar" que as finanças públicas não estão bem.
Fogos postos, greves de professores, médicos, enfermeiros, etc. Tudo junto com o objetivo de ver se a PÁTRIA volta à falência, enquanto a Joana Marques Vidal e os pasquins mantêm-se mudos quanto à origem das ignições. É preciso dizer a essa senhora que não há fogo sem ignição.
Curiosamente, vimos um dos jovens do observatório dos bombeiros dizer que viu fumo que ainda não era fogo. Rapaz! Não há fumo sem fogo.









segunda-feira, 30 de outubro de 2017

Pirocumulonimbo. O fenómeno que pode estar na origem dos fogos de 15 de outubro


Logótipo de Diário de NotíciasDiário de Notícias






© Hélio Madeiras
Os incêndios mortais de Pedrógão Grande, a 17 de junho, e da zona centro, a 15 de outubro, poderão estar relacionados com um fenómeno raro, com um nome difícil de pronunciar: pirocumulonimbo. Dois elementos da Comissão Técnica Independente que investigaram os fogos do início do verão que mataram 64 pessoas acreditam que foi isso que aconteceu, segundo contaram à TSF.
"Pirocumulonimbo é uma tempestade criada por um incêndio", diz Paulo Fernandes, doutorado em Ciências Florestais e Ambientais da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD). De entre as imagens que viu e os relatos que ouviu acerca dos incêndios, destaca a nuvem do incêndio, que descreve como "muito desenvolvida, muito alta, que a determinada altura começou a produzir relâmpagos e trovões". "Esse é um dos sinais do pirocumulonimbo", conclui.
Este fenómeno já havia sido descrito pela Comissão Técnica Independente relativamente ao incêndio de Pedrógão. "É uma nuvem de fumo que sobe muito alto, a 10 quilómetros, 12. Quando essa nuvem sobe tão alto, além da condensação, forma-se gelo e é o atrito entre os cristais de gelo que pode provocar raios, provocados pelo próprio incêndios, e que por vezes dão origem a novas ignições", descreve o Paulo Fernandes, para quem a existência de um pirocumulonimbo "explicaria, pelo menos em parte, a devastação a que se assistiu nestes dois grandes incêndios do interior". De acordo com o que o investigador afirmou à TSF, "um incêndio florestal típico não causa aquela destruição", sendo necessário para isso acontecer "vento forte, com projeções a grande distância de materiais incandescentes".
Carlos Fonseca, outro elemento da Comissão Técnica Independente, diz à mesma rádio que aquilo que viu foi "um incêndio de uma dimensão, de uma violência, de uma rapidez como nunca tinha assistido". O investigador, que também andou no terreno a combater as chamas junto da sua propriedade, recorda as? "labaredas com mais de 30 metros, com fumos de múltiplas cores", um cenário com "toda uma dinâmica atmosférica estranha".

quinta-feira, 26 de outubro de 2017

Faz de conta que foi do calor - 3 Artigos 3 Opiniões

Estátua de Sal

por estatuadesal

(Estátua de Sal, 26/10/2017)

O Governo apresentou muitas e variadas medidas para combater fogos à posteriori - isto é, depois deles já estarem desencadeados -, e para acorrer às vítimas e aos prejuízos causados, mas praticamente nenhuma para identificar e punir quem poderá ter ateado fogos, evitar futuras acções desse tipo, e determinar quais os desígnios por detrás de tais crimes. O Governo, a comunicação social, o Presidente da República, andam todos a brincar ao faz de conta que foi do calor.

Mas há fortes indícios que indicam que não foi do calor ou que não foi só do calor. E se não o foi, por muito que se limpe a floresta, por muito que se ataquem os eucaliptos, por muito que se povoe o interior, haverá sempre fogos dramáticos, tragédias e gente a morrer ou em risco de vida, em função da existência de acções humanas criminosas e terroristas. E se tais acções não são e não vierem a ser evitadas, aí sim, poderemos falar em "falhas do Estado", Estado esse a quem os cidadãos entregam o monopólio do uso violência democrática para que ele possa garantir a segurança da comunidade.

É nesse contexto  que publico abaixo um texto e imagens que só corroboram a minha presunção de que não foi só do calor, e um outro texto que segue a minha linha de análise, exigindo uma investigação séria, independentemente das medidas já tomadas.

Incêndios misteriosos

(João Alferes Gonçalves, in Clube de Jornalistas, 25/10/2017)

Esta foto aérea mostra duas frentes de incêndio rigorosamente paralelas, entre Aveiro e Figueira da Foz. A extensão era de duas ou três dezenas de quilómetros. Esta estranha ocorrência, só por si, dá azo a muitas perguntas. Acontece que o cenário repetia-se mais abaixo, entre a Figueira da Foz e a Nazaré. Na zona onde se situa (ou situava) o Pinhal de Leiria. (JAG)

Vista aérea (1)

vista aérea (2)

Vista aérea (3)

Os jornais e as televisões andaram muito entretidos, durante e depois dos incêndios, a pedir a demissão de ministros, o que não lhes deixou muito tempo para fazerem o trabalho jornalístico básico. Em que concelhos houve ignições, quantas e com que intervalo de tempo? Em que local tiveram início e como se propagaram as chamas? Etc.

Ainda ontem à noite, uma jornalista admitia, num canal de televisão, que não se sabe ao certo quantos incêndios houve e onde. Também ninguém se preocupou muito com isso. E no meio da conversa lá vieram à baila as queimadas e as faltas de cuidado dos cidadãos.

As polícias prenderam ou identificaram miúdos, domésticas e incendiários avulsos. Pergunto eu: um incêndio como o da foto resulta de uma queimada? De um acto intencional de um incendiário isolado?

Lembro que se trata de frentes de fogo rectilíneas com dezenas de quilómetros. Não é preciso ser especialista para ter uma ideia do que aconteceu. Nas duas imagens abaixo, fica uma indicação das distâncias entre os pontos mencionados e uma perspectiva aérea da distribuição da floresta.

Em todas as medidas de prevenção de incêndios florestais preconizadas, não vejo nenhuma que admita uma acção deliberada de terrorismo incendiário. E no entanto ele move-se.


Porque é que não vejo ninguém a falar da necessidade de um inquérito aos últimos incêndios?

