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terça-feira, 7 de novembro de 2017

O vazio

Estátua de Sal

por estatuadesal
(In Blog O Jumento,  07/11/2017)
marilu1
(Diz a Marilu pro Santana e pro Rio: Eu sei que vão seguir as minhas políticas, mas não digam a ninguém...)

Nos últimos tempos do governo do PSD/CDS foram várias as personalidades qualificadas que abandonaram o governo em busca de zonas de conforto; sucedeu, por exemplo, com Carlos Moedas que passou a perna a Maria Luís Albuquerque e instalou-se em Bruxelas, Álvaro Santos Pereira escapou-se para a OCDE e, ainda antes dele, Vítor Gaspar fugiu para depois aparecer no FMI. Já depois das eleições Passos Coelho viu esta fuga continuar e até Paulo Portas o deixou sozinho a tomar conta da direita.
António Borges faleceu, Miguel Relvas deixou o governo, Poiares Maduro regressou para a universidade, muitos do que compensavam a debilidade inteletual de Passos Coelho partiram. Até Montenegro já se calou e o PSD é hoje pouco mais do que Passos Coelho, a sua ex-ministra das Finanças, o Amorim e o Hugo Soares. Nunca em toda a sua história o PSD esteve tão pobre, a nata dos economistas do passado deu lugar à Maria Luís, as cartas da bancada parlamentar do PSD são agora o Amorim e o Hugo Soares.
Poder-se-ia dizer que é uma fase, que com um líder a aguardar ser substituído e sem se saber quem o vai substituir muitos preferem o silêncio. Mas se assim fosse os candidatos a líder do partido estariam mobilizando apoios nos mais diversos setores da sociedade. Mas não é isso que está suceder, em vez de se afirmarem mobilizando gente credível e qualificada, os candidatos à liderança do PSD disputam o apoio da tralha de Passos Coelho, nem sequer se interessam pela tralha do cavaquismo.
Com um projeto que se baseava apenas em cortes de rendimentos do trabalho e dos pensionistas, Passos passou dois anos a exibir a pantomina do primeiro-ministro no exílio, em vez de propostas esperou que uma desgraça impedisse que António Costa desmontasse os pilares da reformatação económica do país que lançou a coberto da Troika, o corte brutal em todos os rendimentos do trabalho e nas pensões. Há dois anos que o PSD é um vazio de ideias e de projetos, vive das memórias do seu ainda líder.
Sucede que os candidatos a líder do PSD são tão ocos como é Passos Coelho, Santana Lopes não tem uma única ideia, Marques Mendes compara-o a uma televisão a cores, por oposição de um Rui Rio que seria uma televisão a preto e branco, mas esquece-se que a televisão a cores de Santana tem um único canal, parece a TV de um circo.
Até Rui Rio preferiu aderir Às ideias de Maria Luís e Passos Coelho, se dantes tinha poucas ideias, agora parece um deserto,  chega a ser ridículo vê-lo encostar-se à imagem da ex-ministra das Finanças.

domingo, 5 de novembro de 2017

QUAL O PREFERIDO DE MARCELO? COSTA, SANTANA OU RIO?

Estátua de Sal

por estatuadesal

(In Blog O Jumento, 03/11/2017)

Costa_santana_rio

A escolha do futuro líder do PSD não é indiferente a Marcelo Rebelo de Sousa; o almoço com Santana Lopes, cuja notícia alguém deixou escapar para os jornais de forma intencional, representou para o ex-primeiro-ministro desastrado uma espécie de bênção. Para muitos militantes do PSD a ascensão ao poder implica que sejam feitas as pazes entre Marcelo e o partido, pelo que o almoço foi entendido por muitos eleitores internos do partido como um sinal, o Presidente prefere Santana.

Mas quererá Marcelo coabitar com Pedro Santana Lopes? O país entraria num novo PREC, o PREC dos abracinhos e beijinhos, com o primeiro-ministro e o Presidente da República a participarem numa corrida aos afetos, o próprio Santana lançou a sua candidatura dizendo que ia dar muitos beijinhos, tal como Marcelo. Os afetos estão na moda, a própria Assunção Cristas já se tinha antecipado a Santana, durante as autárquicas.

Teríamos o país das maravilhas, com o Presidente a ir ao Porto servir refeições aos velhinhos e o Marcelo a reunir o conselho de ministros no meio das gaivotas das Berlengas.

