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quinta-feira, 9 de novembro de 2017

Tem toda a razão, Dra. Maria Luís Albuquerque

Aventar

por João Mendes

Agora que não tem barretes para enfiar na cabeça dos portugueses, estilo devolução pré-eleitoral da sobretaxa, ou bancos para varrer para debaixo do tapete, para simular uma saída limpa que, no fim de contas, mais não foi do que outro barrete, Maria Luís Albuquerque foi entrevistada pelo Público e fez questão de recordar a plebe que o país precisa de uma alternativa. Mais ou menos como a senhora deputada, que quando não está no parlamento a levantar a mão conforme lhe manda o partido, está ao serviço dos abutres da Arrow Global.

Mas desta vez, extraordinariamente, estou com a Dra. Maria Luís. O país precisa de uma alternativa, capaz de fazer oposição responsável ao governo minoritário de António Costa. Pena que o seu partido esteja tão ocupado com discursos catastrofistas, sanções e resgates imaginários, diabos e aritméticas da treta, sempre à espreita da próxima tragédia para dela capitalizar. Fosse liderado por gente mais responsável e o cenário talvez fosse diferente. Entregue a figuras tão distintas como Hugo Soares, Marco António Costa ou a própria Maria Luís, não podemos esperar muito. Excepto gargalhadas.

sexta-feira, 3 de novembro de 2017

Maldita retoma



ladroes de bicicletas

Posted: 03 Nov 2017 02:15 AM PDT

Retoma

Fonte: INE, contas feitas a partir das Estatísticas das Empresas

Leia-se as duas declarações seguintes:  

"A estabilidade das políticas publicas é crucial para a recuperação da confiança. A recuperação da confiança é determinante para a recuperação do investimento. A recuperação o investimento é essencial ao crescimento e à criação de emprego. E só com crescimento e emprego é possível recuperar o rendimento e consolidar de forma sustentada as nossas finanças públicas. À convicção deste virar de página que era não só necessário como possível, juntamos agora os resultados produzidos por esta mudança de política."

Ou seja:
Cumprir as metas orçamentais -->  recupera a confiança --> recupera o investimento -->  crescimento e aumento do emprego. Uma ideia que seria facilmente defendida pelas bancadas à direita do Parlamento.

"Alcançámos porque soubemos conduzir com equilíbrio virtuoso os diferentes objectivos orçamentais. Só foi possível cumprir os compromissos orçamentais da União Economia e Monetária porque a economia respondeu positivamente às novas políticas com mais crescimento e mais emprego. E é também claro que a recuperação económica só foi possível ao provarmos que eram elas que conduziam à estabilidade orçamental, à estabilidade do sector financeiro e à recuperação da confiança na economia portuguesa"

Resumo:
Novas políticas --> crescimento e mais emprego --> cumprimentos das metas orçamentais e estabilidade do sector financeiro, recuperação da confiança. Uma ideia que está mais de acordo com as críticas à esquerda.
Se olharmos para estas duas sequências causais, elas aparentam ser não antagónicas, dada a natureza em espiral dos efeitos virtuosos. Mas na realidade, depende de onde se comece o raciocício. Elas têm, na verdade, diferentes pressupostos de teoria económica e, com eles, uma forma diversa de olhar para a economia e para o país e pressupõem panóplias de políticas distintas.
Aliás, essas duas visões distintas ficaram patentes em Portugal, desde 2010 até agora (desembocando nas eleições legislativas de 2015) e tiveram até mais um episódio de confronto, ontem, na discussão na generalidade da proposta de Orçamento de Estado para 2018. O PSD assentou a sua posição com uma declaração política de ... Maria Luís Albuquerque, que foi aplaudida no fim durante um minuto por toda a bancada social-democrata, como se fosse ainda ministra das Finanças! 
Mas voltemos às duas citações.
O interessante é que ambas foram ditas pela mesma pessoa. E são do primeiro-ministro António Costa, ontem proferidas na sua declaração de apresentação da mesma proposta de OE.
A poítica seguida até agora tem, de facto, gerado uma subida do crescimento e do emprego, mas em que o emprego gerado é pouco qualificado, mal remunerado (abaixo da média global da economia), influenciado por uma conjuntura favorável e, pior que tudo, baseados maioritáriamente em formas diversas de contratos precários, em que os salários médios praticados têm vindo a decrescer, apesar da retoma. O gráfico acima é prova disso.
Por razões diversas, a que não é alheio a existência de cerca se um milhão de desempregados (em sentido lato), os ganhos da retoma não têm sido distribuídos com justiça e esse aspecto deriva muito da ausência de políticas que relativizem a componente conjuntural e de políticas relativa ao mercado de trabalho. O Governo - por razões diversas, nomeadamente europeias - pouco quis alterar o enquadramento legal deixado pela direita, criado para embaratecer a mão-de-obra e fragilizar o papel dos sindicatos, o que marca muito a política seguida pelo governo.
Este foi um dos aspectos ausente do debate orçamental de ontem. Algo que permitiu ao primeiro-ministro fazer a quadratura do círculo, na defesa o mesmo tempo de todas as ideias económicas.

