(Carlos Esperança, in Facebook, 22/12/2017)
Marcelo estava destinado a ser um PR popular. Depois do antecessor, qualquer um seria melhor e mais estimado. Marcelo acrescentou à sua empatia, a inteligência, a cultura e o brilho académico.
Depois da patética e ressentida posição de Cavaco Silva contra um Governo legítimo, a que não pôde recusar a posse; depois de, na sua falta de cultura democrática e cívica, ter vacilado, ameaçado e difamado os partidos que legitimamente o sustentavam; depois de procurar assustar os mercados internacionais com diatribes anticomunistas, herdadas do salazarismo, Marcelo foi a lufada de ar fresco que pôs termo à crispação do País.
No início do seu mandato, este PR, não podendo fazer diferente, fez o que devia, e fê-lo com verticalidade e inteligência. Todos lhe devemos a conduta exemplar.
Foi esse capital que fez do PR um caso ímpar de popularidade e simpatia, capital que exigiria muito para ser delapidado, embora esteja a esforçar-se.
Marcelo, sabendo que não havia alternativa a um governo do PS, com o apoio do PCP, BE e PEV, promoveu, na defesa dos interesses nacionais, a solidariedade internacional. Agora, temendo pela irrelevância ou desaparecimento do seu partido, por cada êxito do Governo, regressa às catástrofes e parece tornar-se mais agreste à medida que prevê, na futura liderança do PSD, quem seja mais sóbrio nos afetos, sobretudo para com ele.
Não tem uma só palavra para com o caso Tecnoforma, que seria reaberto e contribuiria para a seriedade da utilização das verbas europeias; mantém o silêncio sobre os autarcas venais do PSD, que a revista Visão acusou; nunca referiu a incúria dos municípios nos incêndios cuja responsabilidade só é atribuída ao Governo; cala-se perante eventuais negócios que envolvam bombeiros e nada diz sobre os incendiários que foram filmados pela PJ.
Nem, sequer, divulga os resultados da auditoria que pediu (e anunciou) à gestão dos dinheiros da PR, nos mandatos anteriores.
O comentador semanal de um canal televisivo tornou-se comentador de todos os dias e horas, em todos os canais, de forma seletiva, e, à semelhança do que sucedia na TVI, sem contraditório.
Arre…, que é demais.
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