(Joaquim Vassalo Abreu, 20/04/2017)
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O Paulinho das Feiras |
Remetendo-me apenas para a história pós 25 de Abril de 74, o “Populismo”, agora tão em voga como modo de, aproveitando o cansaço provocado pelas políticas seguidas durante anos e anos por arcos de governação e alternância de pessoas e partidos, que não de políticas, chamar a si os descontentes, os desintegrados, os alheados, os desinformados, os desesperançados, os amuados, os transtornados, os desempregados e os não filiados, oferecendo-lhes soluções fáceis e às vezes até radicais, nunca teve grande “pasto” nesta terra! E não tem ainda…
Os fenómenos estão aí, à frente dos nossos olhos e ouvidos, com protagonistas reclamando uma superioridade moral que nem de perto nem de longe possuem, e diferentes meios que fatalmente não terão também, que apelam às pessoas, as atrás referidas, para a experimentação de algo novo e diferente, algo que os políticos “corruptos” da alternância já não lhes conseguem oferecer. De modo parecido com as “seitas” religiosas e as “igrejas” redentoras que prometem céus…a troco do dízimo…Ou virgens sem conta num outro mundo…
No entanto o “Populismo” sempre foi uma forma usada para alavancar “massas” descontentes e que não querem revoluções. Chame-se ele “Peronismo”, “Caudilhismo” ou outros “ismos” mas, em Portugal, isso nunca teve grande “chão”, pese o Salazarismo, para se afirmar, impor, crescer ou florescer.
Mas, se repararmos, tentativas não faltaram e não vou sequer falar do PRD, que foi um epifenómeno. Logo a seguir ao 25 de Abril os então fundadores do agora PSD logo apelidaram o seu novo partido de PPD: Partido Popular Democrático! Popular por opção e Democrático porque tinha que ser. Mas, Freitas do Amaral e Amaro da Costa, vendo o “Popular” já reclamado, decidiu que o seu partido seria do Centro, Democrático, claro, mas Social! E rigorosamente ao centro, como as próprias setas o indicavam. Mas também Democrata e Cristão como filosofia agregadora e diferenciadora.
É claro que os nomes pouco significam e os espaços situados entre a direita e o centro, principalmente este, disputados por três partidos (CDS, PPD e PS), começou a ser o objecto de todas as disputas pelo que, carecendo a situação de alguma definição, o PPD abandonou o “Popular” e tornou-se PSD (Partido Social Democrata), para disputar esse centro com o PS. Mas o CDS, de imediato, abandonou a Democracia Cristã, e os Democratas Cristãos o CDS, e tornou-se ele mesmo num Partido “Popular”, para disputar, além desse famigerado centro, também a direita, mais ou menos órfã.
E foi aqui que, depois de vários líderes e de um indefinido Manuel Monteiro, irrompeu o “Popular”, o “Popularucho”, o nosso “camaleão”, o nosso “Peppe Grillo” também, o nosso Paulo de Sacadura Cabral e Portas.
Que, ao mesmo tempo que se reclamava defensor intrépido dos “feirantes”, dos “retirantes”, dos “Antigos Combatentes” e do espírito da Ordem e da Grei, também se afirmava o defensor do “contribuintes”, dos “reformados”, dos afamados e dos não afamados, dos lavradores, das donas de casa e ainda de todos os habitantes nocturnos do Parque Eduardo VII…e sei eu lá que mais…
Aliás, os seus mais diversificados adereços capilares assim o indicavam: um boné para ir ter com os lavradores, uma boina para falar com os Antigos Combatentes, um boné tipo “americano” para ir falar com os contribuintes, um chapéu de abas para falar com os reformados e uma peruca para…
Mas este era um “populismo” bacoco, pois se notava na perfeição que a cara não batia com a careta, a figura não condizia com o personagem e a “bota” não batia com a “perdigota”! O Poder é um afrodisíaco tal que faz da sua tentação uma sublimação ainda maior, mesmo que em tempos de crise, não servindo esta como anestesiante desse fervor e entusiasmo. Esse sim, o Poder, é o sítio revigorador de todo o “Populismo”, ou o seu contrário! E assim sucedeu e o nosso “Peppe Grillo” deu de “frosques”, pôs-se no “piro”… Mas para paragens que, além de afrodisíacas, são também paradisíacas…
E, finalmente, enquanto por cá um anti populista conseguiu erguer uma simbólica barreira a esses movimentos tão em voga por este Europa e pelo mundo fora, testando, com êxito, o nunca testado, a sua, dele Paulo Portas, sucessora, apostada em ultrapassar pela curva direita o seu antigo mas adormecido Ex chefe ( o do Pin) ela tenta ressuscitar o seu “Portismo”, ao qual eu chamo de “Populismo à Portuguesa”.
E, a verdade seja dita, vendo o outro a dormir a sesta à espera do dia em que lhe saia o Totoloto, ela resolve concorrer a Lisboa. Ele entreabre os olhos, olha para o relógio e diz: ainda é cedo! Então ela desata a prometer fim de “taxas e taxinhas”, mais impostos e coimas, mais….até que o outro, ainda sonâmbulo diz: já devem ser horas, vou acordar! Mas repara então que, enquanto dormitava, a fulana escaqueirou todo o seu sonho. Que lhe restava agora prometer? Só lhe restava apresentar uma “Treza” que, além de “tesa”, também é Leal e Coelho. Tudo bem, mas ela? Nada!
E, aproveitando o estado de hibernação colectivo dos seus Ex aliados, socorrendo-se da ideia do PRESI…a D. Maria de Assumpção de Oliveira Cristas Machado e Uber, profere a tonitruante e definitiva promessa: com ela…”adios” aos “Sem Abrigos”….Brilhantérrimo!!!
Mas estou um pouco preocupado: que irá agora a “Treza” prometer?
É que eu aposto que o PP já é CDS outra vez! Porque não o PSD voltar a chamar-se PPD?
Passos, é só uma ideia, eu sei, é só mais uma, sei também, mas é de graça, como todas as outras que lhe dei e que o Senhor mandou pra canto. Então está aí o “Populismo” à frente dos seus olhos e o Senhor não os abre? Qualquer dia vai tarde…
Já prometeu tudo em 2011? Como o percebo…eu também estaria descoroçoado!
Ovar, 24 de abril de 2017
Álvaro Teixeira