(Por Penélope, in Blog Aspirina B, 19/10/2017)

Já aqui me insurgi contra o jornalismo vergonhoso que por estes dias se faz. Não disse, mas digo agora, que melhor fariam os jornalistas se, em vez de fazerem jogos políticos e acusações, fossem investigar as horas a que os incêndios começaram, a quantidade de acendimentos por concelho, as queimadas confirmadas e outras questões que conviria apurar, para além das condições meteorológicas concretas. Porque a questão é a seguinte: metade de Portugal ficou de repente a arder, num só dia, e o prejuízo em vidas humanas, vidas animais, explorações agrícolas, indústrias e florestas foi incomensuravelmente maior do que em Pedrógão Grande. Se, no caso dessa tragédia, se abriu um inquérito sério, por que razão não se faz o mesmo para esta tragédia de dimensões nunca vistas?

Inúmeras pessoas (os chamados populares) residentes nesses locais são peremptórias em afirmar que nada daquilo foi normal. E não hesitam em avançar teorias da conspiração de contornos políticos. É certo que a terra, o mato, a vegetação em geral estavam para além de secos. O vento também só acrescentou desespero à impotência. Mas a distribuição generalizada dos fogos pelo território já não parece a ninguém coincidência. Por isso, o mínimo que se deveria fazer seria mandar investigar. O Governo deveria, por assim dizer, contra-atacar. Começando, dado não ter ainda outros dados, com a falta de educação das populações e a incúria das autoridades municipais, em vez de se torturar com sentimentos de culpa, ir atrás da conversa do Marcelo e gizar grandes planos de ordenamento florestal. Porque a verdade é esta: quem quiser pôr uma mata a arder (ou duas, ou três), põe, haja caminhos ou não haja caminhos, bons acessos ou maus acessos, muitos ou poucos bombeiros e equipamentos de combate. Não há que ter medo de lançar um inquérito. A extensão da tragédia mais do que o justifica. Ainda há pouco ouvi na TSF um agricultor da região de Penacova que perdeu todas as suas plantações de medronheiros. Bem tratadas, limpas, suficientemente dispersas para garantir que algumas se salvariam em caso de fogos. Não adiantou. Perdeu tudo. Ordenem o território, limpem as florestas, mas não tenham ilusões de que quem quer fazer o mal o fará novamente.

Na Idade Média, matavam-se (queimavam-se) três ou quatro judeus na sequência de um terramoto e o assunto ficava arrumado. No século XXI nada fica arrumado com a “queima” de uma ministra. Por isso, caro António Costa, como vítima que também sou destes incêndios, eu quero saber o que aconteceu no fim de semana passado.




Porfírio Silva ataca "aproveitamento politiqueiro" de Marcelo


O dirigente socialista Porfírio Silva criticou hoje o teor da comunicação ao país feita pelo Presidente da República na sequência dos incêndios da semana passada, considerando que se tratou de "um inaceitável aproveitamento politiqueiro" de uma tragédia.

Porfírio Silva ataca

© Global Imagens

Notícias ao Minuto

Há 2 Horas por Lusa

Política Incêndios

Esta posição de Porfírio Silva, membro do Secretariado Nacional do PS, consta de um texto por si colocado na rede social Facebook, embora, em declarações à agência Lusa, tenha defendido que, apesar deste episódio, "não deve haver uma mudança global de atitude nas relações entre o Presidente da República e o Governo".

Para as suas críticas a Marcelo Rebelo de Sousa, Porfírio Silva partiu da notícia hoje divulgada pelo jornal "Público" com o título "Governo chocado com Marcelo: As coisas estavam combinadas".

"[António] Costa informou o Presidente [da República] da data das demissões no MAI [Ministério da Administração Interna] e das medidas que avançariam, garante fonte do Governo", é ainda referido no mesmo jornal.

O membro do Secretariado Nacional do PS concluiu então que Marcelo Rebelo de Sousa "terá aparecido a exigir com voz grossa aquilo que já lhe tinha sido comunicado que estava preparado".

"Há que dizê-lo com clareza: Isto configura um inaceitável aproveitamento politiqueiro de uma enorme tragédia que o país viveu e vive. Não pode um órgão de soberania usar as tragédias humanas para passar rasteiras a outro órgão de soberania. Perante este pano de fundo, ainda aparece a uma luz mais sombria o inaceitável espetáculo de emoções que alguns escolheram dar nestes dias", sustenta Porfírio Silva no 'post' colocado na rede social Facebook.

Em declarações à agência Lusa, o membro da direção do PS manteve as críticas ao chefe de Estado, mas defendeu que "não deve haver uma mudança global de atitude nas relações entre o Presidente da República e o Governo".

"Deve haver uma relação institucional positiva entre o Presidente da República e o Governo - e o Presidente da República também tem feito por isso. Mas, temos a liberdade de, em cada momento, avaliarmos as atitudes de cada um, expressando-a", acrescentou Porfírio Silva.

Na mensagem que dirigiu na semana passada ao país, feita a partir da Câmara Municipal de Oliveira do Hospital, no distrito de Coimbra, o Presidente da República advertiu que usará todos os seus poderes contra a fragilidade do Estado que considerou existir face aos incêndios que mataram mais de 100 pessoas, e defendeu que se justifica um pedido de desculpa.

Marcelo Rebelo de Sousa prometeu que "estará atento e exercerá todos os seus poderes para garantir que onde existiu ou existe fragilidade, ela terá de deixar de existir".

Depois, exigiu uma "rutura" com o passado e aconselhou "humildade cívica", afirmando: "É a melhor, se não a única forma de verdadeiramente pedir desculpa às vítimas de junho e de outubro - e de facto é justificável que se peça desculpa".

O chefe de Estado defendeu ainda que é preciso "abrir um novo ciclo", na sequência dos incêndios de junho e do dia 15 de outubro, e que isso "inevitavelmente obrigará o Governo a ponderar o quê, quem, como e quando melhor serve esse ciclo".

terça-feira, 24 de outubro de 2017

AS MANIF’s CONTRA OS INCÊNDIOS!




por estatuadesal

(Joaquim Vassalo Abreu, 21/10/2017)

Manif em Lisboa

Vejo nas redes sociais, nomeadamente no Facebook, que algumas pessoas, algumas minhas amigas mesmo, me convocam para uma Manif que é, segundo eles, ” Contra os Incêndios”!

Mas eu não vou, não vou e não vou! Isso não significa que seja a favor dos incêndios, era o que faltava, antes pelo contrário! É que, é do senso comum, somos todos unanimemente contra os incêndios, exceptuando os incendiários. Manifestar-me, ou desfilar, melhor dito, contra os incendiários? Aí até vá que não vá…

Mas, dou por mim a pensar, e escrevo como vou pensando, quer acreditem ou não, o que é realmente um incendiário? Será apenas aquele que faz fogos ou não será também aquele ou aqueles  que os provocam? Tal como as violências várias, incluindo aquelas que instigam crente e ingénua gente sedenta de justiça? Nem que seja ela assim tipo ” de Fafe”?