Marcelo é um dos políticos portugueses que melhor conhece Santana Lopes e só se não estivesse no seu pleno juízo desejaria coabitar com ele no poder. Se conhece Santana, melhor conhece Rui Rio e dificilmente gostaria de ter como primeiro-ministro alguém que lhe bateu com a porta.

Rui Rio ocuparia melhor o espaço do centro direita que Marcelo considera ser agora seu, uma liderança do PSD por Rui Rio tiraria este partido da quase extrema-direita onde se encontra com a liderança de Passos e dos seus jovens tigres. Se um governo de Santana Lopes acabaria por ser uma paródia que acabaria por se virar contra Marcelo, um governo do bloco central reduziria Marcelo ao estatuto de reformado de Belém.

Com um governo de bloco central Marcelo perderia espaço político, não teria margem para criar fatos políticos, nem mesmo se ardesse o resto do país. Marcelo perderia todo o protagonismo e a sua presidência arrastar-se-ia sem grande chama.

O melhor primeiro-ministro para Marcelo é António Costa, com ou sem Geringonça. Desta forma os partidos à direita continuariam a apoiar Marcelo na esperança de receber uma ajuda, enquanto o Presidente ia gerindo a sua imagem à custa do governo. No caso de desgraça Marcelo supende a agenda e vai dar muitos abracinhos e beijinhos. Quando houver sucessos para festejar Marcelo antecipa-se e é ele a dar as boas notícias.

Ai Raul Vaz, Raul Vaz.



por j. manuel cordeiro

No programa Contraditório de ontem, na Antena 1, Raul Vaz faz o seu spin sobre a entrevista de Rui Rio que saiu hoje nesta estação de rádio. Mas, sobretudo, aproveita para valorizar Passos Coelho.
Rui Rio, se fosse eu [sic] ou se fosse Pedro Passos Coelho, não governaremos [sic] para o presente. Ou seja, governaríamos para o futuro. Isto é o que Rui Rio diz. E usa, de facto, aqui Pedro Passos Coelho de uma forma que, acho, inteligente, séria e verdadeira. Ou seja, Passos Coelho não governará [sic] para o presente. Teria em consideração, penso, também o futuro.
Há uma proposta do Bloco de Esquerda que o governo vai provavelmente comprar, que é as reformas antecipadas entre 2011 a 2015 terem um bónus. Repare-se neste anacronismo. É quase esquizofrénico. As pessoas que se reformaram entre 2011 e 2015, antecipadamente, é um acto voluntário [sic]. Sabiam as condições. (...) Isto não faz sentido nenhum. Esta retroactividade. Governar para o futuro é ter presente as dificuldades do presente e criar condições melhores para o futuro. (...) [Raul Vaz, 3/11/2017]
No entanto, Raul Vaz omite um pequeno detalhe. As regras foram mudadas a meio do jogo.


sábado, 4 de novembro de 2017

Rio Santana

Estátua de Sal

por estatuadesal

(João Quadros, in Jornal de Negócios, 03/11/2017)

João Quadros

João Quadros

Rio é o filho que enforca periquitos, Santana é o que toca à campainha das vizinhas. Se Santana acaba por dar mais sarilhos porque todos sabem o que faz, Rio não faz barulho, mas faz mais mal.

Hoje vou tentar expor aos esbeltos leitores o meu ponto de vista sobre as eleições no PSD. Eu não gosto muito de me meter na política porque construí a minha carreira à base de subsídios para a agro-pecuária, mas começou a batalha pela liderança do PSD e eu adoro filmes de terror.

O tiro de partida já foi dado, e Rui Rio e Santana Lopes já começaram a contar espingardas, esperemos que sem a ajuda do ministro da Defesa.

Este combate Rio X Santana tem qualquer coisa de canal RTP Memória. Soa a anos 90. Ambos andam nisto há tantos anos como o Preço Certo. Estamos fartos de os ver a andar por aí. Santana Lopes tem uma desvantagem em relação a Rui Rio. É que, de Rui Rio, apenas suspeitamos de que não dá um bom primeiro-ministro.

Não vou votar porque estou longe de ser simpatizante do PSD, tenho até alguma embirração, mas se tivesse uma pistola apontada à cabeça, e me obrigassem a optar, escolhia Santana. Eu explico. Ambos me causam um certo receio, mas é um receio diferente. É como ter dois filhos, e um faz maldades e outro partidas. Rio é o filho que enforca periquitos, Santana é o que toca à campainha das vizinhas. Se Santana acaba por dar mais sarilhos porque todos sabem o que faz, Rio não faz barulho, mas faz mais mal.

