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sábado, 28 de outubro de 2017

De Volta à ” VICHYSSOISE”?

Estátua de Sal

por estatuadesal
(Joaquim Vassalo Abreu, 27/10/2017)
Vichyssoisse
Que é uma sopa que se serve fria, assim como a vingança, segundo dizem…E o Dr. Marcelo é já recorrente no seu uso!
Não vou chamar agora à colação todos os textos que acerca dele durante estes últimos anos aqui escrevi, porque são datados, mas há algo que, relendo-os, por eles todos perpassa e que, para mim, resulta num traço ou marca indelével da sua complexa personalidade, que eu não posso subestimar, e que a ele fica colado e resistente a qualquer tentativa de extirpação.
Foi publicado no ESTÁTUA de SAL, que também muitas vezes partilha os meus textos, um excelente texto de um conhecido Blog, ” O Jumento”, que eu integralmente subscrevo, mas que se dirige ao Marcelo político vestido de presidente e das suas contradições. Não querendo, de modo algum, chover no molhado, vou dirigir este meu raciocínio levado a escrito para um outro patamar que, sendo diferente, acaba por se confundir. Mas não se confundam, por favor!
É que, pesem todos os seus esforços em demonstrar o contrário, é minha  convicção de que essa marca, às vezes escondida ou mitigada, insiste em recorrentemente vir ao de cima, pela sua visível nitidez e, mesmo perante a sua indisfarçavel bonomia, ela não deixa que a subestimemos e muito menos desprezemos. Desvalorizar esse pormenor (ou pormaior), dando-lhe o benefício da dúvida, é não cuidar de saber que, como diz o velho aforismo popular ” Cavalo velho não toma andadura e, se toma, pouco dura”.
Falo, é claro, em termos estritamente pessoais, mas a mim, que já o sigo há dezenas de anos, a imagem que do seu percurso ao fim de todos estes anos emerge é a de um personagem brutalmente inteligente que aponta para uma certa bipolaridade, pois demonstra tendências para dizer o sim e o seu contrário, passando num ápice do austero para o traquina, dando uma clara ideia de uma certa volatilidade nas suas ideias e acções. É essa a imagem que eu não consigo que em mim se desvaneça…
Pois, na verdade, não é impunemente que se passa uma vida nisso ( excluindo a sua faceta de Professor e onde, (verdade seja dita, ainda não ouvi algo que se lhe diga) macaqueando cenários, tramando conspirações, elaborando mirabolantes análises ou tecendo constantes baralhações, fez juz ao epíteto que lhe foi aposto no seu partido, o de ”enfant terrible”, por da sua constância duvidarem. E, talvez por isso, dele não restava algo de relevante a nível político, até agora.
Passou brevemente pela chefia do partido mas, era inevitável, foi traído pela traquinice, pela volatilidade e pela inconstância e o episódio da ” VICHYSSOISE” foi-lhe fatal.
A travessia do deserto fê-la como comentador, apreciando e a tudo e todos dando notas, mas sendo sempre dúplice na apreciação dos outros e daí o seu constante pregão: “De manhã esteve bem, à tarde esteve mal…”, que lhe assenta como uma luva! Mas essa mesma duplicidade criou a empatia e a afeição de todos aqueles que, sendo menos exigentes, perante a sua bonomia, não apreciando a dialética confrontacional, dele passaram a gostar. Pois da TV durante muitos anos nunca saiu…
Tal como há uns quatro nos escrevi: “O Dr. Marcelo desfaz-se em muitos e cai no goto do povão! Ele é como o ” Preço Certo”: Não tem ponta por onde se lhe pegue, mas o povão gosta…Que fazer?!”. Isso mesmo.
Mas este tipo de pessoas, as que usam a sua superior inteligência para insondáveis desideratos, acabam por se tornar reticentes por necessáriamente não fiáveis ou confiáveis. E diletantes. E, no seu diletantismo, o Dr. Marcelo acaba por se encaixar bem neste estereótipo! É assim como disse o Poeta: “Pode alguém ser quem não é?”. Pode alguém, a não ser que seja um grande actor, assim de repente, mudar de personalidade como quem muda de camisa, pretendendo ser o que o contrário do que toda uma vida foi? Para mim não!
Não mesmo e este episódio do aproveitamento de uma evidente momentãnea fragilidade do governo para, ultrapassando a ética da convivência dos poderes pois lhe foram dadas a conhecer antecipadamente as proposições governarivas, fazer sobressair, e mesmo regurgitar, aquilo que se lhe manifestava como um nó na garganta: a sua aversão a esta solução governativa!
É também claro para mim que, ao contrário do que por aí se diz e escreve, nomeadamente todos os comentadores de alcova que por aí pululam, não foi a mera exigência de medidas que denunciavam a sua lógica posição a favor da culpabilidade do governo, o que o fez verdadeiramente ” regurgitar”:  foi o aviso! Sim, o aviso que fez depois da derrota da Moção de Censura apresentado pela direita, aviso esse carregado de cinismo e que foi: ” O Governo , agora reforçado ( na sua legitimidade parlamentar, é claro) , tem que ser digno das suas responsabilidades”. O sentido é este embora as palavras possam ter sido diferentes..
Mas que quer isto dizer? Que, a partir de agora,  a responsabilidade de tudo o que vier a suceder vai ser da sua maioria, que não contem mais com ele e que, à mais pequena brecha ou dúvida do seu apoio parlamentar, ele aí estará para o dissolver, tanto mais que os seus vão ter em breve um novo líder. Terá sido por isso que o Huguinho declarou, alto e bom som, que o governo já não tinha o apoio do PR?
O outro não servia, era evidente, mas ele recuperou a esperança de ter um dos seus sob o seu “mando”. Os tempos mudaram e o sucedido, a utilização desses crimes florestais todos, que redundaram numa terrível tragédia, serviu, qual “VICHYSSOISE” , para a administração dos seus profundos e inconfessáveis desejos.
Ele diz pairar por aí como o garante  de tudo: do desempenho do governo que, apesar as suas brilhantes performances, não deixa de ser uma espinha atravessada na sua garganta; também da antecipação da culpa por qualquer calamidade, porque ele antecipadamente visou e pelas políticas de consensos, que ele exige, mesmo que os seus não queiram…
Ele, agora despido da capa da bonomia e do sorriso aberto, isso é só para as pessoas mais carentes ( e não digo que mal), é o dedo apontador, o dedo acusador, o culpabilizador. Ele avisou…o resto não é com ele. Para ele resta apenas o conforto, os beijos e as Selfies. Ele restará o refúgio dos velhos e dos desprotegidos e é só ele quem lhes dará abraços e lhes transmitirá palavras  de paciência e conformismo. Sim, porque ele ” exigiu” do governo medidas imediatas, custem o que custarem, mas cuidando ao mesmo tempo do défice. Para que ninguém o esqueça!
Pode mesmo ” alguém ser quem não é”?
PS: Está um pouco longo, eu sei, mas o personagem é complexo, compreendam…