terça-feira, 31 de outubro de 2017

Rui Rio: para que não restem dúvidas sobre o que aí vem



Aventar

por João Mendes
Rio-Passos
Fotografia: Luís Barra@Expresso


Nas jornadas parlamentares, na segunda-feira, Rui Rio e Santana Lopes falaram aos deputados à porta fechada. No final da intervenção do antigo autarca do Porto, alguns deputados relataram que Rio disse que teria “feito igual ou pior” no lugar de Maria Luís Albuquerque para manter as contas públicas em ordem.
Questionado pela Lusa, o candidato à liderança do PSD esclareceu o contexto da afirmação, que partiu de uma pergunta do deputado Paulo Rios – que apoia Rui Rio -, que o questionou se iria haver uma rutura e como é que um grupo parlamentar alinhado numa determinada política – desenhada por Passos Coelho – poderia defender outra completamente contrária.
“Na resposta, expliquei que não há mudança de rumo, estamos no mesmo partido”, disse, salientando que desde sempre, até enquanto deputado na Assembleia da República, defendeu o rigor das contas públicas.
Tendo Maria Luís Albuquerque à sua frente na sala das jornadas, Rui Rio dirigiu-se depois à deputada e vice-presidente, dizendo que, apesar de terem tido muitas divergências no passado, “nunca contestou o rumo seguido”.
“Comigo se estivesse nesse lugar o rumo seria inalterável. Não sei se disse ‘pior’, eventualmente mais inflexível no rigor”, afirmou, acrescentando que sempre foi o que defendeu toda a sua vida.
[via Expresso]









terça-feira, 18 de abril de 2017

Ri-te, ri-te… (estatuadesal)

 

(In Blog O Jumento, 17/04/2017)
passos_ri1
 
Vítor Gaspar foi um gigantesco erro de casting, falhou em toda a linha, gozou com o seu pobre colega da economia, lançou a economia em recessão e não conseguiu controlar o défice, acabou por fugir, o FMI deu-lhe um tacho para evitar ser vaiado sempre que fosse à rua. Mas os seus tiques salazaristas fizeram dele um herói, um modelo de competência, já era ele que mandava no governo, Passos Coelho que se cuidasse e quando se demitiu dedicou a carta à liderança.
Maria Luís, ainda mais modesta em recursos académicos do que o antecessor, era apresentada como economista de dimensão internacional, o ministro das Finanças alemão não a convidou para escrever um artigo para publicar o site do seu ministério, mas encenou um seminário em Berlim para exibir esta sumidade do sul. A pobre rapariga acabou por ser prejudicada pelo papel que a puseram a desempenhar; era tão brilhante e competente que Passos só a deixaria ir para Bruxelas se fosse para ficar com dossiers da maior importância. Lixou-se e ficou a amargar com o vencimento de Lisboa, enquanto o Moedinhas foi tratar da vida para Bruxelas.
Perante tais sumidades Mário Centeno quase foi ridicularizado; até a Dra. Teodora Cardoso, uma senhora muito caridosa, se ofereceu para avaliar as propostas económicas do programa do PS, como se a nova guru da política económica tivesse direito a avaliar aquele rapaz que não merecia grande confiança. O ar desajeitado de Centeno ajudava, dava ar de mal albardado, a humildade cheirava insegurança, não tinha o fino humor de Gaspar nem a lábia suburbana da Maria Luís.
As propostas foram ridicularizadas, a direita estava tão segura do desastre que durante longos meses gozavam, gozavam, gozavam. Passos, que riu à gargalhada até chorar no primeiro dia que Centeno foi ao parlamento, dedicou-se durante meses à sua pantomina ridícula e imbecil do homem da bandeirinha; inaugurava escolas, visitava feiras, montava sessões parlamentares no exílio. Durante longos meses a bancada parlamentar do PSD parecia a primeira fila de espectadores de um teatro de revista, riam à gargalhada, andavam muito divertidos enquanto o diabo não aparecia sob a forma de segundo resgate, para acabar com a brincadeira.
Tudo servia para desvalorizar Mário Centeno, que tinha um doutoramento mas era coisa pouca, o tema era emprego. Os que puseram Portugal  fazer testes para um livro de gente de Harvard ignoravam agora o currículo académico de Centeno, tratava-no como se fosse um licenciado da Lusíada. Centeno era um modesto economista cujas palermices deviam ter sido avaliadas previamente por Teodora Cardoso e só lhes faltou proporem que Centeno antes de ser ministro fosse previamente avaliado por um júri formado pela Teodora, pelo João Duque, pelo Vítor Bento e o Daniel Bessa como suplente. Quem sabe se não seria melhor mandar e ensinar o Centeno a comer à mesa com a Bobone.
Depois, foi o que se viu, que vinha o diabo, que se cumprisse seria milagre, se as propostas fossem viáveis até Passos votaria no PS. Mas quando os resultados apareceram era tudo mau, não eram sustentáveis, faltava o crescimento, e tudo a Teodora confirmava com grande pontualidade, Passos constipava-se e era a Teodora que espirrava. Centeno até foi ridicularizado, afinal havia outro, o melhor défice em democracia era obra do Cadilhe, o ministro que escolheu Oliveira e Costa para distribuir perdões fiscais que o levariam a banqueiro de sucesso. O ex-ministro não perdeu tempo para vir a público confirmar que o Ronaldo dos défices orçamentais era ele.
Enfim, tudo obra do acaso, talvez trabalho dos pastorinhos, mas competência de Mário Centeno é que não é, a competência em finanças é um atributo que em Portugal ficou reservado a Salazar, Cavaco, Miguel Cadilhe, Vítor Gaspar e Maria Luís. Apetece perguntar a Passos e aos seus pares se já perderam a vontade de rir e gozar com o ministro das Finanças. Que aproveitem o bom humor pois com o Centeno no governo bem vão precisar dele para se aguentarem os longos anos que vão passar na oposição.

Ovar, 18 de abril de 2017
Álvaro Teixeira

segunda-feira, 4 de julho de 2016

Maria Luís Albuquerque - Insanidade Mental ou Porta Voz de Interesses Obscuros?




Maria Luís Albuquerque, ex- Ministra das Finanças do Governo PSD/CDS surpreendeu-me com uma afirmação, no mínimo, bastante polémica.
Afirmou, na Assembleia da República, que, com ela, não haveria sanções da União Europeia a Portugal.

Esta afirmação que, do meu ponto de vista, assume contornos de extrema gravidade e que só se poderá dever a duas coisas:

1 - A senhora poderá ter tido um momento de insanidade mental motivado pela sua ânsia de atacar o actual governo socialista, não olhando a meios, para atingir os fins. Por outro lado, não compreendo a afirmação desta senhora, dado ter sido ela, como Ministra das Finanças, a única culpada pelo défice excessivo. O excesso de ambição tolda a consciência.

2 - Aqui já entro noutro domínio desta análise. Será que esta senhora veio transmitir algo que, ainda antes da solução encontrada para este Governo, terá recebido garantias dos governos comandados pelo PPE, de que se Portugal continuasse na linha do empobrecimento contínuo, tudo lhe seria permitido até deixarmos de ser um país e passarmos a ser uma colónia?.

Eu inclino-me mais para esta segunda hipótese, porque, a partir da altura em que o Governo PSD/CDS começou a vender as estruturas principais a capitais estrangeiros, que só levam daqui os lucros e deixam cá os prejuízos, conduzindo Portugal para o abismo, que acabaria por ser vendido às parcelas, como se de um loteamento se tratasse.
Temos que estar todos a postos para os problemas que esta "Desunião Europeia" nos irá colocarmos e, como portugueses, estarmos ao lado do nosso Governo e não ao lado de um qualquer"gauleiter" que queira transformar o nosso país num Protectorado do "Império Germânico".
Estou convicto de que como está no ADN dos portugueses, de que iremos ultrapassar as dificuldades que nos aparecem pela frente.

Eu confio nos portugueses.

Ovar, 4 de julho de 2016

Álvaro Teixeira