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terça-feira, 29 de agosto de 2017

Hay gobierno, há rentrée

Raul Vaz
Raul Vaz | raulvaz@negocios.pt28 de agosto de 2017 às 23:06

E quando é que António Costa pensa e quer abrir um novo ciclo? "Passadas as eleições autárquicas", que previsivelmente vai ganhar e que o parceiro do grande consenso vai perder. Eis o quadro ideal para o político produzir
Reli, com lupa. O Expresso voltou à carga (bem sei que o online tem os seus truques) com a entrevista de António Costa "originalmente publicada a 20 de Agosto", o momento que "marcou a rentrée". Isto com um título de suporte: "A actual solução governativa não depende de haver ou não maioria absoluta." Et voilà, Costa deu uma entrevista. Mais uma.
Se formos benevolentes depois de uma nova leitura, encontramos uma razão para a coisa, dita pelo protagonista: "Não deve haver ninguém em Portugal que há mais anos exerça consecutivamente funções executivas do que eu." Se António Costa fez contas, tem razão. Facto que pode, como este mundo mostra, ter interpretações diferentes. Mas Costa é, em betão, um democrata.
O pouco que fica da entrevista não marca nada. Muito menos uma rentrée. Claro que o politicão estende a pergunta convencional: "O que será prioritário na rentrée?" A deixa para um recomeço de Costa: "(…) Vamos abrir a grande negociação para um grande consenso sobre o que deve ser a estratégia nacional para o pós-2020." Consenso com quem? Seguindo o plano do primeiro-ministro, com quem "permita que o programa de grandes investimentos em obras públicas seja aprovado por dois terços na Assembleia da República".
E quando é que António Costa pensa e quer abrir um novo ciclo? "Passadas as eleições autárquicas", que previsivelmente vai ganhar e que o parceiro do grande consenso vai perder. Eis o quadro ideal para o político produzir política. Costa sabe que a seguir às autárquicas o PSD entra num processo de convulsão interna, com cabeça para tudo menos para um acordo suicidário com quem fez reversões em áreas do universo em que agora pede um consenso nacional alargado. O novo ciclo de Costa pretende apenas apagar, ou amaciar, o ciclo terrível do estio.
Há um outro pormenor que desmonta o circo. No seu número menos conseguido - desde que "há 20 anos tem funções executivas" -, António Costa despe-se e desilude nas vestes do pragmatismo: "Relativamente ao Brasil, como Angola, Moçambique, Guiné ou qualquer país lusófono, temos a regra contrária à do anarquista: hay gobierno, somos amigos."
A entrevista do primeiro-ministro ao Expresso é um acto falhado. Outras se seguirão para corrigir o tiro. O problema de Costa é que, neste Verão, perdeu o controlo da agenda. Claro que vai recuperar nas eleições de Outubro. Será suficiente? Pedrógão foi um murro com espessura e fractura social. Também é verdade que ontem começaram a cair uns pingos de chuva...
política.

segunda-feira, 21 de agosto de 2017

Tenham VERGONHA. Carlos Costa não pode continuar como Governador do Banco de Portugal.

por J. Norberto Pires


Ontem estive a ver a reposição do "Assalto ao Castelo" da SICN. Penso que não tinha visto com a devida atenção em Março. Carlos Costa, Governador do Banco de Portugal é particularmente visado e diretamente acusado.
Hoje ficamos a saber que CARLOS COSTA não sabia nada sobre RUI CARVALHO, o funcionário do BdP (Departamento de Mercados e Gestão de Reservas), que vendeu ações do BES dois dias antes da resolução do banco, tendo acesso a informação priveligiada. Carlos Costa argumenta que nada sabia e culpa o DMR e o consultor de ética (Orlando Caliço) do banco por não reportarem a siatuação à administração do BdP.
ORLANDO CALIÇO terá tido conhecimento do caso 3 meses depois da resolução, mas como obteve de Rui Carvalho a declaração que "comprou as ações, mas vendeu-as na manhã de 1 de agosto quando soube que iria trabalhar diretamente sobre o BES", achou que estava tudo esclarecido e "... já não havia uma situação de conflito de interesse para avaliar“.
RUI CARTAXO, administrador do Novo Banco (o banco BOM do processo de resolução do BES) é arguído no caso EDP/REN, que tresanda a corrupção e em que as ligações ao BES são mais do que muitas, mas o BdP e Carlos Costa em particular não tem nada a dizer.
Em qualquer país DECENTE do mundo, Carlos Costa não poderia ser Governador do Banco Central. A pressão mediática obrigaria a que se demitisse de imediato. O facto de este país continuar a TOLERAR este homem como Governador do Banco de Portugal diz tudo sobre o nosso amor-próprio e o respeito que temos por nós mesmos.
Esta gente não tem a MENOR VERGONHA e nós não nos damos ao respeito.

