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terça-feira, 17 de outubro de 2017

A antiga casa do guarda florestal ainda não ardeu este ano

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por j. manuel cordeiro

Há muitos anos, ainda Vila Real de Santo António tinha um parque de campismo onde era possível passar uma semana agradável no Verão, ardia outro parque de campismo no Algarve, que isto de incêndios não é de agora, apesar de ter piorado. Um cavalheiro com idade para ter netos tinha deitado à minha frente uma beata de cigarro para o chão, ainda acesa, ali mesmo no meio do parque, abundante de caruma e pronto para um belo incêndio. Chamei-o à atenção, até porque se aquilo ardesse seria a minha preciosa tenda canadiana que se perderia. O que eu fui fazer. Só não houve porrada porque o cavalheiro, ao contrário de mim, era pessoa educada.

No passado domingo o país esteve novamente transformado num enorme braseiro. Li relatos sobre foguetes lançados em Aveiro e sei de um fogo que terá começado porque um velhote decidiu queimar os carolos no domingo à tarde. Não morreu ninguém e nem arderam casas, nem mesmo a do guarda florestal, tão abandonada quanto os pinhais que a rodeiam.

Haverá fogo de origem criminosa, sim, mas também há muita incúria. No país falta tanto de sanidade como de dinheiro que se gaste numa campanha continuada para educar as pessoas. Uma campanha bem feita funciona. Basta lembrarmo-nos da prevenção rodoviária e de como hoje em dia o uso de cinto se tornou algo aceite sem ser por receio da multa. Ou da campanha "se conduzir, não beba". Não será por falta de dinheiro que estas não se fazem, pois os Canadair não ficam baratos.

Hoje choveu. Talvez a velha casa do Guarda da Mata sobreviva este ano. Continuando assim, será apenas uma questão de tempo até que dela nem as ruínas restem do que foi a primeira linha de proteção da floresta. E, já agora, coloquemos nomes nos malfeitores. Sócrates iniciou a extinção do corpo de guardas florestais, Passos Coelho concluiu o serviço e Costa deixou andar.

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