Translate

quarta-feira, 15 de novembro de 2017

David Dinis: mais um “especialista” em avaliação de professores

Aventar

por António Fernando Nabais
David Dinis, no Público de hoje, comenta as reivindicações dos professores, usando da mesma ignorância atrevida da maioria dos comentadores, o que será louvável, se tivermos em conta que há ali coerência.
Dinis relaciona a possibilidade de não haver reposição na carreia docente, uma vez que os professores são os únicos que não têm “um sistema de avaliação actualizado”. Na opinião do director do Público e ex-director do Observador, a culpa, em parte, é dos professores, porque recusaram os sistemas de avaliação criados por dois ministros.
O ex-director da TSF lembra Maria de Lurdes Rodrigues como a ministra que «ousou criar um novo sistema de avaliação dos professores.» O verbo ousar é evidentemente elogioso, colocando a antiga ministra num pedestal acima daqueles que rejeitaram aquilo que não era sistema de avaliação nenhum, mas sim – e apenas – uma maneira de impedir a maioria dos professores de atingir o topo de carreira.
Por outro lado, Nuno Crato «quis impor a alguns dos que ensinam o mesmo que se pede sempre aos alunos: um teste de avaliação, que acabou boicotado por muitos.» David Dinis ignora ou finge ignorar que Nuno Crato tentou impor uma prova de acesso à profissão a licenciados com estágio pedagógico já feito e, portanto, devidamente habilitados para dar aulas. Acrescente-se que, para se avaliar um aluno, não se pede apenas um teste de avaliação.
No fundo, David Dinis é mais um dos que afirmam que os professores não querem é ser avaliados, está-se mesmo a ver, até porque recusam todas as propostas de todos os ministros. Mesmo que fosse ou seja verdade, não seria esse facto a tornar virtuosas os dois sistemas referidos, exactamente porque não são, repita-se, sistemas de avaliação.
Como muitos outros, David Dinis usa um privilégio sem responsabilidade, limitando-se a soltar uns soundbites, sem ser obrigado a pensar muito no assunto, porque o que lhe interessa é o efeito, a criação de aparências. É a diferença entre comunicação social e jornalismo. David Dinis não pratica o segundo.

Sem comentários:

Enviar um comentário