Fonte: Aventar



sexta-feira, 18 de agosto de 2017

A ponta do golpe em curso


Posted: 16 Aug 2017 07:59 AM PDT


O discurso do Pontal de Passos Coelho foi uma defesa encapotada de um Bloco Central com um PS de direita. Foi uma chamada às armas para dentro de um certo PS e uma manobra de envolvimento de um certo PSD que habitualmente faz frente a Passos Coelho, como o próprio Presidente da República, e que trabalha arduamente na criação de um novo Bloco Central entre PS e PSD.
Uma jogada de antecipação - antes que as eleições autárquicas de Outubro de 2017 levem Passos Coelho - e de esvaziamento dessa ala do PSD que deverá se afirmar pós-eleições, em 2018. Mas foi uma tentativa sem muito jeito.
Daí as críticas à direita: para a próxima, Passos Coelho devia trazer um discurso escrito, o que é o mesmo que dizer que Passos nunca poderá ser a cara desse projecto de isolar a esquerda do PS e a esquerda à esquerda do PS. Mas o programa desconchavado desse envolvimento foi traçado.


segunda-feira, 14 de agosto de 2017

Outro a cavalgar a onda do populismo

Passos Coelho (2)

14/08/2017 por j. manuel cordeiro


O Passos Coelho de 2017 insurge-se contra a possibilidade  de “qualquer um viver em Portugal”, só precisando de ter um contrato de trabalho à espera. Já o Passos Coelho de 2014 não via problema algum em qualquer estrangeiro vir viver para Portugal desde que cá comprasse uma casa de 500 mil euros.

Os Vistos Gold foram a mercantilização da cidadania portuguesa, sem perguntar de onde vinha esse dinheiro e tendo como bonus o acesso ao espaço Schengen a preços de saldo. Mas agora que está na oposição, Passos Coelho tem pruridos por alguém vir trabalhar em Portugal e ter, por isso, uma autorização de residência.

O caminho parece traçado. Primeiro, não se demarcou do xenófobo de Loures, como até manteve o apoio ao candidato André Ventura. Agora, o próprio fez o discurso anti-emigrante, apesar de ter convidado os portugueses a emigrarem, perdão, a saírem da sua zona de conforto. A seguir só falta falar dos empregos roubados pelos estrangeiros para estarmos perante um filme já visto.


Fonte: Aventar

sábado, 8 de julho de 2017

Lamentável forma de fazer política.

08/07/2017 por J. Norberto Pires


O ex-ministo Miguel Poiares Maduro deu uma entrevista à TSF que tem coisas inaceitáveis e é um exemplo de política de muito baixo-nível. Nem me quero referir às inverdades que diz sobre fundos comunitários, muito menos ao facto de ser responsável por mais um programa de financiamento totalmente desajustado do país, pouco operacional, nada exigente e totalmente tomado pelos interesses. Mas aquilo que diz sobre os fundos para combate a incêndios é inaceitável: só faltou mesmo responsabilizar o PM António Costa pelas mortes em Pedrógão. Este tipo de intervenção não é própria de um académico. Inaceitável.
Portugal precisa de política feita com elevação, servida por pessoas que dão o exemplo e falam pela positiva, com alternativas, centrada nas pessoas, nas suas necessidades e na construção de um país que percebe as suas limitações, identificou os problemas que tem, percebeu o enorme potencial de um território que precisa de ser ocupado e explorado, conhece as suas vantagens e pensou e planeou o futuro. Os fundos comunitários eram para isso, mas, programa-atrás-de-programa, os fundos foram sendo desperdiçados em festa, show-off e muito dinheiro atirado ao lixo.
Sobre os fundos do POSEUR (Programa Operacional Sustentabilidade e Eficiência no Uso de Recursos), este artigo do ECO é razoávelmente correto.
O fact-check sobre QREN e PT2020, mas essencialmente o péssimo trabalho realizado pelo Governo anterior na preparação do PT2020, no seu modelo e na construção de um verdadeiro programa de desenvolvimento regional, nem vou perder tempo a esclarecer, porque esta entrevista não o merece.
Lamentável forma de fazer política.

Fonte: Aventar