(Joaquim Vassalo Abreu, 10/11/2017)
Como já têm reparado eu, de tempos em tempos, transformo-me num relapso das notícias e elas chegam-me quando já estão às vezes fora de prazo. Mas, mesmo assim, não me canso de ficar mais que admirado: estupefacto! É que, como vastas vezes tenho dito, não leio jornais e televisão muito pouco. Sou um desinformado, portanto.
Mas, como frequento o Facebook e dele bebo o que quero, chegou-me ao conhecimento, assim por um acaso dos deuses, uma notícia da TSF que refere que Marcelo Rebelo de Sousa, o Presidente de todos os Portugueses e mais do seu amado PSD, considera que Maria Cavaco silva foi a “madrinha” dos Portugueses durante pelo menos vinte anos!
Como não lhe agradecermos, acrescentou ainda? Diz ele que apoiou inúmeras instituições e eu sei lá que mais. Mas, e causas? Nem uma sequer…Também não dava para mais, não é?
Primeiro comentário: eu francamente nunca notei! Que passava por lá, assim como o seu Aníbal passava pelas tropas, revistando-as de face esfíngica e pose hirta? Sim e eu até algumas vezes a vi na TV. Sempre bem vestida, sempre elegante nos seus dois metros de anca, mas sorridente como que se a Rainha da Inglaterra fosse no seu azul celeste! E o seu costureiro claro que fazia parte da sua corte. Mas, coitado, que conseguia ele? Fez um enorme esforço e conseguiu o reconhecimento do Aníbal com uma condecoração! Tinha ou não tinha poder a Maria?
Mas ela ia lá, passava por lá (tinha que ocupar o tempo e satisfazer a agenda), mas, e que apoios? Sim, aquilo que conta, aquilo que fica, aquilo que realmente traduz uma uma visita como deve ser? Nada? Pois é, eu até que compreendo. O orçamento da presidência da República do Aníbal cheguei a ler que era de uns 16 milhões de aéreos! Mas como para o antigo e tido por austero presidente orçamento dado é orçamento gasto, as actividades da Maria, qual figura decorativa, não cabia nesse tal robusto orçamento! É que não cabia na lei orçamental, percebem?
Do seu bolso também seria impossível sair pois a sua reforma, uma reforma de uns míseros 800 aéreos, uma reforma de uma professora que raramente trabalhou, apenas dava para os seus perfumes quanto mais paras os produtos de higiene íntima ( Aníbal dixit) e a do Aníbal, uns míseros dez mil aéreos ridículos para a sua superlativa importância, não dava para as prestações das casas, dos empréstimos e do Meo Arena! Nada sobrava, portanto, para solidariedade. Coisa que quem precisava era ela!
Eu sei que o nosso inefável Presidente da República, o Sr. Prof. Dr. Marcelo Rebelo de Sousa, anda um tanto ou quanto acelerado, o que eu até compreendo pois, para quem tantos livros lia, quem tantas aulas dava (uma por semana?), quem tantos pareceres produzia e quem tanto comentava…enfim, tantas adições tinha, para não falar nos mergulhos na praia de Cascais, é mesmo natural que as tenha que substituir por algo… o corpo obriga, assim dito em Português, a nossa língua…
Mas, meu querido Prof. Marcelo, Presidente de todos os afectos, de todos os Portugueses e do seu querido PSD, não abuse porque, de outro modo, vai ter que reforçar a sua farmática dependência e depois não mais poderá apelar à sua já célebre, endeusada e até histórica resistência, se lhe der assim como que um fanico! Ao Aníbal também deu, lembra-se?
Eu sei que durante anos e anos foi comentador e um comentador em toda a sua abrangência.E como Professor tem que continuar a comentar. Comentar tudo e todos, como se ainda estivesse na TVI. E, por acaso, até que por lá vai continuando, tal como antes, comentando tudo e todos.
Mas como diz o Povo, e se não diz então digo eu que também sou Povo, ” quem muito comenta muito asneirenta”!
E foi aqui, no caso da “Madrinha” Maria, de quem não conheço o restante nome que não o do apêndice, que V. Exª Sr. Presidente da República de todos e em particular do seu querido PSD, que V. Exª resolveu, num golpe de ilusionismo e magia, transformá-la em “minha Madrinha”! Mas, meu querido Presidente, e já disse o resto, que é isso? Minha?
Aqui no Norte diria isso de uma maneira mais objectiva e descomplexada mas, não estando nós em guerra, porquê ressuscitar a Supico Pinto? Será que, assim de repente, lhe deu assim como que umas saudades desses gloriosos tempos em que o Sr. Presidente, ainda jovem, ia visitar os seus pais a Moçambique e, em indo, se transformava, pela sua bonomia e traquinice, no padrinho daqueles “muceques” todos? Velhos tempos…ai…
Sr. Professor, Presidente de todos os Portugueses e em especial do seu querido PSD, acorde homem! É que já passaram mais de quarenta anos, caramba! É que já não há guerra, nem províncias ultramarinas, nem “madrinhas” de guerra, homem! E sabe, eu nunca peguei numa “canhota” nem fui à guerra. Portanto, mesmo que me quisessem impingir uma “madrinha” eu nunca a aceitaria…quanto mais agora! E essa?
Sr. Presidente da República Prof. Dr. Marcelo Rebelo de Sousa, senhor Sousa para os mais íntimos, Presidente de todos os Portugueses mas mais ainda do seu querido PSD, eleito por muita gente que não por mim, vai condecorar a “Madrinha”, não vai? Claro que vai e vai fazê-lo em nome do reconhecimento de todos os Portugueses (e aqui eu me excluo) pelos seus feitos enquanto primeira dama do Aníbal, a quem nem ensinou sequer a comer com a boca fechada! Mas condecore-a, homem! Fica-lhe bem, muito bem mesmo!
Condecore-a e condecore também o Aníbal que, sendo ela “Madrinha”, terá que ser o “Padrinho”! É que eles, no seu austero refúgio (que é feito da solidária Maria?), vão, à falta de melhor, brincar com as condecorações e vão convencer-se que, apesar de terem ocupado Belém e S. Bento durante esses fatídicos anos, são queridos pelo seu Povo! Ledo engano…Mas o Sr. Presidente assim não acha. O seu querido PSD…acima de tudo, ora!
Por isso, Sr. Prof. Dr. Marcelo Rebelo de Sousa, agora Presidente de todos os Portugueses e em particular do seu querido PSD, faça-me um especial favor: Vá chamar minha Madrinha ao Camões, tá?
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