Incendiário também pode ser aquele ou aqueles que se aproveitam de uma situação mais vulnerável para provocar um escusado confronto, aproveitando essa vulnerabilidade para dela tirar imediato proveito, tal como aqueles que saqueiam depois de uma guerra ou catástrofe, ou mesmo, neste caso concreto, quem, perante um sentimento de incapacidade humana perante o impossível e o dantesco induzir os ingénuos e desinformados numa culpabilização, dizendo que, com eles, nada disso sucederia!

E é disto que se trata e se movem estas Manif,s, pretensante contra os fogos.

Por isso mesmo eu, não sendo contra as Manif,s, no sentido estrito do termo, raramente na minha vida nelas participei. Principalmente quando elas eram contra algo em concreto e, nomeadamente, ” ad hominen”.

Mas em desfiles já participei e em muitos. Celebrando nuns e reinvidicando noutros. Celebrando o 1° de Maio ou o 25 de Abril, a conquista do Europeu ou coisas assim ou desfilando pela Paz, pela Justiça, pelos direitos das minorias, pela saúde universal e gratuita, pela defesa da Constituição, em suma, pela Democracia!

Mas também já desfilei contra algo: contra o vazio, por exemplo, contra o alheamento, contra a impunidade, contra a corrupção, contra a insensibilidade, contra o arbítrio, contra a desumanização e contra qualquer absolutismo.

E, já agora, e como parêntesis, quero dizer que ” desfilar” não é “marchar” contra, para tomar ou destruir: é apenas para lembrar e reclamar! E lembro-me daquele célebre desfile de Martin Luther King em Washington a que malévolamente chamaram de “marcha sobre Washington”, pretendendo associá-la a uma manifestação violenta, quando ela era absolutamente pacífica.

Mas desfilarmos por causas globais, mesmo que fracturantes, que indiciam um progresso da humanidade e uma adequação aos novos tempos e à sua maneira de estar e pensar, e que são inequívocamente inerentes à condição humana, reclamando adequadas políticas públicas, não é o mesmo que ir a uma Manif para, sob a capa e de uma coisa em que somos unânimes ( ser contra os incêndios), aproveitar-se o facto para a culpabilização ou responsabilização imediata de quem sendo seu opositor e estando no poder politicamente tem que responder, para daí tirar proveito político e minar a maioria parlamentar que o sustenta.

E aqui, sem quaisquer hesitações, é o que se verifica. Basta olhar e verificar quem convoca e quem diz pretender ir. Eu sei que muitos, movidos por um natural sentimento, por um lado de revolta e por outro lado de compaixão e humanidade, não se apercebem do essencial desígnio da convocação. Eu sei! Mas quando isto disse a uma pessoa amiga e bem intencionada que queria ir, e livremente podia ir, ela de imediato percebeu!

É que eu, por mais que matute e pense, não contestando nunca a liberdade de manifestação seja de quem for, se não for violenta, não consigo perceber o porquê de uma manifestação contra algo em que somos literalmente todos contra!

O Povo diz que “depois de casa roubada trancas à porta”! É dos livros. É que o Estado falhou e falhou rotundamente, digo eu. Mas quem é o Estado? Que fique bem claro: somos todos! E cada um com a sua pequena ou grande quota de responsabilidade. Falhou, e foi fatal, no nosso egoísmo. Falhou quando durante mais de cinquenta anos, nos conduziu à emigração e ao abandono da agricultura. Falhou quando lhe deu a estocada final e, nos macabros tempos do Cavaquismo, negociou a tenebrosa PAC. Falhou antes quando nos obrigou massivamente a ir para uma guerra longe da Pátria. Falhou quando, no ajustamento, sob o chavão da improdutividade e do não há alternativa obrigou milhares e milhares de jovens a emigrarem. E quando, querendo depois que regressassem, lhes oferecia uma côdea em relação ao que lá fora ganhavam…

Falhou também quando, depois e na sequência disso tudo, foi retirando às populações do interior tudo aquilo que significava Estado: o Hospital, o Centro de Saúde, o posto da GNR, o Tribunal, os CTT, a Estação dos Caminhos de Ferro, o Autocarro e a Escola! Resultado? O óbvio! A culpa? De todos…e de ninguém…

Que adianta fazer roteiros mais roteiros para verificar o óbvio? Para culpar outros quando a responsabilidade é também, e em grande medida, sua? É tal qual este, este que disse que “não iria andar por aí…”, mas que não resistiu à tirada oportunista e labrega do ” sinto vergonha do que se passa”… Vi um popular na TV que lhe respondeu, a ele e a todos: ” não há que meter culpas, não havia hipóteses”. A não ser que, num assomo de lucidez, pretendesse dizer que ” tinha vergonha de tanto incendiário”…! Ele, incendiário?

Sim ele, ele o que os mandou emigrar, serem resilientes e  também não serem piegas! Vergonha? Vergonha eu também sinto, a de ter sido governado por gente da sua estirpe, da estirpe de Salazar, de Caetano e de Cavaco. Disso me envergonho e vergonha porque  simplesmente governaram este País.

Claro que depois da fase da ilegitimidade deste governo, da fase da sua clara inconsistência, da iminência do seu fracasso, das multas de Bruxelas, da sua mais que certa capitulação e da vinda de um diabo que se escafedeu…, verificando-se em tudo todo o seu  contrário, a situação emergente destas catástrofes foram um enorme lenitivo para toda a direita e seus correlegionários e, sob a batuta de todos os seus assalariados nas TV’s ( principalmente na SIC,  infestada deles) e dos jornais, dos comentadores dos opinadores e demais assim assim, logo vieram imputar as óbvias responsabilidades aos actuais governantes  e, acolitados pelo Presidente, afirmar que já não tinham a confiança do Povo e do seu Presidente. Vejam só…

Parece que as sondagens não dizem bem isso. Mas sondagens são sondágens, não é?

E faz-se de santinha a direita e a D. Cristas, sua chefe por ora, que diz que, como a sua fé é superiormente ouvida, com ela nada disto se passaria! E pimba: Moção de Censura em cima, ultrapassando o PSD pela esquerda baixa! Ora toma, disse ela para o PSD…

Que lançou o Huguinho! Mas este Huguinho é mesmo um Huguinho!

Que, pasme-se, usou a mangueira! Eu não inventei, foi ele que o disse. Mas para quê? Para, num acto de altruísmo, de solidariedade, de apego ao colectivo e ao comum, à boa vizinhança, ao civismo e a bem do futuro da nossa Segurança Social…regar o jardim!

Disse que não queria dizer, mas disse, que foi ajudar com a sua mangueira num fogo ali perto. Mas disse-me um amigo de Braga que foi só treta! Não houve fogo nenhum perto da sua casa! Mas usou a mangueira, parece certo.