terça-feira, 24 de outubro de 2017

O Estado falhou, Cristas chumbou



por estatuadesal

(Por Estátua de Sal, 24/10/2017)

Assunção Cristas

Estive a ver o debate da moção de censura apresentado na Assembleia da República pelo CDS.

Cristas abriu o baile, mesmo sem lhe se vislumbrar consorte apaixonado. Veio o fogo? A culpa foi do Primeiro-Ministro. Morreu gente? Também dele foi a culpa. Que venham tufões, maremotos, incêndios e terramotos, que a culpa será sempre do Governo. E quando não se conseguem evitar as catástrofes naturais, ou mesmo as catástrofes provocadas pelo desleixo humano ou pela sanha criminosa de alguns, é sempre o Estado que falha. É por isso que Cristas censura - diz ela -, é por isso que Cristas aponta o dedo ao coração de António Costa, qual arco pronto a disparar flecha mortífera e letal.

Mas Costa não se deu por achado. Respondeu em tom humilde mas construtivo. Não se deu sequer ao trabalho de rebater as acusações de Cristas, e discutir se o Estado terá falhado muito, pouco, ou assim assim. E fez bem. Limitou-se a enumerar as medidas que o Governo já tomou, vai tomar, e a forma de as implementar no futuro próximo. De certa forma, deixou Cristas a falar sozinha.

O Partido Socialista centrou a sua intervenção sobre a legitimidade do CDS apresentar uma moção de censura, tendo em conta os cortes nas políticas florestais empreendidos pelo governo anterior, com Cristas ao leme do Ministério da Agricultura a comandar as operações de devastação do mundo rural. Sim, legitimidade não tem, e memória também não tem porque fala como se esse passado não lhe pesasse e não tivesse existido.

E veio o rapazola do PSD, o Hugo Soares. Secundou Cristas e mais uma vez trouxe à baila a moção de confiança que o PS não teria coragem para apresentar por, segundo ele, não ter a garantia de ser aprovada pelo PCP e pelo BE. E por isso o Governo já não teria legitimidade para governar, afirmação em jeito de pergunta enfática que deixou a Cristas para ela poder brilhar e corroborar.  E ela assim fez. Tornou a desfilar a ladainha das falhas sob a forma de uma lista de perguntas sobre o que o Governo fez, deixou de fazer ou vai fazer, e concluiu que António Costa é apenas um político hábil quando o país precisaria de um estadista. É grande o desplante da madame eucaplipto, digo eu: como se a direita tivesse nas suas hostes políticos de grande vulto e de grande dimensão ética e política.

Mas, mais uma vez, Costa deixou-a a falar sozinha. Passou ao lado daquilo que designou por slogans e ataques pessoais. Limitou-se a falar do futuro, medidas, soluções, indemnizações, investimentos, reconstrução e mais reconstrução.

Mas o grande ataque a Cristas veio de Catarina Martins, que adjectivou de obscena a moção de censura por não pretender resolver problemas nem sequer honrar a memória das vítimas, mas sim aproveitar-se dessa memória. E isto sem deixar de pedir explicações ao Governo sobre as razões de tanta falha do Estado, e sobre o desenho de algumas das medidas que estão já apresentadas, como por exemplo o Siresp, os meios aéreos, e as Forças Armadas no terreno a defender a floresta.

O PCP trouxe ao de cima o seu pragmatismo. Pediu agilidade na implementação das medidas já aprovadas. E pediu que Costa esclarecesse se o financiamento de tais medidas não irá ser um pretexto para cortar na política em curso de reposição de rendimentos, em nome da sacrossanta austeridade que as regras do cumprimento do déficit, emanadas da Comissão Europeia, impõem. E António Costa respondeu. Não, não irá haver qualquer corte nas opções do Orçamento de Estado para 2017 já apresentado, de forma a compensar o financiamento necessário na implementação das medidas de política florestal e de protecção civil.

E depois de várias outras intervenções veio o trauliteiro deputado Montenegro, a voz do dono do defunto Passos. Sim, disse ele, o governo merece censura política, e Costa é apenas um tecnocrata de mediana categoria. Que desplante de novo. Como se tu, ó Montenegro, fosses um personagem de alta craveira.

E surgiu Carlos César e de novo o PS. Arrasou a direita, a moção de censura e os pedidos insistentes de uma moção de confiança pelo PSD. A confiança no Governo, disse, será comprovada brevemente com a aprovação do Orçamento de Estado de 2017.

E depois de várias outras intervenções, o denominador comum foi sempre o mesmo: para a oposição o Estado falhou, o Governo falhou e para este último a resposta foi sempre repetir o elenco das medidas que já aprovou e vai implementar para evitar novas tragédias. Em suma, a oposição a chafurdar nos acontecimentos trágicos, mas já passados, o Governo a querer esquecê-los e a olhar o futuro. Nada de novo, e também nada de novo na hora da votação: 122 contra a moção, 105 a favor.

No final, o que mais me surpreendeu? Que nem o Governo nem a oposição, no elenco das medidas que pretendem ver prosseguidas, tenham referido a necessidade de investigar a origem dos fogos. Todos assumiram que os fogos são originados por causas naturais - o que está muito longe de ser verdade -, e de nenhum dos lados surgiu uma palavra a exigir alterações no quadro judicial que pune actos de incendiários criminosos, e na estrutura das polícias e dos serviços de informação destinada a preveni-los.

De facto, o Estado falhou. Mas o Estado falha todos os dias e, a fazer doutrina a estratégia do CDS, pretendendo encontrar aí um motivo para o derrubar, teríamos eleições todos os meses para reconstruir maiorias e eleger novos governos.





terça-feira, 17 de outubro de 2017

Marcelo, as culpas e as desculpas

Estátua de Sal


por estatuadesal

(Por José Gabriel, in Facebook, 17/10/2017)

marcelo3

(Marcelo falou ao país. O que pode e deve o Presidente dizer e fazer, foi esse o mote.)


Marcelo manda pedir desculpa - mas desculpa pedida por ordem de outrem nada vale.

Marcelo quer que a Assembleia da República avalie a continuidade do governo - mas a direita não precisa de empurrões e a seráfica Cristas, ex-ministra da treta, já se chegou à frente; está no seu direito, levará o PSD atrás e não precisavam de ajuda de Marcelo.

Marcelo quer clarificação - mas tudo hoje, a nível político e com a sua ajuda, parece uma tanto escuro.

Marcelo continua a falar em "novo ciclo" - já o fazia antes dos fogos e pensa que há novas razões e nova oportunidade.

Marcelo podia dissolver a AR, já que a renovação de mandato para o governo que ele pede à AR está nas suas mãos e não em encomendas a terceiros - mas Marcelo sabe o que isso (lhe) pode custar e fenece-lhe a coragem.

Marcelo podia dirigir-se a todos a quem pode ser imputada responsabilidade - mas Marcelo escolheu como alvo exclusivo o governo.

Marcelo quis ser firme no tom - mas foi apenas sonso no modo