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terça-feira, 12 de dezembro de 2017

Líder da IURD acusado de raptar crianças em Portugal

Edir Macedo - IURD
Edir Macedo, líder da Igreja Universal do Reino de Deus, iurd 3923 1Edir Macedo, líder máximo da IURD, estará envolvido numa rede internacional de adoções ilegais de crianças e os seus próprios "netos" são crianças roubadas de um lar em Portugal. Segundo a reportagem "O Segredo dos Deuses", que começa esta segunda-feira a ser transmitida pela TVI, a Igreja Universal do Reino de Deus (IURD) tinha, na década de 90, um lar ilegal de crianças, em Lisboa, de onde foram levados vários menores, à revelia das suas mães. As crianças eram entregues diretamente no lar, à margem dos tribunais, por famílias em dificuldades e acabavam no estrangeiro, adotadas por bispos e pastores da igreja de forma irregular e sem direito de contraditório às famílias, adianta a investigação das jornalistas Alexandra Borges e Judite França. A TVI descobriu que Edir Macedo "está envolvido nesta rede internacional de adoções ilegais de crianças, e que os seus próprios 'netos' são crianças roubadas do Lar Universal, uma instituição que à época fazia parte da obra social da igreja". Após sete meses de investigação, a equipa da TVI descobriu mães que falam pela primeira vez sobre o caso. Uma mãe conta na reportagem, cujos dois primeiros episódios foram mostrados hoje à imprensa, que os seus três filhos foram adotados sem o seu consentimento.
A IURD geria rede internacional de tráfico de crianças Contou que não a deixavam assinar o livro de registo quando ia visitar os filhos, uma prova que pesa no processo de adoção, e foi descrita pela técnica da Segurança Social como sendo toxicodependente e seropositiva, o que negou, afirmando mesmo que era dadora de sangue. Os dois filhos, diz a reportagem, foram adotados pela filha de Edir Macedo e levados para os Estados Unidos. Segundo um comunicado da TVI relativo à investigação, "um importante membro desta rede chegou mesmo a roubar um recém-nascido à mãe na maternidade e registá-lo diretamente como seu filho biológico". "Isto aconteceu debaixo dos nossos olhos e retrata o esquema que estava montado num lar ilegal", disse o diretor de informação da TVI, Sérgio Figueiredo, no final da apresentação da reportagem. A situação "atinge a cúpula da IURD", adiantou, sublinhando que "as crianças foram levadas sem que os tribunais ouvissem as famílias das crianças". "O Estado não esteve completamente bem aqui, mas nunca é tarde para repor a verdade"", disse Sérgio Figueiredo. "Não sabemos o papel da Segurança Social e da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa", mas "encontrou-se um subterfúgio na lei para fazer estas adoções", comentou, por seu turno, Alexandra Borges. A jornalista afirmou que "em todos estes processos falta o contraditório, o que torna estas adoções grotescas". Alexandra Borges referiu que, apesar de alguns processos poderem já ter prescrito, o que as mães querem é que "os filhos saibam a verdade", que nunca os abandonaram. "Há aqui uma questão moral que ultrapassa tudo que sejam os crimes e há respostas a serem dadas", vincou, sublinhando que estas crianças foram adotadas em Portugal por bispos e pastores, que visitavam o lar regularmente e escolhiam as crianças para adotar. "A impunidade destas pessoas é tanta que algumas provas fomos buscar junto dos blogues deles", adiantou Alexandra Borges. Judite França, coautora da investigação, acrescentou que "não era possível fazer esta investigação se não fosse 20 anos depois". "É uma máquina muito bem oleada em que a decisão vem de cima para baixo e nada é contestado", sublinhou Judite França. Confrontada pela TVI com estas acusações, a IURD limitou-se a dizer que foi um processo legal, mas Sérgio Figueiredo referiu que vai manter a "antena aberta" para que a igreja possa prestar esclarecimentos. O lar abriu em 1994 em Lisboa e foi legalizado em 2001. A IURD acabou por encerrá-lo em 2011, alegando como motivo a crise.
Esta é a primeira série informativa da televisão portuguesa e será revelada em dez episódios, sendo o primeiro transmitido esta segunda-feira.
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