Uns familiares, garbosos e deleitados, logo disseram: meu Deus, como ele está crescidinho!

Mas um outro, mais antigo e sábio, disse: finalmente…!

PS: Digo e volto a dizer: perante tanta boçalidade, as minhas banalidades são pormenor…




sexta-feira, 20 de outubro de 2017

Que tal seguir exemplos espanhóis (nos fogos)?


Estátua de Sal

por estatuadesal

(Francisco Louçã, in Público, 20/10/2017)

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O Conselho de Ministros discute no sábado uma prometida reforma da protecção civil. É importante mas, se for só o caso, será pouco. O desleixo das queimadas, conjugada com a vaga de terrorismo incendiário na noite de 15 de outubro, agravada pela desorientação dos mandos da protecção civil perante crises extremas, indica que precisamos de mais do que respostas circunstanciais.

Ora, apesar de seguro da vitória confortável na moção de censura do CDS – que Costa só pode agradecer, veio quando que estava precisado desse reforço e ilumina a vertigem de abutre que precipitou Assunção Cristas –, o governo tem no entanto dois problemas maiores entre mãos. O primeiro é que não tem maioria, se porventura tem vontade, para uma reforma da floresta: a direita, eucaliptocrata, opõe-se a qualquer redução da pira incendiária, enquanto o PCP se opõe à intervenção do Estado nas propriedades sem dono. Ou seja, fica tudo na mesma. O segundo é que os mecanismos de ataque aos fogos são um emaranhado incompetente, agravado pelo apetite partidário (o que levou o PSD-CDS a assaltar antes os lugares de mando na protecção civil e o PS a fazer o mesmo este ano).

É possível contornar o impasse político na resposta estrutural de várias formas. Pode-se, e é desejável, estimular associações de micro-proprietários ou ampliar o número de unidades de gestão florestal que sejam eficientes, pode-se valorizar artificialmente a biomassa para incentivar a limpeza, devem-se registar as vendas de madeira ardida para identificar os negócios obscuros. Mas nada se resolverá enquanto as empresas eucalipteiras, que gerem 200 mil hectares, promoverem outros 700 mil hectares de plantações da espécie, usando os pequenos proprietários que caem no engodo da promessa fácil de venda garantida e que, muitos, deixam depois a floresta ao deus dará. O que faz arder Portugal são as matas de eucaliptos e pinheiros abandonados por quem não tem os meios, se tem a vontade de cuidar da floresta. Ou seja, esta economia promove o fogo e esta propriedade espera pelo fogo. Com 3% de floresta pública em Portugal e 59% na União Europeia, eles é que são mais liberais?

Mas é na resposta ao segundo problema que o governo se está a concentrar. Temo por isso que nada saia do Conselho de Ministros sobre a floresta, além da regulamentação da lei dos cadastros aprovada há dois meses. E também não é fácil alterar um modelo que envolve vários ministérios: a administração interna (na vigilância e combate ao fogo), a justiça (na repressão aos incendiários) e a agricultura (na prevenção).

Pode então vir a ser definida uma carreira profissional para a protecção civil, retirada das nomeações partidárias, e até criada uma secretaria de Estado da protecção civil. A questão é que faltam meios. O número total de bombeiros caiu um terço em dez anos. No fim de semana passado, quando havia fogos em Portugal e no país vizinho, estavam 5 mil bombeiros mobilizados no nosso país como na Galiza: aqui arderam 100 mil hectares e lá 4 mil. Os nossos eram maioritariamente voluntários; os deles eram profissionais e militares.

Portugal usa 20% do seu orçamento para os fogos (vinte vezes inferior ao de Espanha) para limpeza e prevenção e 80% para extinção dos incêndios. Espanha gasta dois terços em prevenção. Resultado: em Portugal temos metade da área ardida da União Europeia.

Sugeri por isso que a responsabilidade da prevenção e de apagar os fogos estivesse nas mesmas mãos de quem determina a política da floresta, de quem sabe do terreno e trata com quem vive da floresta. Na falta dessa decisão, já aplaudia se houvesse política florestal e bons meios de prevenção e de combate aos fogos. Mas não sei se aprendemos as lições espanholas.

Os incêndios são, em parte, uma inevitabilidade

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por João Mendes

Serão? Se são, não deviam ser. No entanto, a consideração expressa no título deste texto foi proferida por um antigo ministro da Administração Interna em funções, a meio de um Verão quente, que não sendo tão quente como este, terminou com muitos hectares de área florestal ardidos e algumas vítimas mortais. O seu nome é Miguel Macedo e, para quem não sabe, porque a imprensa controlada pelos comunistas censura tudo, está a ser julgado por uma série de alegados crimes, no âmbito do caso Vistos Gold, que envolve uma série de distinas personalidades da direita injustiçada e sacrossanta. Ler mais deste artigo