Esta semana, Rui Rio disse que Maria Luís "esteve muito bem e que ele faria o mesmo". Hum... Não acredito, aposto que Rio não casava com aquele marido que ameaça jornalistas, mas pelo menos já sabemos quem é que Rio vai convidar para ministra das Finanças. A 30 de Julho de 2013, dizia Rio numa entrevista que: "A ministra das Finanças é 'pedra no sapato' e 'elo mais fraco' do Governo." Ou seja, Rui Rio gosta de automóveis antigos, mas tem uma memória curta.

Santana Lopes é muito diferente de Rio, tirando o penteado, e acredito que, com Santana, os debates com Costa fossem renhidos. Costa vencia o debate sobre os indicadores do sistema de Segurança Social, o debate da despesa pública e a discussão sobre o investimento público e Santana Lopes vencia a prova de dança de salão, o concurso de "shots" e o debate sobre preliminares.

Seja como for, eles que se entendam, que façam muitos debates, mas que Santana não seja interrompido por uma notícia sobre José Mourinho, ou ainda é capaz de abandonar a candidatura a meio.

TOP-5

Vou andar por aí

1. House of Cards cancelada depois das denúncias de assédio de Kevin Spacey - House of Cards acaba e começa House of Lego.

2. Nuno Carvalho, sócio-gerente da Padaria Portuguesa, diz que todos os meses fazem "um piquenique no Jardim da Estrela com os funcionários, onde ouvimos 'inputs' sobre o negócio" - Fazer piqueniques no Jardim da Estrela é quase tão deprimente como ir dar pão a ratazanas no convento de Mafra.

3. O Presidente Marcelo Rebelo de Sousa terá ligado ao rei de Espanha a garantir que Portugal não reconhece a independência da Catalunha - Mas não aproveitou para meter uma cunha para nos devolverem Olivença.

4. O material roubado em Tancos foi devolvido com uma caixa de petardos a mais- E ainda há gente chateada. Imagina se fosse assim com o BES. Assaltantes de caixa multibanco devolvem caixa com mais cem euros.

5. Kevin Spacey pede desculpa pelas acusações - Esta semana, a FNAC vai pôr em destaque os filmes onde entrou o Kevin Spacey.

sexta-feira, 3 de novembro de 2017

RIO, UM POLÍTICO DIFERENTE?

Estátua de Sal

por estatuadesal

(Joaquim Vassalo Abreu, 02/11/2017)

Rio_Passos

Pois é assim que ele se auto intitula. “Eu sou um político diferente dos outros”, declara ele desde os Himalaias do seu imenso e pretensioso ego, pretendendo assim, também dos Everestes do seu auto convencimento, diferenciar-se não só do seu actual opositor, Pedro Santana Lopes, mas também de António Costa, pois corre para tentar ocupar o seu lugar. Coisas que, para si, decorrem da mais elementar lógica…

Será este texto, portanto, uma tentativa de reflexão sobre a Lógica, mas não na óptica da lógica da batata! Sobre a batata também poderia falar ( e há por aí tantos que fariam um batatal imenso…), mas não vou por aí…

Mas, continuando, mesmo assim a frase mostra-se muito mais abrangente pois ela começa por um taxativo “ Eu Sou”, assim de um modo tão inequívoco e definitivo, a roçar mesmo a arrogância, que nem admite sequer um mais lógico, correcto e aceitável “Eu penso que sou” , ou então um  “Eu estou convencido que sou”. É que, além de mais lógico, seria também menos pesporrente e mais educado.

É claro que quando atrás disse que tal roçava a arrogância, disse-o, utilizando o cauteloso roçar, porque o mais natural e lógico também seria acrescentar um “como o meu passado à saciedade pode provar”

E é aqui que o gato vai às filhoses, aqui é que está o busílis, aqui é que a porca torce o rabo e coisas assim, porque que raio de tão transcendente percurso poderia ele mostrar? O ter sido Presidente da Câmara do Porto? Bem, poderá ser uma mais valia em relação ao anterior (Passos) que nunca foi nada, mas não o será em relação ao Santana que também o foi e de Lisboa! Então em relação ao Costa, nem vale a pena falar: foi ministro várias vezes, Presidente de uma Câmara, de Lisboa também e sei lá que mais!

O ter sido Presidente da Câmara do Porto é já qualquer coisa em qualquer curriculum, mas muito curto, curtíssimo mesmo. E, já agora, e pensamento politico? E obra publicada? E outros serviços públicos? E ideias sobre o Estado, sobre as suas funções, sobre a sua reforma, sobre a sua importância na gestão da coisa Social…enfim, todas essas questões que diferenciam um Liberal de um Social Democrata? E pensamento económico também?

Sim, porque dizer que é Social Democrata não basta, nem pertencer a um Partido de assim se apelida tão pouco pois, como temos verificado ao longo dos últimos anos, a cara não diz com a careta, nem a bota com a perdigota, vá lá, e o que a lógica diz é que tem sido sempre e sempre um Partido Liberal e mesmo Ultra Liberal. Social Democrata? Era o que faltava!

Por isso eu vou seguir com alguma atenção essa dura “batalha” entre ele, um austero contabilista licenciado em economia e formado no Colégio Alemão, oriundo da Foz do Porto, um menino da Foz portanto e um snob e displicente Santana Lopes, homem de palavra fácil mas de pensamento etéreo e frívolo. Não poderiam ser mais diferentes. Mas sobre isso já escrevi e o Santana nem é para aqui chamado. Perdoem…

É do Rui Rio que falo e da sua, para si, marcada diferença entre ele, decididamente um bom político e todos os outros que, sendo ele o diferente e o bom, serão fatalmente maus. Mais uma vez da elementar lógica. E lógico penso ser este meu raciocínio pois jamais me passaria pela cabeça que ele dizendo “Eu sou diferente”, pretendesse dizer que o era para pior! Não acham?

Portanto, seguindo sempre a lógica, mas sem batatas, o que ele finalmente queria dizer era, muito simplesmente “Eu Sou o Melhor”!

O Ronaldo também diz que é o melhor, só que acrescenta que para isso trabalha muito, trabalha mais que todos os outros, fixa-se em objectivos e não tergiversa, nunca vira a cara à luta e apresenta um curriculum, meu Deus…É lógica a diferença, não é?

E o Rio, que fez ele na vida para se considerar “o melhor”? O Rio passou meia vida a fazer que estava a ponderar se ia ou não ia, acabando quase sempre por não ir, coisa própria de pessoas que na sua frieza não reagem a impulsos, vivem eternamente atormentados pela dúvida, embora às vezes pretendam demonstrar o contrário, um calculista portanto, mas que quando na frente verifica um caminho sem grandes engulhos, como no caso vertente, avança porque sabe que, perante o embrulho em que o anterior deixou o Partido, não será difícil fazer melhor!

Concluindo a minha apreciação do dito baseada na Lógica ele, dizendo que é diferente, sente-se também O Melhor, embora o oculte. Mas a lógica não…

E, pronto, já me perdi! Mas também já não dá para falar muito mais, pois não? Seria até ilógico! Ele é o melhor de todos, está mais que dito!

Ele há realmente gente que se acha muito, que se acha o melhor de todos, que nunca tem dúvidas e raramente se engana, ou o contrário, como a cavacal figura e que se acha diferente dos outros. Os outros que, para serem iguais a si, teriam que nascer duas vezes…

Deus lhes perdoe, que eu não sei se consigo…

E pronto, já disse!

PS- Reparei agora, depois de ter escrito, que este é o 400º (quadrigentésimo) texto que publico no meu Blog. Não era suposto ser sobre isto, mas agora já está! Fica prometido um especial para o 500º (quingentésimo)!

terça-feira, 31 de outubro de 2017

Rui Rio: para que não restem dúvidas sobre o que aí vem



Aventar

por João Mendes
Rio-Passos
Fotografia: Luís Barra@Expresso


Nas jornadas parlamentares, na segunda-feira, Rui Rio e Santana Lopes falaram aos deputados à porta fechada. No final da intervenção do antigo autarca do Porto, alguns deputados relataram que Rio disse que teria “feito igual ou pior” no lugar de Maria Luís Albuquerque para manter as contas públicas em ordem.
Questionado pela Lusa, o candidato à liderança do PSD esclareceu o contexto da afirmação, que partiu de uma pergunta do deputado Paulo Rios – que apoia Rui Rio -, que o questionou se iria haver uma rutura e como é que um grupo parlamentar alinhado numa determinada política – desenhada por Passos Coelho – poderia defender outra completamente contrária.
“Na resposta, expliquei que não há mudança de rumo, estamos no mesmo partido”, disse, salientando que desde sempre, até enquanto deputado na Assembleia da República, defendeu o rigor das contas públicas.
Tendo Maria Luís Albuquerque à sua frente na sala das jornadas, Rui Rio dirigiu-se depois à deputada e vice-presidente, dizendo que, apesar de terem tido muitas divergências no passado, “nunca contestou o rumo seguido”.
“Comigo se estivesse nesse lugar o rumo seria inalterável. Não sei se disse ‘pior’, eventualmente mais inflexível no rigor”, afirmou, acrescentando que sempre foi o que defendeu toda a sua vida.
[via Expresso]









Internas PSD: uma ode à não-renovação



Aventar

por João Mendes
Rio-Santana
Fotografia: Lucília Monteiro@Expresso
Se há coisa que não podemos imputar a Passos Coelho, apesar da valente treta que é afirmar que o passismo era à prova de barões, é que tenha ido a jogo com os dinossauros do costume. Não falo dos autárquicos, que esses são eternos e facilmente renováveis no concelho vizinho, mas das equipas governamentais. O passismo trouxe gente nova, mais à direita, nas tintas para a social-democracia e com uma queda para liberalismos extremistas. O resultado, esse, foi o que se viu.
Porém, com o passismo nos cuidados paliativos, o que se segue assemelha-se a um combate geriátrico entre velhas raposas. No canto esquerdo do ringue, com 61 anos, dois mandatos à frente da CM da Figueira da Foz, meio mandato na autarquia de Lisboa, 10 meses na presidência do Sporting, 8 como primeiro-ministro, várias tentativas falhadas de chegar à liderança do PSD e uma presença no Bilderberg, juntamente com o Sócrates a quem gentilmente cedeu o lugar, temos Pedro Santana Lopes, icone maior da secção política da imprensa cor-de-rosa portuguesa. Ler mais deste artigo



sábado, 28 de outubro de 2017

Pedro Santana Lopes, a Teresa Leal Coelho das directas do PSD




por João Mendes
teresa_leal_coelho
Fotografia: José Carlos Carvalho@Expresso
Segundo Rui Rio, Pedro Santana Lopes foi a quarta escolha do passismo para o defrontar nas internas. Uma espécie de Teresa Leal Coelho das directas do PSD. E tem a sua razão. Passos atirou a toalha ao chão, Luís Montenegro, inteligente, preferiu não queimar a sua carreira política a longo prazo - lá chegará a sua vez - e Rangel, que até foi triturado pela máquina passista no passado, leva uma vida confortável em Bruxelas, pelo que se entende que não tenha grande interesse em liderar um PSD à deriva, pelas ruas da amargura.
Trio Passista
Fotografia: Adriano Miranda@Público
Santana Lopes foi o senhor que se seguiu, conta com décadas de experiência em derrotas internas, pelo que, mais uma, menos uma, não fará assim tanta diferença, e vai a jogo com um conjunto de altos oficiais da direcção cessante na rectaguarda. Se ganhar, o regime perpetua-se. Se perder, os ratos abandonam o barco e, a seu tempo, dobrarão o joelho e prestarão juras de fidelidade eterna ao homem do Norte. Pena que se perca mais uma oportunidade de renovação, no seio do maior e mais poderoso partido político português.





terça-feira, 24 de outubro de 2017

O RUI e o PEDRO: o RuiPedro!



O RUI e o PEDRO: o RuiPedro!

por estatuadesal

(Joaquim Vassalo Abreu, 24/10/2017)

Rui Rio

Este texto que agora começo a escrever é a minha primeira incursão nessa nobre arte do comentário político. Pois por ser uma arte tão nobre e superior não está ao alcance de qualquer mortal, apenas de alguns eleitos.

Eleitos, disse eu, e com toda a propriedade, porque eleitos por generoso contrato, que não por qualquer democrática votação. Eleitos assim por nomeação. Assim é que está bem.

De modo que eu, um novato nestas andanças, não querendo de modo algum equiparar-me a esses inatingíveis pensadores seres, ases no conhecimento da estratégia e na adivinhação do futuro, vou fazê-lo de um modo completamente sóbrio, independente e equidistante.

Mas como irei eu manifestar essa minha equidistância? Simples: recorrendo àquela velha frase oriunda da sabedoria popular, e que é o celebérrimo ” tanto se me dá como se me deu”!

De que estou a falar, sinto alguém perguntar? Ora, da batalha do Pedro contra o Rui, ou do Rui contra o Pedro, tanto se me dá, para tomarem para si a designação da organização que pretendem chefiar. Mas, para além dessa tal denominação, para um PPD/PSD e para o outro simplesmente PSD, o que está em causa é muito mais profundo e valioso: é o assalto ao paiol’

Como o paiol? Ora pensem comigo: que é que ambos precisam para esta “batalha” ( aquilo que lá na organização costumam chamar à luta de ideias…)? Espingardas! Espingardas sim e, por isso, a primeira coisa que começaram a fazer foi contá-las, que é aquilo que também usam chamar à cooptação de militantes para o seu lado da barricada! Para os preparar, claro que em maioria, para a tal ” batalha”…

Mas um deles, o Pedro, não confiante na fiabilidade dessa contagem e temeroso quanto à capacidade de antecipação do Rui, reclamou ao seu contentor a realização de vinte e um duelos (21!), que é aquilo que lá chamam aos debates…

Mas o outro, o Rio, não aceitou, com medo de algum jogo sujo do seu contentor, isto é, de em vez de levar espingardas levar basucas pois que, para já, quem tem a chave do paiol é precisamente o Pedro, mas o outro, o desistente.

E neste vou não vou, ambos partiram para o aliciamento dos generais, que são aquilo a que os tais comentadores chamam aos “barões”, essas figuras lendárias e míticas, que fizeram daquelas “batalhas” dos Coliseus e campos de batalha assim, narrativas que, de tão inolvidáveis, passaram a fazer parte do nosso cancioneiro da fabulosa arte circense.

É que por essas ” batalhas” passaram soldados cuja estirpe ficou para sempre na nossa memória, tendo um deles sobressaído pela destreza da sua representação, ao nível de um Popov, no mínimo: o companheiro Marcelo!

Mas houve outros, como aquele que saiu a chorar do campo de batalha, insultando os seus adversários de sulistas e coisas assim, tal como se estivesse na guerra da Secessão e, ainda, um outro que imitando o ” Little Big Man” da batalha de Little Bighorn, mas mais conhecido pelo seu dom de prestigiador, ficou célebre também como o ” regenerador”, por barrar a luta a alguns infiéis e pecadores que, agora, regenerados, voltaram à liça.

Mas há um que, tal “compère”, sempre por elas, ” as batalhas”, passou e até ficou conhecido por ” menino guerreiro”! Mas na verdade ele nunca foi um soldado a sério e se espingardas usava elas eram de plástico! Ele foi, isso sim, um permanente animador das tropas, um eterno “enterteiner” com qualidades várias.

Por isso lá sempre foi e luta alguma ganhou. Foi para lugares sem nunca ter competido. De uns foi destituído e de outros desistiu. Mas vai sempre…e agora?

Qual deles conseguirá arrebatar mais ” espingardas” do tal paiol que, todos sabem, levou um tremendo rombo no consulado do outro Pedro, outro desistente, e até dizem que assaltando mesmo.

O seu contentor, o Rui, em modo desafiante, assim como naquelas apresentações pre-match dos combates de Boxe em que cada um se ergue sobre o outro querendo demonstrar mais pujnça e força, pergunta-lhe: Mas quem és tu? Eu sou e sempre fui o Pedro e não me arrependo de o ser e sempre ter sido…mais ou menos isto!

E tu, quem és tu, pergunta ao Rui o Pedro, com a leve esperança que ele desatento dissesse ” ninguém”? Eu sou o Rui, mas tu nunca serás Pedro porque esse negou Jesus três vezes! Eu nunca reneguei ninguém e fui o único com coisos para fazer a refiliacão, isto é, a remontagem, o inventário, em suma, para extirpar o paiol das espingardas enferrujadas e inoperantes…

Eles são o Pedro mais o Rui, o RuiPedro e vão apresentar ideias. Um as ideias do Pedro, do outro, o desistente, do qual reclama herança, em estilo tipo “stand up”, que ele adora! O outro, o Rui, mesmo não tendo renegado Jesus três vezes, renegou o Pedro, o outro, o tal que abandonou a “batalha”, assegurando ser um sério contabilista, coisa que ele, o Pedro, nunca foi.

Haver duelos parece fora de questão, pelo que ouvi, mas vai ser um verdadeiro “Waterloo” essa batalha do RuiPedro, a do PPD contra o PSD.

E eu vou assistir sentado porque de pé cansa muito…!




quarta-feira, 18 de outubro de 2017

Crónicas do Rochedo XXV – E é isto que o PSD tem para apresentar?

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por Fernando Moreira de Sá

rio e santana

Depois do resultado do PSD no Porto e em Lisboa, Pedro Passos Coelho apresentou a demissão e foram marcadas eleições directas para escolher um novo líder. Na lógica própria destas coisas, Rui Rio apresentou-se como candidato. Cumpre a lógica da coisa. Foram vários anos em que uma parte do PSD espreitou através do nevoeiro a ver se vinha Rio, qual D. Sebastião, para resgatar a virtude e os bons costumes. Finalmente, o homem enfrenta os seus medos e avança.

Perante esta candidatura, seria normal que a outra parte do PSD fosse a jogo com um candidato. Ou mais do que um. Seria lógico o avançar de Montenegro cobrindo a ala passista. Seria lógico o avançar de Rangel, cobrindo a parte mais "centro-direita/direita" do PSD, assim como a elite "intelectual". Seria lógico o avanço de Marco António Costa como expoente máximo do aparelho (ler: distritais, principais concelhias e os grandes caciques locais). Seria lógico avançar alguém diferente no papel de renovação do partido (e aqui renovação não significa, necessariamente e apenas, uma questão de idade/geração, mas ideias e projecto). Tudo isto seria lógico. Não fosse o PSD um partido onde, muitas vezes, a lógica é uma batata. Tal como o seu irmão gémeo, o PS.

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quarta-feira, 12 de abril de 2017

Rui Rio não faria melhor

 


miguel guedes
 
Após a apresentação pública do candidato do PSD à Autarquia do Porto, tudo indicava que assistíramos a uma encenação particular com notas de autor e requintes de estratégica malvadez. Rui Rio não faria melhor. Promovendo ou apoiando um candidato convenientemente inexistente aos olhos da opinião pública, o PSD de Rio afluiu em peso para uma iniciática demonstração sobre a falta de peso específico do candidato Álvaro Santos Almeida (ASA). Uma apresentação sem candidato. Qualquer notícia que tenha reproduzido uma ou duas frases de ASA terá pecado manifestamente por excesso. Rui Rio não usou da palavra (não se comprometendo em demasia, exercício de estilo que demarca o autor da criação), acomodou-se na cadeira ao lado de Passos Coelho (solidariedade institucional com o líder, motivando aplausos) e reafirmou (antes da chegada de Passos) que concorrerá à liderança do partido caso não surja uma alternativa credível que permita ao PSD mobilizar o eleitorado. Num par de horas, sempre a somar pontos.
Até ao KO. O momento zen no pleno da roleta programada acontece quando Rio assiste e resiste - sem riso aparente - ao momento em que Passos Coelho assegura que "o Porto está parado há quatro anos", vivendo da "herança que foi recebida e do adiamento" numa altura em que "nada se passa". Ainda não há delegados eleitos para o Congresso, Rio não foi eleito líder do partido, ASA ainda não é deputado da nação ou cargo análogo pela mão-promessa do criador, mas já Passos assina mais uma metáfora da vida para aqueles que não entendem ter morrido politicamente de forma nada prematura. O lado risível da declaração não se confina aos seus termos. É quase cândida a forma como Passos não aceita que o país tenha mudado sem ele. É quase infantil como Passos definha na liderança do partido à espera que os adversários internos - que agora elogia pela caução positiva do passado - lhe façam a trama.
Passos Coelho comporta-se como um candidato a monarca sem reino que não resiste a cumprir o protocolo de Estado. Intrigante como não assinou, a bem da simetria, a Petição que defende a "Inclusão do Duque de Bragança na Lei do Protocolo de Estado". Por absurdo, seria bem menos risível do que as suas declarações sobre a herança duma cidade que ainda há dois anos via bem governada. Com boa parte da Direita militante reunida à volta da memória que honra a descendência e representação dos reis de Portugal, a ausência do líder do PSD faz-se notar. É que a descendência no mais-representativo-partido-da-oposição-apesar-das-sondagens já é um processo degenerativo: não há memória de uma coisa assim.
O autor escreve segundo a antiga ortografia
* MÚSICO E ADVOGADO
 
Ovar, 12 de abril de 2017
Álvaro Teixeira