MISÉRIA DE ESTRATÉGIA





(Por José Gabriel, in Facebook, 19/10/2017)
penitencia
Escrevi ontem de manhã um pequeno texto em que desabafava a minha náusea pelo que se passava nos canais televisivos de notícias. Nele referi um programa em particular mas não adiantei nomes nem citei ninguém. Não gosto de promover gente de baixo perfil moral - contenho-me nas palavras - e ainda menos dar publicidade às suas alarvidades. Mas há limites. Desde ontem - pelas intermináveis declarações de Passos Coelho, ouvido em particular e por tudo o que se disse no debate (?) parlamentar - começam a desenhar-se as cartilhas e as obscenidades que a direita deve usar para pontuar os seus ataques. Podiam os partidos de direita atacar, na AR e nas suas metástases televisivas, com argumentos e ideias duras, até violentas, mas sérias e, até, procedentes, porque há matéria para tal, mas isso tinha um preço - eles fizeram sempre o mesmo e geralmente pior nestas matérias. Mas não. Não é isso que colhe e o deserto argumentativo parlamentar não surpreende. Por isso, tratam de promover e repetir curtas e simplórias grosserias. Não há limites. Mas há concertação. Exemplo? Ontem, na TVI24, uma jornalista (??) promovida a comentadora, uma tal Judite de Freitas arengava: "o PCP e o BE eram outra coisa, agora são... não sei... uma espécie...não sei...uma coisa...estão mascarados de partidos que apoiam governos que permitem 100 mortos...". Horas depois, Nuno Magalhães, com a elegância oratória que lhe é reconhecida, bolsava: " cabe ao PCP e ao BE avaliarem se a morte de 100 pessoas não é grave". Esta miserável imitação de ideia vai fazendo o seu caminho ao ritmo da obediência dos vários servidores da causa.
A segunda obsessão desta gente, aparenta ser muito cristã: "peça desculpa, peça perdão, penitencie-se". Quer dizer, parece não interessar o que há a fazer e o valor das mediadas já tomadas e a tomar, sua avaliação e escrutínio, como não interessa a crítica dura mas fundamentada; não, interessa humilhar, fazer vergar vontades, fazer espectáculo e melodrama barato daquilo que é uma verdadeira tragédia.
Tudo isto é inocente, decorrente de personalidades deformadas? Claro que não. Há mais de um sentido em tudo isto. Enquanto se trata a situação nestes termos, não só se obtem nas mentes mais incautas uma má vontade contra o governo e seus apoiantes parlamentares, com se evita a verdadeira discussão que, inevitavelmente, implicará a actual oposição e suas responsabilidades em toda esta situação.
É que o que aconteceu foi mesmo de uma gravidade sem medida, tem responsáveis, tem políticas erradas persistentemente seguidas, tem sujeitos que ficaram aquém das suas obrigações, interpela os deveres de todo o aparelho de Estado, desde o governo à freguesia - responsabilidades de desigual grau e, até, natureza, claro -, sem esquecer os que, entre os cidadãos, foram negligentes ou mesmo culpados - há mais de 150 incendiários acusados e inúmeras multas por queimadas ilegais.
Aquilo que se ouve na comunicação social e no argumentário da direita agita a espuma das coisas, o insulto grosseiro, o golpe baixo, preferindo a análise que se evade à crítica procedente. Enquanto isto acontece, espera a direita que nos possamos esquecer do seu rasto sujo em todas estas matérias.
Penitenziagite, penitenziagite, grita a direita afinando os papagaios da sua orquestra; mas não faleis de coisas sérias, que alguém pode estar a ouvir. Nem tomeis boas medidas, porque podem resultar, os nossos donos não iriam gostar e nós não voltaríamos a governar.

quinta-feira, 19 de outubro de 2017

Não consigo ficar calado



Estátua de Sal


por estatuadesal

(Manuel Alegre, in Diário de Notícias, 18/10/2017)

alegre

Sete séculos depois ardeu o pinhal de D. Dinis, o das "naus a haver", morreu o verde pinho do rei poeta. Dá vontade de chorar e não consigo ficar calado. É um símbolo triste da falência do Estado, fruto de décadas de desleixo, de incompetência, de amiguismos múltiplos, da submissão do interesse geral a interesses instalados e da capitulação perante lógicas que não são a dos fins superiores do Estado e do país.

Olho o rosto do camponês publicado na primeira página do Público e não consigo ficar calado. É o rosto de séculos de pobreza, o rosto do Portugal esquecido e abandonado pelo próprio Estado democrático, o rosto daquela parte do país que foi deixada para trás quando a agricultura foi vendida a Bruxelas a troco de fundos para auto-estradas que hoje levam a lado nenhum. Um Portugal que já só existe nas páginas de Aquilino e de Torga. Vi as imagens televisivas, aldeias destruídas, casas a arder, homens e mulheres a defender com as próprias mãos os seus bens ou o pouco e quase nada que lhes resta. Vi outra vez automóveis calcinados, ouvi as notícias dos mortos e não consigo ficar calado. Porque passou a haver cada vez mais incêndios desde que foram extintas as quatro regiões militares e os governadores civis a quem cabia a respectiva prevenção e coordenação? Não sei. Só sei que se fizeram grandes reformas e que os meios de combate aos fogos foram saindo das mãos do Estado, entregues ou partilhados com empresas privadas. Não sou um especialista, mas é preciso corrigir o que não deu bons resultados. Vi o meu país a arder, sei que morreram cem pessoas em quatro meses e não consigo ficar calado. Talvez a culpa seja minha, porque fui deputado e participei na construção de uma democracia que a páginas tantas se distraiu e não soube resolver problemas estruturais, como o reordenamento do território e das florestas, assim como o combate ao abandono e à desertificação do país. Não se ouviu como se devia ter ouvido o arquitecto Gonçalo Ribeiro Teles. É certo que por vezes protestei, mesmo contra o meu próprio partido. Mas não foi suficiente. Não consigo calar-me e sinto-me culpado. Já disse que não sou um especialista. Mas acho que os meios de combate aos incêndios devem passar para o Estado. Os meios aéreos para a Força Aérea Portuguesa. E é óbvio que se torna urgente a criação de um corpo nacional de bombeiros profissionais organizado segundo normas e regras de tipo militar, como de certo modo já acontece em Espanha. Vai ser preciso enfrentar preconceitos e interesses instalados, mas este é um tempo em que é preciso coragem para tomar decisões para que o Estado não se demita de exercer as suas funções de soberania e seja capaz de proteger o território e garantir a segurança dos portugueses.




quarta-feira, 18 de outubro de 2017

Canalhas, cabrões e filhos da puta

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por João Mendes

Nunca Paulo Portas fez tanto sentido. Exceptuando, claro, quando deu aquela célebre entrevista, em que falava dos quadros muito medíocres do seu antigo partido. Mas esta tirada, do longínquo ano de 2010, imortalizada por este tweet do seu partido, é tão actual que me merece algumas considerações, ou não atravessássemos hoje um dos períodos mais negros da nossa história contemporânea, com esta vaga de fogos florestais, devastadora e mortal.

Ora, efectivamente, fazer politiquice com o flagelo dos incêndios é imoral. Eu diria mesmo que é uma filhadaputice, só ao alcance da mais desprezível cria da mais ordinária meretriz, ainda que a senhora, coitada, não seja responsável pelas canalhices do rebento gerado. Porque é preciso ser-se muito canalha, muito cabrão, para usar a oportuna terminologia que está a marcar o debate no Aventar desde ontem, para usar este drama como arma de arremesso político. Infelizmente, não estamos perante uma novidade no debate político, onde a moralidade raramente tem lugar e a filhadaputice abunda. Ler mais deste artigo

Do que me não conseguem desconvencer


Estátua de Sal

por estatuadesal

(Por Sérgio Lira, in Facebook, 17/10/2017)

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No Domingo passado, logo pela manhã - ainda não estavam deflagrados os 530 incêndios do dia - já eu assistia a um clamor de "demita-se a Ministra, demita-se o Governo!". Estava muito longe de Portugal... e, ainda assim, ele chegou-me. Claramente.

Cedo demais. Foram com muita sede ao pote. Foi, talvez, a única descoordenação desse dia: a máquina estava pronta para:

1) deitar fogo ao País;

2) criar uma situação de catástrofe inelutável e inevitável;

3) clamar a queda do Governo em função disso. Mas ter começado o passo 3 antes dos outros dois estarem em pleno andamento traiu as inconfessáveis intenções dos facínoras.

530 incêndios em menos de 12 horas - demos de barato, 24 horas. São mais de 20 incêndios por hora... Não lembra ao Diabo - talvez lembre aos seus seguidores.

530 incêndios... não se trata de uma catástrofe natural, como a erupção de um vulcão ou um tremor de terra, ou algo semelhante: 530 incêndios são fogo posto, com uma precisão cronométrica, com uma rede montada como uma operação militar e com um intenção (evidente no tal clamor que começou cedo demais).

530 incêndios são um puro acto de terrorismo, equivalente à colocação de uma bomba numa estação ferroviária, uma outra num aeroporto, outras em postes de alta tensão... ou algo de semelhante. E assim devem ser tratados. Nem mais, nem menos.

Nenhum País, por mais evoluído tecnologicamente e por mais meios de que disponho (humanos e materiais) enfrenta semelhante ataque sem perdas e sem mortos. O ataque foi concebido e executado exactamente para haver vítimas - sem elas o tal clamor (que pecou por precoce, qual adolescente excessivamente entusiasmado e que se não contém...) não colheria. As vítimas fazem parte do plano, que exige apenas uma coisa simples: a queda do Governo.

Poder-se-à argumentar que houve toda a casta de falhas possível e imaginável - mas, mesmo que não tivesse havido, mesmo que tudo tivesse corrido da melhor forma, sem falhas, teria havido mortes. Menos, eventualmente. Mas o clamor teria sido o mesmo - porque o ataque no terreno e a campanha de opinião pública estavam preparados em uníssono.

Trata-se - disso estou convencido - do maior ataque terrorista jamais ocorrido em Portugal, mesmo considerando as acções - todo o tempo de acções - do MDLP e do ELP em conjunto.

O que o Senhor Presidente da República veio fazer, das duas, uma: ou é de uma ingenuidade/precipitação suprema, ou tem pérfidas intenções por detrás. O tempo o dirá: se não teremos um novo golpe de estado constitucional, ao jeito do de Jorge Sampaio. A Direita continua sedenta de vingança e, pelos vistos, não olha a meios nem tem nenhum escrúpulo nem ético nem moral.

A eucaliptización de Galicia

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por Autor Convidado

eucaliptos_galiza

Rafa Quintía

A eucaliptización de Galicia acontecida dende os anos 50 é unha das maiores catástrofes ecolóxicas que ten sufrido Europa nos último século, comparable á desecación do Mar de Aral, á deforestación de Madagascar ou á destrución da Amazônia. A completa transformación da nosa paisaxe e xeografía, a destrución dos noso hábitats naturais e dos nosos ecosistemas é unha perda de incalculable valor para a Humanidade.

Hoxe dicía, nunha entrevista que me fixeron no programa Diario Cultural da Radio Galega, que para os aborixes australianos a súa paisaxe e os seus bosques de eucaliptos formaban parte da súa cosmovisión e dos seus mitos de creación no Tempo dos Sonos. Pero para os aborixes galegos os matos de eucaliptos pertencen ao Tempo dos Pesadelos e da destrución do noso patrimonio e dos hábitats naturais e culturais sobre os que construímos a nosa cosmovisión como pobo.

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terça-feira, 17 de outubro de 2017

Isto não pode ficar na mesma

ladroes de bicicletas

Posted: 17 Oct 2017 12:48 AM PDT

Em Portugal, a comunidade científica foi seriamente ouvida quanto às implicações das alterações climáticas? Que mudanças foram feitas nas políticas de ordenamento do território nas últimas décadas? Que mudanças foram feitas pelos últimos governos na política de ataque aos incêndios e na estrutura da Protecção Civil? Há algum planeamento efectivo, organizado com peritos reconhecidamente competentes, para enfrentar um sismo de grande magnitude? As regras de construção, em regiões de risco sísmico, estão a ser mesmo fiscalizadas?
Portugal falhou dramaticamente no que toca ao chamado “problema dos incêndios”. Houve uma abordagem amadora, há negócios suspeitos, olharam para a escala local sem perceber que a prevenção e o combate aos incêndios tem uma escala supramunicipal e, o mais grave, colocaram nos postos de comando e nas estruturas do sistema muita gente que não estava qualificada para as funções que deviam desempenhar. O amiguismo e a rede partidária funcionaram bem mas o País ficou muito mal.
Em geral, os gabinetes dos ministérios e as estruturas da administração pública estão ocupadas por pessoas do partido que governa, ou são simpatizantes de longa data que fazem parte da rede de relações dos partidos, tanto no plano local como no regional e nacional. Foram nomeados sem qualquer procedimento de recrutamento que avalie as competências técnicas para o exercício das funções. O que hoje sabemos através do Relatório Independente elaborado na sequência do grande incêndio de Pedrógão Grande confirma o que já se suspeitava. A Protecção Civil e o sistema de que faz parte são um caso paradigmático da forma como o país tem sido governado. Um desastre com consequências fatais.
No resto da administração pública é igual. Pode não causar mortes nesta escala, mas pelo menos no sector da saúde também mata. Os boys ocupam o Serviço Nacional de Saúde e a sua conivência com os interesses privados, a sua incompetência, a arrogância das administrações e chefias com cobertura política garantida, desmoralizam os funcionários sensíveis ao serviço do bem-comum. Importaram o modelo neoliberal do Banco Mundial e aplicam-no como se fosse politicamente indiscutível, uma questão de gestão técnica. Não foram recrutados por concursos sérios, não são escrutinados por comissões de utentes, encobrem e negam a degradação que o sistema está a sofrer, esmagam muitos médicos e enfermeiros. Neste caso, também é impossível executar uma nova política que reabilite o SNS enquanto não mudarmos o sistema de recrutamento dos quadros da administração tornando-o independente das máquinas partidárias. Este assunto é crucial para uma estratégia de desenvolvimento do País.
Na Educação, na Segurança Social, na RTP, no Banco de Portugal, por todo o lado salta aos olhos que em Portugal há uma razão de fundo que impede a elaboração e execução de políticas fundamentadas no melhor conhecimento científico disponível, com objectivos e etapas planeadas, com os recursos adequados e com procedimentos de avaliação e responsabilização. A questão dos incêndios pôs a nu um problema que não temos querido enfrentar porque incomoda muitos. A acusação no “caso” Operação Marquês diz-nos que esse problema envolve partidos até ao mais alto nível e tem múltiplas ramificações. Muita gente fingiu que não sabia de nada e, por isso, foi conivente por omissão.
O problema é este: temos sido governados por gente que não devia ter acedido aos cargos que ocuparam ou ainda ocupam. O País tem estado aliviado com o "poucochinho" que o actual governo conseguiu, mas agora está confrontado com uma realidade nua e crua que não pode ignorar. As políticas que têm efeitos a médio e longo prazo precisam de dinheiro para o muito investimento público que Bruxelas não permite; precisam de uma administração pública purgada dos boys que a ocupam, mas os partidos que têm governado metem a cabeça debaixo da areia porque eles são isso mesmo, no essencial uma estrutura de assalto à administração pública; precisam de uma Assembleia da República repleta de deputados qualificados de onde saiam governos responsabilizados, mas os partidos colocam nas listas os carreiristas e, sabendo que estão desacreditados, lá vão disfarçando através do convite a algumas personalidades, indiscutivelmente competentes, mas sem influência política relevante.
O apodrecimento técnico, político e moral dos partidos que nos têm governado deu nisto. Não, depois deste choque de realidade, o País tem de mergulhar a fundo no debate sobre o essencial. Precisamos de organizar uma resposta aos discursos oficiais que vão passar ao lado desse essencial. Precisamos de uma mudança profunda no sistema de recrutamento para a Administração do Estado e um aprofundamento radical da nossa democracia que ponha em causa o sistema político-partidário dominado pelo "centrão". Não chega "mudar de modelo" mantendo o sistema de relações que nos conduziu até aqui. Temos mesmo de dizer basta.
Finalmente, a chuva chegou. Estou a ouvi-la cair e pergunto, fica tudo na mesma?

Texto politicamente incorrecto

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por José Gabriel

Na SICn o tema da noite é a "falha do Estado". O que é curioso é que esta gentinha confunde Estado com Governo de um modo que está longe de ser inocente. Chegaram ao ponto de tentar que Pacheco Pereira afirmasse que Portugal era um "Estado falhado"! Claro que o sr. José - dotado de mais neurónios que o par de entrevistadores juntos - não foi na conversa e deu-lhes uma palmada no ego. Mas o tema atravessa a noite. Os convidados especiais estão, na sua maioria, na onda. O presidente da Câmara de Viseu bradava contra a falha do Estado, como se o Estado fosse uma entidade longínqua e com a qual ele próprio nada tivesse. Tem! Ele é Estado também e tem obrigações. Ele e todos os autarcas. E, por muito que isso seja doloroso, é bom que alguém, tarde ou cedo, dê um murro na mesa e pergunte pelas responsabilidades dos que, nas suas terras, têm obrigações a que muitos se furtam sistematicamente para não perder a popularidade e os votos. Essas obrigações estão claras na lei e são, em tantos lugares, sistematicamente incumpridas por acção ou omissão. Elas são descritas no famoso relatório da comissão independente, mas não se fala nelas para que não se pense que se está a culpar as vítimas de que alguns autarcas se fazem lídimos representantes, tentando esconder a sua parte da responsabilidade. Compreendo, mas não aceito. Como compreendo o embaraço dos partidos e governantes em tocarem neste assunto. Por isso aqui deixo esta palavra. Por ela só eu respondo. Sim, os governantes têm mais responsabilidade - eu não digo culpa - do que afirmam os seus representantes. Mas quem autorizou o fogo de artifício dos srs. padres não deve ter sido nenhum ministro. Para citar um micro-exemplo...

A antiga casa do guarda florestal ainda não ardeu este ano

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por j. manuel cordeiro

Há muitos anos, ainda Vila Real de Santo António tinha um parque de campismo onde era possível passar uma semana agradável no Verão, ardia outro parque de campismo no Algarve, que isto de incêndios não é de agora, apesar de ter piorado. Um cavalheiro com idade para ter netos tinha deitado à minha frente uma beata de cigarro para o chão, ainda acesa, ali mesmo no meio do parque, abundante de caruma e pronto para um belo incêndio. Chamei-o à atenção, até porque se aquilo ardesse seria a minha preciosa tenda canadiana que se perderia. O que eu fui fazer. Só não houve porrada porque o cavalheiro, ao contrário de mim, era pessoa educada.

No passado domingo o país esteve novamente transformado num enorme braseiro. Li relatos sobre foguetes lançados em Aveiro e sei de um fogo que terá começado porque um velhote decidiu queimar os carolos no domingo à tarde. Não morreu ninguém e nem arderam casas, nem mesmo a do guarda florestal, tão abandonada quanto os pinhais que a rodeiam.

Haverá fogo de origem criminosa, sim, mas também há muita incúria. No país falta tanto de sanidade como de dinheiro que se gaste numa campanha continuada para educar as pessoas. Uma campanha bem feita funciona. Basta lembrarmo-nos da prevenção rodoviária e de como hoje em dia o uso de cinto se tornou algo aceite sem ser por receio da multa. Ou da campanha "se conduzir, não beba". Não será por falta de dinheiro que estas não se fazem, pois os Canadair não ficam baratos.

Hoje choveu. Talvez a velha casa do Guarda da Mata sobreviva este ano. Continuando assim, será apenas uma questão de tempo até que dela nem as ruínas restem do que foi a primeira linha de proteção da floresta. E, já agora, coloquemos nomes nos malfeitores. Sócrates iniciou a extinção do corpo de guardas florestais, Passos Coelho concluiu o serviço e Costa deixou andar.

segunda-feira, 16 de outubro de 2017

Todos os fogos, o fogo



(Por Estátua de Sal, 16/10/2017)
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(O título deste artigo é o de um conhecido livro de contos de Julio Cortázar )
O país está a arder. Está a arder e parece que o fogo não queima só vegetação, casas, haveres, infraestruturas e pessoas. No olhar das televisões o fogo queima o mundo inteiro. Já não há notícias, outras, a não ser aquelas que decorrem das labaredas e dos seus efeitos. Hoje de manhã, queria saber o que se teria passado na Catalunha com o ultimato dado por Rajoy ao Governo catalão, e tive que esperar três horas, e começar por ver referência ao tema apenas em nota de rodapé.
Parece-me que estamos na presença de dois tipos de incendiários: os criminosos e/ou os negligentes que ateiam os fogos, e os incendiários informativos que na comunicação social os empolam e os saboreiam para semear todo um cenário de alarme social no espírito daqueles que nem fumo viram. Assim, todo o espaço informativo passou a transmitir uma narrativa única e uniforme. A realidade passou a ser unívoca e o assunto dominante é pisado e repisado até à náusea.
Foi assim com a demissão de Passos, com o regresso de Santana, com a acusação a Sócrates e agora com os incêndios. Em cada dia elegem um alvo, e mordem a presa, até não lhe restar pinta de sangue. Deixam pois de existir notícias do mundo, e a agenda mediática é dominada por um cinzentismo uniforme, um sensacionalismo de tablóide, vampiresco da desgraça alheia: morreu um bebé no fogo, dois idosos desapareceram, o meu carro ardeu, a minha casa ruiu e fiquei sem nada, e mais, e mais, a desgraça na primeira pessoa.
Há depois as lamúrias acusatórias ao Governo, às autoridades e ao dispositivo no terreno. A culpa é do Costa e sobretudo da ministra, de quem se pede a cabeça, sempre que se ouve um crepitar de chamas. Sim, à força de acharmos que a evolução tecnológica é uma panaceia que permite debelar todos os males do mundo, temos tendência a minimizar o potencial destrutivo das catástrofes naturais que, estamos muito longe de poder antever e dominar. Como se a cabeça da ministra, servida em bandeja, aplacasse a ira do fogo, ou invocasse a vinda miraculosa de uma agulheta gigante que num ápice apagasse as chamas.
É evidente que nada disso se iria passar e que os fogos, depois de ateados, não se apagam com demissões, e os acusadores de serviço sabem bem disso, e todos nós sabemos que eles o sabem. É por isso que só nos resta concluir que na senda das desgraças e das catástrofes há sempre o coro dos que da desgraça vivem e das lágrimas das populações querem beneficiar.
A Direita, arredada que está do poder, toda ela se lambe no crepitar das labaredas, toda ela se empolga para apontar falhas ao Governo, toda ela se lambuza a pedir demissões. É a política da terra queimada: preferem um país destruído e a arder, regado pelas lágrimas das populações, do que existir um país a prosperar e sem catástrofes que não seja governado por eles.
A Direita sempre defendeu e apregoou a desgraça como o berço natural dos mais deserdados, os que não fazem parte dos ungidos por divina ou superior ascendência. A defesa da desigualdade está-lhes no sangue e na genética. E é isso que continuam a propalar aos quatro ventos, os tais ventos que indómitos fazem propagar as chamas em ritmo incontrolável.
Passos queria o diabo, que viria em forma de juros altos, sanções europeias, descontrole orçamental. Costa teve agulheta para tudo isso e Passos engoliu em seco, desistiu e está em vias de fazer penitência por ter invocado o nome de satanás em vão. Mas os prosélitos de Passos aí estão a esfregar as mãos de contentamento: parece que o diabo sempre apareceu. E, fazendo jus à sua fama, trouxe consigo as chamas do inferno.








“Os políticos não se educam, pressionam-se”

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por António Fernando Nabais
Fotografia LUSA/Paulo Novais
Uma expressão como “época de incêndios” poderia ser cómica, não fosse enorme a tragédia. Faz tanto sentido como “época de inundações”, como se houvesse uma obrigatoriedade de haver fogo e água por toda a terra, dentro dos períodos respectivos, como se tudo, no fundo, fizesse parte de um planeamento. São expressões que transformam probabilidades em inevitabilidades e que são o retrato de um país ou de um mundo por civilizar.
O professor Jorge Paiva, um especialista em floresta, ao contrário de gente mais mediática e sem vergonha, anda, há anos, a chamar a atenção para vários problemas que poderão estar na origem dos fogos, nomeadamente a falta de guardas florestais. Ler mais deste artigo



E a Espanha ali ao lado

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por j. manuel cordeiro

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E entanto, Espanha, mais quente do Portugal, arde menos.

domingo, 13 de agosto de 2017

A rede da vergonha

Celso  Filipe
Celso Filipe | cfilipe@negocios.pt07 de agosto de 2017 às 23:00

A rede da vergonha

Desde 2010 que o SIRESP (Sistema Integrado de Redes de Emergência e Segurança de Portugal) regista falhas. Esta constatação é feita em relatórios de desempenho da autoria da própria empresa e foi ontem noticiada pelo Jornal de Notícias.
Pode até dizer-se que é uma boa prática assumir os erros, mas nada fazer para evitar a sua repetição é uma realidade que penaliza todos os que têm responsabilidades no SIRESP, uma parceria público-privada da qual fazem parte as empresas Galilei (33%), Datacomp (9,55%), PT (30,55%), Motorola (14,9%) e Esegur (12%).
A lista de falhas do SIRESP, detectadas pela própria empresa entre 2010 e 2017, contempla incêndios, tempestades, uma cimeira da NATO e até a visita do Papa Bento XVI. Perante este arrazoado de falhas, o governo anterior, em vez de multar a empresa (o que estava previsto no contrato), optou por renegociar o contrato, "baixando o preço e aumentando as obrigações do SIRESP", como explicou o ex-ministro da Administração Interna, Miguel Macedo. Como de nada serve à actual titular da pasta, Constança Urbano de Sousa, afirmar que as falhas "não são de hoje".
Se poupar o erário público pode até ser visto como um acto de gestão saudável, fica-se por compreender quais foram as "obrigações" acrescidas a que a empresa foi sujeita, na medida em que os problemas do sistema se mantiveram, como foi desgraçadamente visível no incêndio de Pedrógão Grande e em circunstâncias posteriores, como já denunciaram os bombeiros.
Todos os governos, sem excepção, são responsáveis por estas falhas frequentes do SIRESP e têm de assumir o ónus político desta realidade. A história da criação do SIRESP é complicada, está cheia de buracos negros e recheada de suposições menos abonatórias. Os relatórios do SIRESP, nesta medida, são o retrato de uma inconsciência coroada com um distribuição de dividendos (6,67 milhões de euros em 2016), que à luz destas falhas dá lastro a um justificado clima de indignação.
Infelizmente, foram precisos 65 mortos num incêndio para mostrar que a rede de emergência nacional é uma rede cheia de buracos que precisa de ser urgentemente reparada porque presta serviços vitais a Portugal.
O SIRESP será um bom sistema quando se deixar de falar dele, porque essa ausência noticiosa é um sinal de que estará a funcionar. Até lá, estes relatórios mais nada fazem do que avolumar a vergonha.


sábado, 12 de agosto de 2017

Mapa de incêndios – Protecção Civil


por j. manuel cordeiro



Página da Protecção Civil: www.prociv.pt/pt-pt/SITUACAOOPERACIONAL


É um panorama desolador. À hora de escrita deste post, existem 90 incêndios, envolvendo 3999 operacionais, 1164 meios terrestres e 23 meios aéreos. É o calor? A ausência de prevenção? Operacionais pouco preparados? Os eucaliptos e os pinheiros? Crime? De tudo um pouco será, certamente. Mas algo de muito errado se passa no país. Basta um ar quente para tudo arder. Um dia sobrarão as cinzas e, então, teremos um Verão calmo.

Fonte